Agostinho cria na transubstanciação?


O Pai da Igreja mais citado (ou, melhor dizendo, o mais mal citado) pelos católicos na defesa da doutrina conhecida como “transubstanciação” dos elementos da Ceia é Agostinho (354-430 d.C). Primeiramente, quando falamos de transubstanciação, é bom termos em mente exatamente a ideia que a Igreja Romana dá a ela, para depois compararmos com o que Agostinho disse e vermos se os dois criam da mesma forma. O Concílio de Trento (1545-1563 d.C) definiu da seguinte maneira:

"Se alguém negar que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está contido verdadeira, real e substancialmente o corpo e sangue juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e por conseguinte o Cristo todo, e disser que somente está nele como sinal, figura ou virtude — seja excomungado"[1]

Por mais trágico e bizarro que possa ser, os católicos creem que realmente estão comendo Deus na eucaristia. Eles não estão apenas celebrando a morte de Cristo como um memorial (1Co.11:24), ou comendo espiritualmente o corpo de Cristo (Jo.6:63). Não. Eles estão literalmente e substancialmente comendo a alma e a divindade de Cristo. Se isso já parece suficientemente horroroso, compare com o que esse mesmo Concílio de Trento diz em outro lugar:

"Se um padre se sentir mal durante a celebração da missa e vomitar a hóstia, deve engolir o que pôs para fora"[2]

"Se uma hóstia se partir em pedaços... [e uma] parte cair no altar, o lugar deve ser lambido com a língua"[3]

E se você contestar o que é dito neste concílio “infalível”, deve ser excomungado:

"Se alguém negar que aquilo que se oferece na missa não é Cristo para ser comido, seja excomungado"[4]

O padre Chinquini, em sua biografia, diz que, “no Canadá, o jovem padre Daule descuidou de umas hóstias, horrorizado viu ratos devorando-as! – correu em direção ao bispo exclamando: ‘Os ratos comeram nosso bom Deus!’”[5]. Bem, parece que nós já temos uma ideia do que se trata a transubstanciação católica, que não perde em nada para o canibalismo pagão, exceto no fato de que os pagãos criam estar comendo somente um corpo, enquanto os católicos creem que comem a alma e a divindade também.

Mas o que importa agora é se Agostinho, o mais famoso dos Pais da Igreja, cria nessa doutrina apavorante. O professor católico Alessandro Lima, em um artigo sobre o tema (que pode ser visto clicando aqui), citou três passagens nos escritos de Agostinho que supostamente provam que ele cria exatamente naquilo que foi dito em Trento. A primeira delas é essa:

“Nós ouvimos o verdadeiro Mestre, o divino redentor, o Salvador da humanidade, glorificando para nós nosso resgate, Seu sangue. Ele falou-nos de Seu corpo e sangue. Ele chamou a Seu corpo comida, e Seu sangue bebida. Os fiéis reconhecem nisto o sacramento da fé”[6]

Que Cristo “chamou” ao seu corpo comida e ao seu sangue bebida isso é óbvio – nenhum evangélico discute. A discussão é sobre o que isso significa. Isso porque esse mesmo Jesus também disse:

“Eu sou a porta” (João 10:9)

“Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1)

“Eu sou a luz do mundo” (João 9:25)

“Eu sou o pão da vida” (João 6:48)

“Eu sou a porta das ovelhas” (João 10:7)

“Eu sou o caminho” (João 14:6) 

-Cristo não se transformou fisicamente numa estrada a ser trilhada por Seus ouvintes por ter dito que era o Caminho.

-Cristo não se transformou num grande farol a emitir luz para o mundo inteiro ao dizer que era a luz do mundo.

-Cristo não se transformou em uma árvore por ter dito que era uma videira verdadeira.

-Cristo não se transformou em um pedaço de madeira com maçaneta por ter dito que era a porta.

Mas os católicos pensam que, por Cristo ter dito que o pão era o seu corpo e o vinho o seu sangue, ele se transforma literalmente e substancialmente em um pedaço de pão, para ser mordido, comido e dilacerado por milhões de fieis que supostamente comem a alma e a divindade de Cristo, que às vezes é comida até mesmo por ratos ou outros animais – e tomara que ninguém vomite a hóstia, senão já vimos o que vai acontecer. Isso, portanto, não prova que Agostinho cria na transubstanciação!

A segunda passagem citada pelo professor Alessandro esta na obra “A Doutrina Cristã”, onde Agostinho diz:

“Certamente, o Senhor deu um sinal através do olfato pelo perfume do ungüento derramado em seus pés [Jo 12,3.7]. Através do sentido do paladar, também significou sua vontade pelo sacramento de seu corpo e sangue pregustados por ele [Lc 22,19.20]”[7]

Mais uma vez, não é nos dito que o pão se transforma fisicamente no corpo de Cristo, ou que o vinho se transforma literalmente no sangue de Cristo. Senão, teríamos que entender nesta passagem que Cristo comia a si próprio de maneira literal, o que é absurdo. Agostinho cria que Jesus comeu “seu corpo e sangue”, mas em sentido espiritual. Isso é provado pelo próprio Agostinho nesse mesmo livro mencionado pelo prof. Alessandro Lima, onde Agostinho afirma:

“‘Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós’ (Jo 6,54). Aqui, parece ser ordenada uma ignomínia ou delito. Mas aí se encontra expressão simbólica que nos prescreve comungar da paixão do Senhor e guardar, no mais profundo de nós próprios, doce e salutar lembrança de sua carne crucificada e coberta de chagas por nós”[8] 

Aqui vemos Agostinho dizendo que o texto mais usado hoje pelos católicos na defesa da transubstanciação (Jo.6:54), onde Jesus fala sobre beber seu sangue e comer sua carne, não era algo literal, mas uma expressão simbólica, como uma mera lembrança de sua carne crucificada. A questão que fica é: por que o professor Alessandro Lima omite a parte em que Agostinho explica o que ele considerava como “comer e beber” do corpo e sangue de Cristo, que está poucos versos adiante do texto citado por ele, e que o refuta completamente? Desonestidade ou simples ignorância?

Por fim, o último texto usado por Alessandro Lima foi esse:

“Pois o mesmo Senhor e os ensinamentos dos apóstolos transmitiram-nos não mais uma multidão de sinais, mas um número bem reduzido. São muito fáceis de serem celebrados, de excepcional sublimidade a serem compreendidos, e a serem realizados com grande simplicidade. Tais são: o sacramento do batismo e a celebração do corpo e sangue do Senhor”[9]

Este texto, curiosamente, não fala absolutamente nada de transubstanciação de elementos, mas apenas que existem dois sacramentos: o batismo e a Ceia, exatamente como criam os Reformadores. Portanto, em momento algum Agostinho defendeu essa absurda ideia de uma transubstanciação dos elementos. Mas, então, o que foi que ele realmente ensinou? Já vimos que ele disse ser uma “expressão simbólica”, mas o que mais ele disse? Vejamos:

“É de admirar-se a paciência de Cristo, porque admitiu a Judas ao banquete no qual instituiu a figura de seu corpo e sangue e deu aos discípulos”[10]

Agostinho indica aqui que Cristo não instituiu seu corpo e sangue como algo literal a ser comido e bebido, mas como uma figura. Se Agostinho cria na transubstanciação, seria absurdo ele ter dito que ela não é um milagre, como ele disse:

“Uma vez que este mistério é patente e manifesto, e é administrado por homens, pode ser estimado e honrado como coisa santa, mas não como milagre[11]

Se o pão se transformasse literalmente na carne de Cristo isso seria um “super milagre”, mas não era assim considerado por Agostinho, que honrava a Ceia e a considerava coisa santa, mas não como um “milagre”, porque não há nenhuma transformação literal dos elementos. Também é interessante notarmos que, para Agostinho, Cristo não estava presente apenas pela Ceia, mas também “pelo sinal da cruz e pelo batismo”:

“Tens a Cristo pelo sinal da cruz, pelo sacramento do batismo, pela comida e bebida do altar”[12]

Se Agostinho diferenciasse a Ceia dos demais e cresse que nela Cristo está presente fisicamente enquanto nos outros estava apenas espiritualmente, seria imprescindível que ele distinguisse essa presença literal da presença meramente espiritual do sinal da cruz e do batismo, nos quais os próprios católicos admitem que Cristo não está presente de forma física e literal. Mas ele não faz isso em momento algum, e cita estes três casos como similares.

Outro texto bastante citado pelos evangélicos é um em que, por um erro de digitação, alguém colocou como referência “VXV”, que é um algarismo romano inexistente. O professor Alessandro Lima deita e rola em cima deste erro, chama tais pessoas de falsificadoras, mentirosas e “hereges petinazes”. O que ele não sabe é que aquilo foi um mero erro de digitação da parte deles e que a referência correta está em “XV”, dos tratados sobre João, onde Agostinho diz:

“Eles disseram, pois, para ele: o que devemos fazer para que possamos fazer as obras de Deus? E ele lhes disse: trabalhem, não para a carne que perece, mas para o que permanece para a vida eterna. O que devemos fazer? Eles perguntam; observando se seriam capazes de cumprirem este preceito. Jesus respondeu e lhes disse: isto é a obra de Deus, para que vocês acreditem naquele que me enviou. E, em seguida, para comer a carne, não a que perece, mas a que permanece para a vida eterna. Para qual finalidade você prepara o dente e o estômago? Creia, e você já terá comido[13]

Agostinho ensina exatamente o inverso de transubstanciação. Ele diz: “por que você prepara o dente e o estômago?” para que não pensemos na Ceia em termos físicos, materiais, literais.  Desta forma, ele diz: “creia, e já terá comido” – através da fé, e não de um modo materialista. Nós somos participantes da mesa do Senhor pela fé, e não por “preparar o dente e o estômago” – não pelo ato de comer fisicamente. Ele repete este mesmo ensinamento em outro lugar, dizendo:

“Evidentemente, aquele que recebe a virtude do sacramento, não apenas o sacramento visível, e na verdade interiormente, não exteriormente; aquele que come com o coração, não aquele que tritura com o dente[14]

E também:

“E, assim, Ele queria que essa comida e bebida devesse ser entendida como significando a comunhão com seu próprio corpo e membros, que é a santa Igreja predestinada, chamada e glorificada em seus santos e fieis”[15]

Agostinho queria que essa comida e bebida devesse ser entendida no mesmo sentido da Igreja como sendo o Seu corpo. Mas a Igreja, que é a reunião de todos os cristãos no mundo todo, não é literalmente o corpo de Cristo, nem Cristo se transforma fisicamente em cada crente, mas em um sentido místico, espiritual. A comunhão é com o corpo, e o corpo é a Igreja. Se a Igreja não é o corpo em sentido literal, então a comunhão com o corpo também não é, ou toda a lógica aqui é quebrada. É por isso que Agostinho repetidas vezes insistia que interpretassem o comer o corpo de Cristo de forma espiritual, e não literal, da mesma forma que o maná, que não se transformava em nada (era sempre maná) e que era mera figura da Ceia:

“Moisés, Arão, Finéas e muitos outros que comeram o maná agradaram a Deus. Por quê? Porque entendiam o alimento visível espiritualmente, apeteciam espiritualmente, degustavam espiritualmente, de sorte que fossem saciados espiritualmente. Ora, também nós hoje temos recebido o alimento visível, mas uma coisa é o sacramento; outra, a virtude do sacramento”[16]

Outra prova de que Agostinho não cria que os crentes comiam literalmente o corpo de Cristo é que, ao falar dos falsos crentes, ele não diz que estes deixavam de ingerir fisicamente a carne de Cristo, mas “espiritualmente”:

“Mediante isto, aquele que não permanece em Cristo, e em quem Cristo não permanece, indubitavelmente nem ingere espiritualmente sua carne, nem espiritualmente bebe seu sangue, ainda que triture carnal e visivelmente com os dentes o sinal do corpo e do sangue”[17]

Agostinho via a Ceia como uma ingestão espiritual do corpo e sangue de Cristo, da mesma forma que Calvino em seus dias. Não era um corpo físico de Cristo que era ingerido, mas tudo se passava no âmbito espiritual. O pão não era de fato o corpo de Cristo, mas o sinal do corpo de Cristo. Foi por isso que ele disse:

Não prepareis a garganta, mas o coração: por esse motivo foi recomendada esta Ceia. Eis que cremos em Cristo quando o recebemos pela fé; em recebendo-o, sabemos o que pensamos; recebemos um pequeno naco de pão e somos saciados no coração; logo, não é o que se vê que nos farta, mas o que se crê[18]

Vemos o mesmo Agostinho em seu “Sermão 131” afirmando categoricamente que se come e se bebe “espiritualmente”, ao invés de “fisicamente”, e usando para isso o verso de João 6:63, o mesmo que é sempre usado pelos evangélicos para essa mesma interpretação espiritual da Ceia:

“Então, a cada um serão vida o corpo e sangue de Cristo, se o que se recebe visivelmente no sacramento se come na própria realidade espiritualmente, se bebe espiritualmente. Pois temos ouvido o próprio Senhor, dizendo: ‘O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida’ [Jo.6.63]”[19]

Em suas “Conversações sobre os Salmos”, ele diz que este sacramento deve ser “espiritualmente entendido”:

“Eu vos confiei um sacramento: espiritualmente entendido, ele vos haverá de dar vida”[20]

Quando confrontado com a hipótese de que o corpo de Cristo fosse realmente comido e consumido literalmente, ele responde com um sonoro: “nem pensar!”:

“Veja, isso é recebido, isso é comido, isso é consumido. É o corpo de Cristo consumido, é a Igreja de Cristo consumida, são os membros de Cristo consumidos? Nem pensar!”[21]

Ele deixa em pé de igualdade o “corpo de Cristo” com a “Igreja de Cristo”, que são os “membros de Cristo”. Mais uma vez vemos que a noção de Agostinho do “corpo de Cristo” sendo comido na Ceia era a mesma da “Igreja de Cristo” (ou de seus membros, que somos nós) sendo comido – algo que só pode ser concebido em sentido espiritual, porque fisicamente nenhum de nós é comido nem Seu corpo é literalmente consumido. Consequentemente, ele fala sobre comer aquela comida e beber aquela bebida para ter Cristo habitando nele, mas espiritualmente:

“Brevemente, Ele agora explica como acontece aquilo que Ele fala, e o que é comer o corpo dEle e beber o Seu sangue. Aquele que come o meu corpo, e bebe o meu sangue, habita em mim, e eu nele. Isso é, portanto, para um homem comer aquela carne e beber aquela bebida, habitar em Cristo, e ter Cristo habitando nele. Consequentemente, aquele que não habita em Cristo, e naquele cujo Cristo não habita, sem dúvida nem come a carne dEle (espiritualmente)nem bebe o sangue dEle (embora ele possa pressionar o sacramento do corpo e do sangue de Cristo carnalmente e visivelmente com os seus dentes), mas sim come e bebe o sacramento de uma coisa tão grande para o seu próprio julgamento, porque ele, sendo impuro, presumiu vir aos sacramentos de Cristo, os quais nenhum homem toma dignamente exceto aquele que é puro: do tal está dito: Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”[22]

Ele pede para que entendamos o comer o corpo de forma espiritual, e não de forma física, como se fosse o mesmo corpo que os discípulos viam. Tudo deveria ser espiritualmente compreendido, embora seja visivelmente celebrado:

Entenda espiritualmente o que eu disse; não é para você comer esse corpo que você vê; nem beber aquele sangue que será derramado por aqueles que irão me crucificar. Recomendei-lhes um certo mistério; espiritualmente compreendido, vivificará. Embora seja necessário que isso seja visivelmente celebrado, contudo precisa ser espiritualmente compreendido”[23]

A prova mais forte de que Agostinho não cria na transubstanciação é o fato de ele ter dito que o sacramento do corpo de Cristo é “em certo sentido” o corpo de Cristo – algo que nunca sairia da boca de um católico, pois o católico crê que é, de fato, o próprio corpo de Cristo ali presente:

“Você sabe que, na linguagem comum, quando a Páscoa está se aproximando, nós dizemos: ‘Amanhã’ ou ‘Depois de amanhã é a paixão do Senhor’, ainda que seja verdade que Ele sofreu há muitos anos e Sua paixão aconteceu de uma vez por todas. De maneira parecida, no Domingo de Páscoa, nós dizemos: ‘Neste dia o Senhor ressuscitou dos mortos’, ainda que muitos anos tenham se passado desde Sua ressurreição. Mas, ninguém é tolo o suficiente para nos acusar de mentir quando usamos estas frases. O motivo que chamamos estes dias assim é porque há semelhança entre estes dias e os dias em que os eventos aos quais nos referimos realmente aconteceram. Nos referimos a estes dias como se fossem os mesmos dias em que os eventos aconteceram, ainda que não sejam realmente os mesmos, porque correspondem a mesma época do ano. E, quando é dito que o evento ocorre naquele dia, é porque, ainda que tenha acontecido muito antes, é neste dia que o evento é celebrado sacramentalmente. Cristo não foi, em Sua própria Pessoa, oferecido como sacrifício de uma vez por todas? Mas, ainda assim, Ele também não é oferecido no sacramento como um sacrifício, não somente nas solenidades especiais da Páscoa, mas também diariamente em nossas congregações? Sendo assim, se um homem é interrogado e responde que Cristo é oferecido nesta ordenança, ele não está dizendo a verdade? Se os sacramentos não tivessem qualquer semelhança verdadeira com as coisas das quais são sacramentos, não seriam de fato sacramentos. Na maioria dos casos, em virtude desta semelhança, os sacramentos são chamados pelo nome da realidade com a qual se assemelham. Portanto, em certo sentido, o sacramento do corpo de Cristo é o corpo de Cristo, o sacramento do sangue de Cristo é o sangue de Cristo [...] Com base nisso, o Apóstolo disse, em relação ao sacramento do batismo: ‘De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte’. [Rom 6.4] Ele não diz: ‘Nós temos significado que nós fomos sepultados com Ele’, mas diz que ‘fomos sepultados com Ele’. Portanto, Ele deu ao sacramento referente a uma operação tão grandiosa o nome que descreve a própria operação”[24]

O católico crê que a hóstia é de fato o corpo de Cristo no sentido pleno e máximo da palavra, enquanto o evangélico crê que o pão é o corpo de Cristo em certo sentido: no sentido espiritual. Agostinho estava de acordo com o parecer evangélico, que jamais seria dito por um católico romano. Comentando este texto, Frank Brito disse:

“Aqui Agostinho explicou que quando chegava o Domingo de Páscoa, as pessoas diziam ‘hoje é o dia da ressurreição do Senhor’. Isso não significava que elas realmente acreditavam que naquele dia específico Cristo havia ressuscitado. Significava simplesmente que aquela era a época do ano em que, séculos antes, Ele havia ressuscitado e, por conta disso, comemorava-se Sua ressurreição naquele dia. ‘Hoje é o dia de Páscoa’ não deveria ser entendido literalmente. Em seguida, Agostinho usa isso para explicar os sacramentos. Ele explica que no sacramento da Ceia não há literalmente o corpo e o sangue de Cristo, mas que é chamado assim simplesmente porque o pão e o vinho significam o corpo e o sangue de Cristo. Ele aplicou a mesma lógica para entender o batismo. Ele explicou que Paulo diz que fomos ‘sepultados com Ele pelo batismo na morte’, não porque isso literalmente acontece no próprio batismo, mas porque é para isso que o batismo aponta, é isso o que o batismo significa. Isso significa que todas as vezes em que lemos Agostinho falando sobre o ‘sacrifício’ da Ceia ou sobre o pão e o vinho ser o corpo e o sangue do Senhor, devemos que entender que ele estava falando ‘sacramentalmente’ e não literalmente”[25]

Por fim, é importante mencionarmos que Agostinho em momento nenhum creu que o corpo de Cristo estivesse entre nós aqui na terra através da eucaristia, após ter subido ao Céu. A presença do corpo (físico e literal) de Cristo não está na terra, mas apenas no Céu. Isso ele deixa claro inúmeras vezes, em inúmeros lugares:

“Quando dizia Cristo: ‘A mim nem sempre me tereis convosco’, estava falando da presença do corpo. Ora, segundo sua majestade, segundo sua providência, segundo sua inefável e invisível graça, cumpre-se o que foi por ele dito: ‘Eis que estou convosco até a consumação do mundo’ [Mt 28.20]; segundo a carne, porém, que o Verbo assumiu, segundo seu nascimento da Virgem, segundo que foi agarrado pelos judeus, que foi pregado no madeiro, que foi retirado da cruz, que foi envolvido em panos de linho, que foi encerrado no sepulcro, que foi manifestado na ressurreição, isto se cumpre: ‘Não me havereis de ter sempre convosco.’ Por que razão? Porque, por quarenta dias que conviveu com seus discípulos foi segundo a presença do corpo; e, acompanhando-o, vendo-o, não o seguindo, subiu ao céu [At 1.3, 9]. ‘Não está aqui’ [Mc 16.9], pois está ali assentado à destra do Pai [Mc 16.19]. E, todavia, está aqui, porquanto não se retirou para a presença da majestade. Doutra maneira, sempre temos a Cristo segundo a presença de sua majestade, segundo a presença da carne, corretamente se disse: ‘Mas a mim nem sempre me tereis.’Teve-o, pois, a Igreja segundo a presença da carne, por uns poucos dias; o teme agora pela fé, não o vê com os olhos[26]

Para Agostinho, Jesus está para sempre entre nós sem sentido espiritual, mas fisicamente esteve apenas por poucos depois da ressurreição, e depois disso não mais podemos vê-lo com os olhos – nem na eucaristia, presume-se. Essa crença de Agostinho, de que Cristo não está fisicamente presente conosco desde sua ascensão, é repetida outras várias vezes:

“Cristo conferiu imortalidade à sua carne, porém não removeu sua natureza. Não se deve pensar que ele está difuso por toda parte segundo esta forma, pois impõe-se guardar que não afirmemos de tal forma a divindade do homem que detraiamos a realidade do corpo. Não se segue, porém, que o que está em Deus esteja em toda parte, como Deus está”[27]

A crença de que Cristo não está “difuso por toda a parte” aqui na terra é exatamente o oposto da transubstanciação, que ensina que Cristo se faz presente fisicamente, com sua alma, ossos e divindade por todas as partes do mundo durante as celebrações da eucaristia – o que significa exatamente ser “difuso por toda parte”!

Ele também disse:

“Ora, uma só pessoa é Deus e homem, e ambos um só Cristo, enquanto é Deus, está em todo lugar; enquanto é homem, está no céu[28]

“Segundo a presença da majestade temos nós sempre a Cristo; segundo a presença da carne, foi dito corretamente: ‘A mim nem sempre me tereis’ [Mt 26.11]”[29]

Comentando estes textos, Calvino afirmou:

“Teria sido um grave descuido não excetuar o mistério da Ceia, que é algo de tanta importância, se fora algo que contraditasse a matéria que tratava”[30]

“Isto, afinal, se restringe à majestade, que é sempre contraposta ao corpo, e a carne lhe é expressamente distinguida da graça e do poder, assim como, em outro lugar, se lê nele a mesma antítese, que ‘Cristo deixou aos discípulos sua presença corporal, para que estivesse com eles em presença espiritual’, onde é claro que a essência da carne é distinguida do poder do Espírito, que a Cristo nos une, de qualquer modo extensamente dele separados pela distância dos lugares”[31]

Em conclusão, Agostinho tinha em mente algo semelhante à “presença espiritual de Cristo” crida pelo reformador João Calvino, em que Cristo está presente no pão não em sentido físico-literal (como propõe Roma), mas em sentido espiritual. Foi somente muito depois que a doutrina da transubstanciação e outros horrores entraram na Igreja Romana, como um verdadeiro desvio gradual da verdade bíblica, que faria o próprio Agostinho se revirar do túmulo se soubesse que transformariam a Ceia do Senhor em canibalismo e ainda o citariam como um dos proponentes desta aberração.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)



-Meus livros:

-Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.

- Acesse o meu canal no YouTube clicando aqui.


-Não deixe de acessar meus outros sites:
Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
O Cristianismo em Foco (Reflexões cristãs e estudos bíblicos)
Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)





[1] Concílio de Trento, Cânones Sobre a Santíssima Eucaristia.
[2] Concílio de Trento, citando o Missal Romano, p. 58.
[3] Concílio de Trento, Seção XIII 3-D, 876.
[4] Concílio de Trento, citado em A Igreja que veio de Roma, op. cit., p. 127.
[5]Citado pelo padre Chinquini, sua biografia, pág. 334.
[6]Sermão 131.
[7] A Doutrina Cristã, 3,4.
[8] A Doutrina Cristã, 3,24.
[9] A Doutrina Cristã, 9,13.
[10]Conversações sobre os Salmos, Salmo 3:1.
[11] Da Trindade, livro III, 10:20.
[12] Tratados sobre João, L, 12.
[13]Tratados sobre João, XV, 12.
[14] Tratados sobre João, XXVI, 12.
[15] Tratados sobre João, XXVI, 15.
[16] Tratados sobre João, XXVI, 11.
[17] Tratados sobre João, XXVI, 18.
[18] Sermão 112:5.
[19] Sermão 131:1.
[20] Conversações Sobre os Salmos, Salmo 98.9.
[21] Sermão 227.
[22] Tractate 26, 18.
[23] Exposição sobre o Salmo 99:8.
[24]Letter 28, a Bonifácio.
[25]BRITO, Frank. Como a Igreja Romana excomungou S. Agostinho. Disponível em: <http://resistireconstruir.wordpress.com/2013/03/15/como-a-igreja-romana-excomungou-s-agostinho/>. Acesso em: 17/02/2014.
[26] Tratado Sobre João, L, 13.
[27] Letters, III, 10.
[28] Letters, III, 10.
[29] Tratados Sobre João, L, 13.
[30] Institutas, 4.17.28.
[31] Institutas 4.17.28.

Comentários

  1. Humm então quer dize que Jesus disse "VERDADEIRAMENTE", mas na verdade era simbólico? Seeeeeei....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade, Anônimo, veja só onde Jesus fala do "VERDADEIRAMENTE":

      "Eu sou a VIDEIRA VERDADEIRA, e meu Pai é o lavrador" (João 15:1)

      Jesus disse que era uma videira VERDADEIRA, não disse que era uma videira "simbolicamente", então eu devo concluir - pela sua lógica deformada - que Jesus se transforma literalmente em uma videira.

      Ou vai dizer que o "verdadeira" é simbólico aqui mas na Ceia não?

      Seeeeeei....

      Excluir
  2. Uma vez entretive-me na caixa de comentários do meu blogue, a demonstrar que Agostinho não cria em oito peculiares doutrinas do romanismo. Uma delas era a transubstanciação. Aqui fica o que escrevi na altura.

    AGOSTINHO DE HIPONA E A TRANSUBSTANCIAÇÃO

    Os africanos, Tertuliano, Cipriano e Agostinho, ensinam uma presença simbólica e espiritual. O pão e o vinho eram para eles símbolos de uma realidade espiritual que estava verdadeiramente presente de modo misterioso. Agostinho de Hipona (354-430) "enfatizou a distinção entre o símbolo e a coisa significada, as realidades visíveis e invisíveis, sendo as últimas apreensíveis somente pela fé." [International Standard Bible Encyclopedia 3:167].

    Para Agostinho os elementos eucarísticos são a figura ou sinal de Cristo, como ele afirma explicitamente nos seus escritos:

    "O Senhor não hesitou em dizer: "Isto é o meu corpo", quando Ele quis dar um sinal do Seu corpo" (Agostinho, contra Adimante).

    "Ele [Cristo] confiou e entregou aos seus discípulos a figura do Seu Corpo e Sangue" (Agostinho, sobre os Salmos 3).

    "[Os sacramentos] trazem os nomes das realidades que eles assemelham. Assim, portanto, de uma certa maneira o sacramento do corpo de Cristo é o corpo de Cristo, e o sacramento do sangue de Cristo é o sangue de Cristo” (Agostinho, Carta 98, para Bonifácio).

    A Eucaristia é a figura do corpo e sangue de Jesus. Uma vez que o pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Cristo, é aceitável chamá-los Seu corpo e Seu sangue. O pão assemelha o corpo; portanto é chamado o corpo, mesmo que não seja a realidade que ele representa. Isto é perfeitamente normal em linguagem figurada.

    No século IX Ratramnus apelou às opiniões de Agostinho para a interpretação espiritual. Contudo, gradualmente esta interpretação perdeu a batalha numa igreja crescentemente ritualista, e quando no século XI Berengário de Tours a reformulou, os seus ensinamentos foram condenados pela Igreja de Roma.

    Um par de séculos antes, Pascasius Radbertus havia formulado a doutrina da transubstanciação, a qual foi sancionada pelo IV Concílio de Latrão de 1215. Pouco depois Tomás de Aquino proveu uma base filosófica baseada em distinções aristotélicas entre substância e acidentes. O assunto foi definitivamente estabelecido para a Igreja de Roma no Concílio de Trento.

    Agostinho justamente adverte que "tomar sinais como sendo as coisas que são significadas por eles, é uma marca de fraqueza e servidão" (Em Doutrina Cristã 3,9). Agostinho aqui está referindo-se ao sacramento do batismo e à celebração do corpo e sangue do Senhor. De modo que, confundir o pão (o sinal) como sendo o corpo de Cristo (o significado) é, de acordo com Agostinho uma marca de fraqueza e servidão.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu ainda fico pensando como que um católico pode ler "A Doutrina Cristã" de Agostinho, onde ele diz claramente que o verso usado pelos romanistas para justificar a transubstanciação era uma "EXPRESSÃO SIMBÓLICA" e que considerar os sinais como sendo as próprias coisas significadas por eles é uma "MARCA DE FRAQUEZA E SERVIDÃO" e ainda ter a desonestidade de afirmar que Agostinho cria numa transubstanciação. Perfeito o seu comentário, não tenho nada a acrescentar. Deus te abençoe!

      Excluir
  3. BOA!!!!!! É isso aí!!!!! Gostei da participação!!!!Chama os outros blogueiros evangélicos para participarem e interagirem entre os blogs...porque aí acumulamos conhecimento!!!Unidos somos mais fortes!!!!Estava sentindo falta do "Conhecereis a Verdade" e de outros também que irei conclamá-los a partiticiparem mais e uns comentarem os posts dos outros!!!!

    Abraços aos dois!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também fiquei imensamente feliz em acompanhar a interação entre o Lucas e o Conhecereis a Verdade. São dois dos melhores apologistas que conheço. = )

      Excluir
    2. Como vai Edson, tudo bom?

      Excluir
  4. Como eu leio essa fonte? O que seria "3,14" d'A Doutrina Cristã, por exemplo? Não consegui encontrar os textos selecionados a partir desse tipo de enumeração.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. 3,14 = Livro 3, Capítulo 14. No "New Advent" está como o sendo o capítulo 16, você pode ler aqui:

      http://www.newadvent.org/fathers/12023.htm

      Excluir
    2. Lucas, boa noite.

      Queria aproveitar este artigo sobre Agostinho para sugerir um tema para um artigo.

      Sabe-se que a crença na interseção/veneração dos santos(mortos), defendida pelos cristãos (com exceção dos protestantes), existe desde os tempos da igreja primitiva. Inclusive, há textos de Pais da Igreja, incluindo o próprio Agostinho, defendendo esta crença. E em minhas pesquisas nunca encontrei nenhum depoimento pré- reforma contrário à prática em questão. (há não ser o que foi dito por Vigilantius na polêmica contra Jerônimo).
      Por isso,se não for pedir muito, gostaria de pedir que escrevesse um artigo, destes que você já se acostumou a fazer tão bem, provando que a crença na veneração/intercessão dos santos (mortos) nunca foi consenso na história da Igreja. E que o fizesse por meio de fontes históricas. E que também explicasse o porque de todas as igrejas antigas( não só a Romana, mas também as Ortodoxas e até mesmo as Pré-calcedonianas) incentivarem tal prática, já que, à luz das Escrituras, se trata de uma crença equivocada.

      Até mais.

      Excluir
    3. Já há um artigo que trata sobre isso, na visão dos Pais do século I até meados do século II:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/12/os-pais-da-igreja-criam-na-imortalidade.html

      O artigo trata sobre a imortalidade da alma e os Pais da Igreja, e o raciocínio é simples: se os primeiros Pais da Igreja não criam na imortalidade da alma, então é óbvio que eles também não criam que os que morreram se encontram no Céu e intercedem por nós. É por isso que também não vemos nenhum caso de intercessão dos mortos nos Pais antigos. É lógico que depois que se passaram a crer que a alma era imoral começou a abrir asas para a imaginação e tudo aquilo que era suposição (por exemplo: se os mortos estão vivos então eles estão no Céu, e se estão no Céu talvez possam interceder por nós, e se podem interceder por nós talvez possam ouvir nossas orações, etc) passou a ser crido por alguns como consequencia natural do fato de se crer na imortalidade da alma, o que explica as citações de alguns Pais sobre a intercessão dos santos. Como esse mal é cortado pela raiz com os Pais antigos, não creio que haja qualquer necessidade de mostrar como que Pais que viveram em uma época onde já se criam na imortalidade da alma pensavam a respeito de como era a vida no Céu ou se a intercessão era possível ou não.

      Abraços.

      Excluir
  5. Hey, Lucas Banzoli!

    Sou um grande fã seu e estou juntando digamos assim
    uma "Base de dados" com informações sobre a Bíblia
    e as inconsistências da Igreja católica com relação a esta.
    Pretendo mostrar a alguns amigos e conhecidos
    para que eles se libertem pela verdade!

    Enfim, gostaria que você me indicasse alguma leitura
    ou alguma matéria sua que contenha explicações e refutações
    dos seguintes dogmas:

    -A Castidade dos padres
    -A Confissão aos padres
    -As Penitências que eles impõem (20 ave maria 10 pai nosso)

    Meu nome é Lucas tb (seu xará) e vou
    ficar no aguardo do seu retorno!

    Qualquer coisa te passo meu e-mail
    ok?

    Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, tudo bem? No momento eu estou escrevendo um livro que aborda várias questões resumidamente, inclusive os três temas que você colocou. Até o momento destes três itens mencionados eu só tenho artigo sobre o primeiro:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/08/o-celibato-obrigatorio-dos-sacerdotes.html

      Vou escrever sobre os outros dois e logo postarei aqui ou no outro blog, no máximo dentro de dois ou três dias. Promessa de político, pode me cobrar depois :)

      Abraço!

      Excluir
  6. Boa tarde Lucas.

    Um católico diz;

    "a substância da maçã gera acidentes de maçã, se tal substância gerasse acidentes de pera ou uva, a substância não seria uma maçã, mas pera ou uva".

    Eu pergunto;

    A substância do corpo e do sangue de Cristo, na eucaristia romanista, gera acidentes de que?

    Outro católico responde:

    "Já discutimos intensamente esse assunto.

    A questão não se resolve com a lógica humana, incapaz de alcançar os mistérios de Deus, mas apenas com a fé no poder e na Palavra de Deus.

    Se ele quiser poderá, sim, alterar a substância de um ser sem alterar seus respectivos acidentes."

    Eu respondo:

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


    Parabéns Lucas, mais um excelente artigo.

    ResponderExcluir
  7. Lucas, isso é um VALE TUDO da FÉ.

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, eles estão sempre se superando. Quando já não tem mais argumentos ou o que falar, ao invés de simplesmente admitir que Tomás de Aquino deturpou a filosofia artistotélica neste quesito particular, preferem sustentar que é um "mistério" que não tem "lógica humana" mas que devemos crer mesmo assim por fé no papa e naquela mesma Igreja que assassinou, torturou, escravizou e perseguiu milhões no passado. Realmente é um "vale tudo".

      Abs!

      Excluir

Postar um comentário

ATENÇÃO: novos comentários estão desativados para este blog, mas você pode postar seu comentário em qualquer artigo do meu novo blog: www.lucasbanzoli.com