Como desmascarar e destruir o argumento circular e autorefutante dos católicos contra o livre exame


Decidi ontem reviver a época de debates com católicos tridentinos nas comunidades do Orkut (já falecido, agora substituído pelo menos glorioso Facebook). Como eu já esperava, é pura perda de tempo. 99% dos debatedores católicos ali presentes são um bando de fanáticos adestrados, sem nenhuma capacidade de raciocínio ou articulação, com a boca suja e cheia de ofensas, ataques pessoais, técnicas de intimidação e ad hominem, repletos de tudo aquilo que há de pior em termos morais, que não são capazes sequer de construir um único argumento lógico-racional, de seguir uma linha argumentativa ou de oferecer uma refutação decente que não seja uma calúnia pessoal, uma fuga pela tangente ou um amontoado de cópias de sites inescrupulosos do submundo da internet.

São apenas mentes pobres e extremistas, já contaminadas pelo vírus do fanatismo católico e loucas para passar este vírus adiante. A maioria nem sabe o que está fazendo ali, se resumindo a anônimos fracassados que querem descontar nos protestantes a sua frustração pela vida, posando de sabichões ao repetir as pérolas do padre Paulo Ricardo ou pior ainda, do Paulo Leitão. Por incrível que pareça, o nível era pior do que nos velhos tempos do Orkut – e eu que pensava que isso fosse impossível! Naquela época, ainda era possível levar adiante uma discussão intelectual com um católico; hoje, a mente fanatizada já chegou a um nível tal que eles sequer fazem questão de esconder o seu amor pela inquisição e a sua adoração ao papa.

Mas como para tudo na vida há uma exceção, felizmente encontrei um católico educado, com o qual era possível levar adiante uma conversa humana e civilizada (posteriormente ao debate, eu inclusive fiz questão de elogiá-lo pela educação demonstrada. Quem dera todos os debatedores católicos fossem assim). O tema inicial do debate era sobre a idolatria romanista. Lancei alguns versículos a fim de debater exegese em torno dos mesmos, mas vez após vez ele retrucava dizendo que os versículos não podiam ser interpretados individualmente (nem por mim nem por ele), mas somente pela Igreja Romana.

Assim sendo, não importava a exegese dos textos, importava apenas a opinião do papa, e ponto final. Não adiantava nada passar tantos versículos, e também não adiantava nada explicar estes tantos versículos, se para ele a única coisa que tinha que ser levada em conta é o magistério papal. Este é um truque frequentemente utilizado pelos debatedores católicos: eles tentam levar adiante um debate teológico até onde lhes é possível, mas quando são refutados e ficam sem argumentos passam a apelar para a “tática da interpretação”, i.e, dizer que a interpretação da Bíblia está condicionada a Roma e, portanto, nada do que o debatedor evangélico possa dizer valerá algo. Este é o jeito fácil de se esquivar do debate sem passar a sensação de que está perdendo no âmbito da interpretação do texto em questão.

Percebendo essa interpretação condicionada, decidi me focar neste aspecto, e o trecho abaixo é o que se segue ao debate:


*Obs: Na continuação do debate, ele mudou de assunto para abordar a questão da “intolerância”, e a discussão tomou outros rumos (ambos admitimos que existe certo nível de intolerância para ambos os lados, embora eu esteja certo de que a intolerância do lado de lá é infinitas vezes maior do que a de cá).  

Perceba que toda a pretensa rejeição à consciência individual fracassa miseravelmente quando posta à prova. O católico exige que a consciência individual seja suprimida para dar lugar à submissão a uma autoridade papal, mas ele próprio não pode provar a validade desta premissa a não ser apontando para a própria conclusão (da autoridade papal), gerando um argumento circular e, portanto, autorefutante. O católico sustenta que nós precisamos de uma autoridade infalível para interpretar as Escrituras, mas ele próprio não chegou ao conhecimento desta autoridade infalível por meio de outra autoridade infalível. Dizer que o texto só pode ser interpretado pela Igreja Romana porque a Igreja Romana diz que só ela pode interpretar o texto é uma falácia gritante, que perturbaria qualquer ser humano dotado de um mínimo de bom senso.

Quando colocado contra a parede, o católico se vê forçado a admitir que não crê na Igreja Romana por meio da infalibilidade da própria Igreja Romana, mas apenas por aquilo que ele entende ser argumentos razoavelmente bons, de acordo com a consciência individual dele. Mas perceba que ao chegar a este ponto ele se vê obrigado a admitir que fez uso da consciência individual para chegar à autoridade romana. Ou seja: que a consciência individual é a origem de tudo. E se a consciência individual é boa o suficiente para chegar à conclusão de algo tão importante, por que também não seria o bastante para interpretar textos bíblicos em particular? O católico não tem nenhuma sugestão a este respeito, que não seja uma petição de princípio.

Isso ficou mais perceptível quando avançamos para o final (próximo do momento em que ele abandona o debate e muda de tema), quando ele finalmente admite que não crê na Igreja Romana porque ela mesma diz, mas porque “foi fundada por Jesus Cristo sobre os apóstolos”. Mas aqui há novamente um argumento circular: quem é que diz que essa igreja fundada por Jesus é a Igreja Romana? A Igreja Romana. Mais uma vez, o católico se vê envolto a uma petição de princípio. Eu tenho muitos argumentos para pensar que esta Igreja fundada por Cristo não é a Igreja Romana (e os ortodoxos também têm). Quem, então, tem a autoridade de decretar que Igreja é essa? A própria Igreja Romana não pode ser, porque ele já confessou que não crê na Igreja Romana porque a Igreja Romana diz isso. Ele será obrigado a lançar mão de argumentos bíblicos ou históricos, e é exatamente isso que os evangélicos sempre fizeram!

Em outras palavras, ao ele admitir que não crê na Igreja Romana porque a Igreja Romana diz ser a verdadeira, ele tem que chegar a esta conclusão fora do domínio da própria Igreja Romana, e estará entrando justamente no âmbito da consciência individual, que ele tanto se esforça em se opor. É só a consciência individual – e não o magistério romano – que pode precisar se os argumentos bíblicos e históricos são suficientemente capazes de identificar a Igreja Romana como a Igreja fundada por Jesus. O mais costumaz é a citação do texto de Mateus 16:18, que os católicos usam para “provar” aos evangélicos que a Igreja Romana é a “Igreja de Cristo”. Mas há um problema aí: se o protestante é capaz de interpretar corretamente este verso (supostamente como sendo uma menção à Igreja de Roma), então por que ele não seria igualmente capaz de interpretar corretamente os outros versos da Bíblia?

Essa é a maior de todas as ironias: o católico quer provar ao protestante que ele não tem capacidade de interpretar a Bíblia corretamente. E como ele faz isso? Com versículos bíblicos. E versículos bíblicos que ele presume que o protestante poderá entender, senão não adiantariam nada. O protestante passa, de repente, em um passe de mágica, a ter toda a capacidade do mundo de fazer interpretação da Bíblia (mas logo depois deixa de ter novamente, é claro). Ora, só uma mente deformada, pobre e supérflua poderá descobrir que não é capaz de interpretar a Bíblia através justamente de uma interpretação correta da Bíblia. Só um demente concluiria que a consciência individual é falsa após fazer uma análise dos fatos de acordo com sua consciência individual. Mais uma vez, o católico cai no abismo das contradições e dos argumentos autorefutantes.

Isso significa que nós não precisamos de uma autoridade infalível para dizer que a interpretação do verso “x” é essa aqui. Basta que nós tenhamos bons argumentos (evidências) que, quando colocados lado a lado na balança da exegese, se demonstrem mais fortes e confiáveis. Isso porque nenhum católico pode concluir infalivelmente que a Igreja Romana é a verdadeira, pois não há nenhuma autoridade infalível que diga que a Igreja Romana é a verdadeira, a não ser ela mesma. O católico para ser católico se apoia em argumentos para os quais chega através da consciência individual, que é a mesma coisa que os evangélicos fazem. A diferença é que o católico usa sua consciência somente até certo ponto e depois disso se transforma em um zumbi do papa, enquanto o evangélico segue sua consciência individual até o fim, mantendo a coerência.

É por isso que a consciência individual e livre sempre vence: porque, lá no fundo, até os católicos mais fanáticos fazem uso dela – eles apenas não admitem isso, para manter a pose e fazer de conta que o argumento é bom. Na verdade, o dilema aqui é bem simples: ou a consciência individual é verdadeira (e neste caso o protestante está com a razão em examinar livremente a Bíblia), ou então ela é falsa (e neste caso a Igreja Romana é verdadeira somente porque ela diz que é verdadeira, incorrendo em um argumento circular obviamente falacioso). Se os evangélicos explorassem mais vezes as contradições da mente do católico ao invés de se perder em acaloradas discussões que nunca chegarão a lugar algum, os papistas iriam sentir vergonha de usar o argumento autorefutante contra o livre exame da Bíblia.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


-Meus livros:

-Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.

- Acesse o meu canal no YouTube clicando aqui.


-Não deixe de acessar meus outros sites:
Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
O Cristianismo em Foco (Reflexões cristãs e estudos bíblicos)
Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)

Comentários

  1. A paz de Cristo irmão Lucas..
    Gosto muito dos seus artigos porque deixa vir à superfície o que pra muitos é imperceptível.
    Que Deus continue te abençoando mais e mais. Abraços..

    ResponderExcluir
  2. Lucas, alguns católicos tem uma atitude muito irritando. Quando eu estava debatendo com um católico sobre a reza aos mortos, ele passou o debate todo defendendo e repetindo a visão dele sobre o texto onde o Apóstolo Paulo expressou seu desejo de que Onesíforo fosse salvo “naquele dia”. Apenar de ter refutado várias vezes a eisegese absurda dele em cima de 2ª Timóteo 1:16-18, ele continuou repetindo que Paulo tinha REZADO por Onesíforo. A coisa se tornou tão ridículo e irritando que víamos o desespero dele em se apega num versículo ÚNICO onde eles veem uma suposta prova da oração pelos mortos para justificat tal crença. Como entender esse tipo de comportamento, onde o sujeito fica repetindo a mesma falácia após ser refutado com lógica e rigor?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Existem dois problemas. Primeiro, porque o católico não tem liberdade para seguir a consciência individual, mas já está pré-condicionado à mesma interpretação do papa. Ou seja: não adiantará nada você provar que 2+2=4, porque ele só crerá quando o bispo de Roma desenhar em um quadro negro que 2+2=4. É por isso que debater argumentos racionais com um debatedor papista é absolutamente inútil e sem sentido.

      O segundo problema é que eles realmente tem poucas passagens para o lado deles. Na verdade, não tem nenhuma, mas por essa mesma razão eles se apegam com todas as forças nas meia dúzia de textos isolados e deturpados que eles pegam na Bíblia para tentar justificar o injustificável. E se eles abrissem mão desta meia dúzia de interpretações ridículas, não sobraria mais nada para eles usarem. Por isso eles não podem abrir mão. Tem que insistir, e insistir e insistir mais ainda, até dar certo.

      Abraços.

      Excluir
    2. O QUE NÃO entendo é qual seria o objetivo,pq eles tem q insistir,o q os motiva??Porque simplesmente n abrir a mente,ler a bíblia ou ouvir uma pregação real da Palavra é admitir q é a verdade?
      Abraços.

      Excluir
    3. A única coisa que os motiva é o ódio à verdade, aos verdadeiros cristãos (Igreja) e o fanatismo cego por uma igreja assassina.

      Excluir
  3. Ligiah, de lembranças ao Jacob e ao Edson.

    ResponderExcluir
  4. E o artigo sobre Lutero ter fundado ou não o protestantismo ? Obrigado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/05/um-pequeno-resumo-da-historia-da-igreja_8.html

      Excluir
  5. Uma coisa que o catolico com o qual voce debateu disse esta certa: livre exame nao é o mesmo que livre interpretaçao no sentido de interpretacao a gosto do cliente.Pelo mes ele nao caiu na tolice de afirmar esta tolice.

    ResponderExcluir
  6. Como sempre mais um artigo ecelente.Tive o desprazer de debater com um tridentino .Posso afirmas q além de demência e fanatismo tem ainda o mais alto grau de arrogância.Aliás,arrogância e soberba quando na verdade deveriam envergonhar por fazerem parte da Prostituta´´.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

ATENÇÃO: novos comentários estão desativados para este blog, mas você pode postar seu comentário em qualquer artigo do meu novo blog: www.lucasbanzoli.com