Os títulos de Maria à luz da Bíblia
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que nós, evangélicos, respeitamos Maria, como sendo a mãe de nosso Senhor Jesus. Reconhecemos que ela foi agraciada por Deus e que é digna de nosso respeito. O que nós iremos refutar, portanto, não é Maria, mas sim os mitos e mentiras que foram inventados em torno dela, muitos séculos depois da era apostólica. Diz respeito, principalmente, ao fato de considerá-la como:
- Co-Redentora
- Medianeira
- Intercessora
- Advogada
- Rainha dos Céus
- Onipotente
- Salvadora
- Adjutriz
- Mãe de Deus
- Toda-Poderosa
- Auxiliadora
- Imaculada
- Esposa do Espírito Santo
Estes e vários outros títulos atribuídos a Maria - muitos dos quais de maneira oficial pela Igreja Romana, outros dos quais constantemente ditos pelos fieis – não possuem qualquer fundamento bíblico de respaldo. Ao contrário, o que veremos é que em lugar nenhum da Bíblia Maria é elevada a estes padrões.
Primeiramente, vamos ver o que os próprios católicos nos dizem a respeito dos pontos levantados acima. Colocarei aqui referências vindas do Catecismo Católico, do Concílio Vaticano II e de um livro oficial da Igreja Romana escrito por um santo e doutor da Igreja, Afonso de Ligório, chamado "Glórias de Maria". Vejamos:
-Maria como salvadora:
"Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte” (Catecismo Católico, §964)
"E esta maternidade de Maria perdura sem cessar na economia da graça... Pois uma vez assunta aos céus, não deixou o seu ofício salvador, mas continua a alcançar-nos por sua múltipla intercessão os dons da salvação eterna" (Concilio Vaticano II, Lumen Gentium, 62; veja-se o Catecismo da Igreja Católica, # 969, 975)
"E esta maternidade de Maria perdura sem cessar na economia da graça... Pois uma vez assunta aos céus, não deixou o seu ofício salvador, mas continua a alcançar-nos por sua múltipla intercessão os dons da salvação eterna" (Concilio Vaticano II, Lumen Gentium, 62; veja-se o Catecismo da Igreja Católica, # 969, 975)
“Salve esperança de minha alma... salve, ó segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo” (Glórias de Maria, p.98)
“Maria é advogada poderosa para a todos salvar” (Glórias de Maria, p.151)
“Maria é advogada poderosa para a todos salvar” (Glórias de Maria, p.151)
“Feliz aquele que se abraça amorosa e confiadamente a essas duas âncoras de salvação: Jesus e Maria! Não perecerá eternamente” (Glórias de Maria p.31)
-Maria como advogada, auxiliadora, adjutriz e medianeira:
“Bem-Aventurada a virgem Maria, invocada na Igreja sob título de advogada, auxiliadora, adjutriz, medianeira” (Concílio Vaticano II, p.109)
-Maria como onipotente e Toda-Poderosa:
“Sois onipotente, ó Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis” (Glórias de Maria, p.100)
“Maria é toda poderosa junto a Deus“ (Glórias de Maria, p.151)
Tendo em vista que essas informações não são invenções de protestantes, mas são declarações proferidas pelos próprios católicos, por santos e doutores da Igreja, por livros oficiais da Igreja Católica, pelo Catecismo Católico e pelos concílios, cabe agora refutarmos estas falsas alegações – embora algo tão obviamente herético nem necessite realmente de alguma refutação.
Vamos, portanto, aos fatos bíblicos:
-Maria reconhece a sua necessidade de um Salvador:
"E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador" (Lucas 1:47)
Se Maria necessitava de um Salvador, é porque ela era pecadora como nós, pois só necessita de um Salvador aqueles que pecam. Deus, por exemplo, não necessita de um "Salvador". Ninguém vai "salvar" Deus, pois Ele não necessita de salvação, ele nunca pecou! Com, Maria, porém, a coisa é bem diferente. Ela se reconhece como pecadora que necessitava de um Salvador que efetivasse na vida dela essa salvação, assim como ocorre com todos nós.
-Cristo colocava sua família espiritual acima de sua família natural:
"E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe" (Marcos 3:32-35)
Jesus colocava sua família espiritual acima da sua família natural, e ele incluía a sua mãe nisso. Ele diz que a sua mãe e seus irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus. Cristo certamente não teria colocado a Sua família espiritual acima da Sua família natural (incluindo Maria) se ela fosse tão superior aos demais como ensina o Catecismo Católico.
-Os que ouvem a palavra de Deus e a guarda são bem-aventurados antes que Maria:
"E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guarda" (Lucas 11:27-28)
Jesus parece se adiantar aqui às alegações católicas sobre sua mãe. Ao invés de concordar ou dizer ainda mais coisas sobre o que foi dito por alguém da multidão sobre ela, ele afirmou que, antes de Maria, são bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guarda. Se Jesus concordasse com as teses católicas, teria colocado Maria como sendo a prioridade e a teria colocado antes dos demais que ouvem a palavra de Deus, e não o contrário.
-Que tenho eu contigo, mulher?
"E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser" (João 2:3-5)
Quando Maria quis interferir naquilo que Jesus deveria ou não fazer, ele a corrigiu com veemência, pois ela não tinha este direito sobre ele. Quando, porém, ela se sujeitou a que fosse feito tudo o que ele dissesse (e não o que ela mesma queria), então o milagre aconteceu.
-Maria não era maior do que João Batista:
"Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele" (Mateus 11:11)
De todas as pessoas que nasceram até o estabelecimento da nova aliança (reino de Deus), antes do advento de Cristo onde é instaurado o reino dos céus, Jesus aponta João Batista como sendo o principal desde tempo. Embora Maria também estivesse neste grupo de pessoas que nasceram desde Adão até antes de Cristo e também tivesse "nascido de mulher", ela não é mencionada como sendo a maior, mas sim João. O fato curioso fica por conta de que, pelo catolicismo, João Batista não possui praticamente nenhum dos vários títulos que Maria detém, embora Jesus tenha colocado João antes de Maria!
-A maior pessoa de fé que Cristo achou em Israel não foi Maria, mas um centurião:
" Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel" (Mateus 8:10)
A maior fé em Israel não foi a de Maria, mas a deste centurião que Jesus declarou que, no território israelita, foi aquele que teve a maior demonstração de fé entre todos. Ora, Maria também era israelita e igualmente vivia em Israel. Mas, embora ela também fosse um exemplo de fé, foi a fé daquele centurião a apontada como a maior em Israel. Quando Jesus diz que tamanho nível de fé não foi encontrado "em ninguém em Israel", é porque nem a própria Maria teve tal fé, pois ela também era de Israel.
-Maria não aparece nunca nas epístolas apostólicas:
Embora existam inúmeros relatos e menções acerca de inúmeras mulheres que eram mencionadas nas epístolas apostólicas, Maria é deixada absolutamente de fora de todos os escritos de Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas! Ora, se Maria tivesse toda a primazia e os títulos que a Igreja Católica a ela atribui, então ela teria um papel fundamental na doutrina do Cristianismo, e os apóstolos, por conseguinte, não teriam ignorado isso em todas as suas cartas.
Porém, o fato é que Maria só aparece na Bíblia nos evangelhos, e quando o assunto não é doutrina, mas relatos históricos. Quando, porém, chegamos à parte doutrinária da Bíblia e avançamos às epístolas apostólicas doutrinárias, Maria desaparece por completo das páginas da Bíblia. Na única vez em que há uma alusão à mãe de Jesus, Paulo faz questão de nem sequer citar o nome dela, mas diz somente que Jesus nasceu "de mulher":
"Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei" (Gálatas 4:4)
Ele nem sequer citar o nome de Maria faz questão de citar, nem mesmo quando escreve sobre o nascimento de Jesus! A Bíblia dos sonhos dos católicos verte essa mesma passagem da seguinte maneira:
"Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de Maria, nossa advogada, auxiliadora, adjutriz, medianeira, a onipotência suplicante e imaculada rainha dos céus, nascido debaixo da lei..." (Gálatas 4:4 na versão: Bíblia dos sonhos dos católicos)
Infelizmente, esses títulos de Maria só existem mesmo nos sonhos e ilusões romanistas. A verdade bíblica, muito distante disso, é que Maria não é nem ao menos citada quando o assunto é doutrina. Se ela não era nem mesmo citada, é porque ela não tinha toda a relevância no aspecto doutrinário que os católicos atribuem a ela.
Ou, então, os apóstolos sempre faziam suspense e mistério, escondendo do povo misteriosamente aquilo que seria da maior importância no catolicismo: os títulos de Maria e toda a mariologia que envolve a Igreja de Roma! Por que eles iriam querer esconder algo das páginas da Bíblia que seria teoricamente da maior importância para os católicos? Certamente porque eles não tinham nada a esconder: não citavam Maria porque a doutrina não a envolve!
O catolicismo romano, em contraste a isso, coloca Maria junto a tudo aquilo que pode ser considerado doutrina. Muitas dessas doutrinas em torno de Maria foram criadas muitos séculos depois da sua morte. Na verdade, elas não são nada a mais senão o sinal claro do desvio doutrinário da Igreja Católica sumariado pelos seus vários e constantes acréscimos ao evangelho de Cristo, que já a deixaram há muitas milhas distante do Caminho.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
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Olá, Emmanuel.
ResponderExcluirMuito sábia as suas palavras e suas considerações. Sobre as Bodas de Caná, recomendo também a leitura de um artigo meu sobre a "intercessão" de Maria:
http://apologiacrista.com/index.php?pagina=1086202078
Lá eu explico com mais detalhes sobre esta passagem em específico.
Abraços!
Vou dá uma olhadinha Lucas.Abraço querido
ResponderExcluirOla lucas, mais uma vez aprendendo com vc, bom li uma vez que a imagem hoje utilizada para representar Maria seria de "Ninrod - Semiramis - Tamuz" será que poderia me esclarecer melhor se realmente tem relação? Se for verdade foi apenas mais uma substituição dos vários deuses/ entidades romanas que tiveram seus nomes modificados, des de já obrigado! Walter Abreu
ResponderExcluirSim, existe relação sim. O diabo apenas modifica os nomes, mas mantém o culto às mesmas entidades demoníacas de sempre. Quando o Cristianismo passou a ser a religião oficial do império, multidão de pagãos teve que se converter à força ao Cristianismo, trazendo consigo suas práticas e costumes pagãos, e não se transforma toda uma cultura de um povo do dia pra noite. Templos e imagens pagãs foram apenas modificados artificialmente para uma "carinha cristã", e a Ísis do paganismo passou a ser a mãe de Jesus do Cristianismo. Tudo cuidadosamente articulado, até os títulos se mantiveram, ambas são a "Rainha dos céus". Um resumo sobre isso você encontra aqui:
Excluirhttp://apologiacrista.com/a-paganizacao-da-igreja-romana
Há um livro sobre isso chamado "As Duas Babilônias", que traça esse paralelo entre as entidades pagãs do império romano e do catolicismo romano.
Abs.
gostei dos seus estudos muito bom;
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirOlá
ResponderExcluirSou aquele mesmo que a algumas semanas fez a pergunta sobre Inácio de Antioquia e Justino na matéria sobre transubstanciação e que fez um comentário na matéria sobre se Maria pecou
Eu tenho mais uma dúvida que não tem como perguntar a um católico (pois já sei quis serão os argumentos que usarão): como refutar um católico quando ele fala da co-intercessão de Maria usando como argumento as bodas de caná?
Abraço
Olá, eu escrevi sobre isso aqui:
Excluirhttp://apologiacrista.com/a-intercessao-de-maria
E de uma forma bem mais resumida, você pode conferir nos meus comentários a João 2:
http://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2014/08/comentarios-de-joao-2.html
Abs!
Excelente artigo!
ResponderExcluirVlw!
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