O protestantismo é do diabo porque é "dividido"? Então vá estudar história da Igreja!


O principal – e talvez único – ataque dos papistas raivosos contra os evangélicos é o “argumento da divisão”. Enquanto o militante tridentino espuma pelos dentes, ele diz algo mais ou menos assim:

– O protestantismo é dividido! Vocês têm um monte de doutrinas diferentes, seus hereges satânicos, filhos da serpente! A Igreja Católica é una, então ela é verdadeira!

Em meus vários artigos já escritos sobre o tema, mostrei inúmeras falhas neste argumento do desespero, entre eles: (a) o fato de que o tamanho dessa “divisão” é sempre enormemente aumentado pelo debatedor católico desonesto, que sempre inclui igrejas como mórmons e testemunhas de Jeová no mesmo grupo de “protestantes”, para tentar aumentar as “divergências” (leia aqui sobre este truque); (b) o fato de que há religiões mais unidas do que a católica; (c) o fato de que pluralidade não implica necessariamente em apostasia, desde que não conflite com uma doutrina fundamental; (d) o fato de que os próprios católicos são divididos.

Só este último ponto já seria o suficiente para esmagar as pretensões de um apologista católico desonesto que queira usar o argumento da divisão contra os evangélicos. Se tem uma igreja que foi desde sempre cismática, arrogante, orgulhosa e litigiosa, esta foi a igreja de Roma, cuja prepotência se tornou tão insuportável que causou o grande cisma de 1054 d.C com a igreja ortodoxa, anos antes dos cruzados romanos saquearem Constantinopla, assassinando cristãos ortodoxos e colocando prostitutas no trono do patriarca oriental.

Ainda hoje esta igreja afundada na mais profunda depravação moral é completamente fragmentada entre a renovação carismática católica, os teólogos da libertação, os sedevacantistas, os tradicionalistas, os modernistas, os liberais, os ecumênicos, os tridentinos, os olavetes, os episcopais, os veterocatólicos e os padres "comunistas" da CNBB. Todos brigando entre si dia e noite nas redes sociais, se excomungando mutuamente o tempo inteiro, pregando ensinos diferentes e se dizendo os verdadeiros e únicos porta-vozes da “santa” e “una” Igreja de Cristo. Depois de ler este artigo sobre o “UFC Católico”, só um verdadeiro lesado poderia ter a cara de pau de usar o argumento sem vergonha da “divisão” contra os protestantes. Primeiro retirem a trave do seu olho.

Mas mesmo que a Igreja Romana fosse o mar de flores e o conto de fadas que os embusteiros papistas tentam passar, será que a pluralidade de doutrinas protestantes seja por si só o bastante para impugnar a fé evangélica? Se alguém pensa assim, só mostra uma coisa: que não entende porcaria nenhuma de história da Igreja. Diferente deste mundo de fantasia em que os zumbis tridentinos se encontram, a Igreja primitiva tinha muitíssimas divergências – doutrinárias, inclusive, e algumas delas muito sérias. Ainda na época de Paulo, a igreja da Galácia estava mergulhada em heresias judaizantes, ao ponto do apóstolo ter dito:

“Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio? Será que foi inútil sofrerem tantas coisas? Se é que foi inútil!” (Gálatas 3:3-4)

A igreja de Corinto, por outro lado, estava cheia de gente que não cria na ressurreição (1Co.15:12), o que levou Paulo a escrever o maior capítulo das epístolas para corrigir este erro. Ela ainda tinha fortes influências liberais, pois os irmãos dali estavam orgulhosos de uma prática imoral e incestuosa praticada por um homem dali (1Co.5:1-2), o qual mantinha relações com a mulher de seu pai. Ela também tinha alguns “excessos pentecostais”, por assim dizer, supervalorizando e usando errado o dom de línguas, o que levou o apóstolo a escrever todo o capítulo 14 de sua primeira carta para corrigir isso também.

A igreja de Colossos estava, aparentemente, sendo alvo de um início de heresia gnóstica (Cl.2:8). Quando João escreveu sua terceira epístola, ele faz menção a um líder eclesiástico de alguma igreja desconhecida, o qual agia como ditador, excomungando a seu bel-prazer qualquer um que ele não fosse com a cara:

“Escrevi à igreja, mas Diótrefes, que gosta muito de ser o mais importante entre eles, não nos recebe. Portanto, se eu for, chamarei a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras maldosas contra nós. Não satisfeito com isso, ele se recusa a receber os irmãos, impede os que desejam recebê-los e os expulsa da igreja” (3ª João 1:9-10)

A igreja de Tessalônica, por sua vez, sofria de graves erros escatológicos, ao ponto de pensarem que Jesus voltaria imediatamente (2Ts.2:2). Novamente, Paulo precisou dedicar um capítulo inteiro para corrigir este equívoco teológico e reafirmar os eventos que precederiam a volta de Jesus. Paulo ainda fez menção a crentes desonestos, que pregavam a Cristo por “inveja e rivalidade” (Fp.1:15), e a outros que tentavam lucrar com o evangelho (1Tm.6:5). Aos romanos, Paulo fez menção ao fato de que alguns guardavam dias e outros não (Rm.14:5), que alguns comiam carne e outros não (Rm.14:2), e que era para cada um tolerar o outro e tentar viver em harmonia assim mesmo (Rm.14:3).

Quando chegamos às cartas às sete igrejas, o cenário fica ainda mais crítico. A igreja de Éfeso havia perdido seu primeiro amor (Ap.2:4-5); a igreja de Pérgamo se apegava aos ensinos dos nicolaítas (que incluía a poligamia), seguia a Balaão, praticava imoralidade e sacrificava aos ídolos (Ap.2:14-16); a igreja de Tiatira tolerava Jezabel, também praticava imoralidade, sacrificava aos ídolos e não se arrependia dos pecados (Ap.2:20-23); a igreja de Sardes estava a ponto de morrer e tinha apenas uns poucos que não haviam apostatado (Ap.3:1-4); e a igreja de Laodiceia ensinava teologia da prosperidade e seria vomitada da boca de Cristo (Ap.3:14-19).

Não estamos falando aqui de igrejas “sectárias”, mas das igrejas consideradas cristãs no primeiro século – aquelas mesmas a quem Paulo escrevia chamando de “igreja de Deus” (1Co.1:2). Numerosas heresias diferentes e doutrinas divergentes em cada canto, e mesmo assim... eram igrejas de Deus!

O conto de fadas do zumbi tridentino, que tem em mente aquela imagem bonitinha da igreja perfeita, fica ainda pior quando lemos os escritos dos Pais da Igreja e temos contato com as enormes divergências doutrinárias e discussões teológicas da época. Agostinho discutia com Jerônimo sobre se os judeus tinham ainda que guardar a lei ou não (Jerônimo cria que não, e Agostinho dizia que sim)[1]. Os primeiros cristãos (como Papias, Clemente, Irineu e a Didaquê) criam em um milênio terreno e eternidade na nova terra, enquanto os Pais de data posterior (como Eusébio e Agostinho) adotavam o amilenismo e espiritualizavam o milênio. 

Enquanto Jerônimo, Epifânio e Agostinho defendiam a virgindade perpétua de Maria, cristãos como Eusébio[2], Vitorino e Tertuliano[3] discordavam. Clemente de Alexandria escreveu que em sua época a maioria dos crentes não cria que Maria permaneceu virgem depois do nascimento de Jesus, embora ele próprio cresse no contrário[4]. A questão da pecabilidade de Maria também foi alvo de muita divergência. Tertuliano, Irineu, Basílio, Crisóstomo e Cirilo de Alexandria afirmavam explicitamente que Maria pecou. Cirilo de Jerusalém e Gregório Nazianzeno ensinavam que Maria foi santificada algum tempo antes do nascimento de Jesus, mas não desde a concepção. Agostinho e Ambrósio defendiam a impecabilidade de Maria, mas não a imaculada conceição, que foi defendida por Teodoreto[5].

Em meu livro mais recente, mostrei centenas de citações onde os primeiros cristãos (entre eles Inácio, Clemente, Policarpo, Hermas, Barnabé, Polícrates, Justino, Aristides, Taciano, Teófilo e a Didaquê) rejeitavam a tese da imortalidade incondicional da alma[6]. Por outro lado, a partir do final do século II essa doutrina passou a ser ensinada por Atenágoras, e depois por Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes. Os últimos dois, por sinal, eram explicitamente universalistas (i.e, criam na salvação e vida eterna do diabo e dos ímpios no final), assim como Gregório de Nissa[7]. Eles também tinham divergências sobre a origem da alma: desde a alma como o corpo visível (Taciano), passando pelo traducianismo materialista (Tertuliano) e chegando ao traducianismo espiritualista (Agostinho).

Embora os Pais da Igreja em geral tenham defendido o livre-arbítrio, o mais importante deles, Agostinho, cria numa eleição incondicional[8]. Embora o Concílio de Niceia tenha prescrito o celibato dos sacerdotes, Clemente de Alexandria e Eusébio disseram que os apóstolos eram casados, e foram contra o celibato obrigatório[9]. Embora Agostinho fosse contra juramentos[10], João Crisóstomo defendia isso abertamente[11]. Embora Lactâncio tenha pregado vigorosamente contra o uso da força[12], Agostinho foi enfaticamente em favor da coerção[13].

A questão do divórcio também era outro ponto de bastante polêmica e divergência. Tertuliano, Lactâncio e Cirilo de Alexandria defendiam que o divórcio era permitido em casos de adultério, ao passo em que Jerônimo, Clemente de Alexandria, Orígenes e Agostinho eram contra até neste caso[14]. Tertuliano e Atenágoras eram tão mais rigorosos que diziam que até os viúvos que se casassem de novo estariam cometendo adultério![15]

Como era de se esperar, os primeiros cristãos também divergiram sobre a questão do batismo. Tertuliano se posicionou explicitamente contra o batismo infantil[16], e a Didaquê torna extremamente improvável que bebês fossem batizados[17]. A partir do terceiro século, Orígenes começa a pregar o batismo infantil e a influenciar os Pais da Igreja da mesma época. Mesmo assim, muitos deles, que nasceram cristãos, não foram batizados senão apenas na idade adulta, o que mostra que esta ainda não era uma prática universalizada na Igreja[18]. Vale ressaltar ainda que tanto a Didaquê quanto Cirilo de Jerusalém ensinaram expressamente o batismo por imersão[19], e também lembrar a famosa briga entre Cipriano, a favor do rebatismo, e Estêvão, que era contra[20].

Até a data da Páscoa foi alvo de enorme polêmica no segundo século. Na época, Policarpo entrou em conflito com Aniceto por causa do dia da celebração[21], o que se repetiria mais tarde entre Polícrates e Vitor, precisando da intervenção de Irineu para apaziguar os ânimos, já que se falava até de excomunhão por conta desta divergência[22]. Faltaria-me tempo para mencionar aqui divisões sobre a cláusula filioque, sobre culto às imagens, sobre eucaristia, sobre liturgia, sobre livros canônicos e apócrifos, sobre o limite da jurisdição e autoridade do bispo romano, sobre a quantidade de juízos futuros, sobre escatologia, bem como de tantas outras divergências entre as igrejas cristãs e bispos cristãos dos primeiros séculos, daquela mesma Igreja conhecida como “universal” ou “católica”, da qual os romanistas dizem que faziam parte.

Basta ler um livro decente sobre história da Igreja para perceber que a Igreja pintada pelos apologistas católicos é uma fantasia criada pela mente fértil do leigo alienado. Enquanto o papista burro pensa que “unidade” significa uma Igreja totalmente harmoniosa que não possui divergência teológica nenhuma uns com os outros, uma análise básica da história da Igreja nos mostra precisamente o contrário. Mas se o conflito e as divergências sobre doutrina impugnam necessariamente uma igreja, tornando-a “satânica”, então nem as igrejas cristãs da época de Paulo (que estavam cheias de erros), muito menos as igrejas primitivas da era patrística (que também tinham inúmeras divergências teológicas entre si) deveriam ser consideradas “cristãs” mesmo.

Pela lógica do papista, teriam que ser consideradas “satânicas”, e a Igreja mesmo só teria surgido séculos mais tarde, quando o bispo romano, de forma unilateral e ditatorial, proclamou sua própria “jurisdição universal”, mandando e desmandando em Roma da forma que bem entendesse. De fato, é só assim que se consegue a tão sonhada “unidade” da utopia do papista burro: com um ditador que dita todas as regras do jogo, em seus mínimos detalhes, decidindo tudo o que alguém deve crer, e no que não deve. Mas nem essa igreja romana medieval existe mais: atualmente, o papa é mais fantoche que ditador. Ele permite e até incentiva movimentos internos conflitantes na ICAR, como todos os outros que já mencionei.

Os católicos da renovação carismática praticam o falar em línguas pentecostal igual os “protestantes satânicos” fazem, tem retiros de cura interior e libertação igual os “protestantes satânicos” têm, praticam o “cair no Espírito” igual os “protestantes satânicos” praticam, quebram maldições hereditárias igual outros “protestantes satânicos” quebram, tem liturgia moderna igual os “protestantes satânicos” tem, e na raiz de seu movimento tem a pesada influência de livros escritos por “protestantes satânicos”, como o pastor David Wilkerson.

No vídeo abaixo, o padre Jonas, da RCC, ensina o catoleigo a falar em línguas:


Aqui tem legendado, para ficar mais fácil de aprender e praticar:


Neste outro vídeo, o padre derruba as freiras no chão pelo “cair no Espírito”:


Neste outro vídeo, um padre muito famoso diz que o demônio não existe, e desafia Lúcifer e Belzubi contra ele:


Neste outro vídeo, o padre Pinto faz missa junto com os macumbeiros:


Neste outro vídeo, os católicos franceses fazem missa junto com os adeptos do candomblé, com todos os "pais de santos" dentro da igreja, e logo depois vão dançar axé com a Margareth Menezes:


Em meio a tudo isso, o que o papa Francisco faz? Excomunga todos do movimento carismático? Não. Na verdade, ele disse isso:

“Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são uma graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova[23]

E, mesmo assim, ainda tem um bando de tridentino fanático dizendo que “a Igreja Católica é una” e que não tem absolutamente nenhuma divergência doutrinária interna. Alguns mais fanáticos ainda dizem que “a RCC não é catolicismo” (nem o papa deve ser “catolicismo” então!).

Em suma, da próxima vez que um tridentino doente vier usar o argumento da divisão contra você, faça ele tirar a trave que cega o olho dele, e mande-o estudar a história da Igreja, para ver se ela era essa unidade doutrinária total que só existe no mundo de faz-de-conta dos zumbis tridentinos, os quais vivem encerrados numa torre de marfim, totalmente desconectados do mundo real, ainda esperando o dia em que o papa finalmente colocará para debaixo dos seus pés todos os “inimigos da Igreja”.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1] Agostinho, em Carta a Jerônimo.
[2] História Eclesiástica, Livro II, 1:2.
[3] Contra Marcião IV, 19.
[4] Stromata, 7, 16.
[7] Gregório de Nissa, Da Alma e da Ressurreição.
[8] Agostinho, A Vocação dos Eleitos.
[9] História Eclesiástica, Livro III, 30:1-2.
[10] Do Sermão do Monte, 17.
[11] Comentário ao Evangelho de Mateus, Discurso XVII, 6.
[12] Epitome divinarum institutionum, Livro V, 20.
[13] Carta a Vicente.
[14] Bernardo Bartmann, Teologia Dogmatica, vol. III, pag. 391.
[15] Atenágoras, Petição em Favor dos Cristãos, 33.
[16] Tertuliano, Do Batismo.
[17] Didaquê, c. 7.
[19] Cirilo de Jerusalém, Segunda Catequese Mistagógica, c. 4.
[20] Opere di San Cipriano, Lettera 73, pag. 697.
[21] História Eclesiástica, Livro V, 24:16.
[22] História Eclesiástica, Livro V, cap. XXIV.

Comentários

  1. parabéns lucas os católicos precisam aprender que eles próprios se constituíram em uma seita desde que escolheram e se separaram da igreja primitiva, numa facção isolada em Roma.

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  2. Muito bom o artigo.

    Quando puder, veja a página do Olavo no facebook (não confundir com o perfil pessoal), o senhor aloprou, agora está dando pitaco até sobre eleição, sola fide… Risível kkkkk

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    1. kkkkkkkkk

      O pior é que os argumentos do Olavo contra o protestantismo são IDÊNTICOS aos dos catoleigos em geral nas redes sociais, ou talvez piores. Dá até angústia ver aquele cara que consegue escrever tão bem e inteligentemente sobre outros assuntos, e de repente comparar com esses argumentos medíocres que qualquer evangélico com escolinha dominical já consegue rebater. São tantas falácias que seria impossível reunir tudo num post só. Ad hominem contra Lutero e Calvino, argumentum ad antiquitatem o tempo inteiro, até a acusação infantil e risível de que "os protestantes odeiam a Virgem Maria" ele fez. Pra mim isso isso é sinônimo de decadência.

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  3. Lucas, os católicos vão ficar pior depois der este artigo. Porém, todo protesto vai andar por aí bem camuflado, disfarçado em outros motivos pelo simples fato de não querer reconhecer que o artigo ficou bom demais e os acertou em cheio. Eles têm que conviver com isso até Jesus voltar: os evangélicos fazem melhor do que eles.

    Para se ter um ideia, procure artigos falando sobre escatologia, história da Igreja, morte na cruz, velho e novo testamentos, sobre Escrituras e etc. A maioria vem de escritores evangélicos. A contribuição católica quase não existe. Eles não sabem nada!

    Não sei o que seria da igreja protestante se não houvesse tanta informação.

    Meus parabéns ... Excelente texto!

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  4. bom dia , essa confusao de conceitos catolico(dons de línguas , diabo existe ou não , padre carnaval) sobre alguns assuntos não tem validade , pois tambem encontramos nos evangélicos. temos que procurar em ambas o conceito genuíno da doutrina. (padres, bispos, pastores, obreiros --todos malucos encontramos em ambas). Uma pergunta: quando eu utilizo argumentos historicos e doutrinais em certos grupos (anabatistas, Valdenses...) que foram grupos fieis aos ensinamentos de Cristo , não estamos instituido uma tradição oral ? Se durante a historia caminharam lado a lado ROMANISTAS E FIEIS AOS ENSINAMENTOS vejo ai uma tradição escrita e oral ( uns certos e outros errados)

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    1. Você precisa entender o que significa "tradição oral". Tradição oral é aquilo que supostamente foi dito por Jesus e pelos apóstolos e que foi transmitido oralmente adiante pelas gerações seguintes, sem estar contido em parte alguma das Sagradas Escrituras. Esse tipo de tradição oral é comprovadamente corrompido desde pelo menos o século II, quando numerosas tradições divergentes já começavam a se acumular, e nenhuma linha doutrinária de tradição "confiável" poderia ser traçada de um Pai da Igreja até um apóstolo. Tanto é assim que a tradição do oriente (Igreja Ortodoxa) ainda é completamente divergente da tradição do ocidente (Igreja Romana). Isso não tem nada a ver com o que anabatistas ou valdenses afirmavam (eles não diziam que tinham "tradição oral"). Estes grupos diziam seguir a Bíblia, igual os Pais da Igreja faziam, e não alguma tradição oral extrabíblica. Eu escrevi mais sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/05/ouca-tradicao-da-igreja-mas-qual.html

      E também em meu livro:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/06/novo-livro-em-defesa-da-sola-scriptura.html

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  5. Lucas, estava lendo um livro muito interessante sobre os erros do catolicismo.O titulo é : On the Errors of Romanism Traced to Their Origin in Human Nature, do arcebisbo episcopal Richard Whately. Ele desmonta o esquema mental romanista, a religião sacerdotalista, a confiança em autoridades humanas, a confusao entre autoridade e infalibilidade. Realmente uma leitura interessante.

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    1. Obrigado pela sugestão, parece bem interessante o livro. Será que tem esse livro traduzido por alguma editora?

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    2. Não acho, pois consegui baixa-lo no archive.org e este é um livro bem raro.

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    3. Que pena. Eu achei aqui no Google Books, mas se tivesse em português seria muito melhor.

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    4. Umas grandes confusões dos romanistas citadas é confundir autoridade com infalibilidade.

      Basta dar uma lida rápida nos reformadores para saber que eles consideravam que a Igreja e a tradição era autoridades, mas não era imunes ao erro. Dai nasceu o slogan Sola Scriptura, pois diferente da tradição e dos concílios, ela foi inspirada por Deus, sendo portanto infalível.

      A Igreja e tradição tem autoridade falivel, mas se trata de uma autoridade derivada. Como os Apóstolos ensinaram, até seus próprios ensinos poderiam ser testados pela Escritura, como os bereanos fizeram. A questão é, como um romanista pode testar o ensino da sua Igreja pela Escritura? Ele simplesmente não pode. Como ele pode testar o ensino da sua Igreja pela tradição? Também não pode.

      Por isso, a ideia de que o romanismo tem três autoridades finais (magistério, tradição e Escritura), além de contraditória, é falsa. A única autoridade final é o suposto magistério infalível, por isso devemos chama-la Sola Eclesia. E aqui, os apologistas católicos tem invertido o ônus da prova. Não somos nós que temos que provar uma negativa universal "não há nenhuma outra regra infalível de fé além da Escritura", nós só temos que demonstrar que a Escritura é uma regra infalível de fé e esperar deles as evidências da existência de outras regras infalíveis.

      Como não há evidências de que haja uma Igreja Infalível ou tradição infalível, o princípio da Sola Scriptura é bíblico, consistente e histórico (vide testemunho dos Pais da Igreja). Os pais da Igreja também apelavam à tradição (nunca como um suplemento doutrinário das Escritiras) ou à Igreja (que obviamente não era romanista), porém atribuíram infalibilidade e autoridade final somente à Escritura.

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  6. Eu achei estas línguas estranhas, muito " estranhas " mesmo ! ... Pareceu-me algum tipo de " dialeto " africano, não ? Se sim, então CHUTA QUE É MACUMBA !!! Kkkk

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    1. Ainda não vi o vídeo,mais eu sempre achei que o falar em línguas era algo espontâneo que acontece quando se é batizado no espírito santo.Pelo menos foi isso que eu pude observar na minha igreja ...Qual sua opinião sobre isso lucas?

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    2. Eu concordo com você, o que eu discordo é de quem ENSINA a falar em línguas repetindo um monte de palavras desconexas, como o padre faz. Já recebi carta de católico da RCC falando a mesma coisa, que lá eles são ENSINADOS a falar em línguas repetindo palavras, em vez de falarem em línguas de verdade. Eu escrevi sobre o assunto das línguas aqui:

      http://apologiacrista.com/o-dom-de-linguas-uma-analise-de-1-corintios-14

      Abraços!

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  7. A igreja católica apostólica romana é una, pois não pode haver divisão dentro do corpo: Igreja Católica Apostólica Romana. Não há divisão institucionalizada. Quem se separa desse corpo e funda uma igreja em oposição à Roma, não pertence mais ao corpo da Igreja de Roma, assim, não é o mesmo que dizer que a Igreja Católica Romana tem divisões. Então, quando houve o cisma dos ortodoxos, não significa que a Igreja Católica deixou de ser una, pois ela tem a ortodoxa como cismática; não seria una se admitisse a ortodoxa dentro do corpo católico, assim, qualquer um que sai do corpo deixa de ser católico, por mais que se use o nome de católico.

    Ad argumentum: então, o mesmo raciocínio pode ser usado no protestantismo, por exemplo, a igreja mundial do poder de deus surgiu de uma pessoa que era da igreja universal do reino de deus, então, se assim for, pode-se dizer que a IURD é una, pois quem saiu dela não é mais considerado da IURD.

    Em oposição: Ocorre que quem saiu da IURD e foi para a mundial do poder de deus, não deixou de ser protestante, continua sendo protestante. Ao contrário, quem saiu da Igreja Católica Apostólica Romana deixou de ser católico, deixou de pertencer ao corpo místico de Cristo. Não há um apoio institucional à divisão dos dogmas católicos, o que ocorre é divergência sobre assuntos de livre discussão e também ocorre dos que estão em pecado mortal -assim, fora do corpo místico de Cristo - divergindo do que o Papa reinante ensina.
    Pode ocorrer também de o protestante usar da mesma tese, dizendo que, por exemplo, que há luterano que não reconhece como protestante quem saiu da igreja luterana, assim, se quem saiu da Igreja Católica Romana não é mais católico, quem saiu da igreja luterana também não é mais protestante. É um argumento muito válido, se não tivesse um pequeno problema:as milhares de igrejas protestantes dizerem exatamente isto: "quem saiu da minha igreja não é mais protestante". Veja a confusão que se tornaria, a pessoa ficaria perdida, por isso, é muito mais seguro ir para a primeira igreja cristã, que foi a católica, de modo que tudo que se origina dela, tudo que se desmembra dela é falso.
    Ainda, a Igreja Católica Apostólica Romana não foi fruto de desmembramento de nenhuma outra igreja cristã existente, assim, ao contrário, não existe Igreja Protestante que não tenha sido criada sem ter tido uma igreja cristã antes, por isso a confusão protestante é de imperar


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    1. Me desculpe, mas esse discursinho fajuto, simplista e mentiroso criado pela apologética católica não engana a mais ninguém. A primeira coisa que você deveria saber caso estudasse e lesse os documentos antigos é que na Igreja antiga a Igreja de Roma era APENAS UMA DENTRE TANTAS OUTRAS COMUNIDADES CRISTÃS LOCAIS, como a Igreja de Antioquia, a Igreja de Alexandria, a Igreja de Jerusalém, a Igreja de Éfeso, e assim por diante. Em outras palavras: ela não era A Igreja universal (=católica), mas FAZIA PARTE dessa igreja da mesma forma que as outras tantas. Foram os apologistas católicos que de forma desonesta, sorrateira e trapaceira se esforçaram para inculcar na cabeça dos ignorantes que a Igreja Católica antiga era a própria Igreja Católica Apostólica Romana de hoje. Isso é desonesto, mentiroso e desleal. Aqui não tem nenhum bobo não, não é blog de apologética católica.

      O que você e seus correligionários querem transmitir é a ideia ridícula e patética de que quando a Igreja de Roma rompe comunhão com todas as demais, são todas as demais que estão erradas e são “cismáticas”, e só ela é a certa onde a unidade se mantém! É preciso ser idiota demais para comprar um discurso desses. Qualquer um que estude um mínimo sobre o Cisma do Oriente verá o quão claro e óbvio é que o mesmo foi causado pelos romanos, cujo papa arrogantemente quis se colocar acima de todos os demais bispos e excomungou o patriarca ortodoxo como se tivesse tal autoridade. Sobre isso eu já escrevi no artigo intitulado “Como a Igreja de Roma rachou a Igreja de Cristo”:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/11/como-igreja-de-roma-rachou-igreja-de.html

      A partir do momento em que vocês RACHAM A IGREJA CRISTÃ AO MEIO, já não tem moral alguma para reclamar de qualquer nova divisão ou racha no meio de vocês. Perderam totalmente a moral. Vão resolver os cismas de vocês antes de querer ter alguma autoridade para falar dos cismas dos outros.

      Seus outros argumentos são tristes. Nenhum luterano diz que “apenas a Igreja Luterana é protestante", e seus espantalhos de que nós evangélicos pensamos que apenas a nossa denominação é autêntica mostra o quanto você está totalmente por fora do que é o protestantismo, isso se não for desonesto mesmo e estiver criando o espantalho de forma consciente e deliberada. Nós reconhecemos as outras igrejas como protestantes, e a existência de múltiplas igrejas não implicam necessariamente em divisão. Grande parte das igrejas evangélicas que surgem não nascem de um cisma com outra igreja maior (o que às vezes também acontece, mas em uma minoria de casos).

      Dentro das três principais vertentes protestantes (tradicionais, pentecostais e neopentecostais), as igrejas que compõem cada uma dessas categorias apresentam diferenças mínimas umas com as outras, diferindo-se de forma mais significativa apenas em relação aos outros grupos. É o mesmo que ocorre na ICAR, com suas alas tradicionalistas, modernistas, da Renovação Carismática Católica, os veterocatólicos, os sedevacantistas e a lista vai longe. Todos eles se digladiando entre si e sustentando eles mesmos serem os “verdadeiros católicos” em conformidade com “a tradição da Igreja”.

      Aceite com humildade: a sua igreja nasceu sendo apenas mais uma comunidade local em meio a tantas outras, que por causa da pretensão de papas soberbos e prepotentes quis se colocar acima de todas as demais e rachou a Igreja cristã ao meio, como Lúcifer fez com os anjos do céu em sua soberba, fazendo surgir no Ocidente a “Igreja Católica Apostólica Romana” que até os dias de hoje pensa ser a Igreja Católica universal, a única fundada por Cristo, aquela que os apóstolos faziam parte, quando não passa de uma seita subversiva, causadora de divisões e que prostitui o evangelho a cada dia mais.

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    2. Só um adendo, a discussão parece se concentrar no que vem a ser a catolicidade e a unidade.
      O que os católicos dizem: a catolicidade da Igreja se baseia no comando de "Ide, ensinai todas as nações..." ou também que se diz que o Senhor reunirá todos os povos no reino do Messias e que até os pagões o reino de Deus irá se estender, ou quando se diz que "minha casa será uma casa de orações para todos os povos". Então, o que quero dizer com essas citações é que o termo "catolicismo" que dizemos significa a universalidade, a supernacionalidade, nós não somos isolacionistas, digo, não nos restringimos a apenas um povo, ou uma parte do mundo, em suma, catolicidade é: estender-se para todas as nações. No caso do início do cristianismo, é óbvio que ocorreu de alguns divergentes, de alguns que não quiseram seguir o catolicismo, mas esses duraram até hoje? Qual igreja da época que se estendeu (isto é, que houve a catolicidade) como houve com o catolicismo? Lembremo-nos de que: "Se o seu projeto ou a sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá;"

      Estender-se, veja o verbo no presente, a catolicidade não é expressão morta ou no passado, no início do catolicismo, éramos tão pequenos, mas fomos crescendo, até abrangermos a todos os povos, está é catolicidade, "o estender-se" Agora, o fato de a Igreja não ter conseguido chegar a uma cidade, por exemplo, não significa que catolicidade não há, pois a tarefa de se estender está em continuidade, vide caso da China, lá nós temos a catolicidade apenas no subterrâneo, pois o governo nos proíbe, o que há lá uma falsa igreja católica do governo.
      Existe alguma outra religião que tenha a catolicidade, isto é, a universalidade? Não, os ortodoxos, por exemplo, estão muito mais reclusos em parte do oriente do que no ocidente, em minha cidade, em meu estado, por exemplo, não se escuta falar em existência de ortodoxos. Ainda, essa catolicidade tem que ser do tempo do e do espaço, de modo que o estender-se nunca pode ter cessado e, nós sabemos, a Igreja Católica nunca cessou suas atividades, sempre esteve "de pé".

      A unidade pressupõe a uniformidade da fé, "para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." isso não ocorre no protestantismo, que inúmeras igrejas, cada uma tem uma doutrina diversa e a desagragação vai aumentando todos os dias, um membro de uma dessas igrejas pode até frequentar outras igrejas protestantes e formar a sua própria fé, misturando um pouquinho aqui, outros acolá, já o católico, por sua, vez, quando for tentado em divergir de algo, deve sempre ir para o papa solucionar o impasse dos temas de livre discussão, agora, quando o papa determina uma certa corrente, não cabe mais ao católico não aceitar, sob pena de sair de ser um membro morto da Igreja, claro que ha peculiaridades sobre, mas, por exemplo, há os sedevacantes e os carismáticos, veja, os sedevacantes não são católicos, eles estão fora do corpo, assim como os protestantes estão, por sua vez, a renovação carismática é um movimento em comunhão com Roma, logo, está no corpo católico, mas isso não significa que não haja tema de livre discussão que a renovação defende, o que nenhum católico pode divergir são dos dogmas, e nem pode divergir quando o papa já soluciona o impasse.

      Só queria mesmo adentrar no que nós, católicos, dizemos significar a catolicidade e a unidade. Abraço!

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    3. Isso que você faz é uma distorção do conceito de catolicidade. O termo “católico” ou “universal” designa a missão da Igreja de espalhar o evangelho em todos os quatro cantos da terra, e não necessariamente implica que ele já tenha chegado a todos os lugares, ou que se não chegou então não é “católico”. A Igreja já era chamada de “católica” antes de ter igrejas instaladas em todos os países do mundo. Quando Colombo descobriu a América e ainda não havia igreja nenhuma instalada no Novo Mundo, a Igreja Católica não tirou o termo “católico” do nome, seja a do Ocidente (Romana) ou a do Oriente (Ortodoxa). Elas não esperaram instalar igrejas nesses territórios recém descobertos para então voltarem a se chamar de “católicos”. Em termos simples: ser católico NÃO IMPLICA em ter “bases” instaladas no planeta inteiro. Significa apenas que tem em mente a visão do evangelho universal, que deve ser pregado indistintamente sem preconceito de raça, povo, nação ou etnia. O evangelho da graça.

      Também poderia alegar que existem igrejas protestantes em todas as partes do mundo atual (o que é fato), mas isso não torna automaticamente o protestantismo verdadeiro, da mesma forma que não torna o romanismo legítimo. O conceito de Igreja à luz da Bíblia não é o de uma instituição nominal presente ao longo dos séculos em todos os lugares do mundo, e se fosse assim então nunca a Igreja de Roma poderia ser a Igreja de Cristo visto que originalmente existia apenas na própria Roma, sendo as outras comunidades locais autônomas e independentes de Roma. Em vez disso, o conceito de Igreja contempla o POVO DE DEUS em todas as eras e em todos os lugares, e, neste sentido bíblico de ekklesia, ela nunca deixou de existir, uma vez que sempre houve cristãos sinceros e piedosos mesmo quando em minoria e fora dos círculos institucionais oficiais.

      Sobre este conceito bíblico de Igreja, já escrevi esses artigos:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/05/o-que-significa-parte-1.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/07/o-que-significa-igreja-parte-2.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/02/a-igreja-invisivel-perfeita-e-igreja.html

      http://apologiacrista.com/a-igreja-catolica-e-a-igreja-fundada-por-cristo

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/05/as-portas-do-inferno-nao-prevalecerao.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/a-igreja-e-coluna-e-sustentaculo-da.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/12/quando-jesus-disse-pedro-ti-edificarei.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/08/o-que-e-a.html

      Em síntese, o erro dos apologistas católicos é presumir que Igreja tem que ser sempre uma instituição eclesiástica hierárquica visível e que tem que existir “uma” dessas que é a “verdadeira”, quando o conceito bíblico correto é do povo de Deus em qualquer lugar e em qualquer era independentemente de instituições, que busque a Deus em espírito e em verdade com integridade e sinceridade de coração. E quanto a isso, a Igreja Romana está completamente distante de ser uma autêntica ekklesia.

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    4. Quanto aos argumentos contra a unidade protestante e em favor da católica (que em partes já respondi no comentário anterior e não vou repetir de novo aqui), é ilusão pensar que a Igreja Romana é uma unidade plena em termos doutrinários. Uns são preteristas e outros futuristas (a ICAR não possui escatologia oficial); uns creem no dom de línguas atual (RCC) e outros acham que isso é besteira; uns acham que fora da Igreja Romana é impossível ser salvo (tradicionalistas) e outros abrem as portas da salvação aos membros de outras igrejas (inclusive evangélicas); uns aceitam o Concílio Vaticano II como autêntico e infalível (Veritatis), outros o aceitam mas não como infalível, e outros o acham um concílio “herético” (Montfort); e há até mesmo aqueles que acham que o papa Francisco é um “comunista infiltrado na Igreja”, um “falso profeta” e um “antipapa”, e eu nem estou falando de sedevacantistas, mas de católicos tradicionalistas como o Olavo de Carvalho e sua legião de seguidores fanáticos, além de outros doutrinadores católicos de direita bem conhecidos. E se eu fosse incluir aqui na lista veterocatólicos e sedevacantistas e teólogos da libertação e todos os outros grupos à margem do que você entende como sendo um católico “de verdade”, a lista iria tão longe que seriam escritas milhares e milhares de páginas.

      A sua própria definição do que vem a ser um católico “verdadeiro” é bastante pobre e superficial. Dizer que católico é “quem segue o papa” é demasiado vago. Que papa? Se for os antigos, que ensinavam todas as teses tradicionais contra a liberdade de pensamento, de expressão e de consciência, em favor da Inquisição e de perseguição religiosa, a favor de queimar Bíblias protestantes e de proibir leitura de livros universalmente renomados, e que condenavam todos os não-católicos ao inferno, então os sedevacantistas é que são os católicos “de verdade”. Mas se você se refere apenas ao papa Francisco e aos outros mais recentes, então você está certo em excluir os sedevacantistas mesmo. Tudo depende da perspectiva. A concepção de que a Igreja Romana é um corpo único e imutável ao longo dos séculos é completamente delirante para quem estuda um básico de História.

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    5. E mesmo que apenas o papa atual devesse ser levado em consideração, isso ainda levaria a um outro problema gigante: em QUAIS CIRCUNSTÂNCIAS Francisco é infalível e deve ser “seguido”? Uns dizem que em qualquer situação, outros dizem que é em discursos oficiais, outros dizem que é apenas quando fala em “ex cathedra”. Dependendo do conceito que se tenha de “ex cathedra”, o último papa que disse algo “infalível” foi Pio XII em 1 de novembro de 1950, quando definiu o dogma da assunção de Maria. De lá pra cá ninguém mais usou a tal da “infalibilidade”, nem Francisco, e portanto em teoria não precisariam ser seguidos em nada! E se Francisco não deve necessariamente ser seguido naquilo que não diz em ex cathedra, e levando em conta que nunca falou em ex cathedra, então o argumento de que é católico quem segue Francisco é completamente inútil e sem sentido. Tudo isso são contradições no meio de vocês, não sou eu que estou criando, são o que vocês dizem em tantos lugares diferentes, com tantas variedades de opiniões contraditórias que eu nem sei qual é a que você pessoalmente possui.

      Isso sem falar no principal: “unidade” nunca foi um conceito puramente doutrinário. Se conferir todos os textos bíblicos que falam em unidade, verá que quase todos dizem respeito a unidade em amor, o que nos círculos católicos romanos nunca teve, e não em unidade doutrinária, embora isso também seja relevante, mas abaixo do conceito anterior. Ao longo de toda a história os povos católicos se odiaram e guerrearam entre si, só mudando isso em tempos bem recentes na História, mais especificamente quando deixaram de ser países oficialmente “católicos”. Duvido que você possa me citar algum ano ao longo de toda a Idade Média e Moderna no qual não estivesse em curso alguma guerra de países católicos contra outros países católicos dentro da própria Europa. Era essa a unidade que Jesus queria? Está explicado o porquê que vocês sempre reduzem a unidade apenas à doutrina...

      Abs!

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    6. "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos". (Lc. 22, 31-32). Obrigado por ter aberto espaço nos comentários para um católico, veja, a discussão está fluindo tranquilamente, no entanto, infelizmente, como estou me dedicando num projeto, digito aqui na correria, vc pôde constatar meus erros crassos de português no meu último comentário rsrs.
      A infalibilidade significa que o papa não erra quando: 1) que o objeto do que ele disser seja sobre a fé ou moral; 2) que o que o papa disser seja como sumo pontífice dos cristãos e não como mero "Simão", não como mero "Jorge Bergoglio"; 3) que o que o papa diga denote obrigatoriedade para todos. Estes são os requisitos do ex cathedra. No entanto, uma informação que muitos confundem merece ser dita aqui: infalibilidade é proclamar uma verdade, verdade esta que já existia, mas que não tinha sido proclamada. Percebeu que o ex cathedra remonta ao que nós, católicos, dizemos do dogma? O que é o dogma: é uma verdade que foi proclamada, não é o mesmo que inventar, e isso se aproxima do conceito ex cathedra, inclusive, o ex cathedra tem até uma fórmula. Mas, então, vc pode me perguntar, se o papa não disser ex cathedra, significa então que os católicos estão perdidos, já que é raro o papa dizer ex cathedra, mas saiba que um papa, mesmo quando não está usando a fórmula do ex cathedra, ele, ainda assim, não entra em contradição com os dogmas já criados, quando está atuando como sumo pontifíce, veja bem a distinção, este é ponto crucial: ex cathedra se assemelha ao dogma, isto é, está proclamando uma verdade, já quando o papa diz algo sem ser pela fórmula do ex cathedra, como sumo pontífice, com temas de fé e moral, ele não entra em contradição com os dogmas já criados. Um exemplo para ficar mais claro: havia uma época em que não tínhamos o dogma da imaculada conceição, então o tema era de livre discussão, boas pessoas diziam que era errado dizer em Imaculada Conceição, e o católico que assim defendia, não pecava, mas, depois, o papa, analisando as correntes, proclamou o dogma da imaculada conceição, com efeito ex cathedra, assim, a partir de então nenhum católico pode mais dizer que não há imaculada conceição. Então, hoje, o papa Francisco nunca iria dizer, como sumo pontífice, que não é para os católicos não acreditarem mais no dogma da imaculada conceição. Daí vc pode me dizer: "uai, então quer dizer que o papa é infalível também quando não se diz ex cathedra", não, prezado, o que quero dizer que seus pronunciamentos não-ex cathedra não entra em contradição com dogmas já revelados.

      Bom, é isso, dessa vez tb não tive como corrigir o que escrevi, se passou algum erro gramatical, peço-te perdão, há, aproveitando o ensejo, um papa poderia muito bem errar em regras gramaticais rsrs.

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    7. Por essa discussão percebe-se o porque de Cristo nunca, de nenhuma forma, institucionalizou a Igreja, porque o homem sempre parece buscar substituir o Criador pela criatura (Cristo x instituição igreja), Deus pelo sacerdote (Deus x papa), o relacionamento com Deus pelo relacionamento com a instituição (intimidade com Deus x dogmas e sacramentos),etc.

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    8. Agradeço a sua resposta, mas isso ainda não responde ao ponto crucial, que é em quais situações que efetivamente o papa fala ou não fala em ex cathedra. Você citou as CONDIÇÕES em que essa ex cathedra teria efeito (e aliás não ficou muito claro se seria em cada uma das três, ou somente com as três juntos), mas na PRÁTICA, católicos divergem sobre quando o papa falou em ex cathedra e quando não falou em ex cathedra, talvez por faltar uma autoridade do Vaticano que diga que isso que o papa disse foi ex cathedra, e aquilo não foi. Ou seja, na prática, os católicos interpretam se o papa falou em ex cathedra ou não, gerando discussões e divergências. Por isso para uns o último papa que falou em ex cathedra foi há mais de meio século atrás, e para outros até Francisco já falou em ex cathedra algumas vezes.

      Não me esqueço o dia em que o Olavo atacou o papa Francisco por falar alguma bobagem em ex cathedra, e alguns católicos comentaram na publicação que não foi em ex cathedra, e ficou aquela discussão interminável se foi em ex cathedra ou se não foi, mesmo porque as condições expostas por você e por outros para a ex cathedra é bastante subjetiva. Por exemplo: é dito que ex cathedra é quando o papa fala como “papa” e não como “Bergoglio”. Mas o papa nunca diz: “Atenção, isso que eu vou dizer é como Bergoglio, não como papa!” (exceto em raras ocasiões, quando a ressalva for feita). Também é dito que o objeto em questão tem que ser de fé ou moral, mas o que para uns pode ser fé e moral, para outros não é. A Monfort (católicos tradicionalistas) acredita que o Vaticano II não é infalível (na verdade, eles acreditam que se trata de um concílio herético!) porque não tratou de fé e moral, enquanto muitos outros (como o Veritatis, por exemplo), asseveram que tratou sim de fé e moral e portanto é sim infalível.

      A terceira condição também não deixa de ser subjetiva, visto que o papa raramente vai dizer: “Isso que eu estou dizendo é só pra alguns, aquilo ali já é pra todos, mas tal coisa é pra alguns também...”. Na maioria dos casos, ele apenas faz um discurso e as pessoas interpretam se foi pra todos ou se não foi pra todos. Em suma: embora existam as condições do “ex cathedra”, os eventos em que o papa efetivamente falou em ex cathedra são tão discutíveis que torna essa pretensa infalibilidade ilusória e vaga. Existe algum documento oficial da Santa Sé, ou mesmo um palpiteiro católico leigo, que tenha alguma lista exaustiva com todos os discursos que todos os papas (inclusive Francisco, especialmente) fizeram em ex cathedra, distinguindo-os do que não foi ex cathedra? Eu desconheço.

      Já o conceito que você expressa do papa reconhecer um dogma já existente em vez de criar um “novo”, eu respeitaria esse conceito se não fosse por um problema: em relação aos dogmas particularmente romanos, eles são criação mesmo, e não um mero “reconhecimento”, visto que a Igreja primitiva e em alguns casos até a Igreja da Baixa Idade Média os desconhecia inteiramente. Vide o caso da imaculada conceição de Maria; foi rejeitada por todos os Pais da Igreja que escreveram alguma coisa sobre o assunto, no máximo o que alguns deles chegaram a falar é que ela não cometeu pecados pessoais em vida mas nunca que não contraiu o pecado original, e era unanimidade que o único que não contraiu o pecado original foi Cristo. Quando começaram a surgir com esse ensino como especulação, já se havia passado mais de mil anos de história da Igreja (veja que nem os ortodoxos creem nisso), e essa novidade foi combatida pelos dominicanos (inclusive Tomás de Aquino) e por diversos outros doutores da Igreja bastante renomados (como Santo Anselmo).

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    9. Ou seja: não se trata aqui de um dogma já existente desde os tempos apostólicos que foi apenas “oficializado” no século XIX, mas sim de uma invenção criada mais de mil anos depois, que começou como uma mera especulação inicialmente rejeitada e então foi ganhando cada vez mais espaço até a oficialização como dogma. Outro exemplo: assunção de Maria. Os primeiros Pais da Igreja desconheciam este ensino completamente, e Epifânio, que escreveu uma obra chamada “Os últimos dias da Virgem Maria” onde conta tudo o que sabe sobre os últimos dias da mãe de Jesus, não nos diz nada sobre uma suposta assunção; e para piorar, ainda diz que não sabia se Maria morreu ou não, porque essa informação não constava nas Escrituras! Ou seja: um Pai do século IV não sabia o que aconteceu com Maria nos seus últimos dias, mas um papa do século XX sabia tão perfeitamente que dogmatizou esse ensino e anatemizou como hereges os que não cressem nisso, que passou a ser um ensino necessário para ser católico e, portanto, para ser salvo!

      Poderia dar muitos outros exemplos aqui, mas isso elevaria exaustivamente o conteúdo desta resposta, e a intenção não é fazer um “livro”. Para concluir, apenas aponto que nem a própria infalibilidade papal era crida na Igreja antiga, cujos Pais da Igreja por vezes contrariavam os bispos romanos, e também o conceito de “ex cathedra” inexistia completamente até mesmo nos escritos dos bispos de Roma e de papas antigos. Ou seja: para legitimar inovações doutrinárias, cria-se um conceito particular de infalibilidade inexistente na história da Igreja, dos romanos para eles mesmos, que perdoando a analogia grosseira, seria como o Inri Cristo dizendo que ele próprio é infalível porque ele mesmo disse.

      Abs!

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