A inversão do ônus da prova (Sola Scriptura e Tradição Oral)
Uma das falácias mais
comuns é a inversão do ônus da prova. Para quem não sabe, o “ônus da prova” é a
obrigação de um indivíduo em provar sua posição. Quando dizemos que o ônus da
prova está sobre Fulano e não sobre Beltrano, queremos dizer que não é Beltrano
que tem que provar sua posição, mas sim Fulano. Isso pressupõe que a posição de
Beltrano, neste caso, é a posição-padrão,
e uma posição-padrão só pode ser alterada se há provas muito boas de que essa
alteração no caso específico é necessária.
Vamos exemplificar
isso com algo mais prático. Suponhamos que Fulano acuse Beltrano, dizendo
Beltrano escondeu uma bomba em algum lugar de São Paulo, e que ele é um
terrorista que quer matar todo mundo. Imagine como seria se fosse Beltrano que
tivesse que provar que ele não escondeu a bomba. Obviamente, não é possível
provar esse tipo de coisa. Beltrano pode mostrar evidências de que é uma boa
pessoa, mas não pode provar acima da dúvida de que ele nunca escondeu uma
bomba, a não ser que levasse consigo uma câmera filmando 24h por dia todos os
seus movimentos, o que não é o caso.
Portanto, o ônus da
prova recai totalmente sobre Fulano. É o Fulano que tem que provar que Beltrano
escondeu uma bomba, e não Beltrano que tem que provar que não escondeu. Na pior
das hipóteses, tudo o que Beltrano precisa fazer é rebater os argumentos usados
por Fulano, sem a necessidade de “provar” coisa alguma. Isso presume uma
posição-padrão, que é a de que todo mundo é inocente até que se prove o
contrário.
No mundo dos debates,
constantemente há uma posição-padrão, e, consequentemente, o ônus da prova nos
ombros daquele que deseja alterar essa posição-padrão em alguma circunstância
especial. Mas, na maioria das vezes, a questão do ônus da prova é tão mal
discernida que um charlatão consegue impor o ônus da prova ao outro, mesmo quando é ele mesmo que precisava provar algo, por
estar afirmando alguma coisa na direção contrária da posição-padrão. E, pior
ainda, muita gente inocente acaba caindo nesse falso discurso, e trabalhando
exaustivamente para provar algo que simplesmente não é necessário, pela inversão
do ônus da prova. Ou seja: estão como Beltrano, tentando provar que não
escondeu uma bomba em algum lugar de São Paulo.
Vamos trazer isso para
dentro da discussão em questão: a Sola Scriptura. Os apologistas católicos são
extremamente hábeis em conseguir inverter o ônus da prova com êxito nos
debates. Eles conseguem, na maioria das vezes, fazer com que o protestante
pense que é ele que tem a obrigação de provar a Sola Scriptura, em vez de ser
o católico que precisa provar a tradição oral. E os evangélicos têm mordido a
isca, lastimavelmente.
Você já deve ter
ouvido um milhão de vezes coisas do tipo: “Prove a
Sola Scriptura!”; ou então: “Onde está a
Sola Scriptura na Bíblia?”. E como de fato é possível provar (veja aqui, por exemplo), os
evangélicos têm dado mais atenção a essas provas do que se dado conta de que
uma inversão do ônus da prova está ocorrendo aqui. Ele está sendo colocado
contra a parede, quando, pela lógica, deveria estar acontecendo o contrário. Não
somos nós que precisamos provar a Sola Scriptura, são eles que precisam provar
a tradição oral e invalidar, por conseguinte, a Sola Scriptura. Em outras
palavras, a Sola Scriptura é a posição-padrão
em questão.
Mas, afinal, como
saber se a Sola Scriptura é a posição-padrão? Basta comparar a lógica empregada
com qualquer outro documento ou personagem da antiguidade. Sola Scriptura é um termo em latim que significa “somente a
Escritura”. Embora os cristãos geralmente o usem no sentido de Bíblia (com “e”
maiúsculo), qualquer documento escrito pode ser considerado “escritura” (com “e”
minúsculo). E talvez o católico nunca tenha pensado nisso, mas ele também é sola scripturista para muitas coisas na
história, ainda que não reconheça isso abertamente.
Em meu artigo "Como
funciona a Sola Scriptura de forma simples e prática", eu exemplifico
isso através de uma analogia com Platão. Suponhamos que você deseja conhecer
toda a doutrina deste filósofo grego, seja para ser um adepto da ideologia, ou
para realizar algum trabalho acadêmico, ou mesmo apenas para conhecer. Quais
fontes você teria? Vejamos: você teria os escritos
de Platão e os escritos dos
discípulos de Platão. Em outras palavras, você teria sola scriptura (=somente escritura). Você não teria nada como uma “tradição
oral” duvidosa e fantasmagórica, supostamente transmitida de boca em boca até
os dias de hoje, para fundamentar a sua pesquisa.
Se você fizer um
trabalho acadêmico sobre Platão e citar algo sem referência escrita nenhuma,
dizendo que aquilo “veio oralmente”, mas sem citar de onde veio, de quem veio,
quando veio, onde foi registrado, etc, você simplesmente levará um zero de
nota. Se Platão vivesse nos dias de hoje, poderíamos usar aquilo que ele
escreveu e também seus vídeos e áudios, mas como ele viveu há tanto tempo, só
nos resta o que foi escrito como
tendo sido conservado até nós.
Um aluno que estudasse
tudo sobre Platão e então fizesse uma tese de dissertação sobre o mesmo, usando
apenas referências escritas da época (i.e, sola
scriptura), estaria fazendo somente o óbvio. Mas um aluno que usasse também
supostos ditos orais sem nenhuma referência direta de um escrito de Platão ou
de um discípulo dele teria que prestar contas aos seus orientadores e estaria
em apuros. Em outras palavras, é ele que tem que provar que essas
supostas “fontes não-escritas” sobre Platão dizem mesmo aquilo que ele afirma
que dizem. O ônus da prova não está sobre quem usa o princípio da sola scriptura, mas sobre quem o
invalida.
No artigo supracitado,
eu trabalho com outra analogia:
“Eu estou escrevendo uma tese de dissertação no mestrado chamada ’A
Bíblia e a Escravidão’. O propósito é estudar a temática da escravidão à luz da
Bíblia e também à luz da história secular. Quais as fontes que eu poderia usar
para o meu trabalho? Obviamente, fontes escritas. Eu posso usar a própria
Bíblia, o Códice de Hamurabi e outros registros dos outros povos, assim como eu
posso estudar os escritos de pessoas como Abraham Lincoln, John Wesley e
William Wilberforce, que foram fundamentais para o fim da escravidão no mundo.
Todas fontes escritas, obviamente. No entanto, imagine qual seria a minha nota
na dissertação se eu dissesse alguma informação sem prová-la, e como pretexto
alegasse que ‘isso chegou aos meus ouvidos’. Imagine qual seria a cara do meu
orientador se eu escrevesse alguma groselha sem nenhum fundamento histórico e
me justificasse sob o argumento de que ‘nem tudo o que aconteceu na história da
escravidão foi escrito’. Imagine a vergonha que eu passaria se deixasse de lado
o que foi escrito para ficar com aquilo que supostamente foi dito oralmente,
mas que eu não tenho a menor condição de provar que foi mesmo. Sem dúvidas, a
minha nota seria zero e eu seria expulso da faculdade, pois meu registro não
teria nenhuma credibilidade”
O mesmo raciocínio
pode e deve ser empregado não apenas em relação a Platão, mas também em relação
a qualquer outra linha de pensamento de um autor na história. Platão disse
muitas coisas que não foram escritas? É óbvio que disse. No entanto, as coisas que ele
disse sem ter escrito, nós não sabemos hoje, exatamente porque não foram escritas! Se tivessem sido escritas, nós
saberíamos. De modo que, ainda que Platão certamente tenha ensinado muita coisa
apenas oralmente, é somente a partir do que foi conservado por escrito
(i.e, sola scriptura) que podemos ter
hoje acesso à doutrina de Platão. A analogia com a Sola Scriptura da Bíblia é
óbvia e autoevidente.
Há algum tempo atrás,
um católico veio querer provar que a Sola Scriptura era falsa porque Abraão e
Noé viveram antes da época em que a Escritura começou a ser escrita (por
Moisés) e que os fatos eram passados apenas oralmente na época. Talvez ele não
tenha raciocinado direito, mas o argumento que ele deu é outra prova da Sola Scriptura,
visto que nós só sabemos o que eles criam porque foi escrito, e se não tivesse sido escrito nós
simplesmente não saberíamos nada sobre a crença deles! Curiosamente, aquele
católico não tinha um compilado infalível de tradições orais de Abraão e Noé,
fora do que foi escrito (Bíblia). Tudo o que ele sabia sobre Abraão e Noé,
vinha daquilo que foi escrito sobre
ambos.
Ele também não tinha
uma lista de tradições orais do primo de Noé ou do tio de Abraão. Por quê?
Porque eles não escreveram nada, e
ninguém escreveu sobre eles. Então,
não sobrou nada conservado até nós sobre eles. Mas se algo tivesse sido
conservado por escrito, ele certamente teria alguma coisa a responder! O
católico tenta argumentar contra a Sola Scriptura, usando um raciocínio que
leva à... Sola Scriptura. Até ele sabe que só tem o que foi escrito. Embora a fonte da mensagem seja oral e escrita, a
única coisa que se conserva com a longa
passagem de tempo é o que foi escrito, e não o que foi transmitido oralmente. A Sola Scriptura é a posição-padrão. A “tradição
oral” não passa de uma distorção.
Mas se você quiser ser
hardcore com o apologista católico,
há um jeito ainda mais irônico e engraçado de provar que ele mesmo aprova a
Sola Scriptura quando está em sã consciência. Basta perguntar a ele sobre o que
ele crê no concernente ao Antigo Testamento. Ele vai resmungar, chorar, blefar,
murmurar, surrar a parede, mas no final vai chegar à mesma conclusão dos
protestantes malvados: Sola Scriptura!
Sabemos que nem tudo o
que Moisés disse foi escrito. Também nem tudo o que Abraão disse foi escrito.
Também nem tudo o que qualquer personagem
do Antigo Testamento disse foi escrito. E, mesmo assim, os apologistas
católicos não têm sequer uma única “tradição oral” preservada de Abraão, Noé, Moisés,
Isaías, Davi, etc. Eles só têm o que foi escrito, e só (sola) o que foi escrito
(scriptura). Naquela época, os fariseus também diziam guardar as “tradições”
dos profetas e de Moisés, mas foi deste jeito que Jesus se referiu a estas
tradições não-escritas:
Mateus 5:13 – E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de
vocês?
Mateus 15:6 – Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.
Marcos 7:3 – Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que
vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.
Marcos 7:6-7 – Bem profetizou Isaías
acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios,
Mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Marcos 7:8 – Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições
dos homens.
Marcos 7:9 – Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos
de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!
Se alguém tivesse
guardado qualquer coisa dita oralmente pelos personagens do Antigo Testamento,
esses certamente seriam os líderes religiosos. No entanto, a tradição
supostamente “conservada” pelos fariseus estava completamente corrompida,
alterando o sentido da própria Escritura Sagrada. Jesus condenou essas
tradições, e ficou somente com o que foi escrito (=Sola Scriptura). Os
católicos não podem se apoiar nestas tradições orais que o próprio Cristo
condenou, e também não tem outras supostamente conservadas.
Logo, o católico também adota a Sola Scriptura no
que lhe convém. Pelo menos no que tange ao conteúdo do Antigo Testamento,
ele é sola scripturista como os
protestantes, embora em relação ao Novo Testamento ele faça exatamente o mesmo
que os fariseus faziam com o Antigo. Os argumentos que o católico usa (“onde está
na Bíblia?”; “nem tudo foi escrito!!!”, etc) ele mesmo sabe que são fraudes
intelectuais, visto que para eles não havia nada explícito no Antigo Testamento
prescrevendo que apenas o que foi escrito deveria ser seguido para a época, e
mesmo assim eles adotam apenas o que foi escrito na época. E também é óbvio que
“nem tudo foi escrito” nos tempos do Antigo Testamento, e, no entanto, eles não
têm nenhuma lista de coisas do que “não foi escrito” na época. Falácia total.
A conclusão de toda
pessoa sensata é uma só: a sola scriptura é a posição-padrão.
Ela é o padrão para o estudo de qualquer doutrina ou indivíduo da antiguidade
(ex: Platão e o platonismo), e também o padrão dos próprios católicos em
relação ao Antigo Testamento. Portanto, não somos nós que temos que provar o
óbvio: são eles que precisam provar
que o padrão mudou completamente no Novo Testamento, de modo que agora, de
repente, não é mais apenas o que foi escrito que se preserva a longo tempo.
É o católico que tem
que provar a existência, autenticidade e incorruptibilidade de suas “tradições”
extrabíblicas, e não o protestante que tem que “provar a Sola Scriptura”. A
inversão do ônus da prova não passa de um truque para que você seja persuadido
do engano, e passe a crer em uma tradição mágica sem fundamento em lugar
nenhum, não sendo jamais delimitada em toda a sua extensão e deliberadamente
vaga o suficiente para tirar dali quantos e quais coelhos que o mágico quiser.
Paz a todos vocês que
estão em Cristo.
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Bons apontamentos Lucas!
ResponderExcluirO ônus da prova recai sobre os romanistas. Católicos e protestantes concordam que o Novo Testamento é a palavra infalível inspirada por Deus. Logo, quem detém a afirmação positiva é o papista: “Há outras doutrinas inspiradas fora da Escritura”. Ele deve nos dizer que doutrinas são essas e oferecer evidências positivas a favor da apostolicidade delas. Caso, não consiga provar isso, o protestante pode racionalmente rejeitar a tradição católica.
Talvez sem perceber, os católicos usam o mesmo argumento que os mórmons. Imagine um deles batendo à porta do católico dizendo: “vim lhe trazer a palavra de Deus, a vocês falta o livro de Mórmon. Nele está escrito que Jesus pregou o evangelho aos povos da América”. O católico instruído iria duvidar e dizer que nem a Bíblia ou tradição afirmam isso. Mas então o mórmon diz: “mostre-me onde os autores bíblicos ou pais da igreja disseram que Jesus nunca pregou o Evangelho na América”. Seria uma inversão absurda do ônus da prova, mas é precisamente o que alguns católicos fazem quando debatem a questão.
Felizmente, o protestante tem evidências contrárias à existência de doutrinas extras bíblicas preservadas oralmente. Os Pais da Igreja que seriam as testemunhas deste debate não acreditavam nisso, não criam na insuficiência material da Escritura. Mas ainda que não tivéssemos, caberia ao romanista oferecer evidências positivas.
Antes dos católicos alegarem a insuficiência material, eles deveriam se resolver entre si a questão: pelo que tenho lido de teólogos católicos e apologistas, a maioria hoje defende a suficiência material, contrapondo os teólogos do Concílio de Trento.
Assim disse o proeminente teólogo católico romano Karl Rahner:
Não somos capazes de duvidar ou questionar o fato de que na teologia pós-tridentina, a principal tendência de pensamento tem sido a de manter, com base numa frente anti-protestante, que não há apenas a verdade da inspiração e do cânon das Escrituras, mas que também há outras verdades de fé que não são encontradas nas Escrituras, de modo que para eles a tradição oral é uma fonte materialmente distinta da fé.
(Theological Investigations (London: Darton, Longman & Todd, 1969), Vol. VI, 106-107)
Nem a tradição nem a Escritura contém toda a tradição apostólica. Escritura é materialmente (ou seja, em termos de conteúdo) insuficiente, exigindo a tradição oral como um complemento para ser verdadeira toda a revelação divina.
(New Catholic Encyclopedia (1967) Vol 14, p.228)
O apologista romanista Mark Shea disse:
A Igreja Católica afirma a suficiência material das Escrituras (assim como os Padres). Porém rejeita a sua suficiência formal, que na realidade é o núcleo do dogma protestante Sola Scriptura.
(http://www.veritatis.com.br/apologetica/solascriptura/836-a-suficiencia-formal-e-material-das-escrituras)
O Cardeal Yves Congar afirma:
... Podemos admitir Sola Scriptura no sentido de uma suficiência material das Escrituras canônicas. Isso significa que a Escritura contém, de uma forma ou de outra, todas as verdades necessárias para a salvação. Esta posição pode reivindicar o apoio de muitos Padres e teólogos primitivos. Tem sido e ainda é defendida por muitos teólogos modernos.
(Yves Congar, Tradição e Tradições, p. 410.)
(cont..)
ResponderExcluirO teólogo também católico Thomas G. Guarino escreveu:
Os evangélicos, é claro, seguiram geralmente o ditado reformado da Sola Scriptura. A essência desta frase tem uma história teológica longa e interessante e é, com nuances, aceita por muitos, se não a maioria dos teólogos católicos contemporâneos (...)
Enquanto Congar e J. Geiselmann acreditam que Trento deixou a porta aberta para a tese da suficiência material das Escrituras, Joseph Ratzinger afirma a mesma reivindicação para a Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II, Dei Verbum. Este texto é "... o produto da tentativa de levar em consideração, na mais ampla medida possível, as observações feitas pelas igrejas reformadas e destina-se a manter o campo aberto para a ideia católica de Sola Scriptura ...". Se esses teólogos estão corretos, e a maioria dos teólogos católicos contemporâneos certamente concorda com eles, então os católicos, em sua própria maneira, poderiam concordar com a posição de que toda a verdade da salvação é encontrada nas Escrituras.
(Thomas G. Guarino, “Catholic Reflections on Discerning the Truth of Sacred Scripture” inYour Word Is Truth, edited by Charles Colson and Richard John Neuhaus, 2002, pp. 79 85, 86.)
Ou seja, a posição teológica predominante entre os teólogos católicos é de que Escritura e tradição não são fontes mutuamente exclusivas de revelação. A tradição não seria uma suplementação à Escritura. Me parece que a apologética católica no Brasil está um pouco desatualizada.
Os católicos que aderem à suficiência material dizem que a Escritura não é perspicaz, portanto, a tradição e o magistério são necessários para se chegar à correta interpretação. Neste aspecto, a tradição teria a importante função de revelar a verdadeira interpretação da Escritura. Os Reformadores concordariam que a tradição é importante e útil para a interpretação bíblica, mas negariam que ela seria uma guia infalível de interpretação.
Gostaria de expor um simples argumento do porque a tradição não poderia ser um guia infalível de interpretação. Existem muitos outros problemas com esta tese, mas tratemos apenas de um. A Igreja Romana considera os Pais da Igreja falíveis, eles poderiam errar e de fato erraram em muitas questões. Se eles são intérpretes falíveis da Escritura e também da própria tradição apostólica que receberam, nós não podemos afirmar com base neles que há uma tradição infalível, uma vez que dependemos da sua compreensão falível para isso. Assim, a tradição não pode ser um intérprete infalível da Bíblia.
O que sobra para o católico romano: apenas a Sola Ecclesia. A tradição é infalível apenas porque a Igreja romana que supostamente é infalível disse que é. Mas há ai surgem outros problemas que não tratarei exaustivamente aqui.
(1) Qual é o cânon da tradição? Qual o conteúdo exato de toda a tradição? A Igreja Romana nunca o definiu infalivelmente.
(2) Se existe um magistério infalível, qual é o cânon de todas as declarações infalíveis deste magistério? Vários teólogos têm opiniões diferentes sobre isso. Portanto, não dispomos de uma lista infalível de ensinamentos infalíveis.
(3) Ainda que houvesse um magistério infalível, os católicos são intérpretes falíveis.
Desta forma, todo o sistema epistemológico não pode prover o que objetiva: preservar a Igreja do erro.
Muito bem observado! Eu já estava planejando escrever um artigo sobre o que vem a ser a tradição católica, e se você me permite, vou usar como citação no artigo estas suas ponderações. Abs!
ExcluirFique a vontade Lucas.
ExcluirLucas tenho uma camisa, gostaria de escrever uma definição de Sola Scriptura nela pode me dizer qual a melhor frase. Abraços Pedro André
ResponderExcluirPode colocar: "Bíblia: Única Regra de Fé e Prática".
ExcluirEmbora, em se tratando de camisas, geralmente não se empregam termos ou definições técnicas, mas algum tipo de frase de efeito. Neste caso você poderia pensar em algo diferente, uma frase que aprecie o valor da Bíblia ainda que não seja uma definição exata de "Sola Scriptura".
Abs!
Sugeriria acrescentar infalível. Uma Igreja Protestante poderia adotar outras regras de fé subordinadas à Escritura como uma confissão ou catecismo. Acho que a definição ficaria mais completa.
ExcluirOlá, Lucas. Você tem o Catecismo da ICAR completo (e em boa qualidade) em pdf? Quais são as contradições internas e com a Escritura do Catecismo que você acha mais gritantes?
ResponderExcluirP.s.: Se tiver o Catecismo em pdf, por gentileza, deixa o link na resposta. Agradeço.
A paz de Cristo.
Quando eu leio o catecismo eu busco neste site que é mais fácil de encontrar cada sessão:
Excluirhttp://catecismo-az.tripod.com
Mas se você quiser em PDF, tem aqui:
http://animacaosjc.com.br/paginas/downloads/projetoalicerce/02-Organizacao/01-Documentos/Catecismo-Igreja-Catolica.pdf
Em termos de contradições, eu diria principalmente os dogmas marianos que não tem qualquer respaldo bíblico (ex: assunção e imaculada conceição de Maria), o dogma do purgatório, o da infalibilidade papal, o culto aos mortos, a reza pelos defuntos, a canonização dos santos, o conceito institucional e particular de "Igreja" e o tripé da "Bíblia+Tradição+Magistério" que na prática se torna um "Sola Ecclesia".
Mas tem muitas outros erros, incluindo vários que decorrem desses aí, e eles são abordados ao longo dos 375 artigos já publicados neste blog.
Abs!
Lucas, poderia refutar esse post ?
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/porquedeixeiocristianismo/photos/a.543726498985807.127396.390302794328179/1145467008811750/?type=3&theater
Outra dúvida minha é a seguinte : Há 818 anos atrás, era eleito o Papa Inocêncio III, conhecido como o papa mais poderoso da história. Pq ele carrega esse título ?
Não há nenhuma contradição, o relato só mostra que Jesus tinha um lado humano que naturalmente iria desejar salvar o mundo de outra forma que não precisasse implicar em tanto sofrimento. É como se Jesus estivesse perguntando ao Pai se ele não teria um "plano B". Isso em nada muda o fato de que, em primeiro lugar, Jesus se ofereceu de forma voluntária (Jo.10:18), e, em segundo lugar, que mesmo na oração do Getsêmani ele disse claramente que não queria que a vontade dele fosse feita, mas sim a vontade do Pai (Lc.22:42). Ou seja, ele estava sujeitando a sua vontade à vontade de Deus, o que mostra que ele em momento nenhum abandonou sua intenção de salvar a humanidade através da cruz.
ExcluirO papa Inocêncio III é considerado o papa mais poderoso (embora alguns digam que foi Gregório VII) porque ele tinha um poder temporal altíssimo, ao ponto de poder depor reis e imperadores caso desejasse, deslocar contingentes enormes de exército para as cruzadas, mandar no aspecto civil e social (além obviamente do espiritual), etc. Em outras palavras, ele agia com um poder teocrático, por isso era tão poderoso.
Abs.
Em qual site vc ver o significados de palavras que estão na Biblia?
ResponderExcluirAqui:
Excluirhttp://www.sacrednamebible.com/kjvstrongs/index2.htm
Esse é o léxico de Strong, eu uso para encontrar a palavra exata e então pesquiso a mesma palavra na Concordância de Strong, que eu tenho em pdf. Se quiser, me envie um e-mail (lucas_banzoli@yahoo.com.br) que eu a mando por anexo.
desculpe minha ignorância mas qual a diferença entre o léxico de strong e a concordância de strong
ExcluirA concordância é bem mais abrangente do que o léxico.
ExcluirSe a "sola scriptura é a posição-padrão", como é que ela só foi "descoberta" no século XVI?
ResponderExcluirSe a sola scriptura é a posição-padrão, porque o Evangelho de Pedro ou Bartolomeu não estão no cânone? E como é que você sabe isso?
E quem disse que ela foi "descoberta" no século XVI? Isso foi o que os apologistas católicos colocaram na sua cabeça mediante a doutrinação romanista. Qualquer ser inteligente que pesquise os escritos dos Pais da Igreja perceberá facilmente que todos eles adotavam o princípio da Sola Scriptura, só no meu livro há mais de 400 citações patrísticas a este respeito, que podem ser conferidas nestes dois artigos:
Excluirhttp://apologiacrista.com/os-pais-da-igreja-e-a-sola-scriptura
http://apologiacrista.com/tradicao-apostolica
Lutero apenas ensinou aquilo que os Pais da Igreja sempre defenderam.
Os evangelhos apócrifos são, em suma maioria, evangelhos falsamente criados pelos gnósticos na tentativa de combater os evangelhos legítimos dos cristãos. Em outras palavras, como os cristãos desde sempre reconheceram 4 evangelhos como autênticos (basta ler o que Justino e Irineu escrevem a este respeito), e estes evangelhos combatiam as teses gnósticas, então os gnósticos decidiram inventar "evangelhos" atribuídos a outros apóstolos para poder dar alguma bagagem "apostólica" a seus ensinos. Isso qualquer estudioso sério sabe, porque basta LER o teor dos mesmos para perceber o contraste. Aposto que você nunca deve ter lido um evangelho gnóstico para fazer uma pergunta dessas...
Mais alguma objeção?
Qualquer ser inteligente que pesquise os escritos dos Pais da Igreja perceberá facilmente que todos eles não adotavam o princípio da Sola Scriptura. Isso foi o que seus doutrinadores protestantes colocaram na sua cabeça mediante sua doutrina herética.
Excluir"Aposto que você nunca deve ter lido um evangelho gnóstico para fazer uma pergunta dessas..." Não por isso, os li todos. Uma epístola de Clemente era considerada canônica por algumas igrejas. E não tem nada de gnóstica ou herética. Algumas igrejas não aceitavam o Apocalipse, que não tem nada de herético. O engraçado é que o cânone só foi "oficializado" por sínodos e papas no século IV, então você deve concordar com eles, certo?
Essas afirmações como "aposto", "suponho que nunca leu", isso não é argumento.
"Lutero apenas ensinou aquilo que os Pais da Igreja sempre defenderam." Só que Lutero os desprezava quando era conveniente (ou seja, quase sempre).
Sua mediocridade intelectual é tão notória e patética que você sequer teve capacidade e criatividade para criar suas próprias frases, tendo que repetir a minha. Que dó...
ExcluirA nossa diferença, caro Anônimo sem rosto e sem personalidade, é que eu não apenas falo que quem pesquisar os escritos dos Pais perceberá que eles adotavam a Sola Scriptura: eu de fato PESQUISO os escritos dos Pais. Eu não fico apenas lendo o que blogs e livros protestantes dizem; EU MESMO vou pesquisar e conferir por conta própria os escritos patrísticos, e após pesquisar exaustivamente ser capaz de escrever dois livros que somam 467 páginas de argumentos patrísticos, com mais de 400 citações explicadas exegeticamente, mais a refutação das lorotas de católicos bobinhos como você.
Eu não tenho “doutrinadores protestantes”, eu mesmo estudo, pesquiso e chego às minhas próprias conclusões racionalmente, diferentemente de você, cuja mediocridade intelectual não lhe permite ir além de uma interpretação do papa tal como um papagaio ou um zumbi robotizado, que precisa balançar sempre positivamente a cabeça a tudo o que sua “igreja” fala, assim como vaquinha de presépio. Nada de novo para uma igreja que sempre lutou contra a liberdade de consciência e de pensamento, para que seus fieis permaneçam sempre na ignorância e na ingenuidade:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/12/papa-o-ditador-e-inimigo-da-liberdade.html
Então, caro Anônimo sem rosto e sem personalidade, não adianta copiar e reverter minha fala contra mim, porque ela não faz sentido aplicada a mim. Eu não tenho “doutrinadores infalíveis” e sou livre para pensar, algo que você não pode e nem consegue fazer. Quantos livros você já escreveu? Quantas citações patrísticas sem ser dos lixos de blogs e livros católicos você tem a oferecer? Qual artigo você tem publicado em qualquer lugar que refute qualquer coisa? Não, caro Anônimo, você não passa de um comentarista frustrado e fracassado. Se os blogs católicos desaparecessem amanhã, você voltaria a engatinhar e a pedir chupeta.
O cânone foi oficializado pelos papas no século IV? Isso só mostra o quanto você é mesmo intelectualmente medíocre. Qual papa que decretou o cânon no século IV? O único papa que abordou o tema do cânon bíblico nessa época foi Dâmaso, no Concílio de Roma, em 382 d.C. Só que tem um probleminha: este concílio DEIXOU DE FORA o livro de 2ª Coríntios, que eu aposto que você tem na sua Bíblia, certo? Isso você não sabe, porque os doutrinadores papistas não te ensinaram. Eles te tratam como o gado: só te dão aquilo que você precisa para continuar concordando acriticamente. Não querem que você se liberte da ignorância em que está metido.
Se o único papa que tratou a questão do cânon no século IV foi um papa que ERROU no cânon, então você não tem moral nenhuma para vir aqui dizer que o papa teve algum papel na concretização do cânon. Sabe quais igrejas fizeram concílios que supostamente “acertaram”, amiguinho? Duas igrejas no norte da África, fora da jurisdição de Roma: uma em Hipona, e a outra em Cartago. Sabe onde essas igrejas estão agora, amiguinho? Em lugar nenhum, elas foram destruídas pelos árabes nas invasões medievais. É a essa igreja inexistente que você quer que eu me submeta dogmaticamente, amiguinho? É mesmo?
Seu próximo comentário estúpido é BAN. Deixa de ser burro e vá estudar.
Esse Pedro Andre deve ser irmão do André Luiiiz
ResponderExcluirJá viu esse vídeo, Lucas ?
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=OYFZ5200ihY
Respondi nos comentários deste artigo:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/12/refutando-calunias-contra-martinho.html
Olá Lucas,
ResponderExcluirVale a pena as risadas: https://plus.google.com/+RodrigoSilvaBarros/posts/WW9XEh5Pbw8
[]s
HAHAHAHAHAHA ri demais, já vi muita coisa assim também, fica mais engraçado ainda quando é vindo da parte de apologistas católicos que rangem os dentes e espumam pela boca para forçar todo mundo a ser um fundamentalista católico tridentino como eles e a se submeter ao papa, enquanto eles mesmos descem a lenha no papa...
ExcluirCoisas como: "Em tempos mais sãos, [Bergoglio] seria queimado numa estaca", deveriam merecer print. Em breve, parece que todos os católicos vão se dividir entre sedevacantistas e modernistas...
Lucas, o que acha do Catecismo de Westminster?
ResponderExcluirEm geral é um bom catecismo, eu só discordo dos pontos em que ele aborda calvinismo ou imortalidade da alma.
ExcluirVocê recomenda algum catecismo/confissão de fé em particular? E a Confissão Belga?
ExcluirA Confissão Arminiana de 1621, ou os 25 Artigos da Igreja Metodista (não significa que sejam perfeitos ou infalíveis). A Confissão Belga é determinista igual a de Westminster, como diz o artigo 13 da confissão.
ExcluirAmo esse blog, visito 5 vezes por dia.
ResponderExcluir:)
ExcluirVocê já foi em uma Missa, Lucas ? Nasci no meio evangélico, portanto não fui nenhuma vez. Tem alguma diferença ou lá só é mais calmo ?
ResponderExcluirGraças a Deus, nunca fui. Mas sempre quando estou assistindo televisão e não tem nada para assistir eu coloco em algum canal católico transmitindo alguma missa, e tento bater meu recorde de paciência, da última vez consegui surpreendentemente ficar 10 minutos inteiros vendo o padre repetir a reza Ave Maria por 50 vezes consecutivas (ou mais, já que eu desliguei antes dele terminar).
ExcluirShuashaushaua, ano retrasado e ficava vendo a missa do PE.Marcelo Rossi na globo, porém n tive paciência. Ano passado eu pensei em ir, mas na hora que eu ia entrar, eu vi uns católicos acendendo vela para N Sra de Fátima, aí n aguentei. É mt heresia
ExcluirAcredite: as missas do padre Marcelo são o que tem de mais animado no catolicismo. Você ainda não viu uma missa de católicos tradicionalistas :)
ExcluirSério ? hahaha, de missa tradicional eu só vi a do galo. Esses tradicionais são bem radicais, né ? Já vi um site católico refutando o João Paulo II e Bento XVI e excomungando o Concílio do Vaticano II, dps dizem q n tem divisão. Se eu n me engnao, os mais tradicionais usam a missa em Latim.
ExcluirSim, na missa tradicional (tridentina) o padre está DE COSTAS para o público, pregando em latim (língua que ninguém conhece) e repetindo um monte de coisa sem sentido, milhares e milhares de vezes. É o apogeu do tédio humano.
ExcluirEssas missas que passam na TV são da Renovação Carismática Católica (RCC), que incrementou vários elementos pentecostais do protestantismo (entre eles as músicas evangélicas plagiadas pelo padre Marcelo) para deixar as missas menos chatas e enfadonhas, já que o catolicismo estava (e continua estando) perdendo fieis a ritmos assombrosos no Brasil e no mundo, já que obviamente ninguém por livre vontade estava querendo ir às missas, excetuando os mais fanáticos...
Lutero era imortalista?
ResponderExcluirNo início ele era, naturalmente em função de sua herança católica (até eu era imortalista antes de estudar a Bíblia a fundo). Depois ele se tornou mortalista, ainda que não dogmatizasse a respeito. Eu escrevo sobre isso no capítulo 24 do meu livro "Os Pais da Igreja contra a Imortalidade da Alma", que você pode baixar aqui:
Excluirhttps://mega.nz/#!flZjxRZI!LcNs95Mourqdnl6TrKrmFDDFYOR9mkCVIDZx0MqjWJc
E porque você não fala latim as palavras do padre não têm sentido? Mas que estupidez?
ResponderExcluirAh sim, claro. É o POVO INTEIRO que tem que estudar e aprender latim, e não o padre que tem a obrigação de ensinar ao povo na língua em que o povo fala.
ExcluirVá ensinar isso pro apóstolo Paulo:
"Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua desconhecida" (1 Coríntios 14:19)
Paulo insistia para que se falasse em uma língua COMPREENSÍVEL AO POVO, para que eles pudessem ser instruídos. Mas claro, não há problema em fazer missa NO LATIM, mesmo quando praticamente ninguém da congregação sabe o latim, uma vez que uma igrejola totalmente infalível determinou que é assim que deve ser feito.
Palhaçada...
HUAHAUAHUAHAAHUAHAU, rindo litros aqui, véi!
ExcluirQuando vou na minha igreja (presbiteriana), sempre aprendo alguma coisa, posso até discordar do ensinamento do pastor - como já discordei -, mas em 99% dos casos saio da igreja com um conhecimento maior do que entrei. Isso absolutamente não acontecia quando eu ia na igreja católica (obrigado) pela minha mãe, em que, mesmo a missa sendo em português, não entendia absolutamente nada - aqueles ritos, sobe, levanta, agacha, ajoelha, fora o fato da acústica da igreja ser péssima - fato recorrente nas igrejas católicas...
Aí o cara me diz que eu deveria assistir uma missa em latim. No que eu seria instruído assistindo uma missa em latim? Absolutamente nada! Prefiro ler a bíblia por 1 minuto do que assistir 2 horas de missa em latim...
Abraços!
E como se não bastasse a missa ser no latim, o padre ainda fica DE COSTAS para os fieis da Igreja, e a comunhão da "hóstia" (bolacha) pelo padre é feita diretamente na boca do fiel católico, que não pode pegar a hóstia com as mãos e depois trazê-la à boca porque assim estará mal ao corpo de Cristo :(
ExcluirPessoas que vem a este blog (tentar) refutar algo em anônimo: Quem são? Como vivem? Por que tem vergonha de se identificarem?
ExcluirHoje, no Fantástico!
HSUAHSUAHSUAHSUH
ExcluirPor falar na presbiteriana(Igreja que eu frequento) Eis aqui mais uma pérola católica, desta vez com o Pastor Augustus Nicodemus. Nesse vídeo ele fala sobre a apóstasia da igreja anglicana em relação aos homossexuais e q os protestantes estão se tornando católicos lá na Inglaterra. Aí aparece um monte de católicos tentando converte-lo ao catolicismo.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=l509HAmk2Kc
Pois é, o cara arrebenta o catolicismo em um monte de vídeos, e aí os catoleigos recortam 1 minuto de um único vídeo do cara para quererem "convertê-lo" ao catolicismo HSUAHSUAHSUASH
ExcluirLucas,o que você acha desse Augusto Nicodemos? Eu já vi vários católicos compartilharem vídeos dele,e já assisti um em que ele crítica as igrejas evangélicas. Ele é confiável? A que igreja ele pertence?
ExcluirEu gosto do Nicodemus, embora não seja dos mais preferidos. Ele é pastor presbiteriano. Critica algumas coisas nas igrejas evangélicas, mas na maioria das vezes ele critica bem, sobre coisas que estão erradas mesmo. Ele também é um crítico do catolicismo, mas esses vídeos os católicos fingem que não existem. O livro dele "Polêmicas na Igreja" é ótimo, embora eu não concorde com tudo. Vale a pena assistir uns vídeos dele ou ler algum livro.
ExcluirVc n concorda cm ele por causa Do calvinismo. Né? rs
ExcluirO problema não é ele ser calvinista, mas ser um militante da causa inclusive distorcendo alguns fatos históricos, como quando por exemplo ele disse que arminianismo é semipelagianismo, aí não dá pra aguentar...
ExcluirMas isso não muda o fato de que em geral ele é muito bom. Como a regra áurea da Bíblia é "analisar tudo e reter o que é bom" (1Ts.5:21), eu não tenho nenhum incômodo em ver pregações mesmo quando eu não concordo com boa parte. É só filtrar o que é útil e o que não é, porque muitas vezes mesmo quando você discorda você aprende alguma coisa a mais.
Eu até concordo em parte com as críticas feitas por ele às igrejas evangélicas,até porque ele fala da teologia da prosperidade que é ensinado em muitas hoje em dia. Mas o problema é que na minha opinião,ele generaliza muito,inclusive dizendo que nessas denominações se vende a salvação,sendo que nunca vi algo assim ser prometido nessas igrejas. Só espero que ele não esteja querendo tentar de alguma forma sujar a reputação dos evangélicos pentencostais para promover a igreja presbiteriana.
ExcluirEu também espero isso, mas do que eu já assisti dele, não vejo ele descendo o pau no pentecostalismo, mas sim no neopentecostalismo mesmo, e na maioria das vezes não é nem no neopentecostalismo como um todo, mas sim em certas loucuras que tem por aí, do tipo Agenor Duque e Valdemiro Santiago... então eu não vejo ele como um "anti-pentecostal", pelo menos ainda não tenho motivos para pensar assim.
ExcluirEu já vi um vídeo dele falando sobre pentecostais, neopentecostais e tradicionais, ele n falou nenhum mal dos pentecostais e sim dos neopentecostais.
ExcluirGrande surpresa encontrar este Site, estou aprendendo...
ResponderExcluirA Trindade é um dogma da ICAR?, gostaria de saber a sua opiniâo ou se vc já tem algum post sobre esse assunto.
ResponderExcluirA trindade já era crida muito antes da ICAR passar a existir. Tertuliano a defende em um Tratado contra Práxeas ainda no século II:
Excluirhttp://www.e-cristianismo.com.br/component/k2/tertuliano-contra-praxeas.html?showall=1
Eu não tenho nenhum artigo aprofundado sobre o tema, apenas esse aqui de data antiga:
http://apologiacrista.com/entendendo-a-trindade
Lucas, o que você acha quando pessoas que não creem na Trindade argumentam que Tertuliano era um teólogo católico?
ExcluirSe Tertuliano era católico, então que demonstrem que já existia uma Igreja Católica Apostólica Romana na época de Tertuliano e que Tertuliano era sujeito ao papa romano. Isso obviamente não pode ser provado.
ExcluirTambém é estranho que para a maioria dos anti-trinitarianos o catolicismo romano surgiu com Constantino, mas quando mostramos Pais de data bem anterior a Constantino, e que criam na trindade, eles passam a ser católicos romanos também... aí fica difícil de entender.
Na verdade, Pais da Igreja antes de Tertuliano defendiam a Trindade. Ele foi só o primeiro a utilizar o termo "trindade". E dizer que Tertuliano era católico romano é falso por vários motivos. Como alguém que não acredita em papado, transubstanciação, purgatório, indulgências, todos os dogmas marianos da ICAR, confissão auricular, sucessão apostólica como ensina a ICAR pode ser considerado católico romano? Tertuliano é um dos Pais da Igreja que mais se distanciam do catolicismo romano.
ExcluirEsqueci de mencionar também Batismo infantil. Além disso, ele também sustentava a Sola Scriptura.
ExcluirOlá boa tarde a Paz de Jesus tudo bem? Chamo-me Luiz Felipe estava buscando um pouco mais sobre Tertuliano e procurei este escrito dele oque acham?
ResponderExcluir''De praescriptione haereticorum'' que Tertuliano fala sobre o direito de possuir e, por conseguinte, de interpretar as Sagradas Escrituras, reservado não aos hereges, mas somente à Igreja, que é sua herdeira por via de transmissão legítima, tendo ela recebido as Escrituras de Cristo através dos apóstolos; sobre os motivos pelos quais as heresias estão no erro.
E ainda fala sobre o Papa Eleutério quando esta colocando algumas notas sobre Marcião e outros herejes:
Onde estava Marcião então, que shipmaster do Ponto, o estudante zeloso do estoicismo? Onde estava Valentino então, o discípulo do platonismo? Pois é evidente que esses homens não viveu muito tempo atrás, -em o reinado de Antonino em sua maior parte, e que a princípio eram crentes na doutrina da Igreja Católica, na igreja de Roma sob o episcopado dos bem-aventurados Eleutério, até por conta de sua curiosidade sempre inquieta, com o qual eles ainda infectado os irmãos, eles eram mais do que uma vez expulso. Marcião, de fato, [foi] com os duzentos sestércios que que tinha trazido para dentro da igreja, e, quando finalmente banido a uma excomunhão permanente, eles dispersos os venenos de suas doutrinas. Depois, é verdade, Marcião professada arrependimento e concordou com as condições que lhe são concedidos, que ele deve receber a reconciliação se ele restaurado para a igreja todos os outros a quem ele vinha treinando para perdição: ele estava impedido, no entanto, com a morte.
Boa tarde =D
O texto está pessimamente traduzido, parece que foi jogado no Google Tradutor e deixado assim, fica até difícil fazer alguma ponderação. Mas sobre a parte relevante, em que Tertuliano supostamente afirma que a Igreja Católica é a Igreja de Roma, trata-se do fato de que Marcião era de uma província romana e ensinava suas heresias em Roma, da mesma forma que Valentino. É por isso que Tertuliano cita a Igreja de Roma, dizendo que a princípio eram crentes na doutrina da Igreja Católica, na Igreja de Roma (comunidade local em que eles residiam), mas depois caíram na apostasia. Se Marcião e Valentino fossem de Éfeso, por exemplo, a mesma coisa seria dita, só que em relação à Igreja de Éfeso.
ExcluirPara ver que Tertuliano não cria de modo algum que o bispo de Roma fosse alguma espécie de chefe infalível da Igreja, basta ler os escritos do mesmo como um todo. Ele escreveu em sua obra “Contra Práxeas” que o bispo de Roma importunadamente fez falsas acusações contra os profetas e suas igrejas e o chamou implicitamente de “diabo”:
“Pois depois que o Bispo de Roma concordou com as dádivas proféticas de Montano, Priscila e Maximilla, e em consequência à concordância, tendo concedido sua paz às igrejas da Ásia e Frígia, ele, importunadamente urgindo falsas acusações contra os próprios profetas e suas igrejas, e insistindo na autoridade dos predecessores dos bispos na sé, o compeliu a revogar as cartas pacíficas que ele tinha enviado, bem como desistir de seu propósito de concordar com as ditas dádivas. Assim este Práxeas fez um duplo serviço para o diabo em Roma: ele afugentou a profecia, e introduziu a heresia; ela afastou o Espírito e crucificou o Pai” (Tertuliano, Contra Práxeas, 1)
Essas fortes acusações de Tertuliano ao bispo de Roma contêm um fundo histórico que foi comentado pelo bispo Kaye:
“Vítor ‘admitiu os dons proféticos de Montanus’, e manteve comunhão com as igrejas Frígias que os adotaram: mas pior que isto, ele agora parece apadrinhar a heresia patripassionista, sob a compulsão de Práxeas. Isto Tertuliano diz, quem certamente não tinha nenhuma idéia de que o Bispo de Roma era o infalível juiz de controvérsias, quando ele lembrou os fatos desta estranha história. Assim, nós descobrimos o próprio fundador do ‘Cristianismo Latino’, acusando um contemporâneo Bispo de Roma de heresia e apadrinhamento de heresia" (O bispo de Roma, cap. i. p. 597)
Portanto, não há nenhum apoio ao primado do bispo romano nos escritos de Tertuliano, exceto para quem quer ver mais do que o que o apologista de Cartago escrevia.
Bom dia Lucas a Paz de Jesus, obrigado por responder, realmente por falta de tempo e recursos achei este texto em Inglês e utilizei um tradutor online, segue o link de um resumo do tratado:
Excluirhttp://www.tertullian.org/works/de_praescriptione_haereticorum.htm
“Where was Marcion then, that shipmaster of Pontus, the zealous student of Stoicism? Where was Valentinus then, the disciple of Platonism? For it is evident that those men lived not so long ago,-in the reign of Antoninus for the most part, and that they at first were believers in the doctrine of the Catholic Church, in the church of Rome under the episcopate of the blessed Eleutherus, until on account of their ever restless curiosity, with which they even infected the brethren, they were more than once expelled. Marcion, indeed, [went] with the two hundred sesterces which which he had brought into the church, and, when banished at last to a permanent excommunication, they scattered abroad the poisons of their doctrines. Afterwards, it is true, Marcion professed repentance, and agreed to the conditions granted to him-that he should receive reconciliation if he restored to the church all the others whom he had been training for perdition: he was prevented, however, by death.”
Então pelo oque podemos notar aqui Lucas seria então o período pré-montanista de Tertuliano no qual ele acreditava na autoridade na autoridade do Ministério Petrino pois ele estava afirmando que Marcião e Valentino “A PRINCÍPIO ERAM CRENTES NA DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA, NA IGREJA DE ROMA SOB O EPISCOPADO BENDITO ELEUTÉRIO’’
No próprio ''De praescriptione haereticorum'' pesquisei um pouco mais encontrei ele ditando mais claro ainda sobre esta autoridade de Pedro e o martírio do mesmo e Paulo.
"Quem, pois, de mente sã pode crer que ignoraram alguma coisa aqueles que o Senhor entregou como mestres, mantendo-os inseparáveis em sua comitiva, em seu discipulado, em sua convivência, a quem expunha separadamente dos demais todas as coisas obscuras, dizendo-lhes que a eles era dado a conhecer aqueles mistérios que ao povo não era permitido entender? Foi ocultado algo a Pedro, que foi chamado pedra sobre a qual a Igreja seria edificada, que obteve as chaves do Reino dos Céus e o poder de desligar e ligar nos céus e na terra?" (Da Prescrição dos Hereges 22,2-4).
"Porém, se te encontras próximo da Itália, tens Roma, de onde também para nós está estabelecida a autoridade. Quão feliz é esta Igreja, a quem os Apóstolos conferiram, com seu sangue, toda a doutrina; onde Pedro foi igualado à Paixão do Senhor; onde Paulo foi coroado com a morte de João [Batista]; onde o apóstolo João, depois de banhado em azeite fervente não sofreu qualquer dano, sendo desterrado para uma ilha" (Da Prescrição dos Hereges 36,2-3).
Porém, podemos notar foi que Tertuliano quando se tornou discípulo do herege Montano mudou sua postura e que a partir daí passou a desconhecer e negar que o poder conferido a Pedro em razão das chaves era repassado também aos seus sucessores, principalmente no que se dizia a perdoar pecados, mais não que Pedro não o tinha. Obrigado =D.
Você leu o que eu respondi ou finge que não leu? Se leu, REFUTE o que foi argumentado, em vez de repetir e repetir a mesma coisa já refutada. Essa é a regra básica de um debate, e eu já estou cansado de discutir com gente que não refuta nada e ainda fica repetindo as mesmas tagarelices que já foram anteriormente rebatidas.
ExcluirVou repetir PELA ÚLTIMA VEZ:
“Sobre a parte relevante, em que Tertuliano supostamente afirma que a Igreja Católica é a Igreja de Roma, trata-se do fato de que Marcião era de uma província romana e ensinava suas heresias em Roma, da mesma forma que Valentino. É por isso que Tertuliano cita a Igreja de Roma, dizendo que a princípio eram crentes na doutrina da Igreja Católica, na Igreja de Roma (comunidade local em que eles residiam), mas depois caíram na apostasia. Se Marcião e Valentino fossem de Éfeso, por exemplo, a mesma coisa seria dita, só que em relação à Igreja de Éfeso”
Você tem que entender que no início a Igreja não era nem romana, nem antioquena, nem alexandrina, etc. Existia uma igreja (comunidade local) instalada em Roma, outra comunidade local (igreja) em Antioquia, outra em Jerusalém, outra em Éfeso, e assim sucessivamente. Neste texto em questão, Tertuliano faz menção à Igreja de Roma especificamente pela única e simples razão de que Marcião e Valentino tinham saído dali, ou seja, daquela comunidade local de Roma. Por isso ele diz que eles eram “crentes na Igreja Católica [i.e, a Igreja universal], na Igreja de Roma”. Não é porque Roma seja a Igreja Católica, mas porque eles eram da Igreja de Roma, e no entanto apostataram para aderir à heresia gnóstica. Qualquer cidadão que não seja desonesto e que observe o contexto percebe o óbvio.
Dos outros textos que você passou, em NENHUM Tertuliano diz que Pedro foi bispo de Roma, ou que o bispo de Roma era sucessor de Pedro. Onde foi que você leu isso nos textos? Você está lendo com as lentes de Roma, só assim para enxergar mais do que aquilo que está escrito.
O primeiro texto que você citou Tertuliano diz que Pedro era a pedra da edificação da Igreja (uma interpretação minoritária porém existente entre os Pais da Igreja) e que tinha as chaves do céu (todos os discípulos também as tinham – Mateus 18:18), mas em momento nenhum diz que Pedro era bispo romano ou que os bispos romanos exclusivamente são os sucessores de Pedro.
No outro texto, não apenas Pedro é mencionado, mas também Paulo, João Batista e o apóstolo João. Por acaso o apóstolo Paulo, o apóstolo João e João Batista eram bispos de Roma? É óbvio que não. Então por que Pedro, citado no mesmo contexto, seria?
Sua conclusão papista não segue as premissas de texto nenhum dos que foram citados. Tertuliano NUNCA afirmou que Pedro foi bispo de Roma, e também NUNCA afirmou que os bispos de Roma eram os sucessores de Pedro. Ele ressaltava a autoridade da igreja de Roma sim, afinal ela era uma das mais importantes igrejas da época, mas nunca como sendo uma autoridade infalível ou final, visto que na sua obra Contra Práxeas, escrita QUANDO ELE AINDA NÃO ERA MONTANISTA, ele chama o bispo de Roma de “diabo” por ter apadrinhado uma HERESIA.
Se no seu próximo texto não houver uma contra-argumentação, eu não vou mais continuar perdendo tempo debatendo com papista que só sabe repetir as mesmas coisas que já foram refutadas, até ganhar pelo cansaço. Me mostre um único texto onde Tertuliano diga que Pedro foi bispo de Roma ou que este episcopado de Pedro foi transferido de forma automática exclusivamente aos bispos de Roma, e se você não tem nada disso contente-se em não escrever nada.
Como o Lucas apontou, não há nada em Tertuliano que aponte a o primado jurisdicional do Bispo de Roma. Nosso amigo anônimo sofre da síndrome de Pedro. Ele atribui a priori ao Bispo de Roma aquilo que é dito sobre Pedro.
ResponderExcluir“Porém, podemos notar foi que Tertuliano quando se tornou discípulo do herege Montano mudou sua postura e que a partir daí passou a desconhecer e negar que o poder conferido a Pedro em razão das chaves era repassado também aos seus sucessores, principalmente no que se dizia a perdoar pecados, mais não que Pedro não o tinha. Obrigado =D.”
Em nenhuma citação trazida pelo anônimo Tertuliano diz que o poder da chaves foi repassado a algum sucessor, em especial o Bispo de Roma. Vejamos como ele de fato interpretava Mateus 16:
Se, porque o Senhor disse a Pedro: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja'', "te darei as chaves do reino dos céus", ou "o que tu ligar ou desligar na terra, será ligado ou desligado nos céus", você, portanto, presume que o poder de ligar e desligar foi dado a você, ou seja, para cada Igreja ligada a Pedro, que tipo de homem é você? subvertendo e mudando totalmente a intenção manifesta do Senhor, conferindo este dom pessoalmente a Pedro? "Em ti, Ele diz: Eu edificarei a minha igreja, e Eu te darei as chaves ... e, Tudo o que tu ligar ou desligar' ... Nele (Pedro) mesmo a igreja foi criada; isto é, através dele mesmo (Pedro); ele mesmo usou a chave; você pode ver qual chave: "Homens de Israel, ouçam com atenção: Jesus, o Nazareno, um homem destinado por Deus para vocês", e assim por diante. Portanto, ele próprio (Pedro) foi o primeiro a destrancar, no batismo de Cristo, a entrada para o reino celestial, no reino pelo qual são desligados os pecados que antes estavam ligados, e aqueles que não foram desligados são ligados, de acordo com a verdadeira salvação.
(Alexander Roberts and James Donaldson, The Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), Volume IV, Tertullian, On Modesty 21, p. 99)
Claro está que para ele, a chave foi dada pessoalmente a Pedro e não foi transferida a mais ninguém. Pedro usou a chave para abrir a porta do reino dos céus ao pregar no dia de Pentecostes. Ou seja, o que é dito sobre Pedro em Mateus 16, deveria ser aplicado exclusivamente a ele. Pedro é a rocha da Igreja enquanto ele é o pregador do evangelho, sendo através da mensagem do evangelho que se usa o poder de abrir e fechar àqueles que aceitam ou rejeitam a mensagem.
Na visão de Tertuliano, a primazia de Pedro se dava ao fato de ele ser o primeiro a pregar o evangelho. Não há aqui a noção de um primado jurisdicional de Pedro sobre os demais Apóstolos. Interpretação semelhante tinha outro Pai da Igreja – Martinho de Tours:
Pois ele é chamado de rocha, porque ele foi o primeiro a lançar as bases da fé entre as nações.
(Ancient Christian Writers (New York: Newman, 1989), The Sermons of St. Maximus of Turin, Sermon 77.1, p. 187)
Tertuliano também usou o termo “sumo pontífice” para se referir provavelmente ao bispo de Roma em tom de zombaria:
Em oposição a isso (modéstia), poderia eu não atacar o hipócrita? Ouvi dizer que tem havido até mesmo um decreto estabelecido, e um autoritário também. O Sumo Pontífice -- isto é, o bispo de bispos -- emitiu um decreto: "Eu perdoo, estão desobrigados de arrependimento, tanto os pecados de adultério e da fornicação”.
(Sobre a Modéstia - Capítulo I).
O fato de Tertuliano ter aderido ao montanismo não desabona em nada o seu testemunho pelos seguintes motivos:
(1) Não sabemos se ele já era montanista quando escreveu a obra “Sobre a Modéstia”;
(2) Ele nunca rompeu com a Igreja Católica. A ideia de que ele abandonou a Igreja de seus dias não encontra comprovação histórica;
(3) A sua aderência ao montanismo só confirma a tese de que Tertuliano não acreditava na primazia jurisdicional do Bispo de Roma. Se sustentasse esta doutrina, não teria abraçado essa seita.
(continuação...)
ResponderExcluirKarlfried Froehlich, um dos estudiosos medievais e patrísticos vivo mais importante, escreveu sua dissertação para o Ph.D. sobre a história da exegese patrística e medieval de Mateus 16:
A tradição catequética Norte Africana, por outro lado, entendeu a palavra sobre Pedro, a rocha da igreja, como o prefácio ao v. 19: Pedro era a rocha, porque ele recebeu as chaves do reino, que significavam o exercício da disciplina penitencial pela Igreja. Tertuliano, no entanto, considerava o Pedro de Mateus 16:18-19 como o representante de toda a Igreja ou, pelo menos, os seus membros "espirituais.
(Karlfried Froehlich, Saint Peter, Papal Primacy, and Exegetical Tradition, 1150-1300, pp. 3, 8-14, 42)
O maior historiador da Igreja do séc. XIX - Ignaz von Dollinger – que lecionou história da Igreja por 47 anos como católico romanos diz:
Tertuliano, Cipriano, Lactantius, não sabem nada de prerrogativa papal especial, ou de qualquer superior ou supremo direito de decidir em matéria de doutrina. Nos escritos dos doutores gregos, Eusébio, Santo Atanásio, São Basílio o Grande, os dois Gregórios e Santo Epifânio, não há uma palavra a respeito de quaisquer prerrogativas do bispo romano. O mais abundante dos Padres gregos, São Crisóstomo, é totalmente silencioso sobre o assunto, e por isso são os dois Cirilos. Igualmente silenciosos são os latinos, Hilário, Paciano, Zeno, Suplício e St. Ambrósio.
(The Pope and the Council (Boston: Roberts, 1869), pp. 70-74)
O importante teólogo e historiador católico Cardeal Yves Congar reconhece:
Às vezes aconteceu que alguns Padres entendiam a passagem de uma maneira que não está de acordo com o ensinamento da Igreja mais tarde. Um exemplo: a interpretação da confissão de Pedro em Mateus 16: 16-19. Exceto em Roma, esta passagem não foi aplicada pelos Padres para o primado papal; eles trabalhavam fora de uma exegese ao nível do seu próprio pensamento eclesiológico, mais antropológica e espiritual do que jurídica.
(Yves Congar, Tradição e tradições (New York: Macmillan, 1966), p 398)
Então, deixo meus humildes conselhos para todos os que desejam provar a historicidade do papado a partir dos Pais da Igreja:
(1) A interpretação de Pedro como sendo a Pedra de Mateus não é suficiente para provar o papado. Muitos pais da Igreja e até mesmo teólogos protestantes interpretaram desta forma, nem por isso sustentavam o papado. O argumento de que Pedro era a Pedra, logo detinha primazia jurisdicional sobre os demais é um non sequitur;
(2) Apelar a um Pai da Igreja que interpretava a pedra como sendo Pedro e não demonstrar que esse Pai entendia que Pedro detinha primazia jurisdicional sobre os demais e que os únicos sucessores de Pedro exercendo exclusivamente esta primazia foram os bispos de Roma é irrelevante para provar o papado.
Fique na PAZ!
Bruno, esse tipo de gente não está disposta a aprender, apenas quer tumultuar copiando o que leu por aí em algum blog católico. Acredita que depois de tudo isso ele copiou O MESMO texto sem refutar nenhum contra-argumento mais uma vez? É sempre a mesma coisa: não estudam, não refutam, não argumentam, não se educam, por isso tudo o que sobra é a mesma tagarelice já refutada de sempre.
ExcluirLucas, você poderia fazer uma exegese de Eclesiastes 7.16?
ResponderExcluirEu entendo que Salomão estivesse se referindo a uma justiça do estilo dos fariseus quando se referiu a "excessivamente justo e sábio". Os fariseus davam o dízimo até daquilo que não precisava, viajavam o mundo todo para fazer um prosélito, faziam questão de dar suas esmolas em público e orar alto para todo mundo ver o quanto eles eram justos e santos. Esse tipo de "justiça excessiva" que Salomão tenta evitar no texto em questão, visto que pende para o orgulho e a hipocrisia. No site abaixo você pode encontrar vários comentários de estudiosos, a maioria deles concordando comigo:
Excluirhttp://biblehub.com/commentaries/ecclesiastes/7-16.htm
Abs.
Lucas,os apologistas católicos afirmam que 2tm 3.16,17 não prova o sola scriptura, pois a Bíblia ainda não estava completa,quando ele escreveu a carta ao Timóteo.eles alegam que Paulo referia apenas ao velho testamento.
ResponderExcluirVc poderia me ajudar mais uma vez?
Refutei este argumento aqui:
Excluirhttp://apologiacrista.com/a-sola-scriptura-p3
Lucas,vc poderia me explicar de forma mais simples e rápida. A minha dúvida é "desde da infância sabe, as sagradas letras",na infância de Timóteo o novo testamento ainda não tinha sido escrito. O que eu entendo,que ele está referindo ao velho testamento,quando diz as sagradas letras, pois,na infância de Timóteo não existia o novo testamento.
ExcluirEsta é a minha dúvida.
Paulo não falava da quantidade de escritos, mas da NATUREZA da Escritura, e portanto compreende toda a sua extensão em todas as épocas. Ou seja, a Escritura inteira é isso, mesmo quando ela ainda não estava completa.
ExcluirComo analogia:
Durante alguns anos minha casa ainda estava sendo construída e eu já morava nela mesmo com a parte de cima sem ter sido construída, e ainda assim eu poderia afirmar que a minha casa era o único lugar onde morava, ainda que ela não estivesse completa. E logicamente, depois de completa, ela continua sendo tudo isso, e o que eu havia dito antes (sobre só morar na minha casa) continua sendo válido para a casa completa.
Lucas,muito obrigado por tirar as minhas dúvidas.
ResponderExcluirNão há de que.
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