Argumento Católico - "Jesus fez muitas coisas que não foram escritas"


“Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos”(João 21:25)

Com base nisso, eles afirmam que a Bíblia é insuficiente e que essas “muitas outras coisas” que Jesus fez é aquilo que está presente na tradição oral de Roma. Este argumento, contudo, está cheio de falhas e lacunas.

Em primeiro lugar, se nem em todos os livros do mundo inteiro haveria espaço suficiente para registrar cada feito de Jesus, então nem a tradição romana seria suficiente, pois ela não é equivalente ao volume de todos os livros do mundo inteiro daquela época. Só a Biblioteca de Alexandria já continha 700 mil rolos de papiro e pergaminhos. Se juntássemos a isso todos os outros livros de todos os outros lugares do mundo, o número chegaria à faixa dos milhões. Nem se juntássemos tudo aquilo que é aceito oficialmente pela Igreja Romana como fazendo parte da “tradição” e colocássemos aquilo tudo em um livro chegaria perto deste volume.

Portanto, pela lógica papista, se a Bíblia não é suficiente porque nem tudo o que Jesus fez está na Bíblia, então a tradição também não é suficiente porque a quantidade de livros necessários para escrever tudo aquilo que Jesus fez era imensuravelmente maior do que o volume presente em tudo aquilo que a Igreja Romana entende por “tradição”. Assim sendo, este argumento já começa falho e nitidamente defeituoso. Ou seja: um argumento idiota.

Em segundo lugar, este argumento é o “argumentos das lacunas”. Isso porque João efetivamente não diz quais foram essas “muitas outras coisas” que Jesus fez e que não foram registradas, e qualquer coisa que nós ou um católico sugerir estará sendo simplesmente alegar no vazio, como se tentássemos entrar na mente de João para saber exatamente o que ele tinha em mente ao dizer isso. Usando esta mesma lógica, os mórmons afirmam que entre estas “muitas outras coisas” está a viagem de Jesus às Américas; os kardecistas afirmam que entre estas “muitas outras coisas” está a doutrina da reencarnação; e os adeptos da seita “Ciência Cristã” afirmam que entre estas “muitas outras coisas” está o panteísmo.

Este argumento não aponta soluções, mas apenas aumenta os dilemas. Afinal, entre estas “muitas outras coisas” está a celebração da Páscoa no domingo seguinte à data judaica (Aniceto e Vitor de Roma) ou a Páscoa Quartodecimana, em 14 de Nisã (Policarpo de Esmirna e Polícrates de Éfeso)? Entre estas “muitas outras coisas” está a tradição da Igreja Romana que diz para comungar em uma só espécie ou a da Igreja Ortodoxa que diz para comungar em ambas as espécies?

Entre estas “muitas outras coisas” está a procedência do Espírito Santo da parte do Pai e do Filho (romanos) ou somente do Filho (ortodoxos)? Entre estas “muitas outras coisas” está a adoção de imagens nos templos (romanos) ou somente de ícones (ortodoxos)? Entre estas “muitas outras coisas” está a existência de dois juízos (romanos) ou de apenas um juízo (ortodoxos)? Quem responde?

Diante de tudo isso e de muito mais, o argumento papista em torno das “muitas outras coisas” é simplesmente o argumento das lacunas. Ele não responde nada, mas apenas levanta dúvidas. Ele não aponta para doutrina nenhuma fora da Bíblia, apenas diz que nem tudo o que Jesus fez foi escrito – o que é tão óbvio que nenhum evangélico da face da terra jamais negou isso. Ele não nega a suficiência da Bíblia, senão negaria a suficiência da tradição. Ele não confirma a tradição da Igreja Romana, senão também serviria de confirmação à tradição da Igreja Ortodoxa. Em termos simples: este argumento é um lixo total.

Para terminar, é necessário acrescentar também que o próprio João disse que, embora nem tudo o que Jesus fez foi escrito, o que foi escrito é suficiente para a nossa salvação:

“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (João 20:30-31) 

Portanto, ainda que nem tudo esteja escrito (e o que não foi escrito se perdeu), o que foi escrito é suficiente para que creiamos que Jesus é o Cristo e para que tenhamos a vida eterna em Seu nome. Assim sendo, ao invés de este argumento anular a suficiência das Escrituras (como eles querem), ele apenas a reforça com ainda mais contundência. Algo que se deveria esperar de um argumento tolo, vazio e inútil do início ao fim.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

-Extraído de meu livro: "Em Defesa da Sola Scriptura"


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Comentários

  1. Eu não acreditaria numa palavra das Sagradas Escrituras se não fosse pela autoridade da Igreja Católica. "Santo Agostinho de Hipona".

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    1. Eu acho que preciso criar uma sessão neste blog apenas para comentaristas católicos copiando textos clichês do catolicismo que nunca leram, a sessão se chamaria:

      "Trecho de um livro que nunca li, em um contexto que nunca estudei, e que copei de um site católico qualquer que vinha com a citação que já foi explicada milhões de vezes sem qualquer refutação":

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/agostinho-eu-nao-creria-no-evangelho-se.html

      Essa sessão seria uma das mais acessadas neste blog, aposto que sua próxima frase de efeito tirada de outro livro que nunca leu vai ser "Roma falou, a casa acabou":

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/12/roma-locuta-est-causa-finita-est-roma.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2016/01/roma-falou-e-de-novo-causa-nao-acabou.html

      Ah, e deixa eu adivinhar: depois você vai usar as citações de Cipriano na obra "Unidade da Igreja" (outra que nunca leu), será que eu acertei?

      http://lucasbanzoli.no.comunidades.net/cipriano-de-cartago-e-a-catedra-de-pedro

      Vocês são tão robotizados feitos em fábrica e sem personalidade que chega uma hora que perde a graça, acaba os textos clichês e não tem mais nada pra debater, por isso às vezes penso ser melhor fingir que não temos resposta a esses mantras aí, pelo menos assim o "debate" continua...

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