Refutando argumentos católicos contra a Sola Scriptura


Ontem eu estava observando um católico enfurecido debatendo com alguns evangélicos e fazendo aquilo que todo mundo já conhece: xingando, berrando, esperneando e tendo como único argumento um texto copiado descaradamente de um dos cantos obscuros da internet. Ele vociferava e repetia aquele texto mil vezes, como se ninguém fosse capaz de refutar aquilo, pois era tanto lixo junto em um texto tão grande que dava tédio para qualquer pessoa refutar ponto por ponto.

O texto copiado pelo sujeito como se fosse um argumento está em vermelho, e em seguida uma breve refutação minha. Como quase todos os argumentos dele são refutados em artigos mais diretos e exaustivos sobre cada ponto, apenas fiz uma resposta breve com uma nota de rodapé no fim do texto com sugestões de leitura para cada assunto, caso seja necessário uma pesquisa mais aprofundada em cada tema. Sem mais delongas, segue o texto do indivíduo e minha refutação.


“Se Lutero é homem e a Bíblia diz que maldito é homem que confia em outro homem, por que os protestantes acreditam cegamente nos princípios por ele criados?”

Em primeiro lugar, ninguém “acredita cegamente” em Lutero, prova disso é que existem inúmeros evangélicos que divergem de Lutero em algumas doutrinas, e isso desde a Reforma. Um exemplo prático: Lutero cria na consubstanciação, Calvino na presença espiritual de Cristo e Zwínglio de forma simbólica. Se seguissem Lutero “cegamente”, não haveria ninguém que creria diferente dele em nada, muito menos na questão da Ceia.

Além disso, nunca, em momento algum da História, algum evangélico atribuiu a Lutero alguma vez o atributo da infalibilidade. Este é exclusivo dos romanistas com o papa. Então, vejamos o contaste: o católico acusa o evangélico, que não crê na infalibilidade de Lutero, de “seguir homens”, mas esse mesmo católico crê que o papa (um homem) é infalível, e não quer ser chamado de “seguidor de homens”? Absurdo, é lógico. É por isso que nós, diferentemente deles, não seguimos homem algum, mas a Bíblia somente. Se um homem prega uma doutrina que é bíblica nós podemos seguir porque está na Bíblia, e não por esse homem ser infalível, como creem os católicos. Isso nos faz seguidores da Bíblia, e eles de homens. Esse é o típico argumento do bumerangue: que volta contra eles mesmos.[1]


“Se vocês acreditam em Lutero, eu posso acreditar no Renato, na Cecília, na Ana Luíza ou em mim mesmo”

Você pode acreditar no que quiser, até em Papai Noel, desde que o que seja ensinado por essa pessoa seja bíblico.


“Aliás, presumo me conhecer melhor do que conheço Lutero. Nesse contexto, sou mais confiável do que Lutero de quem nada sei e cuja vida pessoal me é totalmente desconhecida”

A questão não é sobre quem se conhece melhor do que quem, mas o que a Bíblia diz. O que está em jogo aqui não são homens, mas a Palavra. Ninguém precisa conhecer a “vida pessoal de Lutero” para crer no que ele ensinou, basta ir às Escrituras e crer no que ela diz.


“E se o Sola Scriptura é essencial, não seria natural que a Bíblia nos tivesse deixado alguma profecia a respeito da ‘memorável e salutar’ reforma da Igreja e também sobre o aparecimento do grande ‘iluminador’ Lutero?”

Mais uma vez entra em cena o argumento falacioso e deplorável baseado em seguidores de homens. Em primeiro lugar, nem sequer o nome “Jesus” (Yeshua) estava no AT, então será que os apóstolos do NT não deveriam crer no que Jesus disse? Em segundo lugar, não é preciso aparecer a palavra “Lutero” na Bíblia para crermos na Sola Scriptura, de onde o argumentador presume ao formular esse argumento ridículo. Basta que o ensino da Sola Scriptura esteja na Bíblia. E, por fim, o próprio apóstolo Paulo previu a possibilidade de apostasia dos romanos e de eles serem cortados do Reino, quando escreveu a eles e lhes disse:

“Se alguns ramos foram cortados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da seiva que vem da raiz da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, saiba que não é você quem sustenta a raiz, mas a raiz a você. Então você dirá: ‘Os ramos foram cortados, para que eu fosse enxertado’. Está certo. Eles, porém, foram cortados devido à incredulidade, e você permanece pela fé. Não se orgulhe, mas tema. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará você. Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para com você, desde que permaneça na bondade dele. De outra forma, você também será cortado” (Romanos 11:17-22)

Por que Paulo escreveria isso, se não fosse pela possibilidade da Igreja de Roma cair em apostasia e não ser poupada por Deus?


“2) Se o Sola Scriptura é válido e o livre exame e a interpretação pessoal devem ser acatadas como princípios adequados, por que então considerar errada a interpretação católica?”

Simples: porque é antibíblico. O fato de a Bíblia poder ser livremente examinada e interpretada não significa que todas as interpretações estarão corretas. Os Pais da Igreja divergiam entre si em muitos aspectos, porque sabiam que, de todas as interpretações, havia uma certa e as outras erradas. Da mesma forma que um advogado pode livremente interpretar um trecho da Lei diferente de um promotor de justiça, igualmente dois intérpretes da Bíblia podem divergir entre si, mas isso não significa que a Constituição ou a Bíblia não tenham uma forma correta de interpretação.[2]


“A interpretação é livre para os protestantes. Aceitam a teoria da prosperidade, mas não aceitam o culto mariano?”

Em primeiro lugar, os que aceitam a teologia da prosperidade são os neopentecostais, e não todos os evangélicos. Neopentecostais são uma fatia pequena de um todo muito maior de tradicionais e pentecostais que não creem nessa teologia. Em segundo lugar, o fato de alguns evangélicos em sua ignorância crerem na prosperidade não justifica o culto mariano, pois um erro não justifica o outro.


“Aceitam a predestinação, mas não aceitam a intercessão de santos?”

Predestinação é um conceito bíblico, embora interpretado de forma diferente por evangélicos calvinistas e evangélicos arminianos. Independentemente de qual destes dois pontos de vista está certo e qual está errado, isso não justificaria a heresia da intercessão dos santos, que não possui qualquer base ou fundamento bíblico em lugar nenhum.[3]


“Aceitam o evangelho judaizante e não aceitam a oração pelos defuntos?”

Idem para os outros dois pontos.


“Se a interpretação é livre, se o livre exame é válido, se todos podem interpretar, se o que importa é somente a fé, então tudo é possível, todos estão certos e isso, obrigatoriamente, também inclui os católicos”

O argumentador sugere aqui um tremendo de um non sequitur. Ele arremete da premissa “a interpretação é livre” a conclusão de que “todos estão certos”. Da onde ele tirou isso? Como já foi dito antes, o fato de existirem diversas interpretações para certas doutrinas não significa que estão todas certas. Novamente teremos que recordar a ilustração do advogado, que tem como base a Lei e a Constituição Federal, e que pode interpretá-la diferente de um outro advogado ou promotor de justiça. Isso não significa que não existe nenhuma interpretação correta da Lei, ou que todas as interpretações possíveis são verdadeiras, ou que o advogado está certo em qualquer conclusão que ele tomar, simplesmente porque ele é livre para interpretar a Lei. Ele pode ser livre, mas da mesma forma pode acertar ou errar em seu julgamento. Isso veremos no Dia do Juízo, quando Deus revelará tudo a todos.


“a) Onde está na Bíblia que Lutero é profeta, santo, iluminador ou parâmetro e padrão de interpretação da vontade divinal?”

Mais uma parafernália infernal, repeteco do que foi dito no início sobre Lutero. Ninguém aqui é seguidor de homens como vocês são do papa, ninguém aqui segue literalmente tudo o que Lutero ensinou, ninguém aqui diz que Lutero era infalível em ex cathedra, ninguém aqui disse que Lutero era “profeta”, e nós atentamos para o que Lutero disse somente na medida em que tem base Escriturística sólida, senão rejeitamos.


“b) Onde está na Bíblia que devemos seguir a interpretação individual? Eu vi justamente o contrário. Nada é de interpretação individual”

Então você nunca leu a Bíblia:

Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no lugar santo — quem lê, entenda (Mateus 24:15)

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim” (João 5:39)

“E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei" (Neemias 8:3)

"E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei” (1ª João 2:27)

"E que desde a infância sabes as Sagradas Letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus” (2ª Timóteo 3:15)

"Pelo que, quando ledes, podeis entender a minha compreensão do mistério de Cristo" (Efésios 3:4)

"Ora, os de Bereia eram mais nobres do que os de tessalônica, porque examinavam diariamente nas Escrituras para ver se o que Paulo dizia era mesmo assim" (Atos 17:11)


“c) Onde está na Bíblia que basta a fé para sermos salvos? Não pode estar subentendido. Lembre-se: Sola Scriptura. Tem que estar claramente escrito que basta ter fé para ser salvo”

Aqui:

“Sabemos, contudo, que ninguém será justificado pela prática da lei, mas somente pela fé [εαν μη δια πιστις] em Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado” (Gálatas 2:16) 


“d) Se vocês acharem na Bíblia que a fé é suficiente à salvação, então também nos mostrem onde está na Bíblia que a fé católica não tem valor algum? Tudo bem que ninguém vai achar a expressão católica. Então procurem algo parecido. Algo que defina claramente que a fé de vocês é a correta. Algo que defina que todas as denominações protestantes no mundo inteiro creem da maneira correta”

Em primeiro lugar, ninguém disse que “todas as denominações protestantes do mundo” creem da maneira correta sobre tudo. Muitas erram, muitas não pregam o verdadeiro evangelho, várias são igrejas-mercado que nem devem ser levadas a sério, mas a grande maioria mantém a unidade da fé e a essência do Cristianismo mesmo que divergindo em alguns aspectos secundários umas das outras. Em segundo lugar, não dizemos que “a fé católica não tem valor algum”, e sim que diversas doutrinas católicas não têm valor, pois são falsas.

Quer base bíblica para isso? Basta ver Paulo falando sobre os bispos terem “uma só esposa” (1Tm.3:2) e os papistas proibindo os padres de se casar; João sendo repreendido por se prostrar diante de um anjo (Ap.19:10) e os católicos se prostrando e cultuando imagens de escultura; Jesus limitando a história dos martírios no AT “de Abel até Zacarias” (Lc.11:51) e os romanistas acrescentando livros apócrifos com martírios depois deste período que foram completamente omitidos por Cristo; Jesus dizendo que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas, mas não será assim entre vocês(Mc.10:42), e a Igreja Católica vai lá e diz que Pedro exercia um primado sobre todos os demais, e assim por diante[4]. A doutrina da Igreja Católica está corrompida do início ao fim, e isso podemos provar pela Sola Scriptura como também pela própria história.


“e) Onde está escrito na Bíblia que o ‘Sola Scriptura’ é o critério correto para interpretação da fé e das Escrituras? Tudo bem que ninguém vai encontrar a expressão Sola Scriptura. Aceito a expressão em português ‘Só a Escritura’”

Aqui:

“Porque desde criança você conhece as Sagradas Escrituras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e plenamente preparado para toda boa obra (2ª Timóteo 3:15-17)

O texto diz que a Escritura faz com que o homem de Deus seja perfeito e plenamente habilitado para toda boa obra. Se isso não significa que a Bíblia é suficiente, então eu não sei como Paulo poderia expressar isso em palavras. Ou talvez ele fosse católico e se expressasse assim:

“Porque desde criança você conhece as Sagradas Escrituras e a Sagrada Tradição, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, porém insuficiente para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, sendo necessária a Sagrada Tradição para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2ª Timóteo 3:15-17 na Bíblia dos Sonhos dos Católicos, compre já a sua, católico!)[5][6]


“f) Quais os nomes de todos os irmãos de Jesus ? Sim. Se vocês dizem que eles tem irmãos é porque devem ter visto na Bíblia os seus nomes e conhecem todos eles”

Easy:

“Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?” (Mateus 13:55)

Tiago
José
Simão
Judas

Próxima!


“g) Onde está na Bíblia que Maria teve outros filhos? Mas não pode estar subentendido. Tem que ser claro. Maria teve esse e aquele filho, o parto foi assim e assado, José fez isso e aquilo com seus bebês, Fulano e Beltrano foram apresentados no templo....etc...”

Em primeiro lugar, da onde foi que esse anencéfalo[7]tirou a ideia de que para algo ser bíblico ele não pode estar subtendido, mas claro? Há coisas que podemos crer por dedução, mesmo sem estar claro. Por exemplo: se a Bíblia diz que o Pai é Deus (Mt.22:32), que Jesus é Deus (Jo.1:1), que o Espírito Santo é Deus (At.25:4) e que Deus é um (Ef.4:6; Dt.6:4), eu posso presumir sem nenhuma dificuldade que Deus é um em três (pessoas), com base puramente nos dados bíblicos. Da mesma forma, se a Bíblia não diz que José nunca teve relações com Maria, mas, ao contrário, diz que José não teve relações com ela até o nascimento de Jesus (Mt.1:24,25), é totalmente presumível que ela tenha tido filhos depois disso.

Em segundo lugar, se no grego havia palavra específica para parente[suggenes] (Lc.1:36; 1:61; At.7:3; Jo.18:26; Rm.16:11), para primo [anepsios] (Cl.4:10) e para irmão [adelphos] (At.1:14; 1Co.9:5; Jo.7:5; Gl.1:19; Jo.12:2; Lc.2:20-21; Mc.3:31-35), mas quando se trata dos irmãos de Jesus a referência é semprea “irmãos” (adelphos), é totalmente lógico que os irmãos de Jesus fossem irmãos mesmo, e não primos, como ensina erroneamente a Igreja Romana.  Não é preciso dizer que “o parto foi assim e assado”, a Bíblia também não diz como foi o nascimento do apóstolo Paulo, mas só um retardado mental poderia chegar à conclusão de que não é possível provar a existência de Paulo biblicamente![8]


“h) Onde está escrito na Bíblia que podemos ter pastoras mulheres? Tem que estar claro”

Atos 18:26 fala de Áquila e Priscila ensinando a Apolo o “caminho de Deus” (At.18:26), de onde se presume que não é – pelo menos absolutamente – “proibido” que a mulher ensine (pregue), mas de fato não há nenhuma passagem que fale especificamente de uma mulher pastora, e por essa razão há igrejas que ordenam mulheres e igrejas que não ordenam. Isso entra exatamente no ponto que vimos anteriormente: um deve estar certo e o outro errado, mas, neste caso, é a própria Bíblia que condena o que erra, e não alguma instituição religiosa em particular. De qualquer forma, esse erro seria secundário, uma vez que o mais importante não é quem prega, e sim o que prega[9].


“i) Onde está escrito que o batismo deve ser feito lá pelos 13 ou 14 anos ou talvez quando a pessoa quiser e aceitar Jesus? Tem que estar claro. Sola Scriptura”

Nenhum evangélico tem que mostrar algum batismo sendo feito “lá pelos 13 ou 14 anos” porque nenhum evangélico crê que o batismo deva necessariamente ocorrer nessa idade. O que dizemos, simplesmente, é que o batismo deve ser feito quando a criança atinge um estado de consciência dos próprios pecados e pode se arrepender deles, já que o arrependimento é um precedente necessário para o batismo (Lc.3:3; At.13:24; Mc.1:4; At,8:36-38), assim como a fé (At.18:8; At.8:36-38; Mc.16:16). Isso pode acontecer com alguém ainda mais jovem que “13 ou 14 anos” (se já tiver fé em Cristo e consciência de seus pecados para que possa se arrepender deles), da mesma forma que pode ser que alguém com 80 anos ainda não possa ser batizado por não crer em Jesus e não ter consciência de seus próprios pecados nem se arrepender deles.[10]Portanto, nós evangélicos não afirmamos nada a mais senão o que a própria Bíblia afirma:

“Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: ‘Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?’ Disse Filipe: ‘Você pode, se crê de todo o coração’. O eunuco respondeu: ‘Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus’. Assim, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou” (Atos 8:36-38) 


“j) Onde está escrito na Bíblia que é proibido sacerdote celibatário? Tem que estar claramente escrito que o sacerdote ou pregador tem que ser casado”

Da onde foi que o indivíduo tirou a ideia de que é proibido um pastor evangélico se casar? Isso mostra o quanto que ele não sabe nada da fé protestante. Nós nunca dissemos que é “proibido” um pastor se casar (de fato existem muitos pastores solteiros e celibatários), mas sim que ele está livre para escolher se quer se casar ou não. O catolicismo, ao contrário, proíbe que os padres se casem. Quem está certo, à luz da Sola Scriptura? Basta ler o que Paulo diz para quem quiser ser bispo:

“Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar” (1ª Timóteo 3:1-2)

Paulo deixava livre se um bispo quer se casar ou não, em momento nenhum ele diz que se casar é proibido, e se ele achasse isso ele nunca iria ter dito para ser marido de “uma só mulher”(1Tm.3:2). A única ressalva de Paulo, portanto, não era o celibato, mas a monogamia.[11]


“l) Onde está escrito na Bíblia que pastor pode dar benção para divórcio? Tem que estar claro também. Podem substituir pastor por sacerdote”

Onde algum pastor dá bênção para divórcio? Se alguém faz isso, está errado e é um herege.[12]


“m) Onde está na Bíblia que a obrigação do dízimo prevalece até os dias de hoje? Eu soube que a Bíblia nos diz que toda a lei anterior foi revogada por ser ineficaz”

Os que creem na validade do dízimo usam o texto de Hebreus 7:8, que diz:

“No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive” (Hebreus 7:8)

Ou seja: ao invés de o autor de Hebreus dizer que o dízimo “acabou”, ele diz que foi substituído: no primeiro caso, era recebido por “homens mortais” (os levitas), mas hoje o damos àquele de quem “se declara que vive” (Jesus). Isso não significa que os textos veterotestamentários que tratam do dízimo à luz da Lei estão valendo para os dias hoje, mas sim que houve uma mudança de sacerdócio onde o dízimo é livre e voluntário, como na época de Melquisedeque (Gn.14:20), que era uma tipologia de Jesus (Hb.7:3).


“n) Onde está na Bíblia que o dízimo tem que ser em dinheiro? Pois no sacerdócio levítico não era”

Não está, e nem precisa ser. Se alguém entregar “x” cestas básicas aos pobres com 10% da renda mensal estará dando o “dízimo” tanto quanto se entregasse 10% em dinheiro na igreja.


“o) Onde está na Bíblia a questão da maldição hereditária?”

Em lugar nenhum, porque essa doutrina é falsa, pouquíssimos evangélicos creem nisso.


“p) Através da Bíblia, onde aparece Jesus ou um dos seus apóstolos orientando a realização de cultos de cura e libertação ou quebra de maldições ou descarrego?”

Mesma resposta do anterior. Quantas igrejas promovem “sessões do descarrego”? Universal do Edir Macedo e quem mais? Cultos deste tipo não são proporcionados por todas as igrejas evangélicas, mas por uma parte minoritária, é um absurdo generalizar isso como se fosse referente à comunidade evangélica como um todo. Seria o mesmo que mencionar os cultos de cura e libertação que também existem na Igreja Católica, no movimento carismático (RCC), e dizer que todos os padres da Igreja Católica derrubam freiras no chão “pelo poder do Espírito” como esse faz:


Ou dizer que todos os padres são macumbeiros iguais ao padre Pinto:


Ou que todos não creem na existência do demônio, igual o padre Quevedo:


Ou que todos ensinam os fieis a falarem em línguas, como o padre Jonas:


Ou que todos aceitam o casamento gay, como fez o padre Fábio de Melo

Quer que eu continue?


“q) Onde está escrito na Bíblia que o homem pode julgar outro homem como sendo idólatra? Pelo que sei a idolatria nasce no coração do homem e somente Deus é pode perscrutar corações humanos. Ademais, sei também que idolatria é a substituição do absoluto (Deus) pela parte. Essa parte pode ser até imagens para quem não as usa com moderação, mas também pode ser orgulho, raiva, amargura, time de futebol, paixões mundanas, sexo, dinheiro, pessoas, etc...”

Se ninguém pudesse dizer que outro homem é idólatra então nenhum profeta do AT poderia dizer isso ao povo de Jerusalém, então Josias nunca poderia ter reformado a nação de Israel purificando-a de toda a idolatria e quebrando todos os altares idólatras (2Cr.23:17), então Elias nunca poderia ter matado 450 sacerdotes idólatras de Baal (1Rs.18:20), então Pedro nunca teria rejeitado o ato idólatra de Cornélio ao se prostrar diante dele (At.10:26), então nem os próprios católicos poderiam dizer que um politeísta é idólatra!


“r) Alguns de vocês dizem que Maria foi uma mulher qualquer. Ouvi muito isso nos últimos 17 anos. Ouvi também que Maria foi mãe de aluguel. Então pergunto onde está escrito na Bíblia que Maria foi uma ou outra coisa ? Sola Scriptura!!!”

Nenhum evangélico diz que Maria foi “uma mulher qualquer”. Acusação sem provas é crime! O que dizemos é que Maria foi um ser humano, assim como eu e você. Se dizer que Maria é um ser humano significa dizer que ela é uma “mulher qualquer”, então vocês veneram uma deusa e não uma mulher. O próprio Senhor Jesus respondeu muito bem à mulher que colocou Maria em um grau acima de todos os demais, dizendo:

"E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guarda" (Lucas 11:27-28)

O mesmo Jesus também disse:

"E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser" (João 2:3-5)

E também:

"E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe" (Marcos 3:32-35)

E também que nenhum ser humano havia sido maior que João Batista nos tempos do AT:

"Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele" (Mateus 11:11)

E que ninguém em Israel (Maria era israelita) tinha uma fé maior do que a daquele centurião:

"Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel" (Mateus 8:10)

Então, Maria era tão humana quanto qualquer um de nós, mas não uma “mulher qualquer”, no sentido pejorativo da palavra. É uma pena que os católicos a tenham transformado depois em uma deusa, como faz o santo e doutor da Igreja, Afonso de Ligório, em um livro oficial da Igreja Romana, onde ele chama Maria de salvadora, onipotente e toda-poderosa:

“Salve esperança de minha alma... salve, ó segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo (Glórias de Maria, p. 98)

“Maria é advogada poderosa para a todos salvar” (Glórias de Maria, p. 151) 
“Feliz aquele que se abraça amorosa e confiadamente a essas duas âncoras de salvação: Jesus e Maria! Não perecerá eternamente” (Glórias de Maria p. 31)

Sois onipotente, ó Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis” (Glórias de Maria, p. 100)

“Maria é toda poderosa junto a Deus“ (Glórias de Maria, p. 151)

E no próprio Catecismo Católico:

"Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte” (Catecismo Católico, §964)

"E esta maternidade de Maria perdura sem cessar na economia da graça... Pois uma vez assunta aos céus, não deixou o seu ofício salvador, mas continua a alcançar-nos por sua múltipla intercessão os dons da salvação eterna" (Concilio Vaticano II, Lumen Gentium, 62) 

E o pior de tudo é ter que ler isso:

“Se Maria é por nós, quem será contra nós?” (Glórias de Maria, p. 90)

“Muitas coisas se pedem a Deus, e não se alcançam. Pedem-se a Maria, e conseguem-se” (Glórias de Maria, p. 118)

E depois dizem que não são idólatras![13]


“s) Tendo ouvido dizer que Maria seria chamada de bem aventurada por todas as gerações, pergunto onde está na Bíblia a revogação dessa determinação divina de maneira que vocês não precisam chamá-la assim? Ou vão me dizer que essa passagem vocês não conhecem? Ou vão me dizer ainda que essa passagem não foi inspirada pelo Espírito Santo? Vão dizer também que não sabem que São Lucas a chamou de mãe de Deus?”

E quem disse que nós evangélicos não consideramos Maria bem-aventurada? É claro que nós a consideramos. Maria de fato é bem-aventurada. Está feliz agora?

Maria é tão bem-aventurada quanto os pobres de espírito, os perseguidos pela justiça, os puros de coração, os misericordiosos e os pacificadores:

Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:3)

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:10)

Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9)

Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia”(Mateus 5:7)

Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”(Mateus 5:8)

Mas eu não preciso ficar repetindo o tempo todo que os pobres, os perseguidos pela justiça, os puros de coração, os misericordiosos e os pacificadores são bem-aventurados, ou preciso?[14]


“t) Considerando que São Tiago nos ensina que a Fé sem obras é morta, pergunto onde na Bíblia protestante posso encontrar a revogação dessa afirmação e orientação? Sim, Lutero disse que o texto de Tiago era ‘Palha Morta’. Portanto, deve haver um texto bíblico posterior fazendo tal anotação”

Nenhum texto bíblico precisa revogar coisa nenhuma do que Tiago disse porque este nunca esteve falando da fé genuína, que gera frutos (obras), mas sim de uma falsa fé, uma “fé morta” (Tg.2:26), que não ajuda o próximo (Tg.2:15,16), uma “fé” que se resume meramente a uma convicção intelectual em Deus, como a que os demônios tem (Tg.2:19). De fato, essa fé não justifica ninguém. Mas não era dessa fé que Paulo estava se referindo quando disse que “o homem é justificado pela fé sem obras”(Rm.3:28), que “ninguém será justificado pela prática da lei, mas somente pela fé em Cristo” (Gl.2:16) e que somos “salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Gl.2:8,9). Essa fé salvífica não é uma “fé morta” como a que Tiago falava, mas uma fé genuína que resulta em ações (frutos) de nossa parte.[15]


“u) Onde está na Bíblia que as crianças que nascem devem ser apresentadas nos templos? Pelo que sei a apresentação era coisa do Antigo Testamento e salvo melhor juízo, a lei nova (novo testamento) revogou a anterior”

Não há qualquer obrigação a este respeito, mas algumas igrejas evangélicas seguem esse preceito como um costume por causa do exemplo do próprio Cristo (Lc.2:27). De qualquer forma, trata-se de um costume, e não de uma doutrina. Os Reformadores faziam distinção bem clara entre costume e doutrina, pois sabiam que a Sola Scriptura diz respeito que todas as doutrinas devem estar na Bíblia, e não todos os costumes. Calvino, por exemplo, disse:

“Segundo os costumes de cada povo e do tempo, convirá, conforme o proveito da Igreja o requerer, tanto mudar e revogar ordenanças comuns, quanto instituir novas. De fato reconheço que se deve recorrer à inovação não inconsiderada, nem seguidamente, nem por causas triviais. O que, porém, prejudica ou edifica, melhor o julgará a caridade, a qual se permitirmos seja a moderatriz, tudo estará a salvo” (Institutas 4.10.30)

“E então? A religião está porventura situada no véu da mulher, de sorte que seja contra seu direito sair de cabeça descoberta? Porventura a tal ponto é santo o decreto de Paulo quanto a seu silêncio, que não se possa violar sem sumo delito? Porventura há algum mistério na genuflexão, em sepultar-se um cadáver, que não se possa preterir sem sacrilégio? De modo algum, porque se, ao socorrer ao próximo, seja necessário à mulher tal pressa que não lhe permita velar a cabeça, nada transgride caso se apresente de cabeça descoberta. E igualmente há momentos em que não é menos conveniente que fale, e que em outros se cale. Nem há mal algum em que alguém, se não pode ajoelhar-se por algum impedimento, ore de pé. Finalmente, é muito melhor sepultar um morto nu do que não, por falta de sudário, esperar que o corpo se decomponha” (Institutas 4.10.31)


“v) Onde está na Bíblia que as celebrações (cultos) devem contar com músicas Pop, Rock, Gospel, guitarras, baterias, etc...?”

Será que existia rock na época de Cristo? Será que existiam guitarras na época de Cristo? Será que havia bateria na época de Cristo? Será que o autor dessa pergunta idiota sabe a diferença entre doutrina e costume? Será que ele sabe pensar?


“x) Onde está na Bíblia que qualquer um pode fundar denominações ou abrir ‘Igrejas’? Tem que estar claramente expresso”

“Qualquer um” não. Tem que ser alguém que tenha amplo conhecimento da Palavra e que tenha todos os requisitos básicos descritos em 1ª Timóteo 3:1-12. Paulo, por exemplo, era um grande fundador de igrejas. A igreja de Corinto, como muitas outras, foi fundada por ele (1Co.9:1). O que os crentes que foram “dispersos por causa da perseguição desencadeada com a morte de Estêvão” (At.11:19) faziam? Fundavam igrejas para pregar o evangelho naquelas regiões. Áquila e Priscila tinham uma igreja que era a própria casa deles (Rm.16:3-5), assim como Ninfa (Cl.4:15). “Denominação” é simplesmente um termo que significa “nome”. A Igreja de Cristo, porém, não é placa nem nomenclatura alguma, mas os que “o adoram em espírito e em verdade” (Jo.4:24) e que “guardam os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo”(Ap.12:17).[16]


“Como vocês não encontrarão na Bíblia tais permissões, então podem me fornecer o texto que prevê ou permite que o pastor ou crente terá uma ‘visão’ ou ‘nova direção de Deus’ para fazer isso ou aquilo. Veja bem, estou utilizando as expressões e justificativas de vocês. Se encontrarem tais permissões, o que acho pouco provável, ainda assim ficaria uma pergunta: Se vocês acreditam na ‘visão’ e na "nova direção", por acaso não estariam copiando os católicos sobre a revelação continuada? E onde fica o Sola Scriptura nisso tudo?”

Nenhum pastor tem qualquer permissão para “criar” uma nova doutrina, à semelhança do que a Roma apóstata e pagã tem feito há séculos inventando e acrescentando doutrinas inexistentes na Palavra de Deus. Pois “ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado” (Gl.1:8). Isso prova claramente que não existe revelação continuada. Paulo, praticamente prevendo isso, avisou que tais pessoas deveriam ser amaldiçoadas por pregarem algo que fosse além daquele evangelho ensinado naquela época (Séc.I), ainda que fosse um “anjo do Céu”!

A doutrina bíblica simplesmente não está sujeita a qualquer acréscimo ou inovação, a nenhuma adição de revelação extra-bíblica:

“Tudo o que eu te ordeno observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio 12:32)

Como João Crisóstomo (347-407 d.C) bem observou:

“Muitos se gabam do Espírito Santo, mas, aqueles que expressam suas próprias idéias falsamente o alegam. Como Cristo testificava que não falava por si próprio [Jo 12.49; 14.10], porquanto falava da lei e dos profetas, de modo que, se algo for inculcado sob o nome do Espírito, que vá além do evangelho, não devemos crer. Porque, assim como Cristo é o cumprimento da lei e dos profetas, assim também o Espírito o é do evangelho” (Crisóstomo, Sermão Sobre o Espírito Santo, capítulo X)

E Cirilo de Jerusalém (315-386 d.C) também:

"Que este selo permaneça sempre em tua mente, o qual foi agora, por meio do sumário, colocado em teu coração e que, se o Senhor o permitir, daqui em diante, será elaborado de acordo com nossas forças por provas da Escritura. Porque, concernente aos divinos e sagrados Mistérios da Fé, é nosso dever não fazer nem a mais insignificante observação sem submetê-la às Sagradas Escrituras, nem sermos desviados por meras probabilidades e artifícios de argumentos. Não acreditem em mim porque eu vos digo estas coisas, a menos que recebam das Sagradas Escrituras a prova do que vos é apresentado: porque esta salvação, a qual temos pela nossa fé, não nos advém de arrazoados engenhosos, mas da prova das Sagradas Escrituras” ("The Catechetical Lectures of S. Cyril" Lecture 4.17)

“Vamos então falar sobre o Espírito Santo, mas do que está escrito; e tudo o que não está escrito, não vamos nos ocupar com isso. O próprio Espírito Santo falou pelas Escrituras, Ele também falou sobre Ele, tanto quanto quisesse, ou tanto quanto nós poderíamos receber. Vamos, portanto, falar as coisas que ele disse, pois tudo o que Ele não disse, não nos atrevemos a dizer...  pois se tivesse sido escrito, teríamos falado dele, mas o que não está escrito não vamos nos arriscar (Leituras Catequéticas, 16)

E Basílio de Cesareia (329-379 d.C) também: 
“Rejeitar alguma coisa que se encontra nas Escrituras, ou receber algumas coisas que não estão escritas, é um sinal evidente de infidelidade, é um ato de orgulho... o fiel deve crer com plenitude de espírito todas as coisas que estão nas Escrituras sem tirar ou acrescentar nada (Basílio, Lib. de Fid. -- regul. moral. reg. 80)

E Ambrósio de Milão (340-397 d.C) também:

Quem ousará falar quando a Escritura cala? Nós nada devemos acrescentar à ordem de Deus; se vós acrescentais ou tirais alguma coisa sois réus de prevaricação (Ambrósio, Lib. II de vocat. Gent. cap. 3 et lib. de parad. cap. 2)

E Jerônimo (347-420 d.C) também:

“Se vós quereis clarificar as coisas em dúvida, ide à lei e ao testemunho da Escritura; fora dali estais na noite do erro. Nós admitimos tudo o que está escrito, e rejeitamos tudo o que não está. As coisas que se inventam sob o nome de tradição apostólica sem a autoridade da Escritura são feridas pela espada de Deus (Jerónimo, In Isaiam, VII; In Agg., I)

E Agostinho (354-430 d.C) também:

Ainda que um anjo do céu vos anuncie outro evangelho que vá além do você recebeu na Escritura evangélica, seja anátema (Answer to Petilian the Donatist III, 6) 

Na verdade, todos os Pais da Igreja compreenderam isso muito bem – menos a apóstata Igreja de Roma, que se desviou séculos depois, “negligenciando os mandamentos de Deus e se apegando às tradições dos homens” (Mc.7:8).[17]

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


-Meus livros:

-Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.

- Acesse o meu canal no YouTube clicando aqui.


-Não deixe de acessar meus outros sites:
Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
O Cristianismo em Foco (Reflexões cristãs e estudos bíblicos)
Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)




[1]Sobre a infalibilidade papal, recomendo-lhes este artigo de Norman Geisler: "Os problemas da infalibilidade papal".

[2]Sobre o livre-exame e interpretação da Bíblia, sugiro a leitura destes artigos: "O livre-exame apoiado pela Bíblia" e "Santo Agostinho e o livre-exame".

[3]Veja mais sobre isso em meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma".

[4]Veja mais sobre isso em meu livro: "A História não contada de Pedro".

[5] O católico que se interessar pode ler alguns trechos da BSC (“Bíblia dos Sonhos dos Católicos”) clicando aqui.

[6]Uma análise bem mais aprofundada sobre esse texto bíblico está disponível em meu artigo: "Em defesa da Sola Scriptura".

[7] Me perdoem os anencéfalos, eles não merecem ser comparados à criatura que escreveu aqueles argumentos medíocres.

[8]Uma abordagem mais completa sobre os irmãos de Jesus e o dogma mariano da virgindade perpétua de Maria está disponível nos artigos: "Os irmãos de Jesus eram primos?", "E não a conheceu até que..." e "O terceiro Tiago, o irmão de Jesus".

[9]Novamente temos que ressaltar que o fato de uma igreja errar teologicamente em algum ponto não significa que a Bíblia não possa ser interpretada corretamente ou que a Escritura não seja a única regra de fé e prática – significa apenas que alguém está fazendo mal uso dela nesse assunto em particular.

[10]Para ler mais sobre o batismo infantil à luz da Bíblia, confira os artigos: "Devemos batizar os bebês?" e "O Batismo e a Circuncisão".

[11]Para ler mais sobre o celibato obrigatório do clero à luz da Bíblia, veja o meu artigo: "O celibato obrigatório dos sacerdotes".

[12]Deve ser obviamente observada a exceção da cláusula de Mateus 19:9, que diz que o divórcio é proibido exceto em caso de adultério.

[13]Sobre a idolatria católica, eu recomendo a leitura do meu artigo: "Não adoram, só veneram".

[14]Sobre a outra asneira dita por ele, de que Maria é “mãe de Deus”, recomendo os artigos: "Deus tem mãe?" e "Maria é mãe de Deus (Thotókos)?"

[15]Sobre a justificação pela fé (Sola Fide), recomendo os artigos: "A Sola Fide na Bíblia", "Somente a Fé" e "Tiago ensinava a justificação pelas obras?".

[16]Sobre o conceito de “Igreja” à luz da Bíblia, confira os artigos: "A Igreja Católica é a igreja fundada por Cristo?" e "As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja".

[17]Sobre a Sola Scriptura nos Pais da Igreja, confiram os artigos: "Os Pais da Igreja e a Sola Scriptura" e "O que era a verdadeira tradição apostólica?".

Comentários

  1. Quero te perguntar, quando vc faz essa citação:

    “Sabemos, contudo, que ninguém será justificado pela prática da lei, mas somente pela fé [εαν μη δια πιστις] em Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado” Gálatas 2:16)

    Vc está pegando do original? Pois muitos católicos já me disseram que esse "somente" de "somente pela fé" foi acrescentado por Lutero e existem varias traduções da Bíblia que não contém esse somente. Como fica isso?

    Segundo ponto é que você cita "Disse Filipe: ‘Você pode, se crê de todo o coração’. O eunuco respondeu: ‘Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus’.", mas essa passagem não está nos manuscritos mais antigos do grego, certo?

    Parabéns pelo blog e este artigo. Fiquei com "pena" do rapaz que criou as perguntas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Rafael. Sim, essa parte é direto do original grego, que diz:

      "eidoteV oti ou dikaioutai anqrwpoV ex ergwn nomou ean mh dia pistewV ihsou cristou kai hmeiV eiV criston ihsoun episteusamen ina dikaiwqwmen ek pistewV cristou kai ouk ex ergwn nomou dioti ou dikaiwqhsetai ex ergwn nomou pasa sarx"

      A parte que diz: "ean mh" é o foco da questão. A Concordância de Strong dá como significados:

      3362 εαν μη ean me
      de 1437 e 3361; partícula conjuntiva
      1) se não, a menos que, quem quer que.

      Ou seja: Paulo estava dizendo algo como: "nada a menos que a fé", "nada senão a fé". Por isso foi traduzido por quase todas as versões por "somente a fé", que tem exatamente o mesmo sentido. As próprias traduções católicas traduziram assim o verso:

      -VERSÃO AVE MARIA:

      "Sabemos, contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas SOMENTE PELA FÉ em Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado"

      -VERSÃO DA CNBB:

      "Sabemos, entretanto, que o homem não se torna justo pelas obras da Lei, mas SOMENTE PELA FÉ em Jesus Cristo. Nós também acreditamos em Jesus Cristo, a fim de nos tornarmos justos pela fé em Cristo e não pela observância da lei, pois com a observância da Lei ninguém se tornará justo"

      Portanto, a alegação católica de que o "Sola Fide" não está explicitamente na Bíblia é puro blefe.

      Sobre o outro verso que você citou, eu procurei ele no Texto Receptus e ele está lá sim:

      http://www.sacrednamebible.com/kjvstrongs/index2.htm

      Algumas versões colocam esse texto entre colchetes e outras não, mas todas vertem esse texto, ao que parece apenas alguns manuscritos antigos não continham esse verso, e não todos.

      Abraços!

      Excluir
  2. O título é bem sugestivo e nos leva a crer que se trata de uma extensão refutação doutrinária contra o principio da sola scriptura,mas devido a superficialidade e a vacuidade de "argumentos" a única razão plausível para se publicar esta refutação,ao meu ver,é devido a continuidade e repetividade desses "argumentos clichês" repetidos amiúde por aqueles que atacam o evangelho.

    Parabéns,Lucas,por ter essa paciência,pois eu geralmente passo desapercebido com tais clichês e vãs repetições sem fundamento.

    ResponderExcluir
  3. Se Jesus Cristo não instituiu um magistério como autoridade para transmitir, fundamentar e interpretar corretamente os seus ensinamentos, a única alternativa que nos resta é crer que o Espírito Santo iluminaria a todos igualmente, de forma que fosse possível cada indivíduo em particular chegasse a verdade, sem depositar sua confiança em outros homens.

    Vemos a situação crítica atual do cristianismo: católicos, batistas, testemunhas de Jeová, metodistas, neopentecostais, etc. As afirmações de fé são tão dispersas quanto contraditórias.
    Neste cenário caótico, sempre me pergunto como algum pobre em espírito desprovido das devidas capacidades intelectuais para conseguir afirmar categoricamente as verdades Bíblicas através de elaboradas exegeses e hermenêuticas, poderia encontrar sua comunidade cristã sem estar depositando a confiança em outros homens?
    Somente pedindo a luz do Espírito Santo continuamente, e tendo fé que, estando iluminado, foi encaminhado e encontrou um lugar para acomodar suas dúvidas e encontrar suas respostas.


    Ocorre que me pergunto como seria possível não depositar nossa confiança em outros homens, e em suas supostas decisões inspiradas pelo Espírito Santo.
    A primeira coisa que me vem a cabeça, é que não podemos então nem mesmo confiar na Bíblia, pois antes de podermos dar nosso beneplácito as escrituras, devemos antes, por nexo lógico, depositar nossa fé nos testemunhos de... homens.
    Em primeiro lugar, devemos crer de todo nosso coração que o testemunho passado oralmente por aqueles que foram os primeiros a receber a verdade divina de Cristo realmente estavam inspirados pelo Espírito Santo.
    Devemos crer também, que aqueles que a transmitiram na forma escrita os testemunhos recebidos, também estavam igualmente inspirados pelo mesmo Espírito Santo, bem como aqueles que as copiaram, geração após geração, sem altera-las, permanecendo a verdade límpida e longe de qualquer erro fundamental.
    Em seguida, devemos crer que aqueles que, dentre tantas escrituras proliferadas na igreja primitiva, escolheram as que nos foram legadas, também estavam inspirados pelo mesmo Espírito Santo.
    Segue-se a mesma lógica para aqueles que continuaram copiando e traduzindo.
    Nossa fé é, desta forma colocada sempre em primeiro lugar em homens. Temos fé, através de testemunhos, que estes homens estavam realmente inspirados pelo Espírito Santo.

    Somente após estabelecermos nossa fé nesta cadeia de confiança entre homens, é que podemos lançar mão às Sagradas Escrituras e afirmar: aqui está a verdade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Carlos, me desculpe pela demora em respondê-lo.

      Não concordo com o argumento de que a fé esteja baseada em homens. Nós não temos fé em homens de que eles escreveram inspirados pelo Espírito Santo, mas em DEUS que inspirou homens a escreverem. Da mesma forma, nós não cremos em homens na questão da transmissão da palavra escrita, mas sim em Deus, que preservaria a Sua Palavra. E assim em todos os outros exemplos. Não é a fé em homens, mas em Deus, sendo os homens meros instrumentos dEle.

      Além disso, nós não cremos nisso tudo meramente por uma “fé cega”, desprovida de evidências. Muito pelo contrário: possuímos evidências a respeito de todos os pontos que você mencionou. No livro: “AS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS”, escrito por mim e por Emmanuel Dijon, mostramos várias evidências lógicas, históricas e científicas dos pontos que você fez menção. Se quiser ler, confira:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/novo-livro-as-provas-da-existencia-de.html

      Sobre a questão da interpretação da Bíblia, já lhe escrevi sobre isso por e-mail, mas cabe ressaltar, mais uma vez, que a iluminação do Espírito Santo não é tudo. Deus poderia revelar todo o evangelho a uma criança que acabasse de nascer, mas ele prefere condicionar isso à busca dEle. Da mesma forma que Jesus disse que só aquele que O busca é que O encontra, e que àquele que bate é que a porta lhe será aberta, igualmente é certo que somente os que “se lançam” às Escrituras, que mergulham na busca pelo conhecimento de Deus e que estão abertos à verdade (mesmo que contradiga tudo aquilo que ouviu desde a infância) é que podem chegar à verdade.

      Embora tudo isso seja fruto da graça de Deus, cabe às pessoas se deixarem ser usadas por Ele para este fim. A maioria dos grupos heréticos nunca mergulhou nas Escrituras para extrair delas as crenças de fundamento da fé deles. É absurdo pensar, por exemplo, que os neopentecostais chegaram ao “trízimo” a partir de uma aprofundada pesquisa bíblica, ou que vendem sabonetes ungidos depois de uma exegese profunda, ou que chegaram à teologia da prosperidade depois de analisarem as Escrituras meticulosamente. É lógico que não.

      Da mesma forma, o que outros grupos (como os católicos, ao meu ver) fazem é ignorar a Bíblia e deixá-la como um plano de fundo da tradição. Ela é considerada, mas apenas para validar a tradição, e não o inverso. É por isso que uma leitura honesta das Escrituras nos leva sempre a alguns pontos fundamentais, em que todos os (verdadeiros) evangélicos concordam, à parte de todas as outras divergências secundárias. As discussões aumentam somente na medida em que se abandona a Bíblia, e não a partir de quando a interpretam diferente.

      Deus te abençoe!

      Excluir
    2. Lucas,

      Mais uma vez, obrigado por sua resposta. Estou cada vez mais compreendendo seu pensamento e, desta forma, entendendo mais um pouco sobre os diversos tipos de raciocínios que existem no mundo cristão.


      Quanto a questão de "mergulhar" nas escrituras, acredito que mesmo no mundo de hoje com todos os seus recursos, e num país como este em que vivemos, são muito poucas as pessoas que tem, como falei, as "devidas capacidades intelectuais para conseguir afirmar categoricamente as verdades Bíblicas através de elaboradas exegeses e hermenêuticas".
      Algumas pessoas na minha família não sabem nem ler. E outros, que mesmo sabendo juntar letras para formar palavras, mal conseguem compreender textos simples, quem dirá a Bíblia.


      E também discordo quanto a questão da primazia da confiança, pois, se sabemos que devemos crer que Deus nos revelou a verdade, foi justamente por um instrumento da revelação divina, que chegou até nós através de homens.
      Me parece haver uma diferença de ótica entre nós.

      Como podemos ter certeza de que Jesus Cristo ressuscitou, senão através dos testemunhos? Você pode até afirmar que é o Espírito Santo que nos inspira a crer nisto. Tudo bem, também acredito nisto. Mas a informação sobre o Cristo ressuscitado chega até nós através da inspiração, ou das escrituras?

      Claro que o objeto final da nossa fé é Deus, obviamente. Mas estamos falando do objeto final, e não dos meios pelos quais chegamos a Ele. A questão é: qual o instrumento utilizado por Deus, senão os homens que nos testemunharam, antes de qualquer escritura?

      "...mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo." At 1, 8

      Compreendo teu ponto de vista, mas quanto a cadeia de informações que nos remetem retroativamente até o Cristo ressuscitado, vejo claramente homens se antecipando as escrituras.

      "Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?
      E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)?
      Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is 53,1)?" Romanos 10, 14-16


      E por fim:

      "Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo." Romanos 10, 17


      A paz!

      Excluir
  4. Uma outra pergunta me surgiu agora também:


    Se somente a Bíblia é suficiente, porque os protestantes escrevem tantos livros?


    Estava vendo a lista dos seus: http://apologiacrista.com/index.php?pagina=1077967963

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os livros são apenas para explicar as doutrinas bíblicas, e não para criar novas. Tudo o que eu ou qualquer outro cristão escreve deve estar submetido à constante análise bíblica. A Bíblia é totalmente suficiente, mas estudos bíblicos são úteis para juntar tudo o que ela diz sobre um assunto em um lugar só. Por exemplo: em meu livro sobre a vida após a morte, eu junto tudo o que a Bíblia diz sobre isso e exponho ali, porque muita gente pode passar despercebida em muitas passagens, e também para analisar os argumentos favoráveis e contrários, à luz da exegese e das regras de interpretação bíblica. É como Spurgeon disse:

      “Imploro que pesquisem a Bíblia por si mesmos, quanto à Lei e ao Testemunho. Se não falo de acordo com Sua Palavra, é porque não há luz em mim. Prontifico-me a passar pelo teste. Não tenham nada a ver comigo onde não tenho nada a ver com Cristo! Onde me desassocio da palavra de Deus, lancem fora minhas palavras – mas se o que digo é ensinamento de Deus, incumbo-lhes, por Aquele que me enviou, de considerar estas coisas e de voltar-se para o Senhor com todo seu coração”

      Além disso, a mesma pergunta deveria se voltar para os católicos. Se a Bíblia E a tradição são suficientes, então por que os católicos escrevem tantos livros? Deveriam deixar só a Bíblia e a tradição (concílios, bulas papais e declarações em ex cathedra), ao invés de criarem sites, blogs, livros, etc - se essa lógica estivesse mesmo correta.

      Abraços.

      Excluir
    2. Olá Lucas,

      Obrigado por sua resposta.

      Acredito aqui que o que você afirma é que cada um tem seu próprio magistério. A Bíblia está longe de ser um livro explícito. Caso o fosse, não seriam necessárias as interpretações, não é mesmo? Se você chega a escrever um livro para esclarecer a Bíblia, é porque ela mesma não é autoexplicativa. E também porque para alguns irmãos seria útil, senão necessário, as suas explicações. Vemos claramente que a Bíblia contém a verdade, mas não toda ela...

      "Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever." Jo 21,25

      ... e não de forma suficiente, como teus próprios livros atestam.

      A Tradição católica não vem separada das Escrituras e nem do Magistério. Por isso é possível (e necessário) que existam tantos livros católicos.

      A Paz!

      Excluir
    3. Você está confundindo os argumentos, eu não disse que a Bíblia não é suficiente ou autoexplicativa. A Bíblia é completamente suficiente em tudo (todas as doutrinas), a apologética (incluindo livros) só é necessária por causa das heresias. Apologia significa “defesa”; “apologia cristã” nada mais é senão a defesa da fé cristã dos ataques de fora (ateísmo, marxismo, falsas religiões) e de dentro (seitas cristãs). Em outras palavras: se não estivessem hereges, não existiria a apologética, nem livros, nem este site. É só porque algumas pessoas distorcem e ignoram as Escrituras que defendê-las é necessário, e não porque a Bíblia não seja suficiente. Para passar um exemplo prático: o celibato obrigatório do clero. Este ensino é CLARAMENTE negado pela Bíblia, pois Paulo fala aos bispos:

      “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, MARIDO DE UMA SÓ MULHER, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (1ª Timóteo 3:2)

      Há algo que poderia ser mais claro do que dizer que o bispo pode ser “MARIDO DE UMA SÓ MULHER”? Não. É impossível ser mais claro que isso. Mas por causa de homens que semeiam o erro, que ignoram as Escrituras e que formulam heresias é necessário escrever para combater o erro de proibir o casamento ao clero, não porque a Bíblia não seja explicativa e clara sobre isso, mas EXATAMENTE PORQUE a Bíblia é explicativa e clara sobre isso e mesmo assim há pessoas que insistem em negá-la para seguir a “tradição”.

      Se nas normas oficiais de uma escola particular estiver escrito que depois de três suspensões um aluno está expulso, ele estará expulso após três suspensões mesmo que tente reinterpretar aquilo que está claro nas normas. Da mesma forma, não é porque alguns distorcem a Bíblia e negam sua clareza que a Escritura deixa de ser clara e suficiente. O versículo que você citou está muito longe de negar isso, porque esse mesmo João, que escreveu que “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro” (Jo.20:30), disse logo no VERSÍCULO SEGUINTE:

      “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31)

      Ou seja: João não escreveu “tudo” (o que seria impossível, já que não caberia nem em “todos os livros do mundo”, muito menos na tradição católica), mas o que ele escreveu é SUFICIENTE para que nós creiamos em Jesus e tenhamos a vida eterna.

      Além disso, ninguém pode assegurar que possui essas “coisas que não foram escritas”. Os mórmons usam esse versículo para alegar que nessas “muitas outras coisas” está a viagem de Jesus às Américas; os espíritas usam esse verso para dizer que entre essas “muitas outras coisas” está a reencarnação; os ortodoxos usam esse verso para dizer que entre essas “muitas outras coisas” está a tradição deles, e vocês romanistas usam esse verso para dizer que entre essas “muitas outras coisas” está a tradição de vocês. É claro que ninguém pode provar nada, precisamente porque o que não foi escrito se perdeu, e só podemos resgatar a mensagem original naquilo que foi preservado, ou seja: nas Escrituras.

      Além disso, ainda não vi uma resposta satisfatória quanto ao argumento de que, pela sua ótica, nem mesmo os próprios católicos poderiam escrever livros. A tradição católica não é um conceito abstrato. Ela está presente no Catecismo, nas bulas e decretos papais e nas declarações em ex cathedra. O católico militante que escreve livros não escreve nem bulas papais, nem decretos papais, nem um novo catecismo e nem declarações em ex cathedra. Portanto, se é SOMENTE a Bíblia E a tradição as fontes de fé católicas, e o católico não está escrevendo nem uma nova Bíblia nem uma nova tradição, é completamente inconsistente que ele também escreva livros, pela sua ótica. Ou seja: o seu argumento é autodestrutivo.

      Um abraço e que Deus lhe abençoe!

      Excluir
    4. Lucas,

      Existe um sofisma na tua resposta.

      " apologética (incluindo livros) só é necessária por causa das heresias."

      O que você está dizendo aqui é o seguinte: existem várias interpretações dos textos bíblicos, e quem faz a apologética, é porque defende sua hermenêutica e exegese ao mesmo tempo em que considera posições opostas como erradas.
      O sofisma está em afirmar que existe objetivamente uma interpretação correta, explícita, cabal e livre de questionamentos, o que, claramente, não condiz com a realidade. Tudo isto se dá a partir da atribuição de pesos diferentes a passagens e afirmações bíblicas diferentes.

      Vemos isto claramente quando você cita a questão do celibato.
      Eu posso argumentar que o que está sendo dito é para que o "presbítero" seja homem de UMA ÚNICA mulher, que é o que o texto explicitamente está dizendo, ao invés de DUAS, TRÊS, etc. Mas sua interpretação dá um passo a frente.

      Ou eu poderia invocar outros versículos:

      “Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda.” (Mateus 19,12)

      “Aos solteiros e às viúvas digo que lhes é bom se permanecessem como eu. Mas se não podem guardar a continência que se casem”. (1Cor 7,8).
      “Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher”.

      “Procede bem aquele que casa sua virgem; aquele que não a casa, procede melhor ainda” (1Cor 7, 38).

      Mas aí você me daria outras interpretações, e me diria que este meu versículo tem um peso diferente daquele que você usou pra afirmar o celibato como inválido.

      A necessidade de interpretação da Bíblia é patente. Ta aí a comprovação, nesta mesma conversa nossa.
      Cabe só definirmos de onde provém a maior autoridade para dar o sentido completo e definitivo daquilo que está oculto entre linhas.

      Abraço, que Deus te abençoe também!

      Excluir
    5. Lucas, sobre Maria queria fazer uma pequena observação: no evangelho de Lucas 2: 43 a 50 quando Jesus ainda criança estava no templo com os doutores,o que eu percebo tanto José como Maria tinham uma visão espiritual limitada, pois não entederam que o menino Jesus estava tratando das coisas do Pai.

      Parabéns mais uma vez pelos ricos esclarecimentos.

      Excluir
    6. Olá, Carlos.

      Existe uma interpretação correta e explícita da Bíblia, principalmente nos temas doutrinários mais importantes, o caso (do celibato) que você citou é uma prova clara disso. O texto em questão, interpretado por você mesmo, é uma prova disso. Você confessa e admite que o bispo, de acordo com Paulo, tem que ser marido de UMA SÓ mulher ao invés de ter duas ou três; portanto a única restrição de Paulo para os bispos era a MONOGAMIA, e não o CELIBATO. Paulo nunca teria dito que era para ser marido somente de uma única mulher se os bispos fossem PROIBIDOS de se casarem! Neste caso, ele teria dito que não era para ser marido de mulher NENHUMA. Isso é óbvio no texto, não é fruto de interpretação minha. Não é “um passo a frente”.

      Nenhum dos textos que você me passou prova qualquer coisa em contrário. Mateus 19:12 fala de EUNUCOS E NÃO DE PADRES. Faça uma pesquisa sobre o significado de “eunuco” e você verá que é um homem cujos testículos foram removidos por orquidectomia ou são congenitamente não-funcionais, NÃO TEM NADA A VER COM FUNÇÃO SACERDOTAL! Pegar esse texto para justificar celibato obrigatório do clero é ridículo, é uma distorção flagrante do texto. Novamente, repito: isso não é uma “interpretação” minha, é o óbvio do texto, é aquilo que está lá, “eunuco” e não “padre” ou “sacerdote” (não é um caso de interpretação!).

      Quanto aos outros textos, se você ler o contexto de 1ª Coríntios 7 verá que Paulo estava falando com todos os cristãos e não somente com os sacerdotes. Portanto, se esses textos provam que é PROIBIDO casar, então nem você poderia ser casado, nem eu, nem ninguém! Além do mais, o próprio Paulo disse claramente que aquilo NÃO ERA PARA IMPOR RESTRIÇÕES (1Co.7:35), e que quem se casa NÃO PECA (1Co.7:28). Fica claro, portanto, que ele não cria em qualquer forma de celibato “obrigatório”, ele é opcional assim como os evangélicos o veem.

      O problema é o seguinte: se vem uma instituição religiosa dizendo que possui um “magistério infalível” e corrompe a Bíblia com interpretações patentemente falsas, você prefere crer nessa instituição do que na Bíblia, enquanto eu prefiro crer na Bíblia do que na instituição. De certa forma, o católico não precisa pensar sobre a interpretação da Bíblia, ele deixa que o papa pense por ele. E se esse papa erra, uma multidão vai com ele, a qual nunca saberá que está errada, porque pensa que esse papa não pode errar. Se Paulo pensasse assim, ele NUNCA teria dito aos romanos que eles poderiam apostatar e serem CORTADOS do Reino:

      “Se alguns ramos foram cortados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da seiva que vem da raiz da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, SAIBA QUE NÃO É VOCÊ QUEM SUSTENTA A RAIZ, MAS A RAIZ A VOCÊ. Então você dirá: ‘Os ramos foram cortados, para que eu fosse enxertado’. Está certo. Eles, porém, foram cortados devido à incredulidade, e você permanece pela fé. NÃO SE ORGULHE, MAS TEMA. POIS SE DEUS NÃO POUPOU OS RAMOS NATURAIS, TAMBÉM NÃO POUPARÁ VOCÊ. Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para com você, desde que permaneça na bondade dele. De outra forma, você também será cortado” (Romanos 11:17-22)

      Como você poderá saber se os romanos foram “cortados”, se para você eles tem um magistério infalível que sempre interpreta bem a Bíblia?

      Deus te abençoe.

      Excluir
    7. Lucas,

      Nunca interpretei este texto literalmente, como se alguém removesse seus testículos por amor ao Reino dos Céus. Muito estranha esta ideia. Temos que tomar cuidado ao interpretar a Bíblia tão literalmente assim!

      Quanto ao celibato, lembro de que na Igreja existe a ordenação de diáconos, que são "presbíteros" casados, os quais possuem quase todas as mesmas funções dos padres, com exceção de algumas poucas (confissão e consagração eucarística, por exemplo, as quais não são válidas para vocês protestantes, portanto, nossos diáconos são exatamente o que os pastores protestantes são).

      E quanto a questão dos ramos que foram cortados, ambos sabemos que se referem aos pagãos dissidentes do judaísmo.


      Obrigado por suas respostas!
      Um grande abraço!

      Excluir
    8. Olá, Carlos.

      É difícil interpretar este texto de uma maneira não-literal, porque o contexto aponta para uma visão literal. Ele aponta para pessoas que NASCERAM "eunucas" (com anomalias de virilização), não pode ser referência a pessoas que já "nasceram celibatárias". Por muito tempo foi comum as pessoas na antiguidade fazerem grandes "sacrifícios" e auto-flagelação na esperança de estarem com isso alcançando o Reino de Deus. Mas mesmo que esse texto seja interpretado de forma não-literal, isso não faz alusão ao celibato obrigatório, pois fala de pessoas que "fizeram a si mesmas eunucos", e não que foram obrigados a isso, como se houvesse alguma "proibição", como se isso fosse algo imposto e não livre. Portanto continua favorecendo mais a visão protestante, em que o pastor tem liberdade para decidir se vai se casar ou não, assim como os padres da Igreja Ortodoxa, que também são livres neste sentido.

      Você está certo quanto aos diáconos, mas Paulo naquele contexto fala dos BISPOS e dos diáconos, e não só dos diáconos:

      "Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o BISPO seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar" (1 Timóteo 3:1-2)

      Paulo fala dos BISPOS nos versos 1 a 7 e passa a falar também dos diáconos nos versos 8 a 13. E até onde eu sei (me corrija se eu estiver errado), o bispo na Igreja Católica é proibido de se casar, embora os diáconos não sejam proibidos. O que para mim é um tremendo de um contra-senso, já que o termo "uma só mulher" aparece tanto em relação aos bispos (1Tm.3:2) como também aos diáconos (1Tm.3:12).

      Sobre os que poderiam ser cortados do Reino, Paulo fala que os judeus FORAM cortados e que os romanos PODERIAM SER cortados.

      Ele fala:

      “Se alguns ramos [REFERINDO-SE AOS JUDEUS] foram cortados, e você [OS ROMANOS, A QUEM ELE ESCREVIA A CARTA] sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da seiva da raiz da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, saiba que não é você quem sustenta a raiz, mas a raiz a você...”

      Paulo estava escrevendo aos ROMANOS, ele dirige as palavras aos romanos ao longo de toda a carta, no capítulo 11 diz que os judeus foram “cortados”, mas alerta [a esses romanos, a quem ele escrevia] que isso não era razão para eles se “orgulharem”, mas para temerem, porque poderiam ser cortados também. Não vejo em nenhum lugar do texto uma referência aos “pagãos dissidentes do judaísmo” ao invés dos romanos a quem ele próprio escrevia ao longo de toda a epístola. Pelo contrário: alguns poucos versos antes (v.13) Paulo diz claramente: “ESTOU FALANDO A VOCÊS, GENTIOS” (v.13).

      Grande abraço!

      Excluir
  5. Ah sim Lucas, me desculpe. Realmente era aos gentios. A ideia aí é sobre uma árvore única, com vários ramos representando os diversos povos que a constituem.

    Sobre o celibato, Paulo nos atesta a possibilidade e a validade de existirem celibatários. Dentre os leigos e não-leigos.
    Quanto a essa passagem, me desculpe, mas sendo uma lista de exigências morais limitando as atitudes daqueles que deveriam ser "mais irrepreensíveis", vejo apenas a ordem de não se ter mais de uma mulher, e não da obrigatoriedade de se ter uma.
    A instituição do celibato é uma exigência que vem do rigor missionário do apostolado. É uma norma institucional, e não necessariamentr um dogma de fé e moral. A Igreja pode revoga-la a qualquer momento.
    Particularmente eu acho bem válida. Quem se fixa numa família não deve ser itnerante, isto não é bom para os filhos, especialmente.

    Abraço! A paz!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas em nenhum momento eu disse que é OBRIGATÓRIO ter uma mulher (NENHUM evangélico pensa assim), mas sim que é OPCIONAL (quer dizer, da escolha de cada um). Então voltamos àquele mesmo ponto: Paulo não teria dito que poderia ter "no máximo" uma só mulher, se o "máximo" na verdade era zero, porque era proibido se casar. Ou seja: a condição imposta por Paulo era a monogamia, e não o celibato.

      Você tem total liberdade de dizer que o celibato obrigatório é uma "norma institucional" da Igreja de Roma, realmente não há nenhum problema nisso, desde que se reconheça que tal norma não é bíblica e que a Bíblia atesta o contrário, como já mostrei. Você alega que quem se fixa na família não deve ser itinerante, mas não é isso o que a Bíblia nos mostra. Paulo, por exemplo, disse:

      "Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?" (1 Coríntios 9:5)

      Isso mostra que os apóstolos levavam suas esposas consigo em suas viagens. A esposa, como originalmente proposto por Deus, é para ser uma "companheira", uma ajudadora, e não alguém que traz obstáculos à pregação, como a Igreja Romana parece dizer. De qualquer forma, o fato de Pedro e os demais apóstolos levarem suas esposas consigo em suas viagens derruba a tese de que o celibato é obrigatório, ou que ter uma esposa não é compatível com exercer o ministério. Deve ser uma questão opcional de cada um, e não coagida (seja obrigando a se casar, ou então obrigando a não se casar).

      Vou deixar que o "Conhecereis a Verdade" responda ao seu outro comentário, já que o seu comentário ali não foi direcionado a mim. Caso ele não responda, eu respondo depois. Abraços!

      Excluir
  6. A todo aquele que acreditar ser melhor para si constituir família, existe o cargo de diácono. Do contrário, a todo aquele que desejar seguir uma ordenação missionária, outros cargos estão a disposição. Esta norma está em comunhão com a "opinião" paulina. Não existe doutrina na norma, nem na opinião.

    Como afirmei, em lugar nenhum vi refutação sobre a validade da norma institucional da Igreja sobre o celibato, sendo, portanto, justa tal regra. Não é uma obrigação imposta a ninguém, como querem fazer entender.

    Pode-se avaliar por várias óticas. Mas, ao meu ver, a ótica que a Igreja se utiliza é justamente a da família. A comparação da situação dos apóstolos é um anacronismo vulgar. Qualquer um que tenha filhos, principalmente se ainda muito pequenos, sabe o absurdo que é a pretensão de seguir um apostolado itinerante ao mesmo tempo em que se pretende criar um lar para seus filhos. Fácil falar quando é possível evangelizar sentado numa cadeira a partir da internet, o que é diametralmente oposto ao apostolado de pés na estrada, sem residência fixa.

    Mas tenho a impressão de que nestes comentários fugimos do tema do post. :-D

    Paz e Bem!




    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Carlos.

      Novamente você está ignorando o texto de 1 Timóteo 3:2. Se Paulo cresse que aquele que quisesse constituir família devesse pegar o cargo de diácono e não o de bispo, ele não teria falado PARA OS BISPOS sobre terem no máximo uma só mulher e para terem os FILHOS à sua sujeição:

      “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, MARIDO DE UMA SÓ MULHER, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; QUE GOVERNE BEM A SUA PRÓPRIA CASA, TENDO SEUS FILHOS EM SUJEIÇÃO, com toda a modéstia” (1 Timóteo 3:2-4)

      Ou seja: para você e a Igreja Romana, os bispos não podem ser casados nem terem filhos, e se quiserem casar e ter filho que seja diácono e não bispo. Já para Paulo, os bispos podem se casar com uma só esposa e devem ter os FILHOS em sua sujeição. Se isso não for contradição de termos, então eu sinceramente não sei mais o que é. Negar isso é como negar que 1+1=2. É resistir ao óbvio. Por isso que eu repito: se você quiser admitir que o celibato obrigatório é uma norma institucional da Igreja Romana contrária ao ensinamento bíblico eu concordo e terminamos este ponto aqui, mas continuar insistindo que isso não está contra a Bíblia é tentar lutar contra o óbvio, é como esmurrar a parede.

      Sobre o apostolado itinerante, você está certo: realmente é fácil dizer isso para alguém que está sentado numa cadeira a partir da internet, o difícil mesmo é convencer os apóstolos de que eles estavam errados em terem mulher e filhos e levarem suas esposas em suas viagens (1Co.9:5). Como disse Clemente de Alexandria:

      “Clemente, cujas palavras acabamos de ler, em seguida ao que foi dito anteriormente e por causa dos que rechaçam o matrimônio, dá-nos uma lista dos apóstolos que comprovadamente foram casados e diz: ‘Ou também vão desaprovar os apóstolos? Porque Pedro e Felipe criaram filhos; e mais, Felipe deu maridos a suas filhas’” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro III, 30:1)

      E ainda é necessário acrescentar que nem todo pregador é itinerário. Há inclusive padres com residência fixa, e pastores que pregam em uma igreja fixa também. E mesmo que todos fossem itinerários, isso não muda em nada o fato de que os apóstolos também eram, mas mesmo assim faziam questão de levar suas esposas consigo em suas viagens.

      Sobre o tema do post, pelo que me lembro, eu havia perguntado três coisas que ainda não foram respondidas. A primeira foi por que um Magistério é NECESSÁRIO na Igreja se no Antigo Testamento Deus não instituiu magistério nenhum para interpretar as Escrituras. A segunda foi por que eu deveria confiar no papa e no magistério romano ao invés de no patriarca da Igreja Ortodoxa. E a terceira é por que Paulo disse aos romanos que eles poderiam ser cortados, se para você os romanos eram (e são) infalíveis na interpretação da Bíblia e, portanto, não poderiam se desviar da verdade nunca (neste ponto você primeiramente respondeu que não incluía os romanos, mas depois voltou atrás após eu lhe passar o contexto).

      Grande abraço e que Deus lhe abençoe!

      Excluir
    2. Olá, Carlos.

      A sua dificuldade em conseguir responder às minhas questões provam o quanto a Igreja Católica carece de bons argumentos. Todas as argumentações católicas caem diante da primeira questão, sobre a Igreja Ortodoxa. Eu te desafiei a me dar uma única razão pela qual os ortodoxos que se desviaram da verdade e não os romanos, e você não me deu tal razão. Apenas disse que o bispo romano é o primaz, e se esse é o seu único argumento então sinto-lhe informar que os ortodoxos devem estar orgulhosos de não serem romanistas, visto que eles tem MUITÍSSIMAS mais evidências históricas contra o primado do bispo romano do que vocês tem a favor.

      Na verdade, vocês tem algo que não chega a meia dúzia de textos distorcidos, falsificados e interpolados nos escritos de pouquíssimos Pais da Igreja, enquanto nós e os ortodoxos temos literalmente CENTENAS de textos patrísticos que provam o contrário com clareza acima de qualquer dúvida. Não vou ficar aqui colando textos, basta recomendar meu livro sobre “A História não contada de Pedro” onde eu mostro e comento várias dessas citações, além do quarto volume das Institutas de Calvino, onde ele dá um verdadeiro baile nas autoridades católicas de sua época, provando pelos concílios e pelos Pais que o bispo romano nunca foi o primaz, com outras inúmeras citações, e os ortodoxos fazem o mesmo:

      http://en.wikipedia.org/wiki/Eastern_Orthodox_opposition_to_papal_supremacy

      Claro que você vai me dizer que “essa é a minha interpretação”, mas a questão é como você pode provar a um ortodoxo que a TUA interpretação é a correta e a DELE é a errada, já que a Igreja deles também tem dois mil anos de história, também tem sucessão apostólica, também tem um magistério que interpreta a Bíblia, também foi fundada por apóstolos, também tem um “patriarca”, e assim por diante. Provar que a interpretação da SUA Igreja é a correta diante de um ortodoxo não é possível usando os argumentos velhos e sofistas que você está usando contra mim, são completamente inúteis.

      Em todo o caso, o fato de que eles têm várias doutrinas diferentes da de vocês prova que NO MÍNIMO uma das duas igrejas “católicas” APOSTATOU da fé, mesmo tendo dois mil anos, sucessão apostólica, magistério, líder terreno, e assim por diante. E se uma igreja com tudo isso apostatou, então é óbvio que esses fatores que você usa contra mim não valem nada, pois não são seguros o suficiente para impedir que uma igreja caia em apostasia. Os ortodoxos creem que os romanos que apostataram; você crê que os ortodoxos que apostataram; eu creio que os dois apostataram.

      Sobre o magistério do AT, foi mais uma questão que você passou batido e muito longe de oferecer uma explicação decente. Você disse que existiam lideranças no tempo do AT. Isso é óbvio, qualquer criança que faz escolinha dominical sabe disso. Mas faltou explicar que essas mesmas lideranças frequentemente APOSTATAVAM e caíam na apostasia, tendo que Deus levantar algum homem para restaurar a verdadeira fé entre eles. Sendo que isso ocorreu várias vezes no tempo do AT, o que é que impede que o mesmo tenha ocorrido no tempo do NT, com a Reforma Protestante?

      Excluir
    3. O outro argumento que você deu foi praticamente um RECONHECIMENTO de que no tempo do AT não existia magistério. Ou seja, só aqui você já derrubou tudo o que você afirmou neste debate inteiro, pois você até aqui veio sustentando que a Escritura PRECISA, de forma NECESSÁRIA, de um magistério para interpretá-la. O problema com este argumento é que no tempo do AT já existia Escritura Sagrada, mas DEUS NÃO LEVANTOU MAGISTÉRIO NENHUM para interpretar a Bíblia! Portanto, no MÍNIMO o que você deveria fazer – se quiser usar de bom-senso e inteligência lógica – é recuar e admitir que o Magistério não é NECESSÁRIO, mas apenas existe porque no NT “as regras do jogo mudaram” e Deus elegeu Pedro, etc.

      Em resumo: o seu argumento da necessidade do Magistério despenca a partir do momento em que você reconhece que AS ESCRITURAS DO AT NÃO PRECISAVAM DE UM MAGISTÉRIO PARA INTERPRETÁ-LAS, pois eram de livre-interpretação. Na verdade, todos os grupos religiosos no tempo do AT que ousaram formular uma interpretação única e “infalível” falharam miseravelmente. Os fariseus fizeram isso e Jesus os chamou de raças de víboras, hipócritas, sepulcros caiados, filhos do demônio e ainda exterminou a tradição deles que contrariava as Escrituras. Os saduceus também fizeram o mesmo, mas negavam a ressurreição da carne e a existência de anjos e demônios.

      Ou seja: na época de Cristo, NÃO EXISTIA MAGISTÉRIO INFALÍVEL NENHUM INTERPRETANDO A BÍBLIA, e todos os grupos religiosos que tentaram fazer isso falharam de forma trágica. O apóstolo Paulo teve sérios problemas com isso quando pregava o evangelho aos judeus, pois eles preferiam crer na tradição farisaica e na interpretação judaica das Escrituras do que na interpretação de Paulo das Escrituras, e este os chamou de “cegos” (At.28:26-28). O mesmo acontece hoje: os católicos, assim como os fariseus, não aceitam a interpretação bíblica honesta e exegética, porque já tem uma interpretação falsa pré-concebida e não largam mão dela de jeito nenhum. Neste sentido, são tão “cegos” e fechados para a verdade do que aqueles judeus – ou talvez até mais.

      Por fim, você não entendeu nada do meu argumento sobre os romanos serem cortados. É óbvio que era uma metáfora o que Paulo disse. Os romanos não seriam “cortados” literalmente, como com uma serra elétrica, mas cortados espiritualmente do Reino de Deus. É isso o que qualquer leitor honesto e sincero consegue perceber ao longo de todo o contexto. Paulo diz para eles TEMEREM serem cortados, o que não faz qualquer sentido caso eles fossem infalíveis e impossibilitados de cair em apostasia.

      No mais, você apenas distorceu o sentido claro dos versículos bíblicos para querer passar a falsa ideia de que eles precisam de um magistério infalível para interpretá-los, quando qualquer pessoa minimamente inteligente é capaz de saber o sentido deles. O texto de Mateus 19 e do dar tudo aos pobres foi algo que Jesus disse ESPECIFICAMENTE àquele jovem rico, ele não disse aquilo a toda a multidão, como uma regra geral. O MÍNIMO da exegese, o básico do básico que você deveria saber é que uma instrução em especifico se aplica à pessoa em específico, e que uma regra geral se aplica a todos. Não precisamos de um magistério infalível para entender essa regra básica da exegese!

      Excluir
    4. A pergunta sobre “porque a minha interpretação seria melhor do que a do magistério” tem resposta óbvia que já foi respondida aqui mil vezes: porque eu respeito a exegese e eles não. Infelizmente você respira um espírito relativista e subjetivo da verdade, produto do humanismo secular, que ensina que a verdade absoluta não existe, que tudo é relativo, que não há uma interpretação objetiva da Bíblia. Enquanto nós pensamos, vocês deixam que o papa pense por vocês. Só ele tem livre-arbítrio para ler e examinar/interpretar as Escrituras, e se ele apostatar e interpretá-la errado todas as ovelhas que o seguem caem no mesmo precipício.

      E não adianta mostrar a verdade para tais pessoas, pois são cegas para a verdade, vão sempre preferir continuar crendo na tradição da igreja deles do que no sentido claro das Escrituras. Debater com um católico é tão inútil quanto discutir com essa parede branca que está na minha frente, pois independentemente dos argumentos o católico sempre estará fechado para a verdade, com os olhos vendados e impedido de ver algo a mais do que a tradição da Igreja Romana lhe ensina. Se essa parede é branca e a Igreja Romana diz que é preta, o católico prefere abdicar ao bom senso e crer que a parede é preta. Se a Bíblia diz que o bispo pode ter uma só mulher e a Igreja Romana diz que não pode ter nenhuma, o pobre católico prefere abdicar ao senso lógico e seguir a Igreja de Roma, por mais absurdo, incoerente e descabido que possa ser.

      São cegos que não admitem terem seus olhos abertos, são surdos que não aceitam que seus ouvidos sejam abertos, tem corações insensíveis para ouvir qualquer coisa que não venha de Roma, e de lá aceitam qualquer heresia que for pregada. Assim como é inútil tentar levar um debate sério com um espírita que já está pré-determinado a crer somente na interpretação de Allan Kardec, com um ortodoxo que já está pré-determinado a crer somente na interpretação do patriarca e com uma testemunha de Jeová que já está pré-determinada a crer somente na interpretação de Charles Russell, assim também é completamente inútil tentar levar um debate sério com um romanista que já está pré-determinado a crer somente na interpretação do papa de Roma.

      É por isso que os evangélicos são os únicos que tem a mente aberta para a verdade, que tem liberdade para seguirem os melhores argumentos e a optarem em andarem por onde as evidências lógicas, bíblicas e racionais o levarem. É por isso que ele está aberto à verdade, e não cego e aprisionado na mentira e no engano. E é por isso também que considero este debate encerrado por aqui, pois não me é para nada proveitoso desperdiçar o meu tempo debatendo com um ser de mente fechada quando poderia estar levando o evangelho para pessoas livres. Qualquer comentário a partir de agora será ignorado. Apenas oro pela sua conversão, e sei que agora você não terá desculpas quando estiver diante Daquele que está para julgar os vivos e os mortos por ocasião do Seu Reino e da Sua Vinda.

      Excluir
  7. Como os primeiros cristãos aplicavam o princípio da Sola Scriptura se não havia um cânon do NT estabelecido?

    Marcos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E é preciso existir um cânon estabelecido para crer na Escritura? Enquanto existia apenas o Pentateuco a Escritura era apenas o pentateuco e a regra de fé era apenas o pentateuco; depois que o AT foi concluído a Escritura era todo o AT e a regra de fé era todo o AT; depois que o NT foi concluído a Escritura incluía todo o AT e o NT e a regra de fé era todo o AT e o NT. Desde a época de Inácio, Clemente e Policarpo (ainda em finais do século I) já se criam na inspiração do NT como Escritura, basta ver como estes autores citavam constantemente o NT em suas cartas.

      Se havia alguma discussão antes do consenso geral, eram em poucos livros como o Apocalipse ou 2Pedro, o que nunca mudou o fato de que a Escritura, da forma que era reconhecida como Escritura, era a única regra de fé e prática, e foi assim em todos os tempos. Ninguém precisou "esperar" até ter um cânon fechado para saber que aquilo era a Escritura e que a Escritura era a regra de fé. Isso explica o porquê que desde os primórdios os Pais da Igreja já criam que a Bíblia era a única regra de fé e prática do cristão:

      http://lucasbanzoli.no.comunidades.net/index.php?pagina=1083967633

      Excluir
  8. Lucas, voce tem algum artigo sobre "Maria esmagaria a cabeça da serpente" ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/09/maria-esmaga-cabeca-da-serpente.html

      Excluir
  9. ja´que voce está com todos estes argumentos, vai na pagina do olavo de carvalho, ele está metendo pau nos protestantes e desafiando qualquer um para provar que protestantes difama os catolicos... um boçal de comentários.. https://www.facebook.com/carvalho.olavo/?fref=ts

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olavo de Carvalho se tornou um velho boçal, cretino e picareta. Não adianta ir lá na página dele refutar as sandices que ele posta, porque ele vai bloquear da mesma forma que bloqueoou o Vitor Barreto quando ele começou a atacar os protestantes há tempos atrás. O Vitor, profundo conhecedor de história e filosofia, refutou todas as cretinices que o velho astrólogo sem caráter postava e foi bloqueado sem receber qualquer tipo de refutação. Alguns prints eu postei no artigo abaixo, outros estão com ele:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/vinte-sinais-de-que-voce-esta-em.html

      O Vitor também refutou o velhaco nestes outros dois artigos publicados pelo Bereianos:

      http://bereianos.blogspot.com.br/2015/09/a-genese-da-revolucao-civil-uma.html

      http://bereianos.blogspot.com.br/2015/10/a-genese-da-revolucao-civil-uma.html

      Aqui neste blog tinha uma época em que eu refutava rotineiramente o charlatão, até que eu me cansei e fiquei um bom tempo sem escrever nada a respeito. Algumas refutações você pode conferir em:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/04/a-igreja-catolica-contra-o-capitalismo.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/olavo-de-carvalho-excomunga-o-papa.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/05/o-que-podemos-aprender-com-o-fight.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/os-protestantes-odeiam-virgem-maria.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/vinte-sinais-de-que-voce-esta-em.html

      O Elisson Freire recentemente também lhe deu uma bela de uma refutação sobre a sua mentirada a respeito das indulgências:

      http://www.resistenciaapologetica.com/2016/02/olavo-de-carvalho-e-seus-palpites-sobre-lutero-e-a-venda-de-indulgencias.html

      Cabe ressaltar que o objetivo deste blog não é vasculhar o facebook dos outros para refutar cada besteira que dizem contra a fé evangélica. Eu mesmo já não entrava na página desse vigarista há muito tempo, e desgraçadamente fui obrigado a visitar agora que você me passou o link. Há milhares de críticos do protestantismo difamando a nossa religião todos os dias, e se eu tivesse que me preocupar com cada asneira que falam teria que escrever milhares de artigos por dia. Em vez disso, prefiro escrever um livro inteiro sobre a Inquisição e refutar todas as mentiras da apologética católica de uma vez só. O livro já está sendo produzido e será postado aqui tão logo for concluído.

      Excluir
  10. Lucas Banzoli, o que vc acha dessa afirmação de um papista tridentino:"A Sola Scriptura acarreta no relativismo."

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem algo mais relativista do que a afirmação de que TUDO é relativo a não ser que se tenha uma autoridade infalível ditando as coisas e interpretando cada ponto? Se fosse assim você nem mesmo poderia dizer que a grama do seu quintal é verde, afinal de contas você não é uma autoridade infalível, portanto essa sua constatação seria puramente "subjetiva" e teria que buscar o veredicto de um magistério infalível. Se isso não é o supra-sumo do relativismo, eu não sei mais o que é...

      Excluir

Postar um comentário

ATENÇÃO: novos comentários estão desativados para este blog, mas você pode postar seu comentário em qualquer artigo do meu novo blog: www.lucasbanzoli.com