A Técnica da Demonização - A Demonização dos Cátaros


Um dos recursos mais utilizados pelos sistemas totalitários e opressores é o da demonização do outro. Eles não podem apenas matar por matar. Em vez disso, precisam de todo um discurso de ódio por detrás, que sirva de prerrogativa para as atitudes que serão tomadas. Mais uma vez, são os nazistas que saltam à frente no uso desta técnica. Eles não apenas matavam judeus como quem estivesse matando qualquer um. Antes disso, havia toda uma árdua campanha de demonização dos judeus. Os judeus eram acusados de todas as barbaridades e tragédias que assolavam a Alemanha, eram transformados em monstros, eram feitos de bode expiatório, e só depois é que os nazistas os matavam. Eles buscavam a cumplicidade da massa, sem a qual dificilmente conseguiriam obter tanto êxito.

Muito antes dos nazistas, os inquisidores já tratavam de lançar mão da técnica da demonização dos seus oponentes, não apenas dos judeus, mas de todos os demais grupos perseguidos pela Igreja intolerante e assassina. Mas de todos os grupos que passaram por demonizações, nenhum foi tão execrado e caluniado quanto os cátaros. A demonização dos cátaros chegou a um nível tal que até hoje os apologistas católicos inventam mentiras e deturpações patéticas a fim de justificar a atitude dos perseguidores. É irônico notar que o grupo que mais sofreu demonização em seu início foi justamente os cristãos. Tertuliano, escrevendo uma Apologia aos romanos, tinha que defender os crentes de acusações tais como:

Monstros de maldade, somos acusados de realizar um rito sagrado no qual imolamos uma criancinha e então a comemos, e no qual, após o banquete, praticamos incesto, e os cães, nossos alcoviteiros, pois não, apagam as luzes para na imoralidade da escuridão nos entregarmos a nossas ímpias luxurias! Isto é o que constantemente usais para nos perseguir, embora não tenhais tido o cuidado de elucidar a veracidade de tais coisas de que somos acusados há tanto tempo.[1]

O tempo passa, mas as acusações e calúnias de quem não tem argumentos continuam as mesmas. Os cristãos eram o povo mais pacífico da época, mas eram acusados de “comer criancinha” em rituais religiosos, o que era apenas um pretexto que as autoridades usavam para continuar os perseguindo. Quando a autoridade mudou, e a Igreja de Roma passou a exercê-la, deu prosseguimento à perseguição do antigo Império Romano contra seus novos inimigos, que basicamente podia ser qualquer um que não fosse católico e não se submetesse ao papa. E trouxe consigo as mesmas técnicas de demonização e os mesmos pretextos caluniosos.

Antes de conferirmos estas acusações e de as refutarmos, será preciso estudar brevemente o que os cátaros realmente ensinavam. Eles eram dualistas, o que significava que criam em duas forças cósmicas eternas e com o mesmo poder, uma do bem e a outra do mal. Walter diz que eles ensinavam que há dois poderes coeternos, coiguais, um bom e o outro maligno”[2]. Os cátaros eram gnósticos reencarnacionistas, e não aceitavam senão apenas o Novo Testamento, rejeitando o Antigo. Podemos dizer que a teologia cátara se afastava substancialmente do evangelho, mas não se diferenciava muito de certas seitas cristãs dos primeiros séculos, que foram silenciadas no debate público e na exortação, e nunca pelo uso da espada.

O catarismo, que herdara do maniqueísmo muito da sua teologia, foi introduzido na Europa em 1150, pelos participantes da Segunda Cruzada, tão logo retornaram à Europa. Difundiu-se então pela Alemanha, Itália, Catalunha e França, especialmente em Languedoc, na região de Albi, onde tomaram o nome de albigenses[3]. Os cátaros tinham seus próprios sacerdotes, que gozavam de muita estima diante do povo, porque tinham um exemplo de vida superior à vida promíscua da maioria dos padres. Diferentemente do clero católico, aceitavam sacerdotes mulheres e não cobravam o dízimo. Acima de tudo, tinham como ideal a pobreza, que só mais tarde viria a ser tolerada pela riquíssima Igreja Romana através de São Francisco de Assis.

Os cátaros, com todos os seus problemas teológicos, se esforçavam por viver um evangelho mais parecido com a vida que levavam os apóstolos primitivos, no que conseguiam muito mais êxito do que o clero católico romano. Baigent afirma que o catarismo oferecia “uma flexibilidade, uma tolerância, uma generosidade, uma honestidade realmente não encontradas na hierarquia eclesiástica estabelecida”[4], no que constituía uma alternativa simpática a Roma. Eles ofereciam “uma fuga do ubíquo clero de Roma, da arrogância clerical e dos abusos de uma Igreja corrupta, cujas extorsões se tornavam cada vez mais insuportáveis”[5].

Para se ter uma ideia do quão desavergonhadamente corrupta era a Igreja de Roma da época, basta notar que no século XIII o papa descrevia o próprio sacerdócio católico como “piores que animais refocilando-se em seu próprio excremento”[6]. O apetite do clero católico era tanto que contra alguns sacerdotes depunham nada a menos que quarenta mulheres[7]. O inquisidor Ordóñez, tratando dos sacerdotes que aliciavam no confessionário, diz num de seus ofícios à Inquisição Geral de Madrid:

Parece que não há no Peru sacerdote que não cometa tal pecado; e o pior é que alguns afirmam que pecar com índias não é pecado (senão penitência, acrescento eu), e com elas pecam carnalmente até na igreja.[8]

Essa imoralidade do clero romano era ainda mais evidente no sul da França, região onde os cátaros mais se proliferavam, o que acentuava mais ainda o contraste entre os sacerdotes romanos e os sacerdotes cátaros. Sobre isso, Baigent escreve:

No sul da França, essa corrupção grassava em particular. Havia igrejas, por exemplo, em que não se dizia missa havia mais de trinta anos. Muitos padres ignoravam os paroquianos e dedicavam-se ao comércio ou mantinham grandes propriedades. O arcebispo de Tours, um homossexual notório que fora amante do antecessor, exigiu que o bispado vagado de Orléans fosse concedido ao seu amante. O arcebispo de Narbonne jamais sequer visitou a cidade ou sua diocese. Muitos outros eclesiásticos banqueteavam-se, tomavam amantes, viajavam em carruagens opulentas, empregavam enormes séquitos de criados e mantinham estilos de vida dignos da mais alta nobreza, enquanto as almas confiadas aos seus cuidados eram tiranizadas e espremidas numa esqualidez e pobreza cada vez maiores.[9]

Nem os papas escapavam a tanta imoralidade e depravação generalizada entre os católicos romanos. Em geral, eles eram os mais violentos, imorais, depravados e endemoniados de toda a Idade Média. A história testemunha que João XII (955-964) foi um estuprador de peregrinas; Bento IX foi assassino, homossexual e zoófilo; Urbano II (1088-1099) instituiu o callagium, que permitia aos membros do clero ter amantes; Anacleto (1130-1138) cometia incesto com diversas pessoas da família e estuprava freiras, enquanto Clemente VI (1342-1352) dormia com prostitutas e tinha dezenas de amantes.

E a história não termina por aqui. O papa Pio II (1458-1464) foi um conhecido autor de literatura erótica e teve 12 filhos ilegítimos; Paulo II (1464-1471) era homossexual e praticava sodomia com seus rapazes; Inocêncio VIII (1484-1492) tinha dezenas de filhos e filhas ilegítimos que reconhecia abertamente; Alexandre VI (1492-1503) tinha amantes e praticava orgias no Vaticano; Júlio II (1503-1513) era pedófilo e passava seu tempo na companhia de prostitutos; Paulo III (1534-1549) vivia em incesto com a sua irmã e assassinou sua mãe, a sobrinha e outros diversos parentes, sem falar que tinha uma lista de 45 mil prostitutas que pagavam tributo mensal ao papado; Júlio III (1550-1555), outro entre os homossexuais e incestuosos, sodomizava até seu filho ilegítimo[10].

O papa Urbano VI (1378-1389) mandou torturar e assassinar brutalmente seis cardeais; Bento IX (1032-1044) literalmente vendeu o papado(!) por 1.500 libras de ouro; durante 68 anos no século X quinze papas estiveram entregues ao famoso período da Pornocracia Papal. Papa atrás de papa em rápida sucessão, cada um deles terminava sua carreira deposto, preso e assassinado, transformando o Vaticano em um covil de ladrões, e fazendo da residência de seus sucessores um harém[11]. Todos estes horrores sem sequer fazer menção à venda de indulgências, às ridículas falsas relíquias sagradas que se multiplicavam aos milhões, e, é claro, à própria Inquisição. Certamente, se algo representava o mal na época, este era a Igreja Católica Romana, representada pelos seus papas e sacerdotes sanguinários e pervertidos.

Contra isso, nem os piores dos cátaros, por mais que se esforçassem, conseguiam se comparar em terror e em monstruosidade. O contraste entre o clero romano rico e depravado e o clero cátaro simples e pobre era justamente a razão pela qual os cátaros cada vez mais cresciam sem parar, mesmo com uma base teológica fraca. Como diz Michael Baigent, “dificilmente surpreende, portanto, que uma parcela substancial da população da região, inteiramente à parte de qualquer questão de bem-estar espiritual, desse as costas a Roma e abraçasse o catarismo”[12].

Mas os apologistas católicos cretinos e mentirosos não podem deixar barato. Para justificar as atrocidades da Inquisição, que começou justamente contra os cátaros, eles precisam dar uma justificativa moral que vá além do espectro teológico da coisa, e, como eles não tem, inventam uma. Um dos escritores mais mentirosos e descarados a serviço da desinformação papista é João Bernardino Garcia Gonzaga (dedicarei um capítulo inteiro à parte para esmiuçar todo o seu livro de horrores), que não economiza em demonizar os cátaros. O sujeito escreve:

Pensemos nos cátaros, a seita mais difundida, que desprezavam a vida terrena e que com tanta facilidade recorriam ao suicídio e aos sacrifícios humanos.[13]

De onde ele tirou que os cátaros “recorriam ao suicídio e aos sacrifícios humanos” ele, obviamente, não diz. Nenhum cretino a serviço da demonização do próximo faz qualquer questão de provar o que está dizendo, porque eles sabem que estão mentindo. O que eles precisam é apenas jogar com a informação falsa e deixar que seus leitores ignorantes e acéfalos mordam a isca. O show de horrores e desinformação chega a tal ponto que, pasme, o autor equivale a situação à de uma guerra(!), onde, é claro, os católicos são os bonzinhos, e os cátaros são os malvados:

A situação equivalia à de uma guerra: os hereges se disseminavam, se infiltravam por toda parte, ameaçando as instituições civis e religiosas, produzindo mortes e violências de toda espécie, encarniçados no objetivo de subverter a ordem estabelecida.[14]

Mais uma vez, o autor não se preocupa em provar que os cátaros produziam “mortes e violências de toda espécie”, ainda que isso contradiga absolutamente todos os livros sérios de história. Basta jogar a carta do erro, e deixar que os palhaços caiam na armadilha. E enquanto o mentiroso pinta os cátaros com todo o horror possível que caiba em seu projeto de demonização, os livros sérios de história retratam a realidade que é justamente a oposta. Baigent escreve:

Na prática, claro, os cátaros viviam no mundo físico e tinham por força de se valer dos recursos do mundo. Assim, por exemplo, eram proibidos de praticar violência física e de buscar pelo suicídio um atalho para deixar a matéria. Como seitas dualistas anteriores, também eles procriavam e se propagavam, cuidavam do solo, praticavam o artesanato e o comércio.[15]

Quanta diferença disso para o mentiroso que pinta os cátaros como monstros hábeis na prática do sacrifício humano que produziam “mortes e violência de toda espécie”! Baigent inclusive faz questão de ressaltar a existência de cátaros bons e maus, para não dar nenhuma chance dos revisionistas se apoiarem só nos maus exemplos para conceituar toda a classe:

É óbvio que tinha de haver, necessariamente, cátaros “bons” e “maus”, como sempre houve adeptos rigorosos e relaxados de qualquer credo. Mas no todo, e independente de suas crenças, os cátaros eram em geral vistos pelos contemporâneos como conspicuamente virtuosos. Em muitos aspectos, eram encarados como o seriam depois os quacres. Suas qualidades valeram-lhes considerável respeito e, em comparação, tornaram tanto menos atraentes os sacerdotes romanos.[16]

Os cátaros eram em geral tão bem vistos na época que uma testemunha daqueles dias os descreve da seguinte maneira:

[Os cátaros] são os únicos que seguem os caminhos da justiça e da verdade que os apóstolos seguiram. Eles não mentem. Não tomam o que pertence aos outros. Mesmo que encontrem ouro e prata caídos em seu caminho, não o pegam, a não ser que alguém lhes faça presente deles. Consegue-se melhor a salvação na fé desses homens chamados hereges do que em qualquer outra fé.[17]

Nas palavras de Laura Malucelli, os cátaros “eram ascetas e pacifistas, e seus sacerdotes não possuíam riquezas”[18]. Baigent comenta que os pregadores cátaros “não intimidavam, extorquiam nem traficavam com culpa e chantagem emocional, não tiranizavam nem aterrorizavam com terríveis ameaças de danação, não exigiam pagamento nem subornos a cada oportunidade. Eram conhecidos, como os quacres depois, pela ‘suave persuasão’”[19]. E Wiliston Walker escreve:

O julgamento mais imparcial parece ser que, no que se refere as suas práticas sexuais, a maioria dos cátaros não eram pior do que seus opositores católicos. Os perfeitos cátaros, por outro lado, claramente impressionavam seus contemporâneos por sua probidade, quando comparados com um dito clero católico no Languedoc, que era notório por sua lassidão. Este contraste evidente entre os dois sacerdócios concorrentes era uma poderosa fonte do apelo cátaro às massas, e apoiava as reivindicações dos cátaros de que eles apenas eram “cristãos verdadeiros” vivendo uma “vida apostólica”.[20]

Os documentos do inquisidor Jacques Fournier mostram como os cátaros do sul da França mantinham relações bastante cordiais com os católicos da região, ambos se encarando mutuamente como irmãos, até os soldados do papa virem e exterminarem os cátaros junto com os católicos de todas as idades[21]. Falbel diz que o catarismo se resumia no ideal de uma Igreja Santa, com um sacerdócio purificado, vivendo em pobreza evangélica”[22]. Como diz Malucelli, o único “crime” do qual os cátaros eram culpados era o de propagar uma vida comunitária pacífica e solidária, respeitando os ensinamentos de Jesus e recusando-se a reconhecer ‘o poder por vontade de Deus’ da Igreja”[23].

Mesmo em relação às suas doutrinas errôneas, não há indício algum de que eles as levassem à prática. Walker, por exemplo, diz que “dado às suas perspectivas sobre sexualidade, casamento e reprodução, parece lógico concluir que os cátaros teriam considerado as relações sexuais casuais preferíveis ao casamento, uma vez que esta instituição apenas regularizava a concepção pecaminosa de crianças. O que era logicamente possível, porém, ainda não foi demonstrado historicamente verdadeiro[24]. E Falbel, contradizendo os mentirosos revisionistas da apologética católica, afirma que a prática do suicídio não era recomendada entre os cátaros[25].

O suicídio só era praticado pelos sacerdotes “perfeitos” (i.e, por aqueles que chegavam ao mais alto nível na escala dos cátaros), e mesmo assim apenas no final da vida, quando sofriam de alguma doença terminal que acabaria fatalmente com a sua vida. Só no leito de morte era que esse tipo de jejum era feito, para se desligar de qualquer concepção corpórea na hora da morte. Nada de “suicídios coletivos” como pinta a malfadada apologética católica, e muito menos de assassinatos ou violência das quais nada da literatura da época atesta.

Para se ter uma noção do nível de demonização praticado pela Igreja contra os cátaros a fim de tentar justificar as atrocidades cometidas contra eles, certo apologista católico brasileiro chegou a usar fotos do ISIS decepando cristãos com uma legenda dizendo que na Idade Média os cátaros faziam coisas ainda piores com os católicos! A fonte? Nada. É rir pra não chorar. Os farsantes da apologética católica mentem na caradura, mentem na consciência de que estão mentindo, mentem sabendo que estão mentindo. A mentira é um artifício frequentemente presente na apologética católica, pois vale tudo na tentativa de salvar a honra de uma Igreja assassina. Tal como os revisionistas neonazistas pintam os judeus como vilões na época do Holocausto, os apologistas católicos fazem dos cátaros os malvados enquanto uma Igreja Romana os caçava e os queimavam em todo lugar.

Nem os autores católicos mais fanáticos da época chegavam ao ponto de caluniar os cátaros desta maneira. Se os cátaros praticassem violência contra os católicos na Idade Média, os padres católicos do sul da França seriam os primeiros a saber disso, mas eles preferiram ficar do lado da paz quando os soldados coléricos do papa entraram em Béziers e assassinaram todo mundo, incluindo os próprios padres.

Por que os padres não foram os primeiros a levantar o coro da perseguição aos cátaros quando tinham condições de fazê-lo? Porque eles sabiam que os cátaros eram pacíficos e conviviam em paz até que o papa decidisse persegui-los. Não foi por uma fantasiosa violência albigense que os cátaros foram perseguidos, mas pela pura e simples razão de discordarem da teologia da Igreja Romana, o que para o papa e para os mais fanáticos da época era um crime imperdoável.

É por essa razão que todas as cartas do papa Inocêncio III ordenando a perseguição e assassinato dos cátaros fazem presente o teor da “heresia”, repetida à exaustão como um mal gravíssimo, sem nunca fazer menção alguma a questões sociais ou a problemas de violência. O que os papistas revisionistas de nossos dias querem, a todo custo, é transformar a perseguição unilateral da Igreja de Roma contra um povo pacífico numa “guerra defensiva”, como se a Igreja é que estivesse sendo atacada ferozmente por inimigos crueis e impiedosos. É exatamente o mesmo que transformar os judeus nos culpados pelo Holocausto nazista.

É característico dos sistemas totalitários colocarem a culpa em suas vítimas pela sua própria destruição. Além de assassinos covardes, ainda não tem a honradez de assumir seu próprio vandalismo. Precisam sempre inverter o papel da vítima e do algoz a fim de transformar eles mesmos – os assassinos sanguinários – nos salvadores da pátria, e fazer de suas vítimas indefesas a raiz de todos os males. Essa é a marca de todo sistema totalitário que já pisou nesta terra, incluindo a própria Inquisição eclesiástica, que antecedeu todos os outros.

Se alguma religião merecia um sistema de repressão por sua podridão interna, essa não seria a religião cátara, mas a católica romana. Os cátaros não foram combatidos por sua pretensa “ferocidade” cuja base histórica é zero, mas simplesmente por serem cátaros, ou seja, por não serem católicos. É a mesma razão pela qual os valdenses, na mesma época, eram perseguidos com a mesma crueldade, mesmo sem os mesmos estereótipos de violência, uma vez que a propaganda católica contra os cátaros se saiu bem mais eficiente do que a propaganda contra os valdenses. Tão eficiente quanto a máquina nazista, os inquisidores conseguiram transformar sacerdotes pobres que buscavam viver a simplicidade do evangelho em terroristas assassinos em um cenário de “guerra” – quando os únicos dispostos a matar estavam do lado do papa assassino.

Não bastou terem exterminado os cátaros até o último homem, ainda precisam demonizá-los até hoje.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

- Extraído do meu livro: "A Lenda Branca da Inquisição".

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[1] Tertuliano, Apologia.
[2] WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 2006, p. 350.
[3] VARA, Julián Donado; ARSUAGA, Ana Echevarría. La Edad Media: Siglos V-XII. 1ª ed. Madrid: Editorial universitaria Ramón Areces, 2010, p. 266.
[4] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 26.
[5] ibid.
[6] Lea, A History of the Inquisition of the Middle Ages, I, p. 53.
[7] PALMA, Ricardo. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Giordano, 1992, p. 41.
[8] Apud PALMA, Ricardo. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Giordano, 1992, p. 41.
[9] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 27
[12] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 27.
[13] GONZAGA, João Bernardino Garcia. A inquisição em seu mundo. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 138.
[14] ibid, p. 138.
[15] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 24.
[16] ibid, p. 24-25.
[17] Apud Le Roy Ladurie, Montaillou, p. 81.
[18] MALUCELLI, Laura; FO, Jacopo; TOMAT Sergio. O livro negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
[19] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 25.
[20] WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 2006, p. 353.
[21] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 60.
[22] FALBEL, Nachman. Heresias Medievais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977, p. 94.
[23] MALUCELLI, Laura; FO, Jacopo; TOMAT Sergio. O livro negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
[24] WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 2006, p. 353.
[25] FALBEL, Nachman. Heresias Medievais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977, p. 57-58.

Comentários

  1. Vamos começar a entrevista então?

    Pergunta #1:

    Qual é a sensação de ser tão inteligente?

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    Respostas
    1. Não me considero tão inteligente, apenas sei escrever bem e ler. Em outras áreas como matemática e física sou um zero à esquerda :)

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    2. Pergunta #2:

      Naturalmente, percebe-se que você seguiu uma profissão que você se identifica e gosta. Você já disse aqui que irá começar um doutorado.
      Você se imagina seguindo outra(s) carreira(s) sem ser teólogo/historiador?

      Excluir
    3. Não, eu acho que só posso ser professor/teólogo/historiador, nada fora destas três coisas. Eu até poderia exercer profissão na área de Comunicação Institucional (que é a minha graduação), mas eu só tenho vocação para as três áreas já mencionadas.

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    4. Pergunta #3:

      O que você fará quando terminar o doutorado? Considera tentar morar fora do país?

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    5. Não, eu não sinto o chamado para morar em outro país. Talvez num futuro distante, quem sabe, mas não agora. Gosto da minha casa, da minha cidade, das pessoas daqui, enfim, não tenho razão pra ir pra longe.

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    6. Pergunta #4:

      Está gostando da entrevista até agora?
      :)

      Excluir
  2. Impressionante! Magnifico!

    Exatamente como se suspeita. O Catolicosmo e seus apologistas são uma cambada de mentirosos. Marginalizam as pessoas de bem e entregam na mão de assassinos.

    Vou me levantar para aplaudir seu tópico, Lucas.

    Clap clap clap clap clap clap

    Excelente!

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    Respostas
    1. Obrigado, Alon. Nos próximos dias postarei aqui o tópico sobre a demonização dos judeus. Está de arrepiar, prepare-se :)

      Excluir
  3. Grande artigo!

    As tentativas católicas de legitimar moralmente a inquisição demonstram que muitos apologistas preferem tentar salvar a imagem da igreja do que seguir o evangelho.

    Não é possível seguir os ensinamentos de Jesus e ao mesmo tempo justificar moralmente algo como a inquisição.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo plenamente. Qualquer cidadão com um mínimo de espírito cristão iria admitir que isto tudo foi um grande erro da Igreja e não se fala mais nisso. Mas como eles PRECISAM crer que a Igreja deles é "santa" e que é governada por papas "infalíveis", tem que arrumar desculpa e pretexto pra tudo - mesmo para justificar monstruosidades morais, se tornando piores que os ateus.

      Excluir
  4. Lucas, só tenho que dizer que estou amando seu livro sobre a Inquisição. Lá na Repensando eu vivia martelando que o Gonzaga era um historiador de quinta que escrevia estórias de forma tão descarrada que só um bitolado ideológico não saberia diferenciar a História do Propagandismo; isso por que o tal "Meu Professor de História Mentiu pra Mim" deu mérito pra tal balela e todo mundo acreditou pq ele era "da direita conservadora olavista".

    Aliás, você deveria REALMENTE ver a propaganda difamatória que eles fizeram com os valdenses: diziam que eles eram bruxos. Eu não posso mandar as fotos e os livros por aqui, mas existem ilustrações do século XIII representando valdenses voando em vassouras e um livro da Borgonha Renascentista que te ensina a identificar e caçar Warlocks Valdenses (ao estilo Martelo das Bruxas). E eles ainda tem coragem de falar da "difamação protestante".

    ResponderExcluir
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    1. Esse João Bernardino Garcia Gonzaga é o maior picareta, cretino e mentiroso que eu já li em toda a minha vida. O cara deveria se envergonhar de vender um livro tão descarado e embusteiro como aquele. Sério mesmo, eu tinha a intenção de recortar alguns trechos do livro dele para refutar no meu, mas é tanta mentira descarada que o cara repete sem parar que eu tive que copiar quase todo o livro do cidadão. Deve ser o capítulo mais longo do meu livro, pelo jeito. Mas os católicos não estão nem aí com isso, eles estão dispostos a se agarrar a qualquer pseudo-historiador que defenda as teorias raquíticas deles, mesmo se for de um mentiroso profissional que eles sequer conhecem. Não há zelo e nem busca pela verdade, apenas um desespero frenético que os fazem se agarrar a qualquer um que ajude a limpar a ficha suja da Igreja deles.

      Em relação aos valdenses, foi muito bom você ter escrito isso, porque eu iria escrever sobre eles logo depois de escrever sobre os cátaros e judeus. Se você puder, me mande as fotos por inbox no facebook, será muito útil para a desconstrução do mito no livro. Eu ainda não conhecia essa calúnia contra os valdenses, a coisa está ficando cada vez mais interessante :)

      Excluir
  5. Essa técnica de demonizar o adversário é muito usada hoje. Uns dos que gostam muito desse artifício chama-se Macabeus

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    Respostas
    1. Mas aí não vale, o Macabeus sabe demonizar porque ele próprio é um demônio. Então leva uma vantagem natural.

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    2. E ele tem uma família enorme!

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    3. Macabeus, o Sinistro!
      .
      "Eles buscavam a cumplicidade da massa, sem a qual dificilmente conseguiriam obter tanto êxito".
      .
      "... os inquisidores já tratavam de lançar mão da técnica da demonização dos seus oponentes"
      .
      "... O tempo passa, mas as acusações e calúnias de quem não tem argumentos continuam as mesmas..."
      .
      "Para justificar as atrocidades ... eles precisam dar uma justificativa moral que vá além do espectro teológico da coisa, e, como eles não tem, inventam uma".
      .
      É assim que são os invejosos, Lucas. Deus providência o escape para os inocentes. Quantos a estes, "cada um deles termina sua carreira deposto e preso".
      .
      E vou terminar aqui com as duas campeãs de todas:
      .
      "Nenhum cretino a serviço da demonização do próximo faz qualquer questão de provar o que está dizendo, porque eles sabem que estão mentindo. O que eles precisam é apenas jogar com a informação falsa e deixar que seus leitores ignorantes e acéfalos mordam a isca".
      .
      "É característico dos sistemas totalitários colocarem a culpa em suas vítimas pela sua própria destruição. Além de assassinos covardes, ainda não tem a honradez de assumir seu próprio vandalismo. Precisam sempre inverter o papel da vítima e do algoz a fim de transformar eles mesmos – os assassinos sanguinários – nos salvadores da pátria, e fazer de suas vítimas indefesas a raiz de todos os males. Essa é a marca de todo sistema totalitário que já pisou nesta terra, incluindo a própria Inquisição eclesiástica, que antecedeu todos os outros".
      .
      Cuidado, Banzoli, "os soldados do papa" estão ao redor com seus amigos protestantes!
      .

      Excluir
  6. Banzoli

    Lendo esse seu artigo falando sobre a tentativa dos apologistas romanistas de reescreverem a história de sua igreja, fiquei pensando sobre o marxismo cultural que há tempos tem feito isso.

    Você acredita que uma coisa está ligada a outra? Digo a tentativa dos romanistas de recriarem a história ao seu modo assim como tem feito o marxismo cultural?

    Afinal o marxismo cultural tem feito isso há tempos. Pintado o capitalismo como o inferno, a religião judaica-cristã como algo sujo e que precisa ser destruída e consequentemente fazendo campanha para dizimar a família descrita de acordo com a Bíblia, e outras ideologias contrárias as Escrituras.

    Qual sua opinião a respeito disso?

    Abraço,
    Abraão.

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    1. Não acho que esteja "ligado" a outra, porque são coisas diferentes, mas acho que cada grupo tenta na medida que pode fazer revisionismo histórico a seu favor. TODOS os grupos perdedores e derrotados fazem isso. O marxismo demoniza o capitalismo, o catolicismo demoniza o protestantismo, e assim por diante. Os únicos que não apelam para o revisionismo histórico são os que não precisam disso, por saberem que a história está a seu favor, e por isso não precisa ser mudada.

      Abs!

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  7. Lucas, me tira uma duvida. Voce tem quantos livros sobre inquisição? E se estes tópicos todos estão no(s) livro(s).

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    1. Eu li uns cinquenta antes de escrever o meu. E sim, esses tópicos fazem parte do livro, eu vou postando os capítulos aqui no blog à medida em que vou terminando de escrever no livro. Quando ficar completo eu publico inteiro.

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  8. Olá Lucas Banzoli

    Bom dia

    Quais eram as doutrinas ou seja o Corpo Doutrinário dos cátaros e dos valdenses?

    Cátaros e valdenses tinham uma unidade doutrinária?

    Um abraço

    Luiz

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    1. Não, eram grupos completamente distintos. Os cátaros, como eu expus neste artigo, eram uma espécie de mistura de gnosticismo com maniqueísmo, enquanto os valdenses eram muito próximos daquilo que mais tarde seria adotado pela Reforma Protestante (rejeitavam culto aos santos e às imagens, purgatório, primado do papa, intercessão dos mortos, missa pelos defuntos, indulgências, serviço militar e pena de morte). O único ponto que cátaros e valdenses tinham em comum era quanto ao ideal de pobreza e no sacerdócio feminino.

      Abs.

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  9. Olá Lucas Banzoli

    Boa tarde

    Muito obrigado pela resposta. Permita-me fazer um comentário.

    Eles poderiam ser considerados como cristãos evangélicos ?

    Como eram as crenças deles em assuntos como a imortalidade da alma,inferno eterno, fórmula para o batismo, santa ceia,trindade, Jesus na terra,
    visão escatológica, se crente tem livre-arbitio no que se concerne à salvação, dom de línguas, guarda de um dia ou não, uso do véu pelas mulheres crentes no ajuntamento dos santos e santas e forma de governo na Igreja.

    Se poderiam por que não tinham uma unidade doutrinária? Visto que se eram cristãos evangélicos estavam presididos pelo mesmo Espírito Santo ?

    O entendimento deles eu respeito e eles tinham todo direto de crer no que quisessem mas fiquei com essa dúvida até por que se eles não tinham o Espírito Santo agindo neles logo eles não faziam parte do Corpo de Cristo( Santa Igreja) mas mesmo se não fossem cristãos eles tinham que serem respeitados.

    Eu pensava que eles tinham mais pontos em comum eu entendo que o fato de eles serem anticatólicos também parece ser um ponto de concordância entre eles e aí tem uma questão: as crenças deles os definiram como cristãos evangélicos ou somente como anti-católicos?

    Se eles tinham um corpo doutrinário então eles eram a própria tradição e magistério deles mesmos que baseada na interpretação deles e isso definia as doutrinas deles.

    Um abraço

    Luiz

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    1. Eu já disse, cátaros e valdenses não tinham nada a ver um com outro, eram GRUPOS DIFERENTES, isso que você está dizendo não tem sentido nenhum, desde quando eu disse que os cátaros eram "cristãos evangélicos"? Nunca disse isso, seria o mesmo que eu considerasse os espíritas atuais como evangélicos pelo simples fato de não serem católicos. Nonsense total.

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  10. Olá Lucas Banzoli

    Boa noite

    Calma rapaz.

    Eu apenas perguntei, repetindo apenas perguntei se eles eram considerados cristãos evangélicos se eu perguntei é porque tinha dúvidas. Então pelo que eu entendi não eram cristãos evangélicos.

    Eu apenas entendi que tantos os cátaros como os valdenses não concordavam com o posicionamento do Catolicismo Apostólico Romano e fiquei na dúvida se eles eram cristãos evangélicos, pois eu bem sei que o fato de não concordar com o posicionamento católico romano não implica necessariamente em ser cristão evangélico.

    Só lembrando que Jesus ensinou SÓ e SOMENTE UMA DOUTRINA que é a Sã Doutrina então o Cristianismo Evangélico deve sim ter uma unidade doutrinária.

    Luiz

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    1. Dependendo do seu conceito de "unidade", nem os católicos a possuem. Eu fico com John Wesley: “No essencial, unidade; no não essencial, liberdade; em tudo, o amor”.

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  11. Olá Lucas Banzoli

    Espero que tenha entendido minha dúvida. Eu realmente perguntei se eles eram cristãos evangélicos, e SE eles fossem ai veio outra pergunta por que eles não tinham unidade doutrinária, foi isso.

    O conceito de unidade não é meu, mas pertence a correta interpretação bíblica pois é o mesmo Espírito Santo agora se os católicos não possuem então estão errados também.

    Lucas Banzoli fique com a Bíblia e não com a opinião de um homem pois quem define o que é essencial ou não essencial na doutrina bíblica é John Wesley?

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    1. Não disse que é John Wesley quem define, disse que concordo com a frase dele. Está certa. Ou será que é você quem define?

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  12. Eu não defino, quem define é a ação do Espírito Santo no crente no Senhor e possibilita sim a correta compreenssão bíblica e unidade de pensamento.

    Aliás com a Sola Scriptura ficaria ainda mas fácil de ter tal unidade na doutrina pois é uma só autoridade inerrante e infalível que é a Escritura.

    Agora se realmente existe no protestantismo um concenso que existem doutrinas essenciais e não essenciais isso então seria uma unidade de pensamento ora se tem essa unidade porque não teria em pontos não essenciais?

    O Espírito Santo está falhando no protestantismo? Ele Está confuso? Deus confuso?

    A opinião de John Wesley está certa na sua opinião e provavelmente muitos pensem assim. A Bíblia pensa assim?

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    1. Mas que raciocínio mais sem pé e nem cabeça, porque alguma pessoa tem o Espírito Santo ela não pode errar em nada na teologia? Mas de onde foi que você tirou isso? Se fosse assim todos os mais de dois bilhões de cristãos no mundo deveriam concordar entre si em absolutamente todas as coisas, inclusive nas mais mínimas interpretações bíblicas, e, por que não, políticas. Nem sequer existiriam divergências entre católicos, como católicos ortodoxos, RCC, teologia da libertação, sedevacantismo, episcopais, carismáticos, modernistas, tradicionalistas, etc.

      Eu já disse que no meu ponto de vista Wesley estava certo, e sim, posso trazer evidências da Escritura se assim você insiste. Basta notar que Paulo, em Romanos 14, fala de alguém que come de tudo e de outro que é vegetariano e pensa que o cristão não deve comer carne. Como Paulo responde a essa divergência secundária em questão de fé? Obriga um dos dois a crer do jeito oposto para manter a “unidade”? É claro que não. Diz apenas que “aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou” (Rm.14:3).

      A coisa fica ainda mais interessante quando pulamos para o verso 6, quando então o contraste é entre alguém que considera um dia da semana mais especial do que outro (como os sabatistas, por exemplo), e outro que considera iguais todos os dias. Qual foi a reação de Paulo? Saiu dizendo que o que guarda um dia tinha que deixar de guardar, ou saiu obrigando que o que não guardava começasse a guardar? Nana-nina-não. Disse apenas que “aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (v. 6). A guarda do dia não era um tópico essencial para Paulo. Ele deu liberdade para os cristãos divergirem neste aspecto, sem com isso corromper a unidade nas coisas fundamentais.

      Agora compare tudo isso com o que o apóstolo João faz quando escreve advertindo os cristãos contra os gnósticos que negavam que Jesus veio em carne. Disse que essa pessoa era o anticristo e que não era sequer para ser cumprimentada ou recebida em casa. É óbvio que neste caso estava em jogo uma doutrina essencial, a saber, a humanidade de Jesus. Aí o cenário mudou. Portanto sim, biblicamente é bastante plausível afirmar que existem doutrinas essenciais que devem ser cridas por todos os cristãos, e doutrinas não-essenciais nas quais há divergências mas deve reinar a tolerância entre ambas as partes.

      Wesley, como um profundo conhecedor das Escrituras que era, estava certíssimo no que disse. Você que está errado, em insistir na tese oposta, por pensar que a presença do Espírito Santo implica que todos os cristãos devam necessariamente acertar em tudo na teologia o tempo todo. Sinceramente, eu até hoje nunca vi um único teólogo do universo ensinando uma coisa dessas. Os apologistas católicos são os que mais chegam perto disso, mas nem eles chegam a afirmar tal coisa tão expressamente, visto que eles próprios também possuem suas próprias divergências. Você está sozinho nessa. Deve ser porque é o único que possui o Espírito Santo...

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    2. Sua visão sobre a “unidade” da Igreja não possui paralelo em nenhum momento da história humana. A Igreja nunca foi do jeito que você pinta ela. Na época dos Pais da Igreja, eu expus 20 doutrinas em que os Pais divergiam entre si, em meu livro sobre a Sola Scriptura. E isso só inclui os Pais ortodoxos, sem mencionar as seitas como donatistas, gnósticos, montanistas, pelagianos, etc. Presumo que você deva considerar a Igreja dos primeiros séculos “una”, mas mesmo assim ela não tinha um corpo doutrinário completo que não abrisse espaço para divergências. Se o seu conceito pessoal de unidade estiver correto, significa que nunca na história da Igreja ela teve unidade, pois sempre existiram divergências internas. Sua visão particular da Igreja é utópica, irreal e só existe na sua cabeça.

      Quero deixar aqui duas coisas bem claras. Primeiro, que eu não me meto a debates longos que tiram boa parte do meu tempo desnecessariamente. Eu me lembro perfeitamente bem que você não dava o braço a torcer nem depois que tudo era explicado nos seus mínimos detalhes, eternizando um debate propositalmente, tentando ganhar pelo cansaço, com textos desnecessariamente longos e enrolados. Foi por isso que eu tinha parado de debater com você há alguns anos atrás, e eu não vou cair no mesmo erro de novo.

      Segundo, eu não tenho o costume de admitir aqui no meu blog católicos que se fingem de evangélicos. Embora eu saiba que você nunca se definiu como evangélico, mas também não se define como católico romano, na verdade ninguém entendeu direito o que você é, mas TODOS os seus comentários no meu blog são SEMPRE negativos, sempre para criticar, sempre para contrariar, nunca traz nada de útil para somar, é sempre para destruir e desconstruir. E nos blogs católicos em que você comenta é só elogios e comentários positivos em relação à doutrina exposta nos artigos.

      Eu não sou otário, estou publicando os seus comentários na medida em que não estão sendo ofensivos, mas se continuar discordando de tudo vai ter que começar a discutir sozinho, porque eu não vou ficar aprovando comentário para perder o maior tempo como agora apenas para responder coisas básicas e elementares da fé cristã que qualquer um sabe. O Bruno Lima e o Gyordano Montenegro pararam de discutir com você pela mesma razão. Chega uma hora que essa estratégia fica cansativa e manjada.

      Abs.

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    3. Na verdade o Luiz aplica uma tática desonesta.

      Ele geralmente apresenta uma espécie de mistura entre evangelicalismo e catolicismo, usando um espantalho do evangelicalismo para mostrar que o paradigma católico é superior. Ele diz coisas como "o pastor ao pregar no púlpito é infalível" ou que "todos os crentes são guiados infalivelmente, por isso deveriam concordar em tudo". São ideias que claramente não fazem parte da teologia protestante.

      É pressuposto mínimo para uma interação proveitosa que o seu oponente represente verdadeiramente sua posição e deixe as claras sua própria posição. Como eu percebi que o Luiz não atende a nenhum dos dois, perdi o interesse de interagir com ele, apesar de sua educação ao comentar (algo raro entre os católicos).

      Os católicos costumam criticar os protestantes por afirmar que a unidade só é exigível no essencial, o que pressupõe que há fundamentos indiscutíveis e pontos secundário onde a discordância é aceitável. O problema é que os católicos necessariamente precisam adotar a mesma distinção. Eles podem até discordar de onde está a linha que divide o fundamental do secundário, mas ela necessariamente deve existir.

      O católico vai apelar ao magistério "infalível", mas isso não resolve nada. Dado o fato de que primeiro ele precisa analisar todos os ensinamentos do magistério e determinar quais são infalíveis e quais são passíveis de erro, ele necessariamente precisa decidir o que é fundamental e inegociável e o que não é. Desde que eu debato com os católicos, eu peço que me digam a lista dos ensinamentos de fato infalíveis, e até hoje ninguém respondeu. Ademais, essa é uma questão que divide os teólogos católicos, cada um deles dá uma lista diferente de declarações "infalíveis".

      Como respondi ao Luiz no meu blog, unidade absoluta é impossível pelos próprios limites da revelação. Mesmo no paradigma católico, a revelação é limitada, e embora uma doutrina seja declarada como parte da revelação, nem todos os detalhes da doutrina estão explícitos na própria revelação. Um exemplo é a Assunção de Maria. Uns afirmam que ela morreu e foi ressuscitada, outros dizem que ela não pode ter morrido, pois a morte é consequência do pecado.

      Outro problema é que o magistério leva séculos para definir uma dogma (ex. a imaculada conceição). Gerações de católicos mantiveram a crença errada e morreram na fé errada. Dessa forma, ninguém sabe qual o próximo dogma. O que a ICAR definirá como fundamental daqui a 200 anos? Por isso o apelo ao magistério não resolve a questão. Os católicos podem ter diversas crenças atuais que são aceitáveis, mas que se tornarão heréticas daqui a alguns séculos.

      No fim das constas, todos precisam recorrer ao seu próprio julgamento para definir os limites da ortodoxia. Todos, sejam eles romanistas ou ortodoxos, vão precisar agir sob o paradigma protestante do livre exame. No fim do dia, todos somos protestantes!

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    4. Não adianta explicar, Bruno, o Luiz postou mais alguns comentários gigantescos que não respondem a nada e apenas enrolam e repetem tudo o que já foi dito e refutado. Como eu já disse, na tentativa de vencer pelo cansaço (ad nauseam). Infelizmente, a intenção dessa gente não é debater honestamente. Não estão dispostos a aprender, apenas a impor uma opinião custe o que custar, nem que para isso seja necessário repetir e repetir e repetir de novo e de novo e de novo os mesmos argumentos já refutados, até que o oponente se canse e desista de "debater". Sei que estou fazendo isso tardiamente, mas os comentários do Luiz estão oficialmente banidos deste blog. Já chega.

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  13. Lucas, acredito que você deveria criar uma página no Facebook sobre as "Heresias Católicas". Mais pessoas poderão ter acesso ao excelente conteúdo apresentado aqui e lhes irá contribuir para que conheçam a verdade.
    Abraços.

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    1. Eu já tenho uma página pessoal onde divulgo os meus artigos , não acho que teria sentido criar mais uma especificamente sobre catolicismo. Páginas que postam conteúdo contra o catolicismo romano já tem várias, principalmente o . Abs!

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