A diferença entre os jihadistas islâmicos e os cruzados católicos


Os apologistas católicos vivem defendendo as cruzadas sob o argumento de que havia um povo bruto, selvagem, bárbaro, tirânico e desumano, e por isso precisava ser combatido por um povo mais civilizado e decente. Pela primeira vez na história deste blog, eu tenho que admitir: os católicos têm razão. De fato, no contexto das cruzadas, havia um povo bruto, selvagem, bárbaro, tirânico e desumano, o qual precisava ser mesmo combatido. Eles estão certos. Uma das coisas que provam isso é o contraste entre a conquista de Jerusalém pelos cruzados em 1099, comparado com a reconquista da mesma cidade pelos muçulmanos, em 1187. Quem nos conta como foi é o historiador Ivan Lins.


JERUSALÉM CONQUISTADA PELOS CRUZADOS

Indescritíveis as crueldades, que praticaram, levados já pelo fanatismo, já pelo muito que haviam padecido nos três intérminos anos da expedição. Enorme multidão de velhos, mulheres e crianças, que se abrigara no Templo de Salomão, foi chacinada com os mais hediondos requintes, sendo flechados os que se haviam refugiado no teto, enquanto outros eram atirados ao chão, de cabeça para baixo, partindo-se contra as pedras. Quanto aos judeus, foram, sem piedade, reunidos e queimados vivos na sinagoga, da qual se fez imensa fogueira. Espalhando-se a notícia de haverem os sarracenos engolido os seus besantes de ouro, pôs-se a arraia miuda dos cruzados a abrir-lhes o ventre, revistando-lhes as entranhas muitas vezes ainda palpitantes. Sendo morosa a operação, sobretudo à vista do elevado número de mortos, resolveram queimar os cadáveres e procurar, nas cinzas, o ouro.

Tão geral foi o furor religioso, a que se entregaram os cruzados, que a ele não escaparam as almas de escol. Godofredo de Buillon, por exemplo, deixou-se arrastar pela crueldade a ponto de fazer furar os olhos de vinte prisioneiros, e Raimundo de Saint-Gilles, conde de Tolosa, antes de matar os seus, fez arrancar-lhes os olhos e cortar-lhes os pés, as mãos e os narizes. Levou muitos dias a chacina dos vencidos, porquanto, alegando alguns chefes a necessidade de inspirar terror aos muçulmanos, não foram poupados os que haviam sido a princípio escravizados, salvo, por um requinte de perversidade, um pequeno número para enterrar seus irmãos e amigos.

Todos os inimigos que haviam sido, a princípio, poupados pela humanidade ou pela fadiga da carnificina, todos os que haviam sido salvos pela esperança de rico resgate, foram indistintamente sacrificados. Eram forçados a precipitar-se do alto das torres e das casas; eram atirados às chamas; eram arrancados do fundo dos subterrâneos, em que se haviam abrigado, e arrastados pelas praças públicas, onde eram imolados sobre montões de cadáveres. Nem as lágrimas das mulheres, nem os gritos das criancinhas, nem o aspecto dos lugares em que Jesus perdoou a seus algozes, nada podia abrandar um vencedor irritado.

Tão grande foi a matança que, segundo o depoimento de Albert d’Aix, se encontravam cadáveres empilhados não só nos palácios, nos templos, nas ruas, mas ainda nos lugares mais escondidos e solitários. Tal o delírio da vingança e do fanatismo, que estas cenas não revoltaram os olhares, descrevendo-as os historiadores contemporâneos, sem se preocuparem em desculpá-las, e, em suas narrativas, cheias de minúcias revoltantes, não deixam escapar o menor indício de horror e de piedade[1]. Raimundo d’Agiles, capelão do conde de Tolosa, chega a exclamar:

“Coisa engraçada era ver os turcos, perseguidos pelos nossos, tropeçarem uns nos outros, ao fugir, empurrando-se mutuamente nos precipícios; era um espetáculo divertido e deleitável”[2]

Os historiadores orientais, de acordo, neste ponto, com os latinos, avaliam em mais de setenta mil o número dos muçulmanos mortos em Jerusalém, sem contar judeus, queimados em sua sinagoga. Alguns poucos prisioneiros muçulmanos, que haviam escapado da morte para cair em horrível servidão, foram incubidos de enterrar os corpos mutilados e desfigurados de seus amigos e irmãos. “Eles choravam – diz o monge Roberto – e lugubremente transportavam os cadáveres para fora de Jerusalém”[3].

(...)

Se é permitido interpretar, pelos acontecimentos, os desígnios da Providência – discorre Hallam – poucas empresas teriam sido reprovadas de modo tão retumbante quanto as cruzadas. Raramente, num espaço de tempo tão curto quanto os três anos da primeira cruzada, se viram tantos crimes e calamidades.

(LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, pp. 323-329)

***

Conta o clérigo Raymond de Agiles, que estava ali, que se viram “coisas maravilhosas”. Foram decapitados grande número de sarracenos... outros atravessados com flechas ou obrigados a saltar das muralhas; alguns foram torturados durante vários dias e por último queimados vivos. Nas ruas, se viam montões de cabeças, de braços, de pés. Dois meses mais tarde, o legado Daimbert, Raymound de Saint-Gilles e Godofredo de Boullon enviaram sua relação ao papa nas seguintes palavras:

“Se Vossa Majestade deseja saber o que se fez aos inimigos encontrados em Jerusalém, saiba que nos pórticos e nos templos, os nossos cavalgaram entre o sangue imundo dos sarracenos, e que caminhávamos entre o sangue até os tornozelos”

(DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II – El Fuego de Dios. 1ª ed. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964, pp. 385-386)


JERUSALÉM RECONQUISTADA PELOS MUÇULMANOS

Foi só então que, a 17 de setembro de 1187, começou o cerco de Jerusalém. Perdera esta, na batalha de Tiberíada, todos os seus soldados, não tendo, para defendê-la, senão pequeno número de guerreiros válidos, ao lado de mulheres, padres, velhos e crianças. Foi, por conseguinte, com verdadeiro pasmo para os cristãos que lhes concedeu Saladino generosa capitulação, permitindo à rainha, mulher de Lusignan, retirar-se para onde lhe aprouvesse, conservando escrupulosamente a vida dos cristãos e dando-lhes a liberdade mediante módico resgate.

Sua generosidade, no depoimento unânime dos historiadores, contrastava, de modo impressionante, com a dureza dos cristãos da Ásia para com os seus próprios irmãos. Enquanto os de Trípoli fechavam as portas aos fugitivos de Jerusalém, empregava Saladino o dinheiro, que sobrara das despesas do cerco, para libertar os pobres e órfãos, que se haviam tornado escravos de seus soldados. Só Malek-el-Adil, seu irmão, libertou nada menos de dois mil[4].
           
A generosidade de Saladino, ao tomar Jerusalém, é tanto mais notável quanto, apenas noventa anos antes, haviam os cristãos cometido, aí, os mais incríveis desatinos da perversidade, chacinando, entre requintes de barbárie, cerca de setenta mil muçulmanos. “Quis Saladino abrandar as dores de tantas famílias infelizes” – escreve Michaud. Fez, pois, restituir às mães seus filhos e às esposas seus maridos, que se encontravam entre os cativos. Tendo vários cristãos abandonado seus móveis e demais bens para carregarem, uns, seus parentes enfraquecidos pela idade, outros, seus amigos doentes, condoeu-se Saladino com este espetáculo, recompensando, através de esmolas, as virtudes de seus implacáveis inimigos. E, apiedando-se de todos os infortúnios, permitiu aos hospitalários ficassem na cidade a fim de cuidarem dos peregrinos e daqueles cujas graves doenças impediam que saíssem de Jerusalém.

(...)

Arrebatando o patriarca Heráclio todos os ornamentos de sua igreja, a prataria do santo sepulcro, as lâminas de ouro e de prata que o cobriam, e mais de duzentos mil escudos de ouro, a isso se opuseram os oficiais do sultão, alegando que a capitulação só permitia carregar os bens dos particulares. Sabendo-o, disse-lhes Saladino:

“É verdade que poderíamos discutir a esse respeito, mas, havendo permitido aos cristãos levarem os seus bens, sem expressamente excetuar os das igrejas, não devemos dar-lhes motivo de se queixarem, difamando nossa religião”[5]

No dia em que os cristãos deixaram a cidade, longe de regozijar-se, não conseguiu o sultão conter as lágrimas ao despedir-se da rainha Sibila, que tratou com a máxima bondade e cavalheirismo, ordenando pudessem terminar a vida em Jerusalém, mantidos à sua custa, Robert de Corbie, centenário, que, oitenta e oito anos antes, figurava entre os guerreiros que tomaram a cidade santa, e Foucher Fiole, que nascera em Jerusalém em 1099, isto é, no próprio ano em que a capital da Judeia caíra em poder dos cristãos[6].

Tão longe levou o sultão a magnanimidade que, ao transformar as igrejas de Jerusalém em mesquitas, conservou a do Santo Sepulcro para os cristãos, resistindo, nisto, aos teólogos muçulmanos, os quais lhe aconselhavam destruir inteiramente os lugares santos, tirando, destarte, aos cristãos, o pretexto de suas expedições. Não só conservou o templo do Santo Sepulcro, confiando-lhe a guarda a sacerdotes do rito grego, mas permitiu aos cristãos visitá-lo, desde que viessem desarmados a Jerusalém, pagando certos tributos.

(LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, pp. 359-363)

***

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em 637, Jerusalém é conquistada pelos muçulmanos, que agem da seguinte maneira:

“Omar, filho de Jatab, concede segurança ao povo da cidade de Jerusalém, tanto às suas pessoas, como filhos, mulheres, bens e igrejas, as quais nem se derrubarão, nem se fecharão”[7]

Em 1099, os “cristãos” a reconquistam, causando a maior chacina já vista em uma guerra. E em 1187, os muçulmanos a reconquistam, novamente sem derramar uma única gota de sangue.

Portanto, sim, é verdade: havia um povo bruto, selvagem, bárbaro, tirânico e desumano, lutando contra um povo mais civilizado. Dessa vez eles acertaram.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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[1] MICHAUD: “Histoire Des Croisades”,t. I, pg. 345.
[2] Apud MICHELET: “Histoire de France”, t. II, pg. 257 da 1ª ed. Paris, 1833.
[3] MICHAUD: “Histoire Des Croisades”, t. I, pg. 347.
[4] MICHELET, “Histoire de France”, t. II, pg. 433.
[5] Abade FLEURY, “Histoire Ecclésiastique”, vol. IV, pg. 778.
[6] GIBBON: “The History of the Decline and Fall of the Roman Empire”, c. 58, pg. 1100 da edição de Londres, 1836.
[7] Frei João de Jesus Cristo. Viagem de um peregrino a Jerusalém e visita que fez aos lugares santos em 1817. 2ª ed. Lisboa: Academia das Ciências, 1822, p. 263.

Comentários

  1. Parabéns, Lucas. Ótimo Artigo.

    Queria saber a sua opinião sobre clonagem humana.

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    1. Obrigado :)

      Sobre clonagem humana, eu não sei nada sobre isso e não sou nenhum especialista da área, mas acho que qualquer pessoa de bom senso, mesmo sem nenhum conhecimento científico do campo, deve ter precaução e cautela com os riscos óbvios que isso pode gerar, e que não são poucos. Não tem como liberar algo cujo risco potencial é bastante grande:

      http://www.bionetonline.org/portugues/content/sc_cont5.htm

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    2. Na verdade eu só queria a sua opinião msm. Obrigado

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  2. Parabéns amigo vc é MT inteligente, O que vc acha disso: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Liberal Fique Com Deus

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    1. Isso só mostra o quanto a Igreja Católica é dividida internamente, embora os papistas o neguem. Hoje, com o catolicismo ortodoxo, a renovação carismática católica, os teólogos da libertação, os sedevacantistas, os tradicionalistas, os modernistas, os liberacionistas, os ecumênicos, os tridentinos, os olavetes, os episcopais, os veterocatólicos e os padres "comunistas" da CNBB, chega a ser ridículo alguém afirmar que o catolicismo é "uno" e indivisível. Pelo menos este site católico abaixo reconhece este fato:

      http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/3778/29/

      Quem dera que os outros apologistas católicos fossem tão honestos quanto o católico do artigo, que concluiu:

      "Como podem ver caros amigos, de una a Igreja passou a ser variada. Se você se identifica com um determinado grupo ou associação, procure conhecer, no entanto, o Corpo de Cristo vai ficando cada vez mais desfigurado e irreconhecível. E quem tem a mais árdua das missões para fazer este Corpo voltar a ser um só não é mais o Papa, e sim um colégio de Bispos, cada um com sua sentença"

      Abs.

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  3. Terrível! Terrível!

    Pena que você foi breve, Lucas. Vou esperar um mais extenso.

    Igreja católica a Igreja de Cristo!!!

    Se fosse eu não ia querer esse Cristo nunca!

    Pior que alguns católicos ainda tem a coragem descarada de dizer que essas palavras se aplicam em Jerusalém.

    "E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra", Ap 18:24

    Parabéns por mais um excelente, esclarecedor e estarrecedor artigo

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    1. Tem muito mais sobre isso, mas estou guardando para o livro que vou escrever sobre o tema.

      Abs!

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  4. Lucas vc tem algum artigo sobre o a Influência que Outras Religiões uma delas o hinduísmo na Igreja católica?

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    1. Sobre hinduísmo não lembro de ter. Eu tenho alguns artigos sobre paganismo na ICAR, incluindo uma série de artigos do pastor Samuel Yakov que eu publiquei no meu outro site há muito tempo atrás, mas não me lembro de ter algo a ver com hinduísmo especificamente:

      http://apologiacrista.com/catolicismo-ou-paganismo-p1

      http://apologiacrista.com/catolicismo-ou-paganismo-p2

      http://apologiacrista.com/catolicismo-ou-paganismo-p3

      http://apologiacrista.com/catolicismo-ou-paganismo-p4

      http://apologiacrista.com/catolicismo-ou-paganismo-p5

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  5. Vc é contra a celebração do natal, por conta das suas origens pagãs?

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    1. Não, porque o natal não envolve doutrina ou alguma prática que envolva pecado. Por isso eu acho que celebrações deste tipo (incluindo aniversário e outras datas festivas) são facultativas.

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    2. Mas se exagerar demais, envolve a gula. kkkkkkkkkkkkkk

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  6. Lucas , eu queria ser sua opinião a respeito dos luteranos

    Quando eu ouvi falar do luteranismo fiquei curioso e interessado, quis visitar ou ate frequentar uma igreja lutera. Mas eu fiquei com receio pelo fato deles serem um pouco parecidos com católicos , ate alguns deles se consideram "meio católicos e meio evangélicos"
    Eles mantem algumas tradições , possuim "imagens" sem idolatralas, etc. Eu não acho que seja wrrado mas fico com receio , o que vc acha ?

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    1. As tradições que eles tem não tem a ver com doutrinas extrabíblicas, por isso eu não ficaria preocupado com isso. De diferente mesmo em relação aos demais grupos evangélicos, eles tem a doutrina da consubstanciação, da intercessão dos santos e do batismo infantil (apesar de que eles não invocam os mortos, apenas creem que eles estão orando por nós). Imagens que não são adoradas também não são um problema, são mera decoração. Enfim, se você concorda com as três doutrinas que eu mencionei, ou se considera elas um erro pequeno, não tem problema congregar ali. Eu mesmo congregaria sem problemas. Mas se você considera que são erros mais sérios, mas ainda quer congregar em uma igreja mais tradicional, você pode procurar uma presbiteriana, batista ou metodista.

      Abs.

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    2. Lucas, saúde e paz!!
      Vejo que você procura justificar seus argumentos históricos citando o "imortal" Ivan Lins. Para isto você se serve da 2ª edição do livro: A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. E inicia sua empreitada dizendo: "Quem nos conta como foi é o historiador católico Ivan Lins".
      O problema Lucas é que por ocasião da 2ª edição do referido livro, Ivan Lins já havia abandonado o catolicismos há muito tempo e se entregado ao Positivismo de Augusto Conte. A 1ª edição do livro é de 1939 e você usa a 2ª, que é de 1944. [http://www.cdpb.org.br/estudos_ivan_lins.pdf].
      O ocupante da cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras, Ivan Lins, nos diz:
      "Até os quatorze anos conservei-me católico fervoroso, confessando-me e comungando com freqüência" [...] "Através do livro de Teixeira Mendes estava feita a minha adesão ao Positivismo, do qual, até então, nada conhecia, somente sabendo, de modo vago, pelo que ouvia em minha família, ter sido João Pinheiro seu adepto. Não contente com a leitura de tudo que meu pai possuía em torno de Augusto Comte e de sua doutrina, fui com ele, num domingo de maio de 1922, ao Templo da Humanidade erigido por Miguel Lemos e Teixeira Mendes no Rio de Janeiro".
      Ivan Lins passou a considerar o Positivismo como um elemento primacial da felicidade dele, pondo fim à dúvida, à descrença e ao pessimismo, em que me deixara a perda do Catolicismo. [http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D89/textos-escolhidos]
      De acordo com seu sucessor na Academia, Bernardo Élis, para Ivan Lins, o Positivismo era é o "Catolicismo dos sem Deus; isto é, sustenta e defende os mesmos sublimes princípios morais do Catolicismo, servindo-se, entretanto, de argumentos e motivos puramente humanos, sem lançar mão da hipótese comprometedora de um Deus a reger os destinos humanos". (sic). Bernardo de Élis considera Ivan Lins o maior positivista militante do Brasil de nossa geração" [...]. Sendo Ivan Lins um intransigente defensor da liberdade e da dignidade do homem, condições metodicamente negadas ou postergadas pela intolerância dos poderosos ou de grupos a serviço dos poderosos. Pode-se quase afirmar que sua obra inteira foi voltada para o combate à intolerância, nas suas mais diferentes formas e disfarces. Estudos como fez sobre Descartes ou sobre A Idade Média, a Cavalaria e as Cruzadas parece que tinham por escopo verberar a intolerância reinante no mundo. [http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D90/discurso-de-posse]
      Assim Lucas, não creio que seja inteligente apresentá-lo com um católico quando na verdade Ivan Lins já havia abandonado o catolicismo há muito tempo, tendo se entregado ao Positivismo de Augusto Comte, que não é outra coisa senão uma espécie de ceticismo ou cientificismo.
      E é lógico que com o seu rompimento com a Igreja de Roma e, com sua confissão positivista, sua visão da história muda substancialmente. Dessa forma, vejo que ainda que você possa permanecer utilizando das informações do autor, contudo deve rever o fato de anunciá-lo como um católico.
      Um abraço.

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    3. Lucas, a Presbiteriana foi criada por Calvino ou Knox ? Já ouvi falar que o Calvino criou ela e o Knox só colocou o nome de Presbiteriana

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    4. Respondendo ao Gedalvo:

      Ivan Lins se considerava um católico positivista, inclusive ele tinha um livro chamado “Católicos e Positivistas”, onde buscava unir essas duas correntes. No livro dele sobre a Idade Média ele chama esse catolicismo dele de catolicismo mais “elegante”, em contraste ao catolicismo tradicional, pelo qual ele realmente tinha uma visão oposta. No entanto, ele ainda conservava alguns dogmas católicos tradicionais, como ele afirma na página 453:

      “Defendo mesmo vários pontos essenciais do catolicismo, ressaltando a alta importância social da confissão, do purgatório, e de muitos benefícios prestados à civilização por essa religião” (p. 453)

      E quando ele teve que responder aos ataques de “heresia”, respondeu que a Igreja (Católica) nunca o excomungou (e olha que naquela época ela excomungava gente pra caramba) e nem seus livros foram considerados proibidos por ela:

      “Por que, pois, minhas senhoras e senhores, não me excomunga a Igreja, se lhe abandonei o girão? Por que não inclui, no Index, os meus livros, prevendo, assim, contra eles, os seus fieis?” (p. 437)

      O que ele fazia era “apreciar o catolicismo à luz da filosofia positivista”:

      “Falou-nos o Sr. Ivan Lins, rapidamente, sobre o tema da conferência, em que nenhum ataque existe ao catolicismo, apreciando-o à luz da filosofia positivista” (p. 453)

      E de qualquer forma, tentar descredibilizar o autor pela corrente filosófica que ele segue me parece claramente uma forma de ad hominem. Seria o mesmo que um muçulmano desconsiderasse qualquer fonte sobre as cruzadas que não tenha sido escrita por um muçulmano, como se os não-muçulmanos só pudessem estar errados sobre tudo. Isso é uma falácia. E mesmo que Lins tivesse que ser colocado para fora do páreo por não ser católico tradicional e por seguir a filosofia positivista, mesmo assim todos os livros sobre as cruzadas e a Idade Média que eu já li até agora (ou que ainda estou lendo) confirmam tudo o que Lins escreve, o que inclui:

      FRANCO, Hilário. As Cruzadas. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.

      BROM, Juan. Esbozo de historia universal. 21ª ed. México: Grijalbo, 2004.

      FLUCK, Marlon Ronald. História do Cristianismo: modelos, panoramas e teologia. 1ª ed. Curitiba: Cia. de Escritores, 2009.

      BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. 1ª ed. São Paulo: Fundamento Educacional, 2010.

      BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983.

      BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967

      DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II – El Fuego de Dios. 1ª ed. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964.

      MCBRIEN, Richard P. Os Papas – Os Pontífices de São Pedro a João Paulo II. 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

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    5. LENZENWEGER, Josef; STOCKMEIER, Peter; BAUER, Johannes B; AMON, Karl; ZINHOBLER, Rudolf. História da Igreja Católica. 1ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

      MICHAEL, Collins; PRICE, Matthew A. História do Cristianismo – Dois mil anos de fé. 1ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

      ONCKEN, Guillermo. Historia Universal. 2ª ed. Barcelona: Editorial: Montaner y Simon Editores, 1934, Tomo XXII.

      HEERS, Jacques. História Medieval. 1ª ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1974.

      VARA, Julián Donado; ARSUAGA, Ana Echevarría. La Edad Media: Siglos V-XII. 1ª ed. Madrid: Editorial universitaria Ramón Areces, 2010.

      RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas, Volume II: O Reino de Jerusalém e o Oriente Franco, 1100-1187. 1ª ed. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2002 .

      Alguns destes autores são católicos, outros não, mas todos têm PhD e são reconhecidos na comunidade acadêmica. Isso sem falar que o próprio Lins cita amplamente em seu livro autores como o abade Claude Fleury (citado umas duzentas vezes), o abade Vacandard, Michaud, Michelet, São Bernardo, etc. Tanto é que um jornal da época que criticou ele sem ter lido o seu livro publicou uma nota de retratação depois de ver o tanto de fontes católicas e confiáveis que ele citava em sua obra, e que provavam todos os pontos por ele argumentados e jamais refutados.

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    6. Respondendo ao Anônimo:

      Tecnicamente, quem fundou a Igreja Presbiteriana foi Knox, mas ela foi inteiramente fundada sobre a doutrina que Calvino já ensinava antes dele (o próprio Knox era discípulo de Calvino).

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  7. Lucas o q vc acha disso http://www.aigrejaprimitiva.com/veumulhercrista.html

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    Respostas
    1. Eu já escrevi o que eu penso a este respeito neste artigo:

      http://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2015/09/a-mulher-precisa-usar-veu-no-culto.html

      Abs.

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  8. Ja viu esse vídeo da Condeta, Lucas?

    https://www.youtube.com/watch?v=e-pspMhZPrI

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    1. Já vi. É legal ver os vídeos da Condessa, primeiro porque eles geram muitas gargalhadas, segundo porque eleva a nossa autoestima ao nos fazer agradecer a Deus por não ter nascido com cara de bolacha trakinas e não ser um fracassado na vida, e terceiro porque a mentirada que o cidadão conta ajuda a aumentar o tanto de calúnias para serem refutadas, ou seja, gera mais artigos pro blog. Só tenho a agradecer à Condessa.

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  9. Lucas, o filme do Lutero(2003) e fiel a historia?

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    Respostas
    1. Faz muito tempo que eu vi esse filme e eu me lembro de pouca coisa. Vou precisar revê-lo e aí te dou uma resposta. Mas do pouco que eu lembro, eles procuraram ser fieis sim.

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    2. Entendi. É que no filme eu não vi o Lutero bêbado, se suicidando, orando e xingando, dizendo que Jesus adulterou, que eu fiquei com medo desse filme. Achei até que nossos grandes apologistas católicos tivessem mentido

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    3. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

      Lutero para os católicos era uma espécie de versão gospel do Darth Vader misturada com Lord Voldemort =)

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  10. Lucas, amigo, muita paz!!!
    "Ivan Lins se considerava um católico positivista, inclusive ele tinha um livro chamado “Católicos e Positivistas[...]".
    E porque ele se considerava um católico ele era de fato um católico?
    E o Espiritismo é cristão só porque Allan Kardec o considerou cristão?
    "Aproxima-se a hora em que, à face do céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana[...]". (Obras Póstumas, p. 308 - 10ª ed. da FEB)

    "...tentar descredibilizar o autor pela corrente filosófica que ele segue me parece claramente uma forma de ad hominem." [...]"Isso é uma falácia."

    Negativo Lucas, não é esta a questão. Primeiro porque o próprio Ivan Lins renuncia a fé católica e adere ao Positivismo como sua religião e não como mera corrente filosófica. É o próprio Ivan Lins que confessa isso textualmente:
    "Até os quatorze anos conservei-me católico fervoroso, confessando-me e comungando com frequência."
    "Através do livro de Teixeira Mendes estava feita a minha adesão ao Positivismo [...]"
    "Não contente com a leitura de tudo que meu pai possuía em torno de Augusto Comte e de sua doutrina, fui com ele, num domingo de maio de 1922, ao Templo da Humanidade erigido por Miguel Lemos e Teixeira Mendes no Rio de Janeiro."
    "Considerando, desde então, o Positivismo um elemento primacial de minha felicidade, pondo fim à dúvida, à descrença e ao pessimismo, em que me deixara a perda do Catolicismo[...]"
    Segue ainda o confuso Ivan Lins:
    "A felicidade humana, que se idealizara de tantos modos nas utopias celestes e terrestres, construídas por numerosas almas nobres, há de ser obtida através dessa doutrina tão bela quanto verdadeira."
    E conclui:
    "Como se vê dos extratos aqui transcritos, o encerramento do curso de Filosofia Primeira, em novembro de 1925, proficientemente ministrado por Sílvio Vieira Souto na Igreja Positivista, propiciou-me calorosa profissão de fé." [http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D89/textos-escolhidos]

    Resumo: Ivan Lins adere ao Positivismo não superficialmente, observando apenas alguns de seus elementos. Ele o adere de forma absoluta, considerando-o como fonte de felicidade, visitando uma igreja positivista (sic), crendo que a felicidade humana depende do Positivismo, e tendo as bobagens ensinada por Comte como artigo de Fé.

    Ou seja, ele podia ser tudo, menos católico.
    Temos que fazer justiça. Católico positivista é a mesma coisa que um palestino sionista ou um judeu nazista, nada a ver!!!

    Se alguém rompe com uma determinada religião é porque obviamente ele foi vencido por outros argumentos. E é mais que evidente que o ex-professo terá uma visão aversa à religião abandonada. Foi o caso de Waldo Vieira, morto em julho de 2015, dissidente do Espiritismo e fundador da Conscienciologia e tantos outros.

    Além disso, digno de nota são as palavras do sucessor do indeciso Ivan Lins:
    " A partir desse instante, alista-se Ivan Lins no Positivismo, que era um meio caminho entre o teísmo e o ateísmo conflitantes." (sic).
    E de acordo com Élis, era assim que pensava Lins:
    "O POSITIVISMO É O CATOLICISMO DOS SEM DEUS(sic); isto é, sustenta e defende os mesmos sublimes princípios morais do Catolicismo (sic), servindo-se, entretanto, de argumentos e motivos puramente humanos, SEM LANÇAR MÃO DA HIPÓTESE COMPROMETEDORA DE UM DEUS A REGER OS DESTINOS HUMANOS. [http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D90/discurso-de-posse]
    Coisa horrível!!!
    Católico? Não Lucas, de jeito nenhum!!!
    O que questionei foi apresentá-lo como católico quando ele definitivamente não era, ou pelo menos não era por ocasião do livro em questão.
    Não duvido de que a bibliografia apresentada corrobora o mesmo pensamento de Lins. O problema é que existem outros historiadores que pensam diferente, necessitando que cotejemos estes com aqueles.

    Fique com Deus.










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    1. Já expliquei a relação entre Ivan Lins e o catolicismo na minha resposta anterior, não vou repetir a resposta. De qualquer forma, retirei o termo “católico” do artigo, assim ninguém precisa atacar o post com cortina de fumaça só por causa de uma palavra.

      Se existem historiadores que “pensam diferente” em relação ao que foi argumentado no artigo (ou seja, que os cruzados fizeram chacina ao conquistar Jerusalém, e que os muçulmanos a reconquistaram sem matar ninguém), cite aqui o nome desses tais historiadores, juntamente com o livro e a editora onde eu posso adquiri-los, pois eu terei um imenso prazer em ler um suposto historiador que contradiz absolutamente tudo o que todos os outros afirmaram sobre estas duas verdades. Na verdade, basta mostrar UM ÚNICO que diga que os cruzados não mataram crianças, mulheres e judeus, ou que diga que os muçulmanos ao tomarem Jerusalém fizeram o mesmo, que já basta. Se esse tal historiador existir mesmo, ele estará revolucionando todos os livros de História, por isso esperarei com afinco.

      Lembrando, é claro, que quem diz isso que eu expus no artigo não são “historiadores” póstumos, mas OS PRÓPRIOS CRONISTAS CATÓLICOS que participaram da cruzada, que entraram em Jerusalém e escreveram sobre a conquista. Agora, se você tem aí algum historiador moderno que saiba mais do que os cronistas que presenciaram os acontecimentos, então não perca tampo em citá-lo.

      Abs.

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    2. Lucas, muita paz!!
      Que bom que retirou o termo católico em relação ao confuso Ivan Lins, isto só mostra dentre outras coisas humildade e grandeza, fruto de inteligência, privilégio de poucos.
      E veja, por uma simples vírgula se muda todo o sentido de uma frase, imagine por uma palavra?! Pois é na inconsistência do que dizemos ou escrevemos que nossos oponentes se aferram tal qual um pitbull.
      Você me pede para apresentar algum historiador (OU MELHOR: "UM ÚNICO") que se oponha a bibliografia utilizada no seu artigo. E depois cheio de confiança e meio que sarcasticamente arremata: " Agora, se você tem aí algum historiador moderno que saiba mais do que os cronistas que [presenciaram os acontecimentos], então não perca tampo em citá-lo." Ora Lucas mas o que você pede é tarefa para Hércules!! É mais fácil para mim capturar o Leão de Neméia.
      Pergunto eu meu amado irmão, quais dentre os historiadores citados por você presenciaram os acontecimentos? Qual deles meu jovem amigo ["participaram da cruzada"], ou ["entraram em Jerusalém e escreveram sobre a conquista."]?
      Joseph-François Michaud (1767-1839)? Foi ele uma testemunha ocular das Cruzadas? Ivan Lins? Foi ele um cronista que presenciou as Cruzadas? E Jules Michelet (1798-1874), testemunhou as batalhas? Edward Gibbon (1737-1794), porventura contemplou os massacres cruzados? Claude Fleury (1640-1723) lutou em qual Cruzada? E quanto a Frei João de Jesus Cristo? Visitou a Terra Santa por ocasião de qual Cruzada?
      As citações feitas no seu artigo das densas obras citadas dão a entender um Islã compassivo e bonachão enquanto os cruzados católicos se assemelham a um bando de psicopatas sedentos por sangue.
      Deixa de considerar que a invasão de uma nação por um exército estrangeiro já é por natureza uma grave agressão mas nem esta culpa os angelicais muçulmanos receberam no seu artigo.
      O seu ódio pelo catolicismo é tão grande que deixa de perceber a perversidade de Saladino em transformar as igrejas cristãs em mesquitas e além disso cobrar tributos dos cristãos que quisessem visitar o Santo Sepulcro. Claro que para você e para o confuso Ivan Lins tudo isto é generosidade islâmica.
      Se você imagina que sua bibliografia esgota toda historiografia medieval; e que além disso, eles são testemunhas oculares da história das Cruzadas, o que posso eu fazer? Quem eu posso citar?
      Que nossas desavenças permaneçam no campo das ideias e que elas nunca se transformem em ressentimentos.
      Abraço irmão!






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    3. Quando foi que eu falei que os cronistas da cruzada eram Michaud, Michelet, Lins ou Fleury? Eu pedi pra você mostrar pelo menos um único HISTORIADOR PÓSTUMO que dissesse o contrário do que é argumentado aqui, e você não me mostrou nenhum, porque esse tal historiador NÃO EXISTE. Depois eu corroborei este fato afirmando que essa não é apenas a opinião dos historiadores póstumos (ou seja, historiadores que vieram depois, como os que você citou), mas também DOS PRÓPRIOS CRONISTAS DA CRUZADA, que presenciaram os acontecimentos. Ou seja, é precisamente em função do fato de que as próprias testemunhas oculares presenciaram e escreveram sobre este horror que nenhum historiador sério ousa ser contra os fatos. Se você não entendeu nada do que eu disse e insiste em deturpar, paciência.

      Entre esses cronistas da cruzada encontram-se nomes como Guillermo de Tiro, Alberto de Aquisgrán, Raimundo de Aguilers, Fulquerio de Chartres, Juan Cinnamo, etc, sem contar os cronistas anônimos. Veja o que um deles comenta sobre a tomada de Jerusalém:

      “Montões de cabeças, mãos e pés viam-se nas ruas da cidade. Era necessário abrir passagem entre os corpos dos homens e cavalos. Mas isso não era nada comparado com o que sucedeu no templo de Salomão, um lugar onde comumente se celebravam os serviços religiosos. O que aconteceu lá? Se disser a verdade, sem dúvida será mais do que você aceitaria acreditar. Assim basta-me dizer, pelo menos, que no templo e no pórtico de Salomão, cavaleiros andavam em meio ao sangue, o qual atingia até seus joelhos e até as rédeas dos cavalos. Realmente, foi um juízo justo e magnífico de Deus que este lugar se enchesse do sangue dos incrédulos!” (Apud MELO, Saulo de. História da Igreja e o Evangelismo Brasileiro. 1ª ed. Maringá: Massoni, 2011, p. 78)

      Claro que os historiadores póstumos também são importantes, porque, como eles vivem disso, eles possuem muito mais tempo do que nós para ler todos os relatos dos cronistas, e nas mais diversas línguas, podendo assim fazer um resumo dos escritos de todos eles. Mas você não trouxe nem um único historiador póstumo e muito menos um cronista da época que negasse o que foi escrito aqui, embora tivesse blefado antes dizendo que existem outros historiadores que discordam de mim, aposto que sem ler nenhum que realmente discordasse, se é que já leu algum que dissesse qualquer coisa.

      Mais feio ainda é dizer que eu defendo a ideia de “um Islã compassivo, bonachão e angelical”, quando qualquer pessoa de bom senso que lesse o artigo constataria somente que eu disse que os muçulmanos, em geral, eram MAIS CIVILIZADOS do que os cruzados, ainda que os cruzados não fossem nenhum bom parâmetro. Seria como se alguém dissesse que o Fernandinho Beira-Mar é mais civilizado do que Hitler. Diante disso ninguém sério concluiria que Fernandinho Beira-Mar é uma ótima pessoa, compassiva e angelical, mas somente que Hitler foi muitas vezes pior do que ele. Você precisa urgentemente aprender a interpretar textos simples.

      Enquanto Saladino transformava as igrejas cristãs em mesquitas, os cruzados queimavam todas as mesquistas e sinagogas que viam no caminham (e com as pessoas dentro). Enquanto Saladino cobrava tributo dos cristãos que quisessem visitar o Santo Sepulcro (como se nos dias de hoje não se cobrasse nada para fazer um tour em lugares históricos), os cruzados exterminavam todos os muçulmanos e judeus que viam pela frente. Se você realmente não consegue ver nenhuma diferença de civilidade entre um e o outro, mas acha tudo a mesma coisa, ou pior ainda, se dá razão aos cruzados, então me desculpe, mas já perdeu todo e qualquer resquício de consciência moral.

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    4. Mais feio ainda é dizer que eu “odeio o catolicismo”, num típico ataque de papista desesperado que, já sem argumentos, parte para ataques pessoais e juízo de valor. Prove que o que eu escrevo aqui é pura mentira motivada por “ódio ao catolicismo”, e se você não conseguir provar que eu sou movido pelo ódio estará proibido de continuar postando qualquer coisa no meu blog, e ainda mais de continuar me ofendendo gratuitamente. A minha bibliografia não esgota o assunto? É verdade, mas pelo menos eu já li algumas dezenas de livros sobre o tema e você, ao que parece, não leu nada (o que não lhe impede de me atacar sem provas). Eu pedi UM historiador que discordasse do que eu expus aqui, você citou uma quantidade impressionante de ((( ZERO ))) historiadores, e ainda quer dar lição de moral, chega a ser bisonho.

      Só volte a comentar no meu blog quando:

      1) Me mostrar um só historiador que conteste o que eu escrevi aqui, ou seja, que diga que os cruzados não fizeram chacina ao entrar em Jerusalém, ou que Saladino matou um monte de gente ao reconquistar a cidade.

      2) Me mostrar um único cronista da cruzada que confirme o que esse tal historiador disse.

      3) Provar que eu tenho ódio ao catolicismo.

      Se sua próxima mensagem novamente não contiver nenhuma dessas três provas, mas tiver apenas mais falatório, distorções, enchimento de linguiça, tapeação e agressão gratuita, seu comentário não será publicado, e muito menos respondido.

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    5. Apenas para esclarecer o que certo ignorante postou aqui, isolando textos onde Saladino aparece matando gente. Sim, Saladino matou, não ao entrar em Jerusalém, mas ele matou em duas ocasiões diferentes. A primeira foi quando ele matou o senhor de Kerak, que o havia traído em diversas ocasiões, atacando em tempos de paz e violando todos os acordos entre cruzados e muçulmanos, ocasião na qual Saladino disse:

      “Duas vezes jurei matar-te se me apoderasse de tua pessoa: a primeira, quando empreendeste, em plena paz, saquear Meca e Medina; a segunda quando aprisionaste, por traição, a caravana de Meca” (Apud LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 355-356)

      Este mesmo traidor, o senhor de Kerak, era um bandido sanguinário da pior espécie, exterminando e torturando cristãos ortodoxos da ilha de Chipre, além de violentar mulheres e degolar crianças, como nos conta Lins:

      “Entrando, quando príncipe de Antioquia, em luta com o velho patriarca desta cidade, fê-lo açoitar cruelmente, e, depois de untar-lhe com mel a cabeça inteiramente calva e as feridas produzidas pelos açoites, deixou-o, vários dias, completamente nu, exposto ao tremendo sol do sufocante verão da Síria, no alto da torre de seu castelo. O mel, com que fora untado o patriarca, tinha por fim atrair os insetos, que deviam atormentá-lo com suas picadas. Em 1155, Renaud de Châtillon atacou, de improviso, em plena paz, a ilha de Chipre, habitada, como se sabe, por cristãos gregos. Inarráveis atrocidades que, com seus sicários, aí praticou: ‘Cortavam as mãos, os pés, os narizes e as orelhas dos arcontes e magnatas insulares, sobretudo dos bispos, padres e monges – narra Schlumberger. As mulheres foram violadas, as crianças degoladas, as populações expulsas em massa para o campo, as aldeias pilhadas e depois incendiadas, os conventos e igrejas depredados e saqueados, e até as árvores frutíferas serradas e queimadas’. Esse o bandido que alguns escritores católicos increpam a Saladino haver executado, considerando-o um mártir, porque, não tendo abraçado o islamismo, morreu cristão!” (Apud LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 356-357)

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    6. O outro que Saladino matou foi um grupo de templários capturados, os quais eram a ESCÓRIA da Europa, que tocavam o terror nos próprios católicos de lá, como o próprio São Bernardo (criador da regra) escreveu:

      “Há, nisso, dupla vantagem; a partida DESSA ESCÓRIA é uma libertação para a Europa e o Oriente se regozijará com sua chegada por causa dos serviços que poderá prestar-lhe. Que prazer, para nós, perder crueis devastadores, e que alegria, para Jerusalém, ganhar fieis defensores! É assim que se vinga Cristo de seus inimigos; é assim que triunfa deles e por eles. Transforma adversários em parceiros; de um inimigo faz um cavaleiro, como, outrora, de um Saulo perseguidor, fez um Paulo apóstolo” (Apud Abade VACANDARD, “Vie de Saint Bernard”, t. I, pg. 254)

      Em sua obra “De Laude Novae Militiae’”, São Bernardo chama ainda os templários de “celerados, ímpios, raptores, sacrílegos”. Eles eram bandidos tão ordinários que foram declarados “templários” justamente para serem mandados para fora da Europa, para fazer matança e bandidagem nos países muçulmanos, e não mais nos próprios países católicos. Se eles faziam isso com os “fieis”, o que não fariam com os “infieis”? Antes de Saladino executar esses bandidos, os templários haviam protagonizado massacres por onde passavam, não poupando nem mulheres, nem crianças, nem ninguém. Era esse o tipo de gente que Saladino matava: bandidos, assassinos sanguinários, vagabundos, a escória da Europa enviada para atormentar as famílias muçulmanas.

      Em compensação, os cruzados matavam todos: pais, mães, filhos, bebês, e não apenas muçulmanos, mas também judeus, ortodoxos, albigenses ou qualquer não-católico que fosse. Apenas um descerebrado, que já perdeu totalmente qualquer senso moral de proporções ou que já deliberadamente cauterizou sua própria consciência, é capaz de tentar equiparar os dois lados ou dar razão aos cruzados. É tanta cara de pau que eu não vou nem mais perder tempo lendo tanta insanidade.

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    7. Não adianta vir xingar e chorar no privado depois de ser refutado, quando eu percebo que estou discutindo com uma víbora mal-intencionada e sem caráter EU NEM ABRO A MENSAGEM PRA LER, vai direto pra lixeira e nem quero saber o que vomitou nos comentários. A sorte dos ratos é que no blogger não tem como bloquear mau-caráter como você, aí eu tenho que perder tempo deletando as imbecilidades e agressões pessoais. Gente assim eu tenho vontade de orar a Deus pra levar logo pro catolicismo, pra livrar a Igreja do Senhor dessas pragas. Gente falsa e dissimulada. Ainda mais depois de descobrir que é mais um zumbi robotizado do velho astrólogo gagá, ou seja, a confirmação de que é um babaca mesmo, com quem não vale a pena continuar desperdiçando nem mais um segundo.

      “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus 7:6)

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    8. Banzoli, o Nando Moura falou que a romantizacao do Saladino se deu no século 19 com o livro "O talismã de Walter Scott".
      Eu sei que você não romantizou ninguém, mas essa visão ainda que um pouco positiva sobre os muçulmanos da época não poderia ser influenciada por escritos positivistas como o Ivan Lins?
      O que tu poderia me ajudar a respeito dessa dúvida?

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    9. Eu tinha essa mesma dúvida sua no início. Como ainda não tinha estudado o assunto a fundo, conhecendo-o apenas superficialmente, não sabia se a versão católica era a revisionista ou se a visão oposta que era “romantizada”. Então eu fui pesquisar sem qualquer parcialidade, ou seja, li todos os livros que me vieram às mãos, fossem eles católicos ou não, e não tem como não concluir que o consenso praticamente unânime dos historiadores (incluindo os não-positivistas) e os únicos que citam fontes primárias para dar confiabilidade às alegações são aqueles que retratam Saladino exatamente como eu coloco no livro. Não é uma versão “romantizada”, ele REALMENTE era um homem acima de sua época em termos morais e éticos, assim como existiam outros que se destacavam dentre a maioria.

      Essa coisa de retratar Saladino como um vilão malvadão e os cruzados como heróis da pátria é extremamente recente, vem da apologética católica moderna revisionista por natureza que precisa contar uma versão diferente (pró-católica) dos fatos e então tem que demonizar a pessoa de Saladino a qualquer custo. Esse livro aí é do século XIX. Qual livro antes disso (até o século XVIII) retratava Saladino como um vilão? Eu não conheço nenhum. Não foram os “anticatólicos” que mudaram a história, foram os apologistas católicos que passaram um corretivo em cima e escreveram o que quiseram no lugar. E sobre o Ivan Lins, grande parte do que ele cita no livro é extraído do que disseram o padre Fleury, o historiador católico francês Michaud e outros autores numa época em que o positivismo ainda nem existia.

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  11. O que você acha desse artigo? http://www.paraclitus.com.br/2012/magisterio/historia-da-igreja/alguns-mitos-sobre-as-cruzadas/

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    1. Vamos lá:

      “MITO Nº 1: AS CRUZADAS FORAM GUERRAS CONTRA UM PACÍFICO MUNDO MUÇULMANO QUE NADA FIZERA CONTRA O OCIDENTE.”

      Nunca vi alguém alegar isso em toda a minha vida.

      “MITO Nº 2: OS CRUZADOS TRAZIAM O SÍMBOLO DA CRUZ, MAS O QUE REALMENTE QUERIAM ERAM AS PILHAGENS E AS TERRAS. AS INTENÇÕES PIEDOSAS NÃO PASSAVAM DE MÁSCARA PARA ENCOBRIR A GANÂNCIA E COBIÇA”

      Muitos cruzados de fato queriam bens materiais, e os pregadores das cruzadas faziam questão de ressaltá-los bem explicitamente, como o fez Martin de Paris por ocasião da Quarta Cruzada:

      “Nem sequer deveria mencionar que a terra a qual vocês se dispõem a marchar é bastante mais rica e mais fértil que esta e que é muito possível que muitos de vocês consigam uma maior prosperidade em bens materiais ali do que recordarão de ter desfrutado aqui” (Apud PHILLIPS, Jonathan. La cuarta cruzada y el saco de Constantinopla. 1ª Ed. Barcelona: CRÍTICA, S. L., 2005, p. 76)

      “Agora, irmãos, apreciem a magnífica garantia que acompanha esta peregrinação. No relativo ao Reino dos céus, vocês tem aqui um compromisso incondicional; no relativo à prosperidade temporal, uma esperança superior à da maioria” (ibid)

      “MITO Nº 3: QUANDO OS CRUZADOS TOMARAM JERUSALÉM EM 1099, MASSACRARAM TODOS OS HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS, ENCHENDO AS RUAS DE SANGUE ATÉ OS TORNOZELOS”

      E massacraram mesmo, é o que dizem todos os cronistas das cruzadas, que estiveram lá para acompanhar os acontecimentos. Veja o que um deles escreveu:

      “Se Vossa Majestade deseja saber o que se fez aos inimigos encontrados em Jerusalém, saiba que nos pórticos de Paloma e nos templos, os nossos cavalgaram entre o sangue imundo dos sarracenos, e que caminhávamos entre o sangue até os tornozelos” (Apud DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II – El Fuego de Dios. 1ª ed. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964, p. 385-386)

      “MITO Nº 4: AS CRUZADAS NÃO PASSARAM DE COLONIALISMO MEDIEVAL ENFEITADO COM ORNAMENTOS RELIGIOSOS”

      Nunca vi alguém dizer que foi colonialismo.

      “MITO Nº 5: AS CRUZADAS COMBATERAM TAMBÉM OS JUDEUS”

      E combateram mesmo. Quando os cruzados chegaram a Jerusalém poderiam ter poupado os judeus se quisessem, mas fizeram questão de colocá-los na sinagoga e atear fogo para matá-los todos:

      “Indescritíveis as crueldades, que praticaram, levados já pelo fanatismo, já pelo muito que haviam padecido nos três intérminos anos da expedição. Enorme multidão de velhos, mulheres e crianças, que se abrigara no Templo de Salomão, foi chacinada com os mais hediondos requintes , sendo flechados os que se haviam refugiado no teto, enquanto outros eram atirados ao chão, de cabeça para baixo, partindo-se contra as pedras. Quanto aos judeus, foram, sem piedade, reunidos e queimados vivos na sinagoga, da qual se fez imensa fogueira” (LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 323-324)

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    2. “MITO Nº 6: AS CRUZADAS FORAM ALGO TÃO VIL E DEGENERADO QUE HOUVE ATÉ UMA CRUZADA DAS CRIANÇAS”

      E houve mesmo. O movimento conhecido como “cruzadas das crianças” é atestado historicamente:

      “Iniciada por um menino alemão que reuniu milhares de jovens, geralmente camponeses – aquele era um momento em que a expansão demográfica aproximava-se de seu ponto máximo – esta Cruzada só alcançou Gênova, com seus participantes morrendo no caminho, sendo sequestrados e escravizados, ou simplesmente se dispersando. A crença geral de que as crianças poderiam ter sucesso no empreendimento graças à sua pureza, era ao mesmo tempo uma sobrevivência da ideia original de Zruzada e uma crítica aos rumos que ela tinha então tomado” (FRANCO, Hilário. As Cruzadas. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 54)

      “Em 1212, um pastorzinho das redondezas de Vendome, chamado Estêvão, se disse chamado por Deus para libertar os santos lugares e conseguiu reunir uma grande multidão de meninos. Uns mercadores de Marselha se ofereceram a transportá-los. Vários navios naufragaram pelo caminho, e os restantes chegaram ao Egito, onde foram vendidos como escravos pelos muçulmanos. Também na Alemanha houve um movimento semelhante, mas se pôde impedir sua partida. Esta é a chamada Cruzada das crianças” (BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967, p. 435)

      “Nada caracteriza melhor o espírito teológico, preponderante na Idade Média, do que a apatia com que os contemporâneos presenciaram e consentiram que se consumasse essa inconcebível cruzada das crianças. ‘Nenhuma autoridade – comenta Michaud – empreendeu preveni-la ou detê-la; e, quando anunciaram ao papa Inocêncio III haver a morte ceifado a flor da mocidade da França e da Alemanha, contentou-se em dizer: ‘reprocham-nos essas crianças dormirmos enquanto voam em socorro da terra santa’” . (LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 397)

      “MITO Nº 7: O PAPA JOÃO PAULO II PEDIU PERDÃO PELAS CRUZADAS”

      Não pediu mesmo.

      “MITO Nº 8: OS MUÇULMANOS, QUE CONSERVAM UMA VIVA LEMBRANÇA DAS CRUZADAS, TÊM TODA A RAZÃO EM ODIAR O OCIDENTE”

      Não tem mesmo, os muçulmanos também tem culpa no cartório, mas que as Cruzadas serviram para acentuar o ódio entre ambas as partes isso é indiscutível:

      “Além desse ato individual, está claro que o Oriente árabe vê sempre no Ocidente um inimigo natural. Contra ele, todo ato hostil, quer seja político, militar ou relativo ao petróleo, não passa de desforra legítima. E não se pode duvidar de que a ruptura entre estes dois mundos data das cruzadas, vistas pelos árabes, ainda hoje, como uma violação” (MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas Pelos Árabes. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 245)

      “Os efeitos de sua decisão [de Urbano II] ainda se fazem sentir no Oriente Médio” (SPENCER, Robert. Guía políticamente incorrecta Del Islam (Y de las Cruzadas). Madrid: Ciudadela Libros, 2007)

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  12. Obrigado, mas pelo que eu pensava a quarta cruzada( das crianças) não foi nem sequer vinda do Papa. E da mesma forma como você citou certos historiadores, os católicos também os citam, qual tem mais credibilidade e como julgar isso?

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    1. Que historiador eles citam sobre o que?

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    2. Eles devem citar algum historiador extraterrestre, porque todos os que eu li são unânimes:

      1. FRANCO, Hilário. As Cruzadas. São Paulo: Brasiliense, 1981

      2. LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944.

      3. BROM, Juan. Esbozo de historia universal. 21ª ed. México: Grijalbo, 2004

      4. FLUCK, Marlon Ronald. História do Cristianismo: modelos, panoramas e teologia. Curitiba: Cia. de Escritores, 2009

      5. BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento Educacional, 2010.

      6. BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983

      7. BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967

      8. DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II – El Fuego de Dios. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964

      9. WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 2006

      10. LENZENWEGER, Josef; STOCKMEIER, Peter; BAUER, Johannes B; AMON, Karl; ZINHOBLER, Rudolf. História da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, 2006

      11. COLLINS, Michael; PRICE, Matthew A. História do Cristianismo – Dois mil anos de fé. São Paulo: Edições Loyola, 1999

      12. MICHAUD, Joseph François. História das Cruzadas – Volume Primeiro. São Paulo: Editora das Américas, 1956

      13. HEERS, Jacques. História Medieval. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1974

      14. VARA, Julián Donado; ARSUAGA, Ana Echevarría. La Edad Media: Siglos V-XII. Madrid: Editorial universitaria Ramón Areces, 2010

      15. RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas, Volume II: O Reino de Jerusalém e o Oriente Franco, 1100-1187. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2002

      16. LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. Madrid: Siglo XXI, 1971

      17. VOYENNE, Bernard. Historia de la Idea Europea. Barcelona: Editorial Labor, S.A., 1979

      18. LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval – Volume I. Lisboa: Editorial Estampa, 1983

      19. ROPER, Hugh Trevor. A Formação da Europa Cristã. Lisboa: Editorial Verbo, 1975

      20. MELO, Saulo de. História da Igreja e o Evangelismo Brasileiro. Maringá: Massoni, 2011

      21. VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo I. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961

      22. VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo II. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961

      23. TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la Civilización – Tomo I. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958

      24. TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la Civilización – Tomo II. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958

      25. PHILLIPS, Jonathan. La cuarta cruzadas y El saco de Constantinopla. Barcelona: CRÍTICA, S. L., 2005

      26. LE GOFF, Jacques. Mercaderes y Banqueros en la Edad Media. 7ª ed. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Beunos Aires, 1975

      27. SOUTHERN, R. W. La Formacion de la Edad Media. Madrid: Revista de Occidente, 1955

      28. PIRENNE, Henri. Maomé e Carlos Magno. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1970

      29. MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas Pelos Árabes. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2001

      30. WOLFF, Philippe. O Despertar da Europa. Lisboa: Editora Ulisseia, 1973

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    3. 31. PIRENNE, Henri. Historia económica y social de la Edad Media. México: Fondo de Cultura Económica, 1939

      32. BROOKE, Christopher. Europa en el centro de la Edad Media (962-1154). Madrid: Aguilar, 1973

      33. FOURQUIN, Guy. Senhorio e Feudalidade na Idade Média. São Paulo: Edições 70, 1970

      34. FRANCO, Hilário. Peregrinos, Monges e Guerreiros – Feudo-Clericalismo e Religiosidade em Castela Medieval. São Paulo: Editora Hucitec, 1990

      35. FLORI, Jean. A Cavalaria: A origem dos nobres guerreiros da Idade Média. São Paulo: Madras, 2005

      36. BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. 2ª ed. Lisboa: Edições 70, 1987

      37. MORRISSON, Cécile. Cruzadas. São Paulo: L&PM Pocket, 2009

      38. SAID, Edward W. Orientalismo – O Oriente como invenção do Ocidente. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1990

      39. GONZAGA, João Bernardino Garcia. A inquisição em seu mundo. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993

      40. NAZARIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Associação Editorial Humanitas: Fapesp, 2005

      41. MICHAUD, Joseph François. História das Cruzadas – Volume Segundo. São Paulo: Editora das Américas, 1956

      42. MICHAUD, Joseph François. História das Cruzadas – Volume Terceiro. São Paulo: Editora das Américas, 1956

      43. MICHAUD, Joseph François. História das Cruzadas – Volume Quarto. São Paulo: Editora das Américas, 1956

      44. MALUCELLI, Laura; FO, Jacopo; TOMAT Sergio. O livro negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007

      45. PERNOUD, Régine. Luz sobre a Idade Média. Portugal: Publicações Europa-América, 1997

      46. PERNOUD, Régine. O mito da Idade Média. Portugal: Publicações Europa-América, 1977

      47. PERNOUD, Régine. Os Templários. Portugal: Publicações Europa-América, 1974

      48. SPENCER, Robert. Guía políticamente incorrecta Del Islam (Y de las Cruzadas). Madrid: Ciudadela Libros, 2007

      49. BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do Cristianismo. São Paulo: Editora Fundamento, 2012

      50. JOHNSON, Paul. La historia de los judíos. Barcelona: Zeta, 2010

      51. CLIFF, Nigel. Guerra Santa. São Paulo: Editora Globo, 2012

      52. ECO, Umberto. Idade Média – Bárbaros, cristãos e muçulmanos. Portugal: Publicações Dom Quixote, 2010

      53. LOYN, H. R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1990

      54. HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. São Paulo: L&PM, 2015

      55. MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2006

      56. MONTEFIORE, Simon Sebag. Jerusalém: A Bibliografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013

      57. WHITE, Matthew. O Grande Livro das Coisas Horríveis - a Crônica Definitiva da História das 100 Piores Atrocidades. São Paulo: Texto Editores, 2012

      58. BAÇAN, L. P. As Cruzadas. Edição Eletrônica, 2010

      59. LE GOFF, Jacques. A bolsa e a vida: economia e religião na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 2004

      60. RANK, Michael. Cruzadas e os Soldados da Cruz: Os 10 Cruzados Mais Importantes. Digital Ediction, 2013

      61. JOHNSON, Paul. La Historia Del Cristianismo. Barcelona: Zeta, 2010

      62. BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001

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  13. Lucas, não tem a ver com o tema do post, mas quantas vezes Cristo caiu no caminho até o calvário?

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    1. A Bíblia não diz quantas vezes caiu.

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    2. Banzoli beleza? Estou respondendo esse comentário por falta de celular bom, está travando e eu não achei a caixa de comentário livre.
      Eu quero mesmo é fazer uma pergunta,sobre as Cruzadas.
      No vídeo do Nando Moura sobre as Cruzadas, ele cita um outro curto vídeo do Dr Bill Warner a respeito de quantas vezes a 'jihad ' atacou a Europa, e se não fosse a resposta tardia dos cristãos, todos seríamos chamados de Muhammad.
      Daí o Nando Moura diz que os ataques muçulmanos eram incessantes, 400 anos de roubo, estupro, assassinato, e o Papa não querendo fazer nada a respeito. Daí o Nando diz que os islâmicos agiam do mesmo jeito que fazem hoje, e vemos passar na Tv.
      "Para os muçulmanos a cidade sagrada é Meca e não Jerusalém, quando foi que os cristãos foram lá destruir tudo em Meca, e por que eles tinham de dominar Jerusalém."?
      (Nando Moura)

      Eu fiquei mais de uma hora hoje lendo sobre as Cruzadas nos seus artigos, mas tu poderia comentar resumidamente o vídeo do Nando Moura?
      Por que tipo, no seu artigo você da até fonte ( Politicamente incorreto da história do Islã), mostrando que a Cruzadas selou definitivamente o conflito entre Ocidente e oriente, mas, no vídeo do Nando ele diz que ;" (...) é tanto que os muçulmanos até esqueceram das Cruzadas), e ele tem outro vídeo sobre saladino também, são curtíssimos.
      Fico grato se eu obter resposta.

      Cordialmente,
      Jhonatan Souza

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    3. Olá, obrigado pela pergunta. O melhor mesmo seria ler o livro, que você pode baixar de graça em Word ou pdf aqui:

      http://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html

      No livro eu explico tudo detalhadamente, com citações, referências e tudo mais, o que aqui eu só posso elencar de forma mais resumida, mas em síntese é o seguinte:

      1) É verdade que os muçulmanos atacaram a Europa por alguns séculos após a sua fundação, mas esses ataques organizados já haviam cessado na época das Cruzadas. Quando as Cruzadas ocorreram, os muçulmanos já estavam divididos e desorganizados, não tinham mais a liderança central de um califa, e ainda estavam lutando entre si. Tanto é que na própria Primeira Cruzada os cruzados se aliaram com muçulmanos fatímidas que tinham interesse em derrotar os outros muçulmanos.

      2) Esses ataques que você se refere, por mais que sejam algo considerado errado para os padrões modernos, era a coisa mais natural do mundo nos tempos antigos. Como você acha que o Império Romano chegou a ter aquela extensão territorial? Ou o Império Grego, ou o medo-persa, o próprio Império Babilônico, ou o da Assíria. Até mesmo os bárbaros, que se tornaram os povos cristãos da Europa medieval, trabalhavam por meio de conquista territorial através da espada. Era essa a mentalidade da época. De todo mundo. Os muçulmanos não eram uma exceção. E a única razão pela qual naquela época os muçulmanos conquistavam mais territórios do que os cristãos era porque estavam mais fortes e bem organizados (os cristãos estavam divididos e lutando entre si), quando a situação se inverteu ocorreu a Primeira Cruzada e os cristãos ganharam (exigindo uma nova união entre os povos árabes que resultou no fracasso das cruzadas seguintes).

      3) Esses ataques muçulmanos, via de regra, respeitavam os padrões impostos no mundo da época em uma guerra, ou seja, não matavam crianças, mulheres e velhos; e se dava um salvo-conduto, era salvo-conduto e pronto, não tinha essa de enganar pra depois matar. Veja Saladino na reconquista de Jerusalém por exemplo, ele deu salvo-conduto aos cristãos e não matou ninguém, enquanto os cristãos décadas antes haviam feito o oposto: deram salvo-conduto e assassinaram todo mundo, até crianças, mulheres e velhos, e até mesmo aqueles que em tese não tinham nada a ver com a guerra (judeus e ortodoxos). Os cruzados SEMPRE estiveram infinitamente abaixo em nível moral e de civilidade em relação aos muçulmanos e aos bizantinos. Eram os verdadeiros “bárbaros” da época, como eram chamados. A ralé do mundo de então.

      4) Essa de que nós nos chamaríamos Maomé se não fosse pelas cruzadas é um mito tosco e ridículo, porque as Cruzadas não foram um movimento de defesa, mas sim de ATAQUE. Se os muçulmanos estivessem atacando e os cristãos se reunissem para defender suas terras, isso sim seria uma guerra defensiva, mas o que aconteceu foi que os cristãos se reuniram para atacar os muçulmanos nas terras deles, do outro lado do mundo, no Oriente, quando os mesmos já haviam perdido até mesmo o sentido da “jihad”. Quem REALMENTE tem o mérito por salvar parte da Europa de uma islamização precoce foi Carlos Martel, que em 732 d.C impediu a conquista da França pelos muçulmanos.

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    4. 5) Essa de que Jerusalém era sagrada para os cristãos mas não para os muçulmanos também é mito. Jerusalém é sagrada para os muçulmanos também, embora tenham Meca como a principal. Da mesma forma que os romanos têm Jerusalém mas também tem Roma, e provavelmente considerem Roma por sua história e relação com o papado como mais importante que Jerusalém. E de todo modo, a Bíblia nunca diz que Jerusalém é terra santa para os cristãos, e Jesus negou isso expressamente à mulher do poço de Samaria, quando rejeitou a proeminência de Jerusalém e de Samaria, em favor de uma adoração em espírito e em verdade (Jo 4:20-23).

      6) Ademais, aquelas terras (de Jerusalém e redondezas) NUNCA foram dos povos que as queriam tomar. Nunca foram posse dos franceses, ingleses, britânicos, germânicos, etc. Eram território BIZANTINO antes de serem tomados pelos muçulmanos em guerra. O papa NUNCA teve jurisdição sobre aqueles territórios. Ou seja, essa estória de ficção de que os povos católicos queriam apenas retomar o que já era deles é conversa pra boi dormir. Fosse por isso e teriam lutado pela Espanha, por exemplo, e não por Jerusalém. Os cruzados até chegaram a prometer ao imperador bizantino retomar as terras a ele (para que o mesmo liberasse a passagem em Constantinopla), mas não fizeram nada disso. Tomaram para si cada uma das cidades que conquistaram.

      7) Os muçulmanos nunca se “esqueceram” das Cruzadas. Quando Osama Bin Laden derrubou o World Trade Center e arrumou guerra com o exército norte-americano, ele fez alusão às Cruzadas. Sempre que um muçulmano radical pratica algum ato violento contra os cristãos, ele recorre às Cruzadas e à violência e brutalidade com a qual os cristãos trataram os civis muçulmanos. As Cruzadas atiçaram novamente na mente dos muçulmanos o sentido da jihad, os uniram novamente em torno da espada do Islã, despertou o leão que estava adormecido. Claro que nada justifica as atrocidades que cometem hoje em nome da fé. Mas dizer que foi apenas um detalhe na história é de uma leviandade sem tamanho.

      Abs!

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