Que raios é a "tradição" católica?
É praxe dos
debatedores católicos, quando acuados em um debate e se vendo sem saídas ao ser
deparado com a Bíblia, apelar para uma palavrinha mágica: “tradição”. Para os tridentinos,
a tradição é o poder mágico que funciona como a carta curinga para se dar bem
em qualquer debate. Funciona assim: sempre quando a sua distorção bíblica for
desmascarada e você não tiver mais absolutamente nenhuma evidência em favor da
sua argumentação, apele para a tradição. Diga bem assim: “Pode não estar na Bíblia, MAAAAAAAASSSSS está na tradição!!!!”. E não precisa fornecer
prova nenhuma de que essa tradição é verdadeira, confiável ou bem fundamentada;
basta citar o mantra da tradição e se mandar.
Para quem chegou agora
e não conhece meus artigos sobre tradição, recomendo a leitura dos seguintes
artigos:
Descrição: Este artigo prova na patrística
que o que os Pais da Igreja entendiam por “tradição” não tinha absolutamente
nada a ver com o que os pedantes papistas asseveram hoje em dia.
Descrição: Este artigo prova que um
ensinamento transmitido apenas oralmente tem sempre o potencial de ser
corrompido, passando por adições ou subtrações ao conteúdo da mensagem
original.
Descrição: Este artigo prova que a Sola
Scriptura é a posição-padrão, não apenas para o Cristianismo, mas também de
qualquer sistema antigo.
Descrição: Este artigo prova que o que
Papias afirmava ter vindo a ele oralmente são coisas que a Igreja Romana ensina
o contrário hoje em dia.
Descrição: Este artigo prova que nós só
conhecemos alguma coisa sobre Abraão (e demais personagens bíblicos) porque escreveram sobre ele (não temos nada que
veio apenas oralmente).
Descrição: Este artigo prova que a
tradição que Paulo mencionou aos tessalonicenses não tem absolutamente nada a
ver com a tradição romanista.
Descrição: Este artigo compara as
tradições dos ortodoxos com as tradições dos romanos, mostrando suas
incongruências e concluindo que a tradição oral não pode ser confiável – pelo menos
uma das duas (ou as duas) não se preservou.
Descrição: Este artigo prova que os
primeiros Pais da Igreja eram abertamente pré-milenistas, e mesmo assim a
Igreja Romana afirma que o amilenismo veio por tradição oral desde os
apóstolos...
Presumindo que o
leitor já leu todos os artigos acima, vamos a este. Neste aqui eu não irei
destruir novamente a tradição romanista, porque seria bater em cachorro morto,
pisar em cadáver de quem já morreu faz tempo. Eu tentarei apenas entender
aquilo que os apologistas católicos inventam sob o nome de “tradição”. Uma vez
que o catecismo católico é deliberadamente
vago, justamente para não ser falseável, vou expor (e comentar) aquilo que
os debatedores papistas geralmente entendem e defendem pelo termo “tradição”.
• Falácia 1: Tradição é o que
foi pregado oralmente pelos apóstolos, mas que não foi escrito
Mas se não foi
escrito, como você sabe que eles disseram isso? Telepatia? Poderes mágicos?
Necromancia?
Como podemos saber o
que Platão disse sem ter sido
passado por escrito? Simplesmente não sabemos, e o motivo pelo qual não sabemos
é justamente porque não foi escrito! Se tivesse sido escrito, nós
saberíamos. Uma vez que não foi escrito, qualquer coisa que Platão tenha
supostamente dito oralmente não passa de mera especulação, e qualquer charlatão
que disser saber o conteúdo não passa de um farsante. Da mesma forma, é óbvio
que os apóstolos ensinaram oralmente, mas, uma vez que ninguém estava lá para
filmar ou gravar o que eles disseram, nós só sabemos o que eles escreveram, que é o que foi preservado
até os dias atuais.
Qualquer embusteiro
que diga conhecer precisamente o conteúdo daquilo que foi dito (mas não
escrito) tem a obrigação do ônus da
prova, ou seja, é sobre ele que recai a necessidade de provar que tal
coisa foi mesmo pregada oralmente por algum apóstolo. Que ele diga qual
apóstolo pregou, quando pregou, para quem pregou, e quais são as evidências de
que ele disse exatamente aquilo. Mas se ele não tem as provas, então que admita
sua insignificância em vez de ficar colocando palavras na boca dos apóstolos,
feito um charlatão desesperado.
Ademais, é preciso
muita imaginação (para não dizer demência) para supor que o que os apóstolos
ensinaram oralmente é diferente do
espírito daquilo que eles escreviam em suas cartas. Paulo, por exemplo, nunca
citou Maria (mãe de Jesus) em nenhuma de suas treze cartas, mas os
apologistas malandros garantem que quando ele ensinava oralmente fazia questão
de pregar que Maria era imaculada, impecável, intercessora, advogada, co-redentora,
medianeira das graças, perpetuamente virgem e todas as outras sandices
inventadas por Roma. É preciso ser um mestre na arte de ser enganado para dar
um mínimo de crédito a essa estória de pescador.
Por fim, os católicos
ortodoxos (aqueles orientais que se separaram de Roma há muito tempo) têm
também suas tradições, que, no entanto, são bastante conflitantes com as
tradições romanas. Para citar alguns exemplos rápidos, os ortodoxos não crêem que
Maria teve concepção imaculada, não aceitam a jurisdição ou supremacia papal,
não entendem que o bispo romano é infalível em circunstância alguma, não
acreditam na existência de limbo e purgatório, batizam por imersão e comungam
em ambas as espécies, além de permitir o casamento dos sacerdotes.
O engraçado é que eles
também dizem que a tradição deles veio
dos apóstolos, e eles têm listas de sucessão apostólica de todos os
doze apóstolos, incluindo até mesmo do próprio Pedro, que teria sido o primeiro
bispo de Antioquia (confira aqui).
Estes apóstolos que fundaram igrejas no oriente foram sucedidos por outros
bispos, e assim sucessivamente até chegar aos dias de hoje. Roma, no entanto, supostamente
tem a sucessão de Pedro, mas de nenhum outro mais. Para ser claro: os
papistas pedantes querem que nós aceitemos a tradição romanista porque ela veio
de Pedro, e rejeitar a tradição ortodoxa que veio de Pedro e dos outros onze
apóstolos. Sim, tem que ser lesado para ser apologista católico.
• Falácia 2: A tradição é o
que os Pais da Igreja escreveram
Essa falácia descarada
foi a saída de escape de certo romanista que tentou rebater meu artigo "Como
funciona a Sola Scriptura de forma simples e prática" na caixa de
comentários do mesmo. Ele disse que essa tradição oral papista não é essa coisa
fantasmagórica sem nenhum registro histórico que os apologistas católicos
propõem, mas que consiste em tudo aquilo que pode ser provado pela patrística.
Eu lhe respondi assim:
Quando Gregório Magno
rejeitou o título de “bispo universal” e o chamou de “título de blasfêmia”, ele
fez isso baseado na tradição oral?
“Os
próprios mandamentos de nosso Senhor Jesus Cristo são transtornados pela
invenção de uma certa orgulhosa e ostensiva frase, que seja o piedosíssimo
senhor a cortar o lugar da chaga, e prenda o paciente remisso nas cadeias da
augusta autoridade. Pois ao atar estas coisas justamente alivias a república;
e, enquanto cortas estas coisas, provês o alargamento do teu reinado (...) O
meu companheiro sacerdote João, pretende ser chamado bispo universal. Estou
forçado a gritar e dizer: Oh tempos, oh costumes! (...) Os sacerdotes, que
deveriam chorar jazendo no chão e em cinzas, buscam para si nomes de vanglória,
e se gloriam em títulos novos e profanos (...) Quem é este que, contra as
ordenanças evangélicas, contra os decretos dos cânones, ousa usurpar para si um
novo nome? O teria se realmente por si mesmo fosse, se pudesse ser sem nenhuma
diminuição dos outros – ele que cobiça ser universal (...) Se então qualquer um
nessa Igreja toma para si esse nome, pelo qual se faz a cabeça de todo o bem,
segue-se que a Igreja universal cai do seu pedestal (o que não permita Deus)
quando aquele que é chamado universal cai. Mas longe dos corações cristãos
esteja esse nome de blasfêmia, no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes,
no momento em que é loucamente arrogado para si por um só”[1]
Quando Agostinho
rejeitou a transubstanciação e disse que era uma “expressão simbólica” de algo
espiritual, ele fez isso baseado na tradição oral?
“‘Se não
comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida
em vós’ (Jo 6,54). Aqui, parece ser ordenada uma ignomínia ou delito. Mas aí se
encontra expressão simbólica que nos prescreve comungar da paixão do Senhor e
guardar, no mais profundo de nós próprios, doce e salutar lembrança de sua
carne crucificada e coberta de chagas por nós”[2]
“Entenda
espiritualmente o que eu disse; não é para você comer esse corpo que você vê;
nem beber aquele sangue que será derramado por aqueles que irão me crucificar.
Recomendei-lhes um certo mistério; espiritualmente compreendido, vivificará.
Embora seja necessário que isso seja visivelmente celebrado, contudo precisa
ser espiritualmente compreendido”[3]
Quando Cipriano negou
a existência de um “bispo dos bispos”, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Pois
nenhum de nós coloca-se como um bispo de bispos, nem por terror tirânico alguém
força seu colega à obediência obrigatória; visto que cada bispo, de acordo com
a permissão de sua liberdade e poder, tem seu próprio direito de julgamento, e
não pode ser julgado por outro mais do que ele mesmo pode julgar um outro. Mas
esperemos todos o julgamento de nosso Senhor Jesus Cristo, que é o único que
tem o poder de nos designar no governo de Sua Igreja, e de nos julgar em nossa
conduta nela”[4]
Quando Cirilo de
Jerusalém pregou o batismo por imersão, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Depois
disto fostes conduzidos pela mão à santa piscina do divino batismo, como Cristo
da cruz ao sepulcro que está à vossa frente. E cada qual foi perguntado se cria
no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar,
e fostes imersos três vezes na água e em seguida emergistes, significando
também com isto, simbolicamente, o sepultamento de três dias de Cristo. E assim
como nosso Salvador passou três dias e três noites no coração da terra , do
mesmo modo vós, com a primeira imersão, imitastes o primeiro dia de Cristo na
terra, e com a imersão, a noite. Como aquele que está na noite nada enxerga e
ao contrário o que está no dia tudo enxerga na luz, assim vós na imersão, como
na noite, nada enxergastes; mas na emersão, de novo vos encontrastes no dia”[5]
Quando Taciano negou a
imortalidade da alma, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Com
efeito, do mesmo modo como, não existindo antes de nascer, eu ignorava quem eu
era e só subsistia na substância da matéria carnal – mas uma vez nascido, eu,
que antes não existia, acreditei em meu ser pelo nascimento – assim também eu,
que existi e que pela morte deixarei de ser e outra vez desaparecerei da vista
de todos, novamente voltarei a ser como não tendo antes existido e portanto
nasci. Mesmo que o fogo destrua a minha carne, o universo recebe a matéria
evaporada; se me consumo nos rios ou no mar, ou sou despedaçado pelas feras,
permaneço depositado nos tesouros de um senhor rico. O pobre ateu desconhece
esses depósitos, mas Deus, que é rei, quando quiser, restabelecerá em seu ser
primeiro a minha substância, que é visível apenas para ele”[6]
Quando Cirilo de
Jerusalém disse que todas as doutrinas tinham que ser provadas na Escritura,
ele fez isso baseado na tradição oral?
“Com
respeito aos mistérios divinos e salvadores da fé, nenhuma doutrina, mesmo
trivial, pode ser ensinada sem o apoio das Escrituras divinas... pois a nossa
fé salvadora deriva a sua força, não de raciocínios caprichosos, mas daquilo
que pode ser provado a partir da Bíblia”[7]
Quando Beda pregou a
justificação somente pela fé, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Por
isso, é errado interpretar Paulo de modo a sugerir que não importava se Abraão
colocou a sua fé em prática ou não. O que Paulo queria dizer era que não se obtém
o dom da justificação com base em méritos derivados de obras realizadas de
antemão, porque o dom da justificação vem somente pela fé”[8]
Quando Lactâncio disse
que onde há imagem não há religião, ele fez isso baseado na tradição oral?
“É
indubitável que onde quer que há uma imagem não há religião. Porque se a
religião consiste de coisas divinas, e não há nada divino a não ser nas coisas
celestiais, segue-se que as imagens se acham fora da esfera da religião, porque
não pode haver nada de celestial no que se faz da terra (...) não há religião
nas imagens, mas uma simples imitação de religião”[9]
Quando Eusébio esmagou
a tese de que os irmãos de Jesus eram primos, ele fez isso baseado na tradição
oral?
“Naquele
tempo também Tiago, o chamado irmão do Senhor- porque também ele era chamado
filho de José; pois bem, o pai de Cristo era José, já que estava casado com a
Virgem quando, antes que convivessem descobriu-se que havia concebido do
Espírito Santo, como ensina a Sagrada Escritura dos evangelhos -; este mesmo
Tiago pois, a quem os antigos puseram o sobrenome de Justo, pelo superior
mérito de sua virtude, refere-se que foi o primeiro a quem se confiou o trono
episcopal da Igreja de Jerusalém”[10]
Quando Agostinho disse
que a pedra era Cristo e não Pedro, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Mas eu
sei que em seguida expus, muito frequentemente, as palavras de Nosso Senhor:
‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja’, da forma seguinte:
que a Igreja seria edificada sobre Aquele que Pedro confessou, dizendo: ‘Tu és
o Cristo, o Filho de Deus Vivo’. Assim Pedro (Petrus) que teria tomado o seu
nome desta pedra (Petra), simbolizaria a Igreja que é construída sobre esta
pedra e que recebeu as chaves do Reino dos Céus. Com efeito, não lhe foi dito:
Tu és a pedra (Petra), mas: Tu és Pedro (Petrus), pois a Pedra (Petra) era o
próprio Filho de Deus, Cristo. Simão Pedro, ao confessar Cristo como a Igreja
inteira O confessa, foi chamado Petrus (Pedro)”[11]
Quando João Crisóstomo
disse que Maria pecou, ele fez isso baseado na tradição oral?
"Nas
bodas de Caná, Maria foi molesta e ambiciosa"[12]
Quando Jerônimo disse
que os apócrifos não podiam fundamentar doutrina nenhuma, ele fez isso baseado
na tradição oral?
"E
assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite, Tobias e Macabeus (no
culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também
sejam estes dois livros [Sabedoria e Eclesiástico] úteis para a edificação do
povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"[13]
Quando Papias, Irineu,
Lactâncio e Tertuliano pregaram o pré-milenismo, eles fizeram isso baseados na
tradição oral?
“Ele
[Papias] divulgou uma segunda vinda de Nosso Senhor ou Milênio. Irineu,
Apolinário e outros dizem que após a ressurreição do Senhor, ele irá reinar em
carne com os santos. Também Tertuliano, em sua obra ‘Sobre a Esperança dos
Fieis’, Vitorino de Petau e Lactâncio seguem este ponto de vista”[14]
Quando João Crisóstomo
disse que só devemos orar a Deus, ele fez isso baseado na tradição oral?
“Não
fazes oração aos homens, mas a Deus”[15]
Deixa eu dar um
palpite: não, né? Acho que você se faz de cego e não considera nada disso parte
da “tradição”. E deixa eu ver se eu ganho nessa nova aposta: você deve pegar
textos isolados de outros Pais da Igreja dizendo coisas diferentes. Acertei? Isso
é exatamente o que eu expus no artigo que você não leu: vocês selecionam
arbitrariamente na patrística o que “vale” e o que “não vale”, como uma cartola
de um mágico, que tira dali quantos e quais coelhos quiser. Só um retardado
mental pra acreditar que essa seleção arbitrária – que ignora completamente o
que os Pais disseram em contrário e se agarra nas poucas coisas que disseram em
favor – é o bastante para fundamentar uma suposta “tradição oral” romanista da
qual estes mesmos Pais nunca falaram.
(Para ler mais sobre
isso, consulte o meu artigo: "O
sequestro dos Pais da Igreja")
Adicionalmente a isso,
saliento que todos os Pais da Igreja estavam plenamente conscientes de que a doutrina já havia sido dada, e a eles
bastava interpretar corretamente esta doutrina extraída das Escrituras, em vez
de criar doutrinas novas como se tivessem autoridade apostólica para isso. Os
Pais não citavam a Escritura à toa: eles a citavam como autoridade, porque ela
estava acima de qualquer coisa que eles pudessem dizer por si mesmos. Inácio,
por exemplo, disse que “não vos dou ordens como
Pedro e Paulo”[16],
e Agostinho escreveu:
"Persuadiste-me
de que não eram de repreender os que se apoiam na autoridade desses livros que
Tu deste a tantos povos, mas antes os que neles não crêem (...) Porque nessa
divina origem e nessa autoridade me pareceu que devia eu crer (...) Por isso, sendo eu fraco e incapaz de
encontrar a verdade só com as forças da minha razão, compreendi que devia
apoiar-me na autoridade das Escrituras; e que Tu não poderias dar para
todos os povos semelhante autoridade se não quisesses que por ela te pudéssemos
buscar e encontrar"[17]
“Deixemos que sejam removidas de nosso meio
as coisas que citamos uns contra os outros, não com apoio nos livros canônicos
divinos, mas de outras fontes quaisquer. Talvez alguém possa perguntar: Por
que desejais remover essas coisas do vosso meio? Porque não queremos a santa
igreja aprovada por documentos humanos, mas sim pelos oráculos divinos”[18]
“Quem é
que se submete a divina Escritura, senão aquele que a lê ou ouve piamente, submetendo a ela como a autoridade suprema?”[19]
“Em
primeiro lugar, esta classe de escritos [dos Pais] deve ser considerado de
menor autoridade, distinguindo-se da
Escritura canônica. Pois tais escritos não são lidos por nós como um
testemunho do qual seria ilegal manifestar qualquer opinião diferente, pois pode ser que as opiniões deles sejam
diferentes daqueles que a verdade exige a nossa concordância [as Escrituras]”[20]
“Mas
quem pode deixar de estar ciente de que a Sagrada Escritura canônica, tanto do
Antigo como do Novo Testamento, está confinada dentro de seus próprios limites,
e que ela está tão absolutamente em uma
posição superior a todas as cartas posteriores dos bispos, e que sobre ela
não podemos ter nenhum tipo de dúvida ou disputa se o que está nela contida é
certo e verdadeiro, mas todas as cartas
de bispos que foram escritas ou que estão sendo escritas são susceptíveis de
serem refutadas, se há alguma coisa nelas contidas que se desvia da verdade”[21]
Como está claro,
Agostinho não via os escritos dos Pais como uma segunda fonte de autoridade ao
lado das Escrituras. Ao contrário: enquanto o papel dos Pais era apenas de
guardar e interpretar corretamente as Escrituras – podendo eventualmente incorrer
em erros e se desviar da verdade bíblica – a Escritura era vista como sendo a autoridade
suprema, a fonte de onde se
extrai a doutrina em si. Portanto, querer impor os escritos dos Pais como
autoridade à par das Escrituras em vez de vê-los como meros intérpretes da
mesma implica em contrariar a própria visão de Agostinho, que disse também:
“Nem
ouse alguém concordar com bispos católicos, se por acaso eles errarem em alguma
coisa, resultando que sua opinião seja contra
as Escrituras canônicas”[22]
“Nos
inúmeros livros que foram escritos ultimamente podemos às vezes encontrar a
mesma verdade como está na Escritura, mas não é a mesma autoridade. A Escritura tem uma sacralidade peculiar a
si mesma. Em outros livros, o leitor pode formar sua própria opinião, e,
talvez, de não concordar com o escritor, por ter uma opinião diferente da dele,
e pode pronunciar em favor do que ele escreve, ou contra o que ele não lhe
agrada. Mas, em conseqüência da peculiaridade distintiva das Sagradas
Escrituras, somos obrigados a receber como verdadeira qualquer coisa que tenha
sido dita por um profeta, ou apóstolo, ou evangelista”[23]
“Pois os
raciocínios de qualquer homens que seja, mesmo que seja católico e de alta
reputação, não é para ser tratado por
nós da mesma forma que a Escritura canônica é tratada. Estamos em
liberdade, sem fazer qualquer ofensa ao respeito que estes homens merecem, para condenar e rejeitar qualquer coisa em
seus escritos, se por acaso vemos que eles têm tido opiniões divergentes
daquela que os outros ou nós mesmos temos, com a ajuda divina, descoberto ser a
verdade. Eu lido assim com os escritos
de outros, e eu gostaria que meus inteligentes leitores lidassem assim com os
meus”[24]
Nem o próprio
Agostinho queria que seus próprios escritos fossem vistos como uma fonte de
autoridade ao lado das Escrituras, mas os pedantes papistas transformam os
livros de Agostinho e dos outros Pais em “tradição” (selecionando arbitrariamente
apenas o que lhes convém, é claro) e a colocam como fonte de autoridade do
mesmo nível que a Bíblia!
• Falácia 3: A tradição é qualquer
coisa que a Igreja Romana queira que seja
Essa é a pior de
todas, e o cúmulo da apelação e do desespero: sem ter como provar a tradição
oral fantasmagórica e nem como fundamentar a estratégia do mágico que tira
quantos coelhos quiser da cartola patrística, alguns apologistas néscios
chegaram ao ponto de afirmar que qualquer coisa que a Igreja Romana diga deve
ser considerado parte da “tradição”, mesmo que não se tenha fundamento nenhum
nem na patrística, nem na Bíblia e nem em parte alguma!
Por exemplo, se o papa
aceitar os pedidos insistentes enviados à Santa Sé para reconhecer Maria
oficialmente como co-redentora, ele não precisa provar nada na Bíblia ou na
patrística. Mesmo que toda a Bíblia e todos os Pais tenham dito o contrário,
aquilo que ele proclamou é “tradição” mesmo assim, pelo simples fato de ele ter
proclamado. Se isso não é o ápice da falcatrua e do embuste, eu não sei mais o
que pode ser!
Usando o mesmo recurso
desonesto, qualquer um de qualquer religião ou igreja poderia sustentar a mesma
coisa, alegando que qualquer coisa que dissesse é a verdade, pelo simples fato
de que este alguém o disse. É assim que o Inri Cristo “prova” que ele é a
reencarnação de Jesus: ele disse que é, então está “provado”. E pensar que este
é o mesmo recurso que os zumbis tridentinos usam para validar a tradição do papa:
o papa disse que é, então é e pronto, caso encerrado.
Não há como discutir
racionalmente com isso, uma vez que se trata de um argumento circular e
não-falseável. Só nos resta a diversão garantida que os apologistas católicos
nos oferecem a cada vez que plantam cambalhota e fazem malabarismos de circo a
fim de provar que “não está na Bíblia, MAAAAAAAASSSSSS está na tradição!!!”.
• Leia também: "Os
Pais da Igreja e a Sola Scriptura"
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[1] Epístola
XX a Maurício César.
[2] A
Doutrina Cristã, 3,24.
[3] Agostinho,
contra Adimante.
[4] Sétimo
Concílio de Cartago.
[5] Segunda
Catequese Mistagógica, Cap.4.
[6] Discurso
contra os Gregos, c. 6.
[7] Das
Divinas Escrituras.
[8] Super
Divi Jacobi Epistolam, Caput II, PL 93:22.
[9] Instituições
Divinas, 2:19.
[10] História
Eclesiástica, Livro II, 1:2.
[11] Retractações,
Cap. 21.
[12] Homília
sobre Mt 12:48.
[13] Prefácio
dos Livros de Salomão.
[14] Jerônimo,
De Viris Illustribus, 18.
[15] Homilias
sobre São Mateus, 19:3.
[16]
Inácio aos Romanos, 4:3.
[17] Confissões,
Livro VI, 5:2-3.
[18] De
unitate ecclesiae, 3.
[19] Do
Sermão do Monte, Livro I, 11.
[20] Letter
93, 10.
[21] Do
Batismo, Contra os Donatistas, Livro II, 3.
[22] De
unitate ecclesiae, 10.
[23] Contra
Fausto, Livro XI, 5.
[24] Letter
148, 4.
Parabens Lucas mais uma vez excelente artigo.
ResponderExcluirObg :)
ExcluirExcelente, Lucas! = )
ResponderExcluirIrmão, sobre o seu debate com o Marcus Valério XR, você voltou a debater com ele?
Eu enviei o link do debate ao esposo da minha cunhada. Ele, o esposo da minha cunhada, vai a um encontro com esse carinha.
Enfim, se tiver mais alguma coisa... = )
Infelizmente não, foi só naquela época mesmo, e faz tempo já :(
ExcluirVeja essa frase de São Cipriano, bispo de Cartago
ResponderExcluir´´Estar em comunhão com o papa é estar em comunhão com a Igreja católica´´(Epist 55, n 1, Hartel, 614).
Como explicar isso ?
Seria triste se este texto NÃO EXISTISSE:
Excluirhttp://www.newadvent.org/fathers/050655.htm
First!
ResponderExcluirOla Lucas, sou novo aqui e tenho acompanhado bastante seu bloge, tenho aprendido bastante, antes de conhecer o blogger tinha lido no site sola scriptura que os pais da igreja eram basicamente hereges e que deveríamos ter cuidado pois muitos cristão estavam se convertendo ao romanismo por isso, mas lendo deus artigos percebo que existe verdade nos escritos dos mesmos, ajudando a combater aquilo que a suposta tradição diz, com isso gostaria de saber sobre clemente, li algo relacionado que ele defende a primazia de Roma sobre as demais igrejas, assim como o papado, li tb que como o apostolo joao ainda era vivo nada disse contra esta carta, mas em muitos exemplos que vc deu sobre os pais da igreja muitos deles eram contra um bispo sobre bispos e uma igreja que teria primazia sobre as outras, poderia me esclarecer melhor esta questão? Muito obrigado e um abraço! Walter abreu
ResponderExcluirOlá, a paz. Não há nada em Clemente que diga que a igreja de Roma exercia uma espécie de jurisdição universal sobre todas as igrejas da época. O católico que afirma uma coisa dessas tem sobre si o ônus da prova, a necessidade de mostrar o texto onde Clemente supostamente afirma precisamente isso. No entanto, toda a evidência histórica da patrística atesta o contrário:
Excluirhttp://apologiacrista.com/provas-contra-o-papado-na-historia
Há inclusive uma multidão de historiadores católicos renomados que admitem que não havia primazia do bispo romano nos primeiros séculos, publicarei aqui nos próximos dias um artigo falando sobre isso. É a conclusão que qualquer pessoa honesta que leia os escritos patrísticos toma. Infelizmente, a apologética católica brasileira representada por indivíduos caricatos como padre Paulo Ricardo ou Paulo Leitão é extremamente tendenciosa e desonesta, e anda na contramão do que os próprios católicos mais sérios afirmam.
Abs!
Haha você tem toda razão dando uma rápida lida encontrei um site católico que dizia " foi primeira interferência de Roma numa outra comunidade (importante para o estabelecimento da primazia do bispo romano)" apenas pelo fato de clemente ter escrito uma carta para outra igreja isso mostra que roma possuía a primazia, cara que ridículo, Paulo deveria ter sido o primeiro papa já que ele escreveu 14 cartas(acho que sao 14 kkk), realmente o ônus da questão e fantasia e deles! Walter Abreu
ExcluirPois é, pra você ver o nível do desespero e da apelação dos papistas, como eles não tem nenhuma prova do primado do bispo romano precisam dizer que o simples fato dele escrever carta a outra comunidade local significa que ele mandava em todo mundo kkkkkkkkk
ExcluirSe for assim até Inácio de Antioquia era um super papa, escreveu carta a sete igrejas e de quebra até para a própria igreja de Roma! hsuahsuash
Problemas com o conceito católico romano de tradição
ResponderExcluir1 – Os Pais da Igreja e outras testemunhas são intérpretes e transmissores falíveis da tradição que receberam, portanto, a tradição não pode ser uma regra infalível de fé. A Igreja Romana admite esse fato e os próprios Pais também. Não há como estabelecer uma tradição infalível se dependemos da interpretação falível de alguém a respeito da tradição recebida ou da Escritura. Um exemplo notório é Papias de Hierápolis. Eusébio escreve:
O próprio Papias acrescenta outras coisas que teriam chegado a ele por meio da tradição oral, além de certas parábolas estranhas do Salvador, bem como o ensinamento dele e outras coisas que parecem ainda mais fabulosas. Entre essas coisas, diz que haverá mil anos após a ressurreição dos mortos e que então o reino de Cristo se estabelecerá fisicamente nesta nossa terra. Suponho que tenha essa opinião por ter interpretado mal as explicações dos apóstolos e que ele não compreendeu as coisas que eles diziam de maneira figurada e simbólica. O fato é que, segundo o que se pode deduzir de seus próprios discursos, Papias parece homem de inteligência curta. Todavia, ele é culpado pelo fato de muitos escritores eclesiásticos que lhe sucederam adotarem a opinião dele, pois confiavam na antiguidade desse homem. Foi o que aconteceu com Irineu e outros que pensaram as mesmas coisas que ele. (Eusébio de Cesaréia, HE, III, 39, 11-14a)
Papias escreveu cinco obras intituladas “Explicações das Sentenças do Senhor”. Delas, sobreviveram apenas fragmentos. Irineu cria que Papias foi discípulo do apóstolo João. No entanto, o próprio Papias menciona que apenas conheceu pessoas que foram íntimas dos apóstolos. Estamos falando de um homem que estava numa ótima posição para receber uma genuína tradição apostólica. Ele conheceu pessoas que andaram com os apóstolos e nos conta que era ávido em entrevistar esses homens. Em virtude de sua antiguidade, disseminou uma doutrina que a Igreja Romana rejeita – o milenarismo, e fez com que outros Pais da Igreja seguissem o mesmo ensino. Eusébio rejeitou essa doutrina alegando que Papias interpretou errado as explicações dos apóstolos e passou adiante uma falsa tradição. O que aconteceu com Papias é passível de acontecer com qualquer Pai da Igreja, pois eles eram intérpretes falíveis da tradição que recebiam.
2 – Em nenhum lugar a Escritura ensina que uma tradição oral será incorruptamente transmitida adiante por séculos. Os católicos romanos pressupõe que o Espírito Santo preservou o processo, mas em nenhum lugar é prometido que uma Igreja em particular (no caso Roma) teria esse carisma. É prometido à Igreja de Cristo que no fim ela irá vencer a batalha (Mateus 16:18), mas isso não implica em infalibilidade de uma Igreja local como Roma. O Novo Testamento está cheio de advertências contra a apostasia e exemplos de Igrejas que se desviaram da fé (Atos 20:29-30, Romanos 1: 17-22 e Apocalipse 2:5). Cada advertência bíblica e previsão de falsos cristos, falsos apóstolos e apostasia é uma negação da doutrina da infalibilidade.
3 – Quando a tradição é elevada ao status de revelação de Deus, não há como distinguir a tradição falsa da verdadeira. Necessariamente precisamos de um juiz acima da tradição para saber quais devem ser aceitas e quais rejeitadas. Jesus nos dá o exemplo ao refutar as tradições farisaicas usando a Escritura. Claramente, a autoridade da Escritura era vista por Jesus como superior à tradição. A Igreja lidou com esse problema quando Vicente de Lérins criou a regra de que tudo aquilo que foi crido “sempre, em todo o lugar e por todos” é a tradição verdadeira. Ocorre que as peculiares doutrinas romanistas não satisfazem essa regra. Ninguém menos do que Cardeal Newman admite:
(cont..)
ResponderExcluirNão parece possível, então, evitar a conclusão de que, qualquer que seja a maneira apropriada de harmonizar os registros e documentos da Igreja Primitiva e da Igreja mais tardia e como verdadeiro o ditado de Vicente. Ele [ditado de Vicente] deve ser considerado em abstrato, e como possível a sua aplicação apenas em sua própria época, quando ele quase poderia pedir aos séculos primitivos o seu testemunho, isso dificilmente está disponível agora ou é efetivo para qualquer resultado satisfatório. A solução que ele oferece é tão difícil quanto o problema original.
(John Henry Newman, An Essay on the Development of Christian Doctrine (New York: Longmans, Green and Co., reprinted 1927), p. 27)
4 – É inacessível ao povo de Deus. Ninguém possui acesso a um volume onde esteja escrito todas as tradições genuínas. A Igreja Romana, mesmo reivindicando infalibilidade, nunca criou um cânon da tradição. Ninguém pode dizer ao certo quais são os limites e exato conteúdo da tradição.
5 – Não é mais fácil de ser interpretada do que as Escrituras. A Bíblia é um livro portátil, delimitado e acessível, já a tradição não. A tradição está espalhada por escritos de diferentes autores não inspirados pelo Espírito Santo produzido ao longo de séculos e séculos. O número de contradições é enorme. Os Pais da Igreja divergiam numa série de questões, havendo consenso apenas em doutrinas básicas. Ou seja, se a Escritura é de difícil interpretação, a tradição não pode ser seu intérprete infalível, pois essa é mais difícil ainda e carece mais de um intérprete do que a própria palavra escrita inspirada de Deus.
6 – Mina a autoridade da Escritura. Quando a tradição é elevada ao mesmo status da Escritura, não podemos mais fazer o que Jesus fez – julgar a tradição pela Escritura. A Igreja Romana simplesmente pressupõe que suas tradições são verdadeiras, mesmo que sejam contrárias às verdades da Escritura. É o que vemos abundantemente no catolicismo romano - as tradições são postas acima da Bíblia, fazendo com que doutrinas antibíblicas como papado, missa, dogmas, confissão auricular sejam aceitas.
7 – É um conceito sem respaldo histórico. Os Pais da Igreja não definiam a tradição apostólica como o Concílio de Trento definiu. Para eles, a tradição doutrinal apostólica não era um suplemento às Escrituras, mas doutrinas contidas nela pregadas pela Igreja. A ideia de que a tradição constitui de doutrinas diferentes das que foram escritas só ganhou força na idade média. Foi precisamente contra essa visão que os reformadores defenderam a Sola Scritpura. Portanto, a Sola Scriptura não é uma negação da tradição, mas apenas a constatação de que Palavra Escrita é a única autoridade suprema e infalível para a Igreja hoje.
Como Roma soluciona esses problemas? Ela apela a sua própria infalibilidade. Uma tradição é verdadeira porque a Igreja Romana que é guiada pelo Espírito Santo diz que é. Essa posição encontra sérios problemas. Não há respaldo bíblico ou histórico para tal afirmação. Ninguém no primeiro milênio acreditava que o bispo de Roma fosse infalível, tanto é que tivemos vários casos de papas hereges. O raciocínio também é circular. Roma diz que é infalível, mas como alguém poderia saber que essa Igreja é infalível? Roma dirá que basta olhar para a Escritura e tradição. Mas como sabemos se a Escritura e tradição realmente endossam os apelos dessa Igreja? Roma dirá que você deve necessariamente aderir à interpretação que ela própria tem da Escritura e a interpretação e definição que ela própria tem da tradição. No fim, tudo acaba na célebre frase de Inácio de Loyola: “Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da Igreja assim o determinar”.
Ótimo artigo Lucas. Um bom resumo de como jogar no lixo o argumento ridículo da tal tradição oral.
ResponderExcluirAbraços
Vlw :)
ExcluirBom artigo Lucas, Oq vc acha do site espada do espirito
ResponderExcluirFazia muito tempo que eu não entrava neste site, mas na época em que eu visitava eu até gostava, embora não faça precisamente o meu tipo.
ExcluirFrequentemente visito seu blog e sempre recomendo para meus amigos. Tem muito conteúdo bem fundamentado que destrói os argumentos usados pela igreja católica para fundamentar seus erros doutrinários.
ResponderExcluirObrigado =)
ExcluirLucas, a bíblia fala q Deus tem misericórdia de quem ele quer, nós precisamos da sua misericórdia, certo? E se n Deus n quiser ter misericórdia de mim, ele vai ter me predestinado ao inferno?
ResponderExcluirO texto que fala que Deus exerce misericórdia sobre quem ele quiser está falando de eleição corporativa, e não de uma predestinação individual de certos indivíduos à condenação. Em outras palavras, é como dizer que Deus escolheu fazer um pacto com Israel (em vez de escolher as outras nações) por misericórdia, mas isso não significa que todo mundo que fosse israelita já estava salvo, nem significa que todo mundo que nascesse não-judeu já estava condenado. Ou seja, o texto simplesmente não está falando em termos salvíficos aqui. Quando Paulo fala em termos salvíficos, ele em parte nenhuma diz que Deus exerce misericórdia apenas sobre "alguns", mas SOBRE TODOS:
Excluir“Pois Deus colocou todos sob a desobediência, para exercer misericórdia PARA COM TODOS” (Romanos 11:32)
Não entendi. Como vc sabe se esse texto de Cipriano não existe? vc teve que ler toda essa epistola 55 em ingles?
ResponderExcluirA epístola não é grande, em 10 minutos você termina de ler tudo. E se não tiver tempo de ler, é só ir no buscador e digitar as palavras-chave: nenhuma existe na carta.
ExcluirComo vc sabe que o pai e mãe de Maria são Ana e Joaquim? Onde está escrito isso?
ResponderExcluirEu nunca disse que o o pai e mãe de Maria eram Ana e Joaquim.
ExcluirMas vc não sabia que os avós de Jesus chamam se Ana e Joaquim? Qualquer evangélico ou católico sabe isso... Isso vem da tradição oral...
ResponderExcluirIsso foi o que colocaram na tua cabeça, nenhum estudioso sério afirma que isto é certo. A fonte mais antiga que dá os nomes dos pais de Maria é o evangelho APÓCRIFO de Tiago, uma invenção forjada no século II que entre outras sandices afirma que Maria engravidou com 13 anos quando José era um velhinho viúvo de bengala. E esse mesmo livro também refuta a tradição católica-romana de que os irmãos de Jesus eram primos, já que os considera filhos de José em seu suposto “casamento anterior”. Se isso vem de tradição oral, então vocês terão que reformular sua própria teologia raquítica...
ExcluirDecidam-se de uma vez se este livro é confiável ou não, e só depois venham postar senso comum e argumentos de leigos aqui no blog.
Da tradição oral e dos apócrifos podemos sim tirar nomes de pessoas mesmo que seja errado formar doutrinas em cima desses livros.
ResponderExcluirpara acesso ao site.
Ana e seu marido Joaquim já estavam com idade avançada e ainda não tinham filhos. O que, para os judeus de sua época, era quase um desgosto e uma vergonha também. Os motivos são óbvios, pois os judeus esperavam a chegada do messias, como previam as sagradas profecias.
Assim, toda esposa judia esperava que dela nascesse o Salvador e, para tanto, ela tinha de dispor das condições para servir de veículo aos desígnios de Deus, se assim ele o desejasse. Por isso a esterilidade causava sofrimento e vergonha, e é nessa situação constrangedora que vamos encontrar o casal.
Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito e muito tempo até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Não se sabe muito sobre a vida deles, pois passaram a ser citados a partir do século II, mas pelos escritos apócrifos, que não são citados na Bíblia, porque se entende que não foram inspirados por Deus. E eles apenas revelam o nome dos pais da Virgem Maria, que seria a Mãe do Messias.
No Evangelho, Jesus disse: "Dos frutos conhecereis a planta". Assim, não foram precisos outros elementos para descrever-lhes a santidade, senão pelo exemplo de santidade da filha Maria. Afinal, Deus não escolheria filhos sem princípios ou dignidade para fazer deles o instrumento de sua ação.
Maria, ao nascer no dia 8 de setembro de um ano desconhecido, não só tirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, mas ainda recompensou-os pela fé, ao ser escolhida para, no futuro, ser a Mãe do Filho de Deus.
A princípio, apenas santa Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1584, também são Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de março. Só em 1913 a Igreja determinou que os avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho.
Veja isso tb : https://afeexplicada.wordpress.com/2015/07/25/quem-sao-os-avos-de-jesus/
Uau, você sabe copiar e colar fontes de blogs do Google, meus parabéns!!! Se continuar sendo assim tão estudioso e criterioso concluirá também que São Jorge matou um dragão e que São Longuinho chamava-se Cássio e era o centurião romano que espetou sua lança no corpo de Jesus na cruz! Tudo de fontes altamente seguras e confiáveis, ou seja, de blogs da internet iguais o que você me passou, que colocam toda a crítica e o ceticismo no chinelo!
ExcluirPela ÚLTIMA vez: eu não pedi fontes de blogs católicos que digam que Ana era a mãe de Maria e Joaquim era seu pai. Isso qualquer um pode fazer pesquisando no Google, qualquer mané pode montar um blog sem credibilidade e lançar na internet divulgando as lendas católicas com pouquíssima consistência histórica. O que eu quero é a PROVA histórica de que o apócrifo de Tiago, de onde você tirou isso, remete a uma testemunha ocular dos eventos ou pelo menos a uma testemunha de testemunha. Isso obviamente você não é capaz de fazer, já que os estudiosos concordam que este Tiago é uma obra forjada mais de cem anos após Jesus, ou seja, ele não era testemunha DE NADA, e quem realmente era testemunha e tinha condições de falar a paternidade de Maria (ou seja, os evangelistas de verdade, Mateus, Marcos, Lucas e João) não disseram um pio sobre isso, afinal a história de Maria não era relevante, relevante era a história de Cristo.
Além disso, como o esperado, você não me respondeu de que forma que este evangelho apócrifo pode ser confiável se ele diz o CONTRÁRIO do que a sua igreja afirma acerca dos irmãos de Jesus. Seu catecismo diz que os irmãos de Jesus eram primos conforme a tradição, mas este apócrifo de Tiago diz que eles eram irmãos mesmo, da parte de pai. Ou o seu catecismo está errado e ensinando uma tradição falsa (o que será ótimo vindo da boca de um católico), ou o evangelho de Tiago é que inventava mentiras e distorcia a verdade, e neste caso não merece NENHUM crédito para fundamentar historicamente as outras coisas, tal como os nomes dos pais de Maria. Para ser claro, você está refutado de um jeito ou do outro, não tem pra onde fugir.
E o pior é que você nem trata a questão em termos de possibilidades (hipótese), mas vem aqui como que dizendo que isso é óbvio e que qualquer católico ou evangélico “sabe” disso. Realmente, vocês católicos são mestres na arte de serem enganados.
Volte a postar aqui quando tiver as devidas comprovações históricas, se vier com novas fontes de blogs do Google eu não vou perder tempo nem lendo, e muito menos refutando a nova sessão de baboseiras.
Lucas, se um parente seu PU amigo, se casasse na ICAR, VC iria?
ResponderExcluirClaro, sem problemas.
ExcluirLucas vc poderia fazer um artigo refutando trechos do catecismo catolico?pode ate parecer repetido, mas para o católico o catecismo é a verdadeira autoridade e magistério da igreja.Já que seu blog faz sucesso qdo os catolicos entrarem nele seria legal artigos refutando o catecismo.
ResponderExcluirTodos os artigos aqui refutam o catecismo de alguma forma, mesmo sem citá-lo diretamente. Por exemplo, se eu escrevo um artigo refutando a imaculada conceição de Maria, automaticamente a parte do catecismo que defende este dogma está sendo refutada, ainda que eu não a cite diretamente. O mesmo vale para os outros temas aqui abordados. Se o catecismo ARGUMENTASSE alguma coisa seria interessante refutá-lo mais diretamente, mas ele não argumenta nada, ele apenas se POSICIONA, que é o papel de um catecismo mesmo. Quem efetivamente tem o papel de argumentar em favor desta posição são os apolologistas, e é por isso que eu refuto os apologistas católicos.
ExcluirAbs!
Lucas, o que vc acha de namoro corte?
ResponderExcluirNão sei o que é um "namoro corte". Você escreveu certo ou quis dizer outra coisa?
ExcluirNamoro corte é quando duas pessoas cristãs tem interesse em namorar, mas elas não tem nenhum contato físico uma com a outra (sem beijar, sem abraçar), e passam todo o período do namoro orando para saber a direção de Deus, se é da vontade dEle. O que você acha disso?
ExcluirNesse caso, tem pessoas que fazem isso por livre e espontânea vontade, e tem pessoas que fazem isso obrigados pela igreja que pertencem.
Se o casal de namorados decide por livre e espontânea vontade que querem namorar assim, sou totalmente a favor, é um direito deles. Agora, se é a igreja que OBRIGA eles a não se beijar, aí acho absurdo, um legalismo terrível que na maioria das vezes acaba jogando o pêndulo para o outro extremo (que é quando a pessoa se cansa de viver no legalismo e chuta o balde de uma vez, indo para o mundão). É por isso que eu acho que as coisas devem ser feitas livremente, por mútuo consentimento e com moderação.
ExcluirLuca so que vc acha disso http://www.comunidadecasarao.com.br/a-maldicao-dos-que-roubam-a-deus/
ResponderExcluirÉ triste que alguns ainda estejam debaixo do jugo da lei, ainda que só quando o assunto é o dízimo...
ExcluirVdd vc poderia comentar sobre aquele versículo que dis quê quem não da o Dizimo Rouba a Deus,Qual é a sua interpretação sobre este versículo
ExcluirNão há o que ser interpretado, ele diz exatamente o que diz. A questão é que nós não estamos mais debaixo da lei, nós não somos israelitas da antiga aliança para estar de alguma forma "roubando" a Deus, nós estamos no tempo da graça onde o dízimo deve ser dado por liberalidade e de livre vontade, e não de forma intimidatória ou ameaçadora.
ExcluirVocê acha que se um casal decide por livre e espontânea vontade fazer namoro corte, eles serão mais abençoados por Deus por causa disso? Considerando que eles façam tudo certo, como um casal cristão que não faz corte.
ResponderExcluirSe não quiser responder ok, mas vc é casado?
Não sou casado.
ExcluirNão acho que eles sejam "mais abençoados" por causa disso. Deus não derrama sua graça por causa dos nossos méritos, mas apesar de nossos méritos. É justamente porque somos tão pecadores que Deus decide derramar graça sobre nós. A bênção de Deus não é uma espécie de recompensa por boas obras, mas um ato de graça e favor imerecido. O que muda de ato pra ato é o agrado. Deus se agrada dos bons atos e se desagrada dos maus. Mas como eu não vejo o beijo entre namorados como um ato mau, consequentemente não consigo ver o "namoro corte" como agradando mais a Deus. Desde que o casal de namorados cristãos conserve sua pureza sexual até o casamento, eles já estarão agradando a Deus nesta área. É assim que eu vejo a questão.
Abs.
Me perguntaram se o texto em que Jesus falou sobre não cobiçar a mulher não se aplicaria aos beijos também (entre namorados). Por alguma razão, o comentário sumiu após ser publicado. De qualquer forma, segue a resposta:
ResponderExcluirUma vez que Jesus estava fazendo alusão ao "não adulterarás" (da lei do AT), e esse adulterar tinha ligação com uma mulher que já fosse comprometida com outra pessoa, segue-se que o que está proibido aqui é desejar uma mulher comprometida. Não creio que este texto se aplique a um casal de namorados, porque a namorada ou namorado não é de outro alguém.
Abs.
Por falar em tradição, qual seria o respaldo bíblico utilizado por romanistas para justificar o não consumo de carne na sexta feira que antecede a Páscoa? Pegando o gancho no assunto, faz sentido afirmar a observância do sábado (creio que não é para fazer negócios neste dia, mas praticar a caridade pode) fazendo ligação com o fato de que Jesus esteve morto neste dia (estado de sono, descanso)? Penso assim, pois não há sentido em alterar o sábado para domingo (Se diz que a alteração se deu porque Cristo ressuscitou no domingo - essa alteração não tem respaldo bíblico)
ResponderExcluirEles não tem base para o não consumo de carne nem na "tradição".
ExcluirEu não creio na alteração do sábado para o domingo, mas na substituição do sábado pelo descanso celestial.
Abs!
Olá Lucas.
ResponderExcluirVocê saberia me dizer qual o apologista ou qual o site com os conteúdos mais sérios e honestos em relação a apologética católica?
Eu sei que a maioria das suas refutações são a pessoas que você considera desonestas, então eu gostaria de saber quais os que você considera mais honestos e com as argumentações mais válidas e respeitadas no meio da apologética protestante.
É bom que assim dá pra ver a diferença entre os mais honestos e os desonestos.
Tem o site do prof. Evaldo Gomes (Programa Falando de Fé), tem o site do Erick (Apologética Católica), tem o Veritatis (embora eles reproduzam textos adulterados da Paulus) e a Montfort (embora os autores sejam ultraconservadores e odeiem mortalmente os protestantes).
ExcluirNo veritatis, sobre diferença entre Canon catolico e ortodoxo sobre o AT, diz o seguinte:
ResponderExcluir''Embora a Septuaginta possua um catálogo bem amplo, não podemos afirmar que Cristo e os Apóstolos reconheciam todos os livros que nela estavam presentes, principalmente porque não deixaram qualquer instrução a respeito. O Cânon Bíblico se estabelecendo com o tempo através da Tradição e do Magistério da Igreja.''
http://www.veritatis.com.br/inicio/espaco-leitor/sobre-o-canon-biblico-das-igrejas-ortodoxa-e-anglicana/
Se a tradição não veio dos apóstolos nem de Jesus, veio de quem?
Pode ser até erro de raciocínio, mas a frase é estranha. Talvez nem os católicos saibam o que vem a ser a tradição.
Oi Lucas
ResponderExcluirAqui é o João Felipe mais uma vez e mais uma vez preciso da sua ajuda para refutar um argumento de site católico, dessa vez olha uma passagem do evangelho de João que eles usaram para defender a tradição oral da igreja:
“Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam” (Jo 21,25)
Como refutar o uso dessa passagem para justificar a tradição oral apostólica fora da bíblia?
Abraço
Olá, respondi sobre isso aqui:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/03/argumento-catolico-fez-muitas-coisas.html
Abs!