O livre exame pela lógica e a razão
Os papistas afirmam que a crença no livre exame torna a verdade relativa, dependendo da opinião de cada um. Já vimos que isso é um espantalho que confronta o verdadeiro sentido de livre exame, pois nenhum reformador afirmou que qualquer coisa que alguém interpretasse seria necessariamente verdadeira, mas sim que cada um é livre para interpretar, podendo acertar ou errar. Os hereges são hereges por errar nas questões essenciais à salvação, e os crentes são crentes por acertar nestas questões fundamentais.
Nenhum
de nós afirma que se um evangélico crê no batismo infantil este batismo é
necessariamente verdadeiro, ou que se um outro evangélico nega o batismo
infantil este batismo é necessariamente falso. Logicamente, um está certo e
outro está errado. Não ensinamos que a verdade seja relativa à opinião de cada
um. Todos tem direito de opinar, mas isso não significa que a opinião de todos
estará certa. Nós (evangélicos) somos unidos nos pontos essenciais à salvação,
embora possamos divergir em algumas questões secundárias que não afetam a
salvação – o mesmo também ocorre entre os católicos (veremos mais sobre isso no
capítulo seguinte).
Que
existe uma verdade absoluta por detrás de cada texto, isso é crido tanto por
evangélicos como por romanistas. A diferença está em quem pode chegar a esta verdade. Os evangélicos creem que qualquer
pessoa inteligente e estudada pode chegar à verdade se respeitar os métodos de
exegese e hermenêutica. Os papistas creem que só o papa (e seu magistério
romano) que pode. Já vimos que tanto a Bíblia como os Pais favorecem a visão
reformada. Ela está de acordo com tudo o que ocorre no mundo a nossa volta.
Por
exemplo: se eu vejo uma placa dizendo “não
pise na grama”, eu não preciso ir consultar um magistério infalível para
pedir a correta interpretação do que isso significa. Eu simplesmente não irei pisar na grama. Da mesma forma,
se eu vejo o apóstolo Paulo dizendo que os bispos poderiam ter no máximo “uma só mulher” (Tt.1:6), eu não preciso ir pedir
a ajuda de um magistério infalível – simplesmente me limito a ter uma só
mulher. Se alguém diz que podemos ter mais (muçulmanos) ou que os bispos não
podem ter nenhuma (romanistas), isso é simplesmente falso, e o fato de isso ser
falso independe de qualquer interpretação de qualquer magistério.
O
mesmo ocorre em diferentes campos. Na ciência, por exemplo, os cientistas são
livres para fazerem suas próprias experiências, para analisarem as experiências
feitas por outros cientistas e para tomarem suas próprias conclusões. Não
existe um “cientista infalível” ou um “magistério infalível da ciência” que
determina tudo o que é cientificamente certo ou cientificamente errado. É por
isso que existem cientistas criacionistas e evolucionistas, e que mantém
diferentes posições sobre diferentes assuntos na ciência. Há uma verdade
absoluta em cada caso, mas cada cientista pode alcançar essa verdade por si
mesmo, sem a necessidade de apelar a algum Centro Científico que não possa
errar.
Ou
tome como exemplo o campo da música. Não existe um “músico infalível” que seja
perfeito e que julgue com exatidão o tão bom ou mal que algum cantor canta. Em
programas de auditório com jurados, é comum vermos interpretações diferentes
para uma mesma apresentação. Certamente há aqueles que interpretam melhor ou
pior, mas não existe alguém que sirva de árbitro para todas as decisões no
campo da música, como o papa é no campo da religião para os romanos.
Com
a interpretação da Bíblia é a mesma coisa. Todos são livres para interpretar,
mas não significa que todos vão acertar. Todos os cientistas são livres para
examinar a ciência e defender algum ponto, mas isso não significa que o que ele
irá defender é necessariamente verdadeiro. Há um livre exame em tudo o que
existe em nosso mundo, e com a Bíblia não é diferente. Isso é muito distinto de
afirmar que não existem verdades objetivas ou que qualquer coisa que o leitor
interpretar é o certo. Significa apenas que cada leitor é livre para examinar a
Bíblia assim como é livre para examinar qualquer outro livro já escrito pelo
homem, e que ele pode chegar à verdade sem a necessidade ou dependência de um
magistério ou de alguém infalível na questão – o que nunca existe.
Então,
se não é o papa que define o que está certo e o que está errado, o que é? A
resposta está exatamente no campo da exegese e hermenêutica. Há métodos
consistentes para interpretar a Bíblia da maneira correta, e é exatamente nisso
que consiste qualquer debate sobre qualquer assunto em nosso mundo – mesmo naquilo
que não se trata de religião. É por isso que quando alguém tira uma frase do
contexto (o que os romanistas sempre fazem) é tão condenado por todos – porque
todos sabem que ele está infligindo uma regra de interpretação.
Mas
essas regras não fariam qualquer sentido de existir caso não fossem por meio
delas que alguém pudesse chegar à verdade. Se é verdadeira a tese papista de
que o papa é o único que pode interpretar a Bíblia, então pouco importa se
qualquer pessoa tira frases do contexto ou se não tiram; se aplicam o método
histórico-gramatical ou qualquer outro método. A única coisa que importaria é o
que o papa (e o magistério) pensa. Então, enquanto os romanistas desprezam os
métodos de interpretação da Bíblia para seguir a um homem, os evangélicos
seguem as regras de interpretação para buscarem a verdade.
É
por isso que o árbitro na questão da interpretação das Escrituras não é uma
autoridade humana (papa), mas sim o uso correto das regras de interpretação da
Bíblia. Como analogia, na matemática ninguém prova que o outro errou uma
operação matemática porque algum grande matemático chegou a outro resultado na mesma
operação. Ao contrário: se prova que ele está errado ao mostrar que ele se
equivocou na utilização dos métodos operacionais que regem o campo da
matemática. O outro matemático, por melhor que seja, também pode estar errado.
Da
mesma forma, no campo da política ninguém prova a alguma pessoa que ela está
errada porque a sua opinião confronta a de um grande político de esquerda ou de
direita; ao contrário, rebate na base dos argumentos lógicos e racionais
mostrando aquilo que seria a melhor opção. Não existe uma autoridade infalível
na política e nem algum “magistério” que decida tudo aquilo que é politicamente
certo e errado. Existe um certo e um
errado, mas são as próprias pessoas que
tem que estudar e tomar suas próprias decisões e escolhas para descobrir a
verdade.
Com
a Bíblia não é nada diferente de qualquer outro ramo da sociedade. Não há um
ser humano ou magistério infalível, mas há seres humanos se esforçando através
dos métodos corretos da aplicação de uma boa exegese para chegar à verdade na
interpretação dos textos bíblicos. No fundo, a própria apologética católica se
vale deste método. Eles tentam mostrar argumentos pelos quais alguém tem que
crer na doutrina católica, mas é a
própria pessoa que tem que examinar
por si mesma o argumento e tomar sua própria decisão. Em outras palavras,
até os papistas que criticam o livre exame fizeram um livre exame antes de se
tornarem católicos, tanto quanto os evangélicos que fizeram o mesmo antes de se
tornarem evangélicos.
Os
romanistas também costumam distorcer a lógica ao dizer que, se o livre exame é
verdadeiro, então nós nunca podemos chegar à verdade, pois, para eles, é
somente se existe uma autoridade infalível (o Sumo Pontífice deles) que podemos
chegar à verdade. Com o livre exame, haveria muitas interpretações possíveis
diferentes, e, assim, a verdade nunca poderia ser descoberta pelo leitor. Ele
precisaria de um magistério infalível para decidir a questão e chegar à
verdade, e esse magistério infalível seria o romano, é claro.
O
problema com esse pensamento é que ele distorce tudo aquilo que conhecemos como
verdade em nosso mundo. Por exemplo: já dissemos que não existe uma autoridade
infalível na ciência. Existem evidências científicas
para um lado e para o outro, e cabe ao próprio cientista tomar uma posição após
analisar ambas as evidências. Ninguém em sã consciência diria que por causa
disso a verdade se tornou relativa e que ninguém pode chegar à verdade. O fato
de não haver uma autoridade infalível e dos próprios cientistas terem que se
posicionar diante de argumentos divergentes não anula a existência da verdade
nem a torna relativa.
Ninguém
concluiria que em razão do fato de que diversos advogados podem interpretar a
Lei de forma diferente então não existe uma forma correta de se interpretar a
Lei, ou que a verdadeira interpretação é relativa, ou que há um advogado
infalível que sempre interpreta a Lei da maneira correta e a ele são submetidas
todas as dúvidas jurídicas. Daí apenas se concluiria que uns a interpretam
corretamente, enquanto outros a interpretam errado. A interpretação é livre; se essa interpretação está correta
depende da boa aplicação dos métodos de
interpretação, do peso de cada argumento. Não de um ser humano infalível.
Em
uma sala de aula, é comum os alunos interpretarem um texto em uma prova de
maneira diferente de outros alunos. A interpretação é livre, mas alguns erram, outros acertam. Ninguém em sanidade mental
diria que não existe uma forma
correta de se interpretar os textos porque os alunos os interpretam de maneira
conflitante e divergente, ou que do fato de que vários alunos interpretam o
texto diferente significa que a verdade não possa ser alcançada senão todos
chegariam às mesmas interpretações, e muito menos que seja exigido um aluno infalível que saiba todas as
respostas infalivelmente e que é a este aluno que todos os demais alunos devem
recorrer em todas as questões.
A
Bíblia é como a prova, as questões são como os versículos, os alunos são como
os intérpretes e o professor é Deus, àquele a quem devemos prestar contas no
futuro. Existe uma resposta exata para cada questão, mas não existe um aluno
infalível que não possa errar nenhuma questão. O que existe são intérpretes
melhores e outros piores, uns que acertam mais e outros que acertam menos, uns
que são aprovados e outros que são reprovados. A interpretação, em si, é livre.
Ela não torna a verdade relativa.
Os
papistas frequentemente atacam o livre exame dizendo que, já que diversos
evangélicos interpretam a Bíblia de forma diferente da interpretação de outros,
então o livre exame é falso e nós precisamos de um intérprete infalível, que
seria o papa e seu magistério romano. Mas isso seria tão estúpido quanto
afirmar que por causa do fato de muitos alunos marcarem a opção “C” em uma
questão interpretativa de múltipla escolha em uma prova e de outros alunos
assinalarem “A” como a resposta correta, que isso significasse de alguma forma
que nenhum aluno poderia interpretar nenhuma questão da prova e que seria
necessário a existência do aluno infalível, o super CDF, um Sheldon Cooper da vida real.
Obviamente,
assim como a prova pode ser livremente examinada e interpretada por todos os
alunos, a Bíblia pode ser livremente examinada e lida por todos os leitores.
Isso não garante que o aluno irá acertar a interpretação correta da prova nem
que o leitor irá interpretar todos os textos bíblicos perfeitamente. Mas
significa que uns irão acertar mais do que outros, e que todos são livres para
acertar ou errar.
Assim
como um aluno precisa estudar para ter mais chance de acertar e passar, o
intérprete da Bíblia deve mergulhar nas Escrituras e na oração para ser
aprovado e passar. O papa é somente mais um aluno que pode acertar ou errar,
com a diferença de que é um aluno soberbo que se acha melhor do que os outros,
que pensa que não pode errar e que é tomado pelo orgulho. Imagine um aluno que
sustenta que só ele pode interpretar corretamente as questões da prova, que não
pode errar, que tira as provas dos outros alunos e diz que só ele deve
interpretar as questões – os outros podem apenas copiar as respostas dele
depois.
Tal
aluno seria certamente e corretamente considerado arrogante, altivo, vaidoso e
pretensioso, mas o papa faz exatamente isso e é considerado santo, infalível,
bondoso e vigário de Cristo. Um apologista evangélico na internet também fez
uma importante observação sobre o argumento católico de que não se pode chegar
à interpretação certa e verdadeira das Escrituras a não ser que um intérprete
infalível a forneça. Ele disse:
“Ora, mas como todos os homens são falíveis, também não podem
chegar infalivelmente ao conhecimento de uma autoridade infalível, - os
católicos não podem validar infalivelmente a sua autoridade infalível, ou seja
o magistério romano. Consequentemente, os homens não teriam qualquer
possibilidade de chegar a algum conhecimento da verdade. Não existiriam
verdades absolutas, nem nada a que pudéssemos chamar a realidade. Este ponto de
vista levado a sério, conduz à total desesperança, ao cepticismo mais profundo,
e à insustentável posição do niilismo filosófico”[1]
Então
ele conclui:
“Obviamente, este ponto de vista não é para ser levado a sério,
visto que parte de uma premissa falsa e filosoficamente insustentável de que os
homens não podem chegar ao conhecimento da verdade sem ser infalíveis. Podemos
saber muita coisa (incluindo o cânon bíblico e o significado das Escrituras) de
forma certa e absolutamente verdadeira sem ser infalíveis! Na verdade, uma
autoridade infalível é totalmente inútil e desnecessária para que possamos
chegar ao conhecimento certo e verdadeiro do que quer que seja”[2]
Além
disso, se não se pode chegar à verdade por causa de opiniões divergentes a não
ser que haja alguém infalível para decidir a questão, onde está a autoridade
infalível da ciência? Onde está a autoridade infalível da matemática? Onde está
a autoridade infalível em história? Onde está a autoridade infalível em línguas?
Onde está a autoridade infalível da medicina? Onde está a autoridade infalível
da química? Onde está a autoridade infalível da política? Onde está a
autoridade infalível da música? Onde está a autoridade infalível da física?
Onde está a autoridade infalível da literatura? Onde está a autoridade
infalível da astronomia? Onde está a autoridade infalível do direito? Onde está
a autoridade infalível em economia?
Se
em todas as áreas do saber humano não há uma autoridade infalível em cada
questão mas mesmo assim os católicos creem que podemos chegar à verdade nestes
campos, por que com a religião seria diferente? Por que deveríamos precisar de
uma autoridade infalível? Por que não poderíamos chegar à verdade sem ela? Por
que as divergentes opiniões nas outras áreas não afetam em nada a capacidade do
indivíduo em chegar à verdade sem a necessidade de uma instituição infalível,
mas na religião sim?
Como
vemos, qualquer tentativa romanista de desconsiderar o livre exame pela lógica
fracassa terrivelmente pelo uso da própria lógica. Eles querem subverter a
lógica predominante em tudo no mundo para se curvar aos seus próprios sofismas
quando a questão é a interpretação da Bíblia. E isso por uma única razão: eles
sabem que, se deixarem os fieis católicos livres para lerem e interpretarem a
Bíblia, estes encontrarão os mais escabrosos erros na apóstata Igreja de Roma e
descobrirão que ela não é a Igreja de Cristo, mas a sinagoga de Satanás.
Eles
sabem que é necessário prendê-los na
interpretação do magistério romano, e de os tornarem incapazes de qualquer
interpretação, porque com a mente atrofiada e incapaz de pensar por si mesma é
muito mais fácil de manter dentro dos limites de seus falsos dogmas e doutrinas
fora da Bíblia. É por isso também a importância de eles combaterem a Sola
Scriptura, pois no campo da Bíblia eles sabem que são facilmente derrotados.
Eles
sabem que ao se deterem em algum ponto e debaterem sobre a correta
interpretação de uma passagem bíblica que comprometa alguma doutrina romanista
eles tem uma enorme tendência de perderem o debate, pois sabem que a sua
interpretação nada mais é senão uma perversão do significado explícito nas
Escrituras. Então, a tática usada por eles é a de não debater sobre aquele ponto em questão, mas levar o debate ao
campo do livre exame, onde eles podem argumentar que a interpretação do papa
está certa pela única razão de que ela é a interpretação do papa.
Há
algum tempo atrás eu estive debatendo com um católico-romano sobre a
interpretação correta de um único texto bíblico, o de 1ª Timóteo 3:2, que diz
que o bispo pode ter “uma só mulher”. O catolicismo romano ensina oficialmente
que os bispos não podem se casar com nenhuma
mulher. No início, ele topou e começou a discutir sobre o significado do
texto. Ele disse que o texto não diz que o bispo tinha que ter uma esposa,
porque o próprio Paulo não era casado. Isso é verdade. Contudo, eu não havia
argumentado que o bispo tinha que ser
casado, e sim que ele podia ser
casado – caso assim desejasse.
Argumentei
também que, se Paulo fosse a favor do celibato obrigatório do clero, não teria
dito que os bispos poderiam ter “uma só mulher”, mas que não teriam que ter nenhuma.
Disse também que Paulo estipulou um limite de “uma”, e não de “zero” esposa.
Ele não estava obrigando a se casar, mas claramente estava abrindo essa
possibilidade. Por fim, citei também o contexto imediato, que fala claramente
sobre esse bispo ter “família” (v.4) e “filhos” (v.4). Era algo que ele simplesmente não
podia contestar, pois a clareza dos textos estava acima de qualquer dúvida.
Em
algum momento do debate ele percebeu isso e mudou de assunto. Ao invés de
continuar debatendo sobre a correta interpretação do texto bíblico em questão,
provando por argumentos lógicos e racionais ou pelo contexto que a minha
interpretação estava errada e a dele certa, ele preferiu correr para o
argumento de que o significado deste texto era oculto e que só o papa podia
interpretar corretamente. Então, se o papa diz que o bispo não pode se casar,
não pode. Se o papa diz que 1ª Timóteo 3:2 não testemunha contra o celibato
obrigatório, então não. Não importa a hermenêutica, a exegese, os argumentos ou
os métodos de interpretação. Importa somente a opinião do papa.
Este
é somente um exemplo de um todo muito maior de ocasiões em que os papistas no
fundo sabem que estão errados e que
estão pervertendo grosseiramente o significado dos textos bíblicos, mas
continuam crendo no engano mesmo assim, porque preferem seguir homens (cf. Jr.17:5)
pelo caminho em que eles andarem. São como ovelhas guiadas ao matadouro por um
lobo que não as permite pensarem por si mesmas para verem se estão sendo
levadas ao erro ou não. O lobo conduz a um precipício, eles veem o precipício, mas preferem
acreditar na palavra do lobo que diz que ali não há precipício algum do que
seguir a própria consciência que vê o precipício.
Mantendo-os
distante do exame das Escrituras e convencendo-os de que são incapazes de
chegarem à outra interpretação que não seja a romana, eles conseguem prendê-los
em seu próprio domínio, cegando-os para que não vejam a luz de Cristo,
manipulando-os para que não conheçam a verdade, e que a verdade não os liberte.
É por meio deste controle mental que eles conseguem perpetuar doutrinas
horrivelmente antibíblicas, como se fossem verdadeiras. Ao invés do católico
pensar e crer, ele crê e depois pensa.
Ao
invés de ele estudar as Escrituras, analisar ambos os argumentos, orar e depois
concluir a favor daquilo que ele considera o mais plausível, e somente depois
disso começar a defender certa doutrina, ele passa a crer nesta doutrina pela
simples razão de que o pontífice romano diz que ela é a doutrina certa. Então, depois disso eles buscam encontrar alguma
base na Bíblia ou na tradição para esta doutrina.
É
como demonstrado no quadro abaixo:
MÉTODO CRISTÃO-EVANGÉLICO
|
MÉTODO CATÓLICO-ROMANO
|
“Aqui estão ambos os argumentos. Qual lado tem a evidência
mais forte? Quais conclusões podemos tirar dessas evidências?”
|
“Aqui está a conclusão. Quais evidências podemos encontrar para o
nosso lado? Quais argumentos poderemos usar para sustentar essa conclusão?”
|
A
resistência à crença no livre exame é simplesmente uma forma que os papistas
encontraram para impedir o fiel católico de buscar a verdade por si mesmo e de poder
chegar a uma conclusão diferente daquela que deve ser aceita a priori. Esta forma de manipulação e
lavagem cerebral se vê de forma mais clara quando um católico tem sua
consciência confrontada com a interpretação do magistério.
O
hoje falecido Aníbal Pereira dos Reis, na época em que era padre, percebeu que
a doutrina romanista do primado de Pedro e do bispo romano não encontrava base
na Bíblia nem na tradição. Ele via como a Bíblia contradizia tais teses
claramente. A consciência dele lhe
dizia que a interpretação do magistério era uma interpretação errada. Ele várias vezes se reuniu com
monges no mosteiro de São Bento, para ver se eles conseguiam refutar aqueles
argumentos que tantas vezes o perturbavam. Mas nada. Cada vez mais ele via os
argumentos papistas sendo facilmente derrubados diante da verdade da Palavra de
Deus.
Foi
quando chegou a um ponto irreconciliável, que obrigou o monge a dizer:
“Temos que nos submeter às determinações da Santa Igreja. Embora
nossa razão rejeite algum dogma, nossa submissão deve ser incondicional. Se
isto é branco e a Santa Igreja diz que é preto, devo-lhe acatar a decisão e
renunciar à lógica”[3]
Em
outras palavras, a palavra do papa é verdadeira porque é a palavra do papa. O
papa não deve provar que a sua interpretação é a verdadeira por causa desses,
desses e daqueles argumentos exegéticos, mas o papa é a própria verdade, e não
está sujeito ao erro ou a discussão. Isso, obviamente, faz do papa um deus. Os
evangélicos perdem tempo fundamentando suas doutrinas com bases e alicerces
bíblicos sólidos quando poderiam simplesmente fazer como o papa e se
auto-proclamarem “infalíveis”, e que essa infalibilidade concede veracidade a
qualquer doutrina a despeito de qualquer argumento contra ou a favor dela.
A
diferença entre o padre Aníbal Pereira dos Reis e o católico recém-mencionado
que debateu comigo é que o padre abriu seus olhos para a verdade, seguiu a sua
consciência, e a verdade o libertou. Tornou-se ex-padre. O outro católico, por outro lado, suprimiu sua própria
consciência, pois fez das palavras do papa as suas, mesmo quando sua
consciência lhe dizia que ele estava errado.
Assim
sendo, se o papa acerta tudo, ele acerta tudo. Mas se é um lobo em pele de
ovelha que erra mais do que acerta, ele erra também. E muito. E de forma
indesculpável, pois não poderá defender-se no dia do Juízo dizendo que não
ouviu ou que não foi persuadido da verdade. Ele foi. Ele só não se deixou
convencer. Ele resistiu à graça. Ele
não deu atenção aos argumentos, nem mesmo à sua própria consciência.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
-Extraído de meu livro: "Em Defesa da Sola Scriptura"
-Meus livros:
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- O Cristianismo em Foco (Reflexões cristãs e estudos bíblicos)
- Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
- Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)
- Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Lucas vc é pastor? Qual a denominação q vc frequenta?
ResponderExcluirNão sou pastor. Frequento a Comunidade Alcance de Curitiba/PR.
ExcluirEssa Igreja é de linha reformada Lucas?
ExcluirNão, é de linha pentecostal moderada.
ExcluirVocê pode ver algumas pregações do pastor Subirá (da igreja em que eu congrego) aqui:
Excluirhttps://www.youtube.com/channel/UCczPEsycoDKpG9ImCAnZSmg/videos
Abs.
Tem certeza que esse pastor não é reformado Lucas? kkkkkkkkkkkkkk
ExcluirBom, depende do que você considera por "reformado". Se "reformado=calvinista" então não. Mas tem alguns que consideram arminianos clássicos e pentecostais moderados como "reformados" também, aí fica difícil saber quem é e quem não é kkkkk
ExcluirLucas, como você responderia a este argumento:
ResponderExcluirA Igreja Cristã criada por Jesus Cristo, continuada pelos apóstolos não foi desfeita! No seculo IV, o imperador romano Constantino convocou os bispos cristãos da época e juntos deram o nome de Igreja Católica Apostólica Romana no lugar de Igreja Cristã! Católica = todos batizados, Apostólica = seguimento dos apostolos, Romana = sede em Roma! A igreja protestante surgiu no século XVI com Martinho Lutero, seguido por João Calvino e Henrique VIII (creio que vc viu isso nas aulas de História no ginásio!) e fugiram da verdadeira doutrina cristã! Eliminaram 7 livros e alguns versículos de 2 outros da Bíblia! Alteraram a tradução dos textos, para que eles fossem a favor do protestantismo! Depois deles que começaram nos séculos XVIII e XIX a surgirem outras doutrinas protestantes!
O cara que escreveu isso devia estar dopado ou bêbado.
ExcluirPrimeiro que NINGUÉM na época de Constantino deu o nome de "Igreja Católica Apostólica ROMANA", qualquer anta que leia as atas do concílio percebe que o nome era apenas "Igreja Católica Apostólica", sem o "Romana" que o cara de pau quer enfiar para dentro do concílio. Veja o que diz a Epístola Sinodal à Igreja de Alexandria sobre o primeiro Concílio de Niceia:
“De modo que aqueles homens não tenham autoridade para fazer registros de pessoas que sejam de seu agrado, nem sugerir nomes, nem fazer nada que seja, sem o consentimento dos bispos da IGREJA CATÓLICA E APOSTÓLICA, que estão servindo sob o governo do santo colega Alexandre. Ao mesmo tempo aqueles que, pela graça de Deus e através de preces, não se encontravam entre os cismáticos, mas, pelo contrário, estavam sem mancha na IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA devem ter autoridade de fazer registros e nomeações de pessoas dignas entre o clero, e, em resumo, fazer todas as coisas de acordo com a lei e ordenação da Igreja”
Segundo, Lutero apenas restaurou boa parte das doutrinas que foram simplesmente ABANDONADAS por Roma, ou seja, ao invés de ele criar uma religião nova, ele apenas restaurou o que havia sido deteriorado da original. Eu escrevi sobre isso neste artigo:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/03/a-origem-das-doutrinas-da-reforma.html
Terceiro, essa estorinha de que Lutero "arrancou sete livros da Bíblia" é conversa de católico EMBUSTEIRO que nunca leu nada na vida. Os judeus NUNCA aceitaram a canonicidade destes livros, os Pais da Igreja também NUNCA aceitaram a canonicidade destes livros, e nem a maioria dos doutores da Igreja que vieram depois (dentre os próprios romanos) aceitava a canonicidade destes livros. Foi a Igreja Romana que ACRESCENTOU estes sete livros, não Lutero quem "retirou". Se quiser ler sobre o assunto sob uma perspectiva histórica e não sob as papagaiadas dos militontos catoleigos, confira estes artigos:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/06/os-judeus-e-o-canon-veterotestamentario.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/02/o-canon-biblico-dos-judeus.html
http://apologiacrista.com/desmascarando-os-livros-apocrifos-p12
http://apologiacrista.com/desmascarando-os-livros-apocrifos-p2
Abraços.
E qual o método de sabermos que uma doutrina está certa ou não, se não há uma autoridade que mostre qual a correta. É exatamente por isso que existem muitas igrejssvevsngelicas se divergindo uma da outra e todas se dizem corretas. Na verdade, o livre exame faz mais mal ao cristianismo do que bem. Abraços.
ResponderExcluirJá sei, o método correto é calarmos a boca e esperarmos o posicionamento infalível do papa infalível sentado na cátedra infalível da igreja infalível, acertei?
Excluir"E qual o método de sabermos que uma doutrina está certa ou não. "
ExcluirEstudando Teologia da forma correta. Isto é, utilizando a Hermenêutica e a Exegese.
"se não há uma autoridade que mostre qual a correta."
A Bíblia é a autoridade infalível (e não um suposto ser humano que se diz infalível - Papa - ). E é a partir dela que sabemos a verdade. Bem como aquilo que condiz e não condiz com as Escrituras Sagradas.
"É exatamente por isso que existem muitas igrejas evangélicas se divergindo uma da outra e todas se dizem corretas."
Antes de mais nada, também existe muitas igrejas católicas se divergindo umas das outras. Em segundo lugar, as Igrejas evangélicos se divergem em certos pontos teológicos, mas não em todos eles. E vcs, papistas, sempre tentam trazer a imagem de que as igrejas evangélicos divergem em tudo. Quando na verdade isso não condiz com a realidade. Pois a maioria das Igrejas Evangélicas concordam com as 5 Solas; no Livre-Exame; que só por meio de Cristo se chega ao Pai; Que Cristo pagou nossos pecados na cruz do calvário; Que sem Fé não há salvação e etc.
Portanto, há sim, um consenso doutrinário entre as Igrejas Evangélicas.
" Na verdade, o livre exame faz mais mal ao cristianismo do que bem."
Isto é piada?! Só pode! Na verdade, meu caro amigo, foi por causa da proibição do Livre-Exame que ocasionou fatos lamentáveis como por exemplo: A Inquisição, As Cruzadas, A Noite de São Bartolomeu, etc. E esses fatos temporais acabaram denegrindo a história do Cristianismo. Sendo assim, vamos para um rápido exercício mental: Você acha que se as pessoas lessem a Bíblia e conhecesse o Evangelho de Cristo, elas concordariam em queimar outras pessoas vivas só por motivos religiosos? Hein? É claro que não!!!
O que a ICAR fez foi esconder as Escrituras Sagradas para enganar o povo de suas atrocidades e ainda manter o poder. Poder este que muitas vezes era superior de um rei, chegando a depor alguns reis da Europa por não se submeter ao Papa.
Obs: A Igreja de Cristo não omite a verdade, mas sim, a expõe. Para que o pecador seja liberto pela verdade. Coisa da qual a ICAR não fazia.
Muito bem colocado!
ExcluirEste artigo é espetacular! Impressionante mesmo! Antologia de argumentos sólidos... Parabéns Lucas Banzoli por estar realizando esse grande trabalho.
ResponderExcluirObrigado!
Excluir