Respondendo perguntas católicas sobre a Sola Scriptura
(Keith Thompson)
Recentemente
tomei conhecimento de uma lista com dezesseis perguntas feitas a protestantes sola scripturistas que os apologistas
católicos evidentemente acham que não podem ser respondidas. Portanto, vamos
enfrentá-las uma a uma, a fim de mostrar que o autor do desafio não entende
nada de Sola Scriptura e que as suas perguntas podem ser tranquilamente
respondidas. Em seguida, vamos apresentar nossas
dezesseis questões para os católicos romanos.
É
evidente a partir da leitura de suas perguntas que o autor tem uma falsa ideia
do que Sola Scriptura significa, pensando que ela é a única autoridade. No
entanto, como vamos demonstrar, isso não é verdade. Sola Scriptura significa
que a Bíblia é a autoridade final e materialmente suficiente, obviamente.
Cremos em outras autoridades, como credos, catecismos, magistério da Igreja e
opiniões de escritores antigos. Nós apenas sujeitamos essas autoridades à
autoridade final das Escrituras.
Além
disso, o autor também pensa que Sola Scriptura significa acreditar que tudo o que
acreditamos deve estar explícito nas
Escrituras. Mas, como vamos demonstrar, nós não pensamos assim. Acreditamos que
os ensinamentos podem estar implícitos, ou seja, razoavelmente deduzidos a
partir de textos bíblicos. Estes pressupostos devem estar claros para
respondermos as perguntas.
Sola Scriptura não significa que a
Bíblia é a única autoridade
Em
meus artigos e em meu documentário de cinema “Respostas Reformadas à Apostasia
do Catolicismo Romano”, eu já provei que Sola Scriptura não significa que os
protestantes não acreditam em outras autoridades. Existem outras autoridades
válidas, que estão sujeitas à autoridade final da Escritura, como a própria
Bíblia nos ordena. Então eu vou brevemente provar que essa é a visão
protestante clássica da Sola Scriptura. Nenhum credo ou catecismo da Reforma
define Sola Scriptura no sentido de que a Escritura é a nossa única autoridade.
A Confissão de Fé de Westminster, na verdade, mostra que outras autoridades são
válidas, desde que elas estejam subordinadas à Escritura:
“O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm
de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios,
todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e
opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não
pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura”[1]
A
Confissão de Fé Batista diz basicamente a mesma coisa. Os 39 artigos da Igreja
Anglicana também confirmam que há outras fontes de autoridade, tais como os
credos, que estão subordinados à Escritura e que devem ser provadas por ela,
demonstrando que a Bíblia é a autoridade máxima. O artigo 8 diz:
“Os três credos, o Credo Niceno, o Credo de Atanásio, e aquilo
que é comumente chamado de Credo Apostólico, deve ser minuciosamente recebido e
crido, pois eles podem ser provados pelos argumentos provenientes da Sagrada
Escritura”[2]
Com
relação aos concílios gerais, o artigo 21 estabelece:
“Portanto, as coisas ordenadas por eles como necessárias para a
salvação não têm força nem autoridade, salvo que possa ser declarado que eles
estejam em conformidade com a Sagrada Escritura”[3]
O
estudioso reformado Michael Horton afirma que “as
igrejas Luterana e Reformada consideram os credos ecumênicos, juntamente com as
suas próprias confissões e catecismos, como resumos oficiais e obrigatórios das
Escrituras, a quem todos eles estão subordinados”[4].
Assim, nós não vemos as Escrituras como a única autoridade, como os católicos
afirmam. Além disso, no que diz respeito aos reformadores, o estudioso
reformado John Maxfield observa:
“Entre os reformadores do século XVI, o princípio da Sola
Scriptura significa que a Bíblia era a autoridade suprema sobre todas as outras
autoridades”[5]
No
que diz respeito à visão de Lutero sobre as autoridades inferiores, como os
Pais da Igreja e outros, o historiador James R. Payton observa que “eles estavam no patamar de uma autoridade religiosa
significativa, mas subordinada à abrangente autoridade final das Escrituras”[6].
Ainda sobre Lutero, o teólogo e escritor Richard J. Foster observa:
“Ao enfatizar a primazia da Palavra de Deus contida na
Escritura, Lutero não estava rejeitando os ensinamentos de concílios ou dos
grandes escritores do pensamento cristão. Mas ele estava tornando-os sujeitos à
Escritura: qualquer ocasião em que há discrepância entre os dois, ele disse, a
Bíblia deve ser considerada como a fonte de autoridade de fé e prática”[7]
Martinho
Lutero declarou:
“Todos os outros concílios também devem ser vistos desta forma,
sejam eles grandes ou pequenos (...) eles não introduzem nada de novo, quer em
matéria de fé ou de prática; mas eles defendem, como os mais altos magistrados
e bispos sob Cristo, a antiga fé e as boas obras antigas, em conformidade com
as Escrituras”[8]
Lutero
não cria que a Escritura fosse a única autoridade.
Ele cria que todas as autoridades devem estar sujeitas à Bíblia. Ademais, o
sucessor de Lutero, Philip Melanchthon, também afirmou que outras fontes de
autoridade eram válidas na medida em que estivessem sujeitas à Palavra escrita.
James R. Payton observa que, “para ele, a Sola
Scriptura não foi descartada, mas sim reforçada pela autoridade religiosa
subordinada dos Pais da Igreja, dos credos antigos e dos decretos doutrinários
dos concílios ecumênicos”[9].
Em
sua obra The Shape of Sola Scriptura, Keith
Mathison aponta que o reformador protestante João Calvino comentou que:
“O poder da Igreja... reside em parte nos bispos individuais, e
em parte em concílios, quer provinciais ou gerais... o poder da Igreja,
portanto, dentro dos limites definidos, não pode ser tirado de lá para cá pelo
capricho dos homens... o poder da Igreja não é infinito, mas sujeito à Palavra
do Senhor e, por assim dizer, confinada a ela”[10]
Calvino
acreditava em outras fontes de autoridade, na medida em que elas estivessem
subordinadas à autoridade suprema: a Sagrada Escritura. Ele não cria na
deturpação conhecida como solo scriptura,
que é tão comumente atacada hoje como se fosse a posição protestante. O que
é frequentemente esquecido é o fato de que nós, possuindo autoridades como
credos, confissão, catecismos e um magistério de ensino em nossas igrejas,
provamos que a Escritura não é nossa única
autoridade. Mais uma vez: ela é nossa autoridade final.
Sola Scriptura não diz que tudo o que
os evangélicos acreditam deve estar explícito na Bíblia
Quando
os protestantes afirmam a suficiência material das Escrituras, não estamos
dizendo que tudo o que acreditamos está explícito na mesma. Nós estamos dizendo
que tudo que é preciso crer para a
salvação está claro nas Escrituras e que os nossos outros ensinamentos
podem ser pelo menos razoavelmente deduzidos da Bíblia em razão de sua
suficiente clareza.
A
Confissão de Fé de Westminster declara:
“Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas
necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é
expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido
dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações
do Espírito, nem por tradições dos homens”[11]
A
Confissão de Fé Batista ecoa a Confissão de Fé de Westminster, basicamente
afirmando a mesma coisa. Portanto, qualquer tentativa romanista de que a
reivindicação protestante de Sola Scriptura precisa dar um versículo afirmando
explicitamente nossas crenças, simplesmente não compreende a nossa posição.
Devemos ter isso em mente antes de respondermos as perguntas que foram feitas.
Respondendo às perguntas católicas
As
perguntas dos apologistas católicos estarão em vermelho, e nossas respostas em
preto.
Pergunta 1 – Forneça o verso que diz que Deus criou o mundo do nada.
Como
observamos, os sola scripturistas não
precisam mostrar isso explicitamente em um verso. Nós só precisamos provar que
isso está pelo menos implícito nas Escrituras. E isso está. Criação ex nihilo é ensinada implicitamente em
Hebreus 11:3 – “Pela fé entendemos que o universo
foi criado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito de
coisas que são visíveis”. Dizer que o universo não foi feito de coisas
que são visíveis é dizer que Deus criou o universo do nada. Isso é semelhante
àquilo que Paulo disse, sobre Deus ter criado a “luz
das trevas” (2Co.4:6). Esta é a posição de estudiosos notáveis, tais
como F. F. Bruce e Leon Morris. Como Morris observou, “o
visível não se originou a partir do visível”[12].
Além disso, quando Gênesis 1:1-3 diz que no princípio Deus criou os céus e a
terra, o que está implícito é que antes da criação de Deus não havia céus com
que utilizar para criar o universo.
Pergunta 2 – Forneça o versículo que diz que a Escritura é a única
autoridade (ou seja, que não há nenhuma outra autoridade para se aprender sobre
Deus ou sobre a salvação).
Como
eu disse anteriormente, nós não acreditamos que a Escritura é a única
autoridade. Nós acreditamos que é a autoridade final para a qual toda
autoridade está sujeita. Para ver um caso de autoridade final das Escrituras,
confira este
artigo.
Mas
para oferecer um argumento aqui, notarei que Mateus 15:2-9 prova que as
tradições, não importa quais a suas alegadas origens, nunca devem contradizer a
Escritura, mas devem estar sujeitas a ela. Isto é o que Jesus ensinou quando
ele repreendeu os judeus pela observância de tradições que eles pensavam que
fossem inspiradas, mas que na verdade invalidavam a Escritura. Isto é
semelhante ao que os protestantes dizem sobre a tradição católica sobre Maria
ser sem pecado, o que contradiz o ensino da Bíblia sobre Maria e sobre toda a
humanidade ter pecado. Assim sendo, a Escritura é tratada por Cristo como a
última instância de recurso para determinar se uma tradição é válida ou não.
Essa é a doutrina da autoridade final da Bíblia.
Pergunta 3 – Forneça o versículo que diga que a salvação só é
possível mediante a fé.
Nós
não precisamos de um verso que tenha as palavras “somente a fé”. Nós podemos
chegar à Sola Fide legitimamente através de outros meios, como pelo fato de a
Bíblia alegar que a justificação é pela fé e não pelas obras (Rm.3:28; 4:3-5;
Gl.2:16. 3:11; Ef.2:8-9; Fp.3:9; 2Tm.1:9-10). Se as obras são excluídas da
justificação, a fé é deixada por si só. Logo, você tem a justificação somente
pela fé.
Pergunta 4 – Forneça o versículo que conte como que nós sabemos que
a revelação de Jesus Cristo terminou com a morte do último apóstolo.
Este
ensino é baseado no fato de que os apóstolos foram comissionados por Cristo e a
eles foi dada a revelação especial para escrever a Escritura como homens
inspirados assim como os profetas (1Co.14:37-38; 2Tm.3:16-17; 1Ts.4:8;
2Pe.1:21; 3:15-17). Portanto, uma vez que a revelação especial foi dada aos
apóstolos a fim de escrever as Escrituras e proclamar a verdade da nova
aliança, segue-se que após a revelação especial ter sido realizada ela cessou.
Além
disso, Efésios 1:8-9 implica que a revelação especial cessou, uma vez que
mostra através de Paulo que a sabedoria e entendimento veio para a igreja “fazendo-nos conhecer o mistério de Deus”. Por
isso, segue-se que, uma vez que por causa dos apóstolos agora conhecemos a
vontade de Deus em relação à nova aliança, não há necessidade de uma revelação especial
maior, após este período.
Por
último, uma vez que de acordo com 2ª Timóteo 3:16-17 a Escritura torna o homem
de Deus completa e totalmente equipado para a sua doutrina e educação na
justiça em relação a Cristo e à nova aliança, não há necessidade de uma
revelação especial maior.
Perguntas 5 e 6 – Forneça o versículo que mostre a lista dos livros
canônicos do Antigo Testamento e uma lista dos livros canônicos do Novo
Testamento.
Eu
combinei as questões 5 e 6. Roma afirma que sua tradição é a base para o
estabelecimento do cânon bíblico pela Igreja no século IV, quando o Concílio de
Hipona e o Terceiro Concílio de Cartago disseram a lista de livros[13].
Duas visões diferentes da tradição romana são (1) a ideia dos apóstolos
entregarem em um corpo de ensino oral um conteúdo doutrinário não encontrado na
Escritura; e (2) a ideia de que a tradição da Igreja esclarece o verdadeiro
significado nas Escrituras.
No
entanto, o Concílio de Hipona e o Terceiro Concílio de Cartago, que lidaram com
a questão do cânon, nunca afirmaram que eles sabiam que o cânon era esse porque
eles tinham um corpo de tradição oral dos apóstolos afirmando quais livros
bíblicos eram canônicos. Nem podemos dizer que tinham uma interpretação
histórica do conteúdo da Escritura e, portanto, reconheceram o cânon pelo
significado desta interpretação histórica. Isso não faz sentido. Assim, as
definições que os romanistas têm da tradição não podem ser usadas como base
para as decisões destes concílios relativas ao cânon.
Os
concílios não utilizaram qualquer tradição apostólica para isso. Em vez disso,
eles usaram vários critérios para decidir sobre o cânon. Eles não afirmavam que
tinham um ensino oral dos apóstolos dizendo que os livros eram verdadeiros.
Seus critérios de canonicidade eram: apostolicidade (se o escritor era um
apóstolo ou ligado a um apóstolo), a ortodoxia (se o conteúdo do livro era
ortodoxo teologicamente), a antiguidade (se o livro era suficientemente antigo)
e uso (se o livro foi amplamente utilizado na igreja antes do Concílio)[14].
Estas
são as perguntas que os protestantes são confrontados: se a Escritura é a única
autoridade que deve ser seguida, como você sabe quais livros são inspirados,
visto que a própria Escritura não lhe diz? Ou então: se você crê na Sola
Scriptura, por que mantém um cânon do Novo Testamento que foi reconhecido pela
autoridade da Igreja Católica Romana? Isso não viola a Sola Scriptura?
No
entanto, existem sérios problemas com este argumento.
(1)
Ele só se aplica ao Solo Scriptura,
que é a crença de que a Bíblia é a única autoridade, e não à Sola Scriptura,
que diz que a Escritura é a autoridade máxima. Na Sola Scriptura não há nada de
errado em seguir autoridades externas como a igreja, desde que o que ela
declare não contradiga a Bíblia e seja consistente com a Escritura pelo menos
implicitamente[15].
Deste modo, não há nenhum problema para a Sola Scriptura ao se afirmar o cânon
através da Igreja, uma vez que os critérios utilizados pela Igreja para
conhecer o cânon no século IV podem ser validados biblicamente pelo menos
implicitamente.
Por
exemplo, a Igreja usou os critérios de apostolicidade para decidir se um livro
do Novo Testamento era Escritura (ou seja, se um livro foi escrito por um
apóstolo ou companheiro de um apóstolo). Qualquer boa introdução conservadora
ao Novo Testamento dará argumentos internos para o fato de um livro ter sido
escrito por um apóstolo ou por alguém próximo de um apóstolo (por exemplo,
Donald Guthrie’s, D. A. Carson e Douglas J. Moo’s, dentre outros). No que diz
respeito aos critérios de antiguidade utilizados pela Igreja, podemos olhar
para o conteúdo interno do livro para descobrir se ele foi escrito no primeiro
século ou se é uma obra do segundo século.
Estudiosos
do Novo Testamento fazem isso regularmente. Qualquer boa introdução teológica
irá fornecer argumentos internos de que um livro foi escrito no primeiro
século. No que diz respeito aos critérios da ortodoxia utilizados pela Igreja,
podemos ver quais livros são internamente consistentes e quais não são. Então
não há nada inconsistente em se afirmar a Sola Scriptura ao mesmo tempo em que
se reconhece a autoridade da Igreja em reconhecer o cânon, uma vez que quando
observamos os livros reconhecidos vemos que seu reconhecimento é consistente
com a Escritura, pelo menos implicitamente.
(2) Ao usar este
argumento, o apologista católico assume que aqueles concílios no quarto século
que reconheceram o cânon eram concílios católicos romanos ou faziam parte de
uma Igreja Católica Romana. Entretanto, ninguém nesses concílios acreditava nas
coisas que a Roma moderna afirma que somos obrigados a acreditar para sermos
considerados católicos romanos – ensinamentos e reivindicações romanistas nem
sempre foram cridas pela Igreja (por exemplo, a confissão auricular privada, o
poder a um padre para perdoar pecados veniais e mortais, a infalibilidade
papal, a assunção e imaculada conceição de Maria, a missa como o mesmo
sacrifício propício de Cristo re-apresentado, a ideia de que só o papa tem
autoridade para interpretar a Bíblia, etc). Por isso, é errônea a reivindicação
dois católicos modernos de que aqueles concílios que trataram da questão do
cânon faziam parte de seu sistema religioso moderno. A Igreja Ortodoxa também
afirma que a sua Igreja reconhece o cânon. Portanto, Roma tem que lidar com
eles primeiro.
Pergunta 7 – Forneça o versículo que explica a doutrina da Trindade.
Claro.
Há um só Deus (Dt.6:4; Is.45:5-6). No entanto, há três pessoas apresentadas
como divindade nas Escrituras: o Pai (Jo.6:27; Cl.1:3), o Filho (Jo.1:1-3,14;
8:24; 20:28-29; Rm.9:5; Tt.2:13; 2Pe.1:1; Hb.1:10-12) e o Espírito Santo
(Jo.14:16-17; At.5:3-4; 2Sm.23:3-3; 2Co.3:18). Por último, esses três são
apresentados como pessoas distintas (Jo.8:16-18; Lc.11:1; 3:21-22;Gl.4:6).
Assim, através da Escritura aprendemos que, embora haja um só Deus, há três
pessoas distintas que estão na divindade. Assim, a Trindade é a posição bíblica
que assegura aquilo que a Bíblia ensina.
Em
segundo lugar, quando Jesus disse em Mateus 28:19 para “fazer
discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”, isto prova as pessoas da Trindade, que embora distintas
(em pessoa), são um naquilo que eles são. Isso porque Jesus fala no singular
(um “nome”) do Pai, Filho e Espírito Santo. Como o estudioso do Novo Testamento
R. T. France observa, “o fato de que três pessoas
divinas são mencionadas como tendo um único ‘nome’ é uma evidência
significativa em direção a doutrina trinitária de três pessoas em um Deus”[16].
Pergunta 8 – Forneça o versículo que nos diga o nome do discípulo
amado.
Eu
já escrevi sobre isso neste
artigo. Então vou reproduzir aqui o que eu escrevi ali, com
algumas pequenas variações.
É
nos dito que o “discípulo amado” é uma testemunha ocular da vida de Cristo e o
autor deste quarto evangelho. Em João 21, vemos uma das aparições pós-ressurreição
de Jesus aos discípulos, e perto do final do encontro lemos:
“Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os
seguia (este era o que se inclinara para Jesus durante a ceia e perguntara:
‘Senhor, quem te irá trair?’). Quando Pedro o viu, perguntou: ‘Senhor, e quanto
a ele?’ Respondeu Jesus: ‘Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte,
o que lhe importa? Siga-me você’. Foi por isso que se espalhou entre os irmãos
o rumor de que aquele discípulo não iria morrer. Mas Jesus não disse que ele
não iria morrer; apenas disse: ‘Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu
volte, o que lhe importa?’. Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas
e que as registrou. Sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”
(João 21:20-24)
O
discípulo amado que é referido como sendo o autor deste Evangelho e uma
testemunha ocular da vida de Jesus era João, filho de Zebedeu. Comentários
anteriores ao capítulo 21 diminuem a lista de possíveis “discípulo amado” a
candidatos como Pedro, Tomé, Natanael, Tiago (filho de Zebedeu), João (filho de
Zebedeu) e dois discípulos sem nome, colocando-os neste aspecto
pós-ressurreição, onde o discípulo amado está presente (Jo.21:2). Destes sete,
podemos facilmente descartar Pedro, Tomé, Natanael e Tiago como sendo o
discípulo amado. E apoiar a crença ortodoxa de que era João, filho de Zebedeu,
e não um desses dois discípulos sem nome é o fato de que João, filho de
Zebedeu, não é mencionado pelo nome no quarto Evangelho, apesar dos outros
apóstolos serem menos conhecidos, tais como Filipe, Lázaro e Judas (não o
Iscariotes), mesmo que os Evangelhos sinópticos mencionem frequentemente o
apóstolo João pelo nome. Será que pelo fato de João ser o autor, ele
deliberadamente evitou incluir seu próprio nome no quarto Evangelho?
Um
apoio adicional para a tese da autoria joanina é o fato de que, no quarto
Evangelho, o discípulo amado e o apóstolo Pedro estão intimamente ligados
(Jo.13:23; 20:2-9; 21:1-25). João 19:26 é a única vez em que o discípulo amado
é mencionado sem Pedro. Curiosamente, os dados não-joaninos do Novo Testamento
vinculam muito fortemente João, filho de Zebedeu, com Pedro (Mc.5:37; 9:2;
14:33; Lc.22:8; At.3:1,11; 4:13; 8:15-25; Gl.2:9). Isto apoia ainda mais a tese
de que o discípulo amado é João. Além disso, Donald Guthrie alega que, à luz do
fato de João Batista ser identificado simplesmente como “João”, presume-se que
a audiência identificasse o apóstolo João com outro nome (ou seja, o “discípulo
amado”).
Ele
argumenta:
“João Batista é descrito como ‘João’ sem mais nenhum acréscimo,
o que sugere fortemente que o escritor queria que o apóstolo João fosse
identificado por outro título. Não se pode negar que a ausência de uma
referência específica a ele cria uma predisposição definida em direção a
autoria joanina e quaisquer pontos de vista alternativos devem contar com essa
peculiaridade e fornecer uma explicação adequada”[17]
F.
F. Bruce argumenta que o discípulo amado é João baseando-se em sua relação
especial com Tiago, Pedro e Jesus. Depois de reduzir os possíveis “discípulo
amado” dentre os doze candidatos, à luz dos dados sinóticos sobre a Última Ceia,
ele afirma:
“Dos doze, havia três que estavam na ocasião e tinham uma
comunhão mais íntima com o Mestre – Pedro, Tiago e João. Eram estes três, por
exemplo, que ele tomou para vigiar com Ele durante sua vigília no Getsêmani
após a Última Ceia (Mc.14:33). Nós devemos naturalmente esperar que o discípulo
amado seja um deles. Ele não era Pedro, de quem ele é explicitamente
distinguido em João 13:24, 20:2 e 21:20. Restam os dois filhos de Zebedeu:
Tiago e João, que foram incluídos no capítulo 21. Mas Tiago foi martirizado no
máximo em 44 d.C (At.12:2), e, portanto, havia pouca probabilidade de que o
ditado sobre aquele discípulo amado não morrer se aplicasse a ele. Então
ficamos com João”[18]
Bruce
se referia a João 21:21-23, que é a discussão entre Jesus e Pedro sobre o
discípulo amado não morrer até que Jesus viesse, e este discípulo levou sua
vida naturalmente, de modo que entre os seguidores de Cristo se espalhou o
rumor de que aquele discípulo não morreria. Este rumor perdurou até a época da
escrita daquele Evangelho. Ele observou corretamente que esse rumor que
circulava até a época da escrita do quarto Evangelho não poderia ser aplicado a
Tiago, que morreu muito antes, ainda em 44 d.C. Assim, teria que se referir a
João, filho de Zebedeu.
Alguns
estudiosos afirmam que o discípulo amado foi Lázaro e não João. No entanto,
sabemos que o discípulo amado esteve presente na Última Ceia (Jo.13:23) como um
dos doze. Lázaro, porém, não estava lá. De acordo com os dados sinóticos,
somente os doze estavam presentes nessa reunião. Uma vez que Lázaro não esteve
presente na Última Ceia como um dos doze, ele não pode ser o discípulo amado.
Além disso, João não nomeou o discípulo amado, mas o identifica como tal.
Portanto, uma vez, que Lázaro é nomeado quinze vezes no quarto Evangelho, é
problemático afirmar que ele era o discípulo amado.
Assim
sendo, há base bíblica sólida para o fato de que João é o discípulo amado. Nós
não precisamos da tradição papista tardia para nos dizer que este é o caso.
Perguntas 9-13 – Forneça o versículo que contenha o nome do autor do
Evangelho de Mateus, de Marcos, de Lucas, de João e dos Atos dos Apóstolos.
Nós
combinamos as perguntas 9 a 13 porque todas elas são abordadas aqui.
Neste artigo eu mostro biblicamente que a lista ortodoxa de escritores bíblicos
pode ser deduzida através dos próprios textos da Escritura. Não é necessário
recorrer a tradições posteriores. Consulte aquele artigo para ver a prova
bíblica da autoria tradicional de Mateus, Marcos, Lucas e Atos. Em relação ao
Evangelho de João e o autor ser o discípulo amado João, veja a resposta à
pergunta de número 8.
Pergunta 14 – Forneça o versículo que diga que o Espírito Santo é
uma das três pessoas da Santíssima Trindade.
Veja
a resposta à pergunta número 7.
Pergunta 16 – Forneça o versículo que diga que Jesus Cristo é da
mesma substância da divindade como o Pai.
Dizer
que Jesus é da mesma substância ou essência que o Pai significa que ele
compartilha dos mesmos atributos incomunicáveis essenciais de Deus, o Pai, que
nenhuma criatura possui. E isso nós podemos mostrar biblicamente. Assim como o
Pai, Jesus é onisciente (Lc.9:47; Jo.21:17; Ap.2:23), onipotente (Jo.5:19;
2Pe.1:3; 1Co.1:24; Cl.1:17) e onipresente (Mt.18:20; 28:20; Jo.1:48). Para mais
informações sobre Jesus ter os mesmos atributos essenciais do Pai, veja o
trabalho de Bowman e Komoszewski sobre a divindade de Cristo[19].
Dezesseis perguntas difíceis para os
católicos romanos
Pergunta 1 –
Por que os católicos defendem que a Escritura não é clara o suficiente para fornecer
aos cristãos aquilo que eles precisam doutrinariamente, quando a própria Bíblia
ensina sua suficiência material? Por exemplo, as chamadas para ler e obedecer a
Escritura pressupõem a sua clareza, como Dt.4:1-3; 6:4-10; 31:9-13; Sl.19:7-11;
Rm.4:22-25; 15:4; 1Co.10:1-11; Cl.3:16; 1Tm.4:13; 2Tm.3:14-17; 1Pe.1:22-23. A
clareza da Escritura também é vista em Dt.29:29.; 2Rs.1:22-23; Sl.19:7-8;
119:130; 2Co.3:15-16; Cl.4:16; 2Tm.3:15; 2Pe.1:19. E a suficiência material das
Escrituras é vista em João 20:31 e 2ª Timóteo 3:16-17.
Pergunta 2 – Por que os católicos
querem atacar a capacidade do Espírito Santo para comunicar claramente as
verdades de Deus para os cristãos nas Escrituras dizendo que precisamos de
outras autoridades, tais como um papa e tradições extra-bíblicas para entender
a Bíblia, devido à sua alegada falta de clareza e suficiência?
Pergunta 3 – Onde na Bíblia
está escrito que as tradições dos apóstolos são ensinamentos que podem não se
encontrar nas Escrituras, mas em vez disso são coisas como dogmas marianos,
infalibilidade papal, etc?
Pergunta 4 – Por que os católicos
dizem que os cristãos precisam vir a Roma para resolver o problema da alegada
falta de clareza da Escritura sobre questões doutrinárias se Roma tem uma
interpretação dogmática de apenas cerca de onze textos da Bíblia, como os próprios
estudiosos católicos admitem?[20]
Pergunta 5 –
Por que afirmam que os cristãos devem se tornar católicos para evitar o risco
de uma má interpretação da Escritura quando estudiosos católicos admitem que o
catolicismo não pode acabar com este risco? O apologista católico Jimmy Akin
admitiu: “Se você conhece bem sua fé católica, isso
irá ajudá-lo a discernir o que uma determinada passagem da Escritura não
significa, mas normalmente não irá ajudá-lo a identificar precisamente o que significa.
Consequentemente, há sempre o risco de erro na interpretação da Escritura. Nós
[a Igreja Católica] não podemos eliminar este risco”[21].
Pergunta 6 –
Como fazer um protestante se tornar católico romano se não podemos estudar as
Escrituras e descobrir que supostamente ela apoia o ensino católico, já que os
católicos alegam falta de clareza na Escritura? Devemos cegamente primeiro nos
tornar católicos romanos sem antes ver se a Escritura apoia o catolicismo
romano?
Pergunta 7 –
Por que os católicos afirmam que é necessária a tradição católica a fim de
discernir o cânon no século IV, quando os concílios que o fizeram nunca
apelaram a qualquer suposto corpo de ensinamentos orais dos apóstolos sobre a
questão (que é como o catolicismo tridentino define “tradição”), mas em vez
disso usou vários critérios, tais como o uso, a antiguidade, a apostolicidade e
a ortodoxia?
Pergunta 8 –
Por que os católicos afirmam que a Sola Scriptura significa que a Bíblia é a única
autoridade quando não é assim que os reformadores ou credos e confissões protestantes
definiram isso?
Pergunta 9 –
Por que os católicos afirmam que a doutrina da Sola Scriptura implica na ideia
de que tudo o que o cristão crê deve estar explícito nas Escrituras, quando os
reformadores, credos e confissões de fé protestantes não dizem isso?
Pergunta 10 –
Por que os católicos afirmam que a Igreja Católica deu o cânon aos protestantes
quando ninguém nos concílios do quarto século que discerniu o cânon acreditava
nos ensinamentos que a Roma moderna diz que é preciso acreditar a fim de ser
católico e que supostamente sempre foram cridos pela Igreja, tais como a
imaculada concepção e assunção de Maria, a infalibilidade papal, a confissão
privada e frequente aos sacerdotes e até mesmo os pecados veniais?
Pergunta 11 –
Se a suposta assunção de Maria era um ensino oral dos apóstolos, por que os
cristãos da igreja primitiva (ou seja, os Pais da Igreja) não afirmam tal
ensino em seus escritos?
Pergunta 12 –
Por que os católicos romanos afirmam que os Pais da Igreja primitiva mantinham
seu entendimento da “tradição”, quando nenhum deles definiu tradição como um
conteúdo doutrinário dos apóstolos que não pode ser encontrado na Escritura,
como até mesmo estudiosos católicos admitem[22]?
Você pode provar que eles definiram a tradição de tal maneira?
Pergunta 13 –
Se a igreja primitiva entendeu a tradição e a Escritura de forma igual e tinha
acesso a tradições extra-bíblicas, por que eles só fizeram um cânon das
Escrituras e não um cânone de tradições apostólicas? Será que isso não mostra
que a igreja primitiva tinha uma visão maior das Escrituras em relação à tradição,
conceito este muito parecido com os protestantes?
Pergunta 14 –
Por que os católicos acreditam em um conceito etéreo de tradição que na verdade
ninguém tem acesso? Isto é, por que é que não há lista ou livro de tradições
apostólicas extra-bíblicas da Igreja Católica, se eles realmente as possuem? Como
você sabe que detém as supostas tradições extra-bíblicas que os apóstolos
ensinaram – algo que você possa reivindicar que todos devemos ter de acordo com
sua distorção de 2ª Tessalonicenses 2:15?
Pergunta 15 –
Por que os católicos romanos afirmam que a Trindade não está clara nas
Escrituras e que por isso devemos nos submeter à tradição católica e ao papado,
quando os Pais da Igreja, como Ambrósio, afirmaram que esta doutrina está clara
nas Escrituras? Ele disse:
“Deus, então, é um, sem violação da majestade da Trindade
eterna, como é declarada na passagem colocada diante de nós. Nós não apenas
vemos a Trindade manifestada em nome da Trindade, mas em muitos lugares também –
especialmente nas epístolas que o apóstolo escreveu aos tessalonicenses – é
mais do que claramente definida a divindade e soberania do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”[23]
Pergunta 16 –
Por que os católicos romanos acreditam naquilo que Roma diz sobre a tradição
extra-bíblica quando os papas têm se mostrado completamente indignos de
confiança com a venda de indulgências, as vendas do trono papal, o massacre dos
cátaros e valdenses (incluindo mulheres e crianças), a inquisição (envolvendo
tortura brutal e assassinato em massa), os cadáveres dos papas passados colocados
em julgamento simulado e os mutilando, as falsificações papais como a Doação de
Constantino e os Decretos do Pseudo-Isidoro para enganar as pessoas e fazê-las
acreditar no papado, as orgias no Vaticano, os assassinatos dos seus próprios
cardeais, a ocultação de casos de abuso sexual envolvendo padres, sem falar nos
participantes da Pornocracia? Para ver as provas destas coisas, consulte este
artigo (nota do tradutor: em
português, consulte este
e este
artigo).
-Meus livros:
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- Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
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- Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
[1] Westminster Confession of Faith,
1:10.
[2] Anglican 39 Articles, Article 8.
[3] Anglican 39 Articles, Article 21.
[4] Michael Horton, The Christian Faith: A Systematic Theology
for Pilgrims on the Way, [Zondervan, 2011], p. 187.
[5] John A. Maxfield, Luther's Lectures on Genesis and the
Formation of Evangelical Identity, [Truman State University Press, 2008],
p. 43.
[6] James R. Payton, Getting the Reformation Wrong: Correcting
Some Misunderstandings, [InterVarsity Press, 2010], p. 139.
[7] Richard J. Foster, Streams of Living Water: Celebrating the
Great Traditions of Christian Faith, [HarperCollins, 1998], p. 293.
[8] Martin Luther, On the Councils and the Church. Taken from Theodore G. Tappert
Selected Writings of Martin Luther, Volume 1, [Fortress Press, 2007] pp.
313-314.
[9] James R. Payton, Getting the Reformation Wrong: Correcting
Some Misunderstandings, [InterVarsity Press, 2010], p. 147.
[10] John Calvin, Institutes of the Christian Religion, IV.VIII.1. cited in Keith
Mathison, The Shape of Sola Scriptura,
[Canon Press, 2001], pp. 112-113.
[11] Westminster Confession of Faith,
1:6.
[12] Leon Morris, Hebrews, ed. Frank E.
Gaebelein, The Expositor’s Bible Commentary,
Vol. 12, [Zondervan 1981], p. 114.
[13] Robert Sungenis, Point/Counterpoint: Protestant Objections
and Catholic Answers, Not by Scripture Alone, [Queenship Publishing, 1997],
p. 270.
[14] The Cradle, the Cross, and the
Crown: An Introduction to the New Testament,
eds. Andreas J. Kostenberger, L. Scott Kellum, Charles L. Quarles, [B&H
Publishing Group, 2009], p. 13.
[15] Westminster Confession of Faith, 1:6-7; 1:10.
[16] R. T. France, The Gospel of Matthew, ed. Joel B. Green, The New International Commentary on the New Testament, [Wm. B.
Eerdmans, 2007], p. 1118.
[17] Donald Guthrie, New Testament Introduction,
[InterVarsity Press, 1990], p. 257.
[18] F. F. Bruce, The New Testament Documents: Are They Reliable?, [Wm. B. Eerdmans,
1981], p. 45.
[19] Robert M. Bowman Jr, J. Ed
Komoszewski, Putting Jesus in His Place,
[Kregel, 2007], pp. 283-284.
[20] Peter M. J. Stravinskas, The Catholic Church And The Bible, 2nd
ed., [Ignatius Press, 1996], p. 8; Peter Williams, Catholic Principles for Interpreting Scripture, [Gregorian &
Biblical Book Shop, 2001], p. 115.
[21] Jimmy Akin, Scripture Commentary Recommendation, (http://jimmyakin.com/2006/01/scripture_comme.html)
[22] Yves Congar, The Meaning of Tradition, [Ignatius
Press, 2004], p. 15.
[23] Ambrose, On the Holy Spirit, Book III, Ch. 14. 94.
Lucas, paz e graça.
ResponderExcluirUma igreja protestante que diz que a Bíblia é insuficiente para o conhecimento da revelação divina merece confiança? Se ela diz que Deus revelou novas doutrinas ocultas a ela, você acha que se deve permanecer nela, ou não, ou se Deus realmente revelou?
Obrigado desde já.
Não merece confiança. Até onde eu saiba, apenas os mórmons (além dos católicos, é claro) fazem este tipo de coisa (eles acrescentam à Bíblia as doutrinas extra-bíblicas presentes no Livro de Mórmon).
ExcluirAbraços.
Bom artigo,
ResponderExcluirÉ bom mencionar também que a Sola Scriptura não quer dizer que tradições como fatos históricos, costumes e práticas litúrgicas precisam estar na Bíblia nem explicitamente nem implicitamente.
Os romanistas usam citações dos Pais da Igreja desta natureza para provar que eles não criam na Sola Scriptura. É até difícil ver um católico representar esta doutrina protestante sem recorrer a um espantalho.
Aqui vai um pequeno manual de como refutar a Suficiência Material das Escrituras usando os Pais da Igreja:
1. Mostre que uma Pai da Igreja cria em determinada doutrina que não pode nem explicitamente nem implicitamente ser extraída das Escrituras;
2. Mostre que o Pai da Igreja cria que esta doutrina chegou até ele através de uma tradição oral extra bíblica - ou seja - ele precisaria crer nisto sem usar a escritura;
3. E o mais importante - prove que esta doutrina é de origem apostólica. Não é suficiente citar uma Pai da Igreja que viveu séculos após os apóstolos, é preciso rastrear sua doutrina até um apóstolo.
Se alguém conseguir provar estes 3 pontos, terá conseguido refutar a doutrina protestante da suficiência material da escritura.
Só que até hoje nenhum católico fez isso.
Bruno, quando eu fui escrever meu livro sobre a Sola Scriptura, eu pesquisei especificamente sobre "Escritura" e "tradição" em MILHARES de obras patrísticas, incluindo todas as presentes no New Advent, e pra minha surpresa NENHUMA VEZ, absolutamente nenhuma mesmo, a tradição aparece em um contexto católico-romano, ou seja, como um meio de transmissão oral de doutrinas que não se encontram na Bíblia mas que se devem crer para a salvação. Absolutamente em TODAS as ocasiões a tradição estava relacionada a interpretação de textos presentes na Bíblia, a acontecimentos históricos ou a costumes, e NUNCA disse respeito a qualquer uma das alegações que os papistas fazem a este respeito. No meu livro há aproximadamente de 400 a 500 citações patrísticas provando a Sola Scriptura e refutando a tradição romanista, que é fruto desta pesquisa. O católico que usa a palavrinha "tradição" nos Pais como se fosse a mesma coisa da tradição atual da Igreja Romana mostra que é um completo ignorante, sem nenhum conhecimento de causa.
ExcluirAbraços!
Acrescentaria a lista de desafios do Keith Thompson o seguinte:
ResponderExcluir17 - Qual é o conteúdo infalível e exato da tradição doutrinal extra bíblica preservada pela ICAR?
18 - Quais as provas incontestáveis de que todos os pontos desta tradição doutrinal extra bíblica tão de origem apostólica?
19 - Como você pode provar que a tradição supostamente preservada pela Igreja Ortodoxa, que também diz remeter ao primeiro século por sucessão apostólica, é falsa, e que a tradição supostamente preservada pela Igreja Romana é a única verdadeira e 100% confiável em todos os pontos de divergência?
ExcluirFico me perguntando quando estes católicos vão parar de questionar a suficiência das Escrituras. A Bíblia e o único livro que apresenta o propósito de Deus para o homem chamando-o ao arrependimento. O único livro que apresenta os dois pactos - dois testamentos. Apresenta a história da criação. A entrada do pecado no mundo e as causas dessa queda; o que consequentemente fez com que Deus enviasse um salvador para reconciliar o homem com ele. Temos as alianças e os profetas, apóstolos e o nascimento da Igreja, como também o nascimento, vida e morte do Senhor Jesus e a difusão do Evangelho por todo o mundo, sem contar as inúmeras profecias para o fim dos tempos. A suficiência das Escrituras e real e não imaginaria. Que os católicos apresentem outro livro que seja de mais peso e importância do que as Escrituras ao invés de retalhos e mais retalhos de tradições sem fim que apenas servem para invalidar a Palavra de Deus. A tradição católica e uma imitação muito mau feita das Escrituras. Eles torcem tudo, desde a promessa do salvador em Gênesis 3 até a última página do Apocalipse. E no fim das contas pegam tudo que essa tradição medonha fabricou e afirmam que a Bíblia não é suficiente. Que loucura meu Deus do céu!
ResponderExcluirLucas, como você harmoniza Gálatas 2:16 com São Tiago 2:24 que diz que o homem não é justificado por fé somente? Segundo um estudo que li em um site luterano São Paulo conflita com São Tiago, sim. Não seria melhor tirar São Tiago do cânon protestante?
ResponderExcluirVeja este artigo:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/tiago-ensinava-justificacao-pelas-obras.html
Um católico chegou a dizer que o sola scriptura é falso pois a biblia não menciona que o uso de drogas é pecado. É triste ver até que ponto o sujeito pode ir.
ResponderExcluirIsso é pouco, eu já ouvi até católico dizendo que a Sola Scriptura é falsa porque não existe rock and roll na Bíblia hahahaha
ExcluirEsse devia ser fã do iron maiden.
Excluirkkkkkkkk
ExcluirLucas, acho que o catolico mais honesto é o Hans Kung.Ele reconhece que esses conceitos de infabilidade papal sao absurdos e endossa(até certo ponto) o sola fide.
ResponderExcluirSim, e tem também o renomado historiador católico Döllinger, que foi o maior historiador eclesiástico do século XIX e estudou história da Igreja por 47 anos. Ele era tão severamente contra a infalibilidade papal que na época do Concílio Vaticano I escreveu um livro inteiro refutando esta doutrina absurda e totalmente anti-histórica, em um livro traduzido ao português pelo Rui Barbosa e que eu estou lendo no momento. Chama-se "O Papa e o Concílio". Ele joga toda a História na cara dos papistas, que mesmo assim aprovaram essa ridícula doutrina da infalibilidade do papa.
ExcluirOutro autor que parece honesto na abordagem histórica do papado é o Klaus Schatz. Ele escreveu o livro abaixo:
Excluirhttp://www.amazon.com/Papal-Primacy-Origins-Present-Theology/dp/081465522X
Entre outras coisas, afirma que ninguém nos primeiros séculos acreditava que o Bispo de Roma era o Bispo Chefe da Igreja Universal, que não havia bispo monárquico em Roma até metade do séc. II. Enfim, ele endossa o que os historiadores não católicos já vem dizendo há um bom tempo. A defesa histórica do papado já uma batalha perdida, por isso, cada vez mais, os defensores mais sofisticados do papado tem recorrido ao desenvolvimento da doutrina para explicar a ausência do papado na Bíblia e na Igreja Primitiva e seu posterior surgimento na forma atual.
O Thiago Dutra tentou comentar mas não conseguiu por algum problema no sistema de comentários. Ele me pediu então para expor aqui o comentário dele:
ResponderExcluir20- Há uma obra católica afirma que: ."..Acima da Bíblia está a Tradição, isto é, a pregação de Jesus Cristo que não foi escrita ...”
(Os Erros ou Males Principais dos Crentes ou Protestantes, da editora O Lutador, lançada sob o IMPRIMATUR do Monsenhor Aristides Rocha, 7ª edição de 1957, página 26)
Pergunta
Por quê o que NÃO ESTÁ ESCRITO E REGISTRADO, está ACIMA do que está ESCRITO E REGISTRADO?
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Ressalto ainda que se mais alguém não está conseguindo postar o comentário, ou se o comentário em tom respeitoso não foi aprovado, favor entrar em contato comigo por e-mail (lucas_banzoli@yahoo.com.br) ou pelo facebook.
O que está escrito representa dois Testamentos. Não é possível que aquilo que não foi escrito possa estar acima dos dois Concertos que DEUS FEZ Com o homem
Excluir