A mulher vestida do sol em Apocalipse 12 é Maria?


Todos sabemos que Maria não aparece em absolutamente lugar nenhum da Bíblia a partir das epístolas apostólicas doutrinárias (de Romanos ao Apocalipse), porque quando a Bíblia aborda doutrinas Maria não tem qualquer papel relevante, simplesmente desaparece completamente. Já no catolicismo o que ocorre é exatamente o inverso: quando a questão envolve doutrina, é onde Maria mais aparece. Ela é a onipotência suplicante no Céu, é a co-redentora, é a medianeira das graças, é a Rainha dos Céus, é a nossa adjutora e intercessora, a mais poderosa que todos os santos e anjos, a imaculada mãe de Deus. Ou para ser mais claro: Maria é uma deusa para os católicos.

Mas, se é assim, por que a Bíblia omite completamente o nome de Maria em todas as epístolas apostólicas doutrinárias? Estariam os apóstolos omitindo informações de tamanha importância para a doutrinação da Igreja ou os “atributos de Maria” não eram tão importantes para serem revelados? De qualquer forma, os católicos, sabendo desse problema, inventaram uma solução: Apocalipse 12. Para eles, esse é o capítulo que a Bíblia fala de Maria. Hilário, para dizer pouco. Parece que a descrição claramente alegórica do texto, que fala de uma mulher que está vestida do sol e com uma lua em seus pés e doze estrelas na cabeça, de um dragão que tinha sete cabeças e dez chifres, da mulher criando duas asas de águia e da serpente lançando água pela boca, não é suficiente para mostrar a eles que o relato não está em sentido literal. Essa mulher não é literalmente aquela que deu à luz a Jesus (Maria), mas está em sentido alegórico, representando outra coisa.

Mas como a minha palavra não será suficiente para os católicos, estarei mostrando aqui a interpretação de Hipólito de Roma sobre este texto, ele que viveu entre o século II e III d.C e que foi considerado o maior e mais importante teólogo do século III na antiga Igreja em Roma. Em seu “Tratado sobre Cristo e o Anticristo”, ele disse: 

“Sobre a tribulação da perseguição que deve cair sobre a Igreja por parte do adversário, João também assim fala: ‘E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz. (...) Pela ‘mulher vestida de sol’ ele tinha em vista a Igreja, vestida com a palavra do Pai, cujo brilho está acima do sol. E pela ‘lua debaixo de seus pés’, referiu-se ao fato dela está adornada como a lua, com a glória celeste. As palavras ‘uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça’ referem-se aos doze apóstolos por quem a Igreja foi fundada. E quanto as palavras ‘estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz’ , significam que a Igreja não cessará de dar a luz de seu coração ao Verbo que é perseguido pelos descrentes do mundo. ‘E deu à luz, ele diz, um filho, um varão que há de reger todas as nações’, o que significa que a Igreja sempre dá a luz a Cristo, o perfeito varão de Deus, que é declarado ser Deus e homem, que se torna o instrutor de todas as nações (...) ‘E quando, ele continua, o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas a mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente’. Isto se refere aos mil trezentos e sessenta dias (a metade da semana) durante a qual o tirano deve reinar e perseguir a Igreja que escapa de cidade em cidade e busca esconderijo nos desertos entre os montes, possuindo nenhuma outra defesa senão as duas asas de uma grande águia, que significa, a fé em Cristo Jesus, que estendendo suas mãos sobre esta árvore sagrada, abrindo as duas asas, a esquerda e a direita, chama todos os que nele acreditaram, cobrindo-os como uma galinha e seus pintinhos. Pois pela boca de Malaquias ele diz: ‘Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas’”[1]

É interessante notar que Hipólito em momento nenhum cita Maria, e ele diz que essa “mulher” é a Igreja, que a Igreja dá a luz a Cristo (Gl.4:19) para as nações e que a mulher que é perseguida pelo dragão em nada tem a ver com a patética e divertida declaração romanista de que são “os protestantes perseguindo Maria”, mas o anticristo que perseguirá os cristãos na grande tribulação.

O mais curioso de tudo isso é que os católicos têm a audácia de dizerem que os Pais da Igreja eram católicos romanos (mentira que já foi refutada aqui), mas um dos maiores teólogos do século III d.C, que ainda por cima era presbítero de Roma(!) naquela época, e que estava sob a autoridade do bispo Zeferino que os católicos dizem que foi “papa” na época, se expressou contra toda a interpretação católica moderna, e nenhum bispo, teólogo, papa ou cardeal da época o escreveu corrigindo-o ou rejeitando a sua interpretação, pois eles sabiam que essa era mesmo a interpretação correta do texto e nem havia sequer nascido a suposição moderna de que o texto se refira a Maria, o que nada mais é senão o fruto do desespero dos teólogos católicos em terem que colocar Maria em algum lugar nas epístolas, já que ela não aparece em lugar nenhum.

Ou seja: é puro fruto da mariolatria católica, do sincretismo com o paganismo, que ainda não existia na época de Hipólito, presbítero romano do século II d.C, quando a Igreja ainda mantinha a pureza apostólica.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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[1] Hipólito de Roma, Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Capítulo 60 e 61.

Comentários

  1. Lucas, uma sugestão: Um texto sobre a festa de natal, no blog FIEL CATÓLICO tem um debate sobre o tema. Um abraço!
    Sandro.

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    1. Olá, Sandro, não conheço esse blog, poderia me passar um link com o artigo? Abraços.

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    2. Vão estudar hereges. Vcs são uns pombos. Sabe nada da bíblia..

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    3. Pombos? Essa é nova, gostei. Por certo deve estar querendo dizer que nós protestantes somos cheios do Espírito Santo, representado pela pomba nos evangelhos. Agradeço seu nobre elogio, volte sempre.

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  2. Lucas tem como vc escrever um livro rápido sobre o calvinismo....
    Obrigado
    Matheus

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    1. Ao seu devido tempo, Matheus. No momento estou escrevendo sobre outros assuntos. Deixe-me ler uns 10 livros de Calvino antes...rsrs

      Abraços.

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  3. Caríssimo Lucas!

    Feliz ano novo com as bênçãos de Deus! Que você continue neste ano sendo este brilhante teólogo que você demonstra ser ao publicar seus excelentes artigos. Preciso de um auxílio seu, pois estou tentando refutar um membro em um grupo do Facebook (do qual você faz parte também, e eu estou na lista dos seus amigos) sobre a questão de Maria ser ou não a "Mãe de Deus"; ele está usando o argumento da união hipostática de Cristo para dizer que isso é verdade. Sou novo no grupo e nos debates, estou gostando muito da "brincadeira", só que agora preciso recorrer aos "universitários", rsrsrs. Desde já agradeço pela atenção.

    Um abraço e a paz de Cristo!

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    1. Olá, Rodrigo, a paz. O argumento dos católicos é basicamente o seguinte: Jesus era Deus e homem, então embora a natureza divina não tenha sido gerada por Maria, ela ainda assim é mãe de Deus porque ela é mãe da pessoa de Jesus, o que inclui ele todo, ou seja, Deus e homem. Isso pode ser refutado com analogias semelhantes, por exemplo: pergunte a eles se eles creem que DEUS MORREU NA CRUZ. Se eles respondem que sim estarão sendo hereges da pior qualidade, pois a Bíblia diz que Deus é eterno e imortal (1Tm.6:16), ou seja, que Deus não pode morrer em nenhuma circunstância. Mas se eles disserem que não, ou seja, que Deus não morreu na cruz, então POR ESSA MESMA LÓGICA Deus também não tem mãe.

      Perceba que eles só recorrem ao argumento da união hipostática QUANDO LHES CONVÉM, porque em situações semelhantes eles mesmos se veem obrigados a fazer a devida distinção entre a natureza divina e a natureza humana de Jesus. Um outro exemplo é: pergunte aos católicos se, para eles, Deus nasceu depois de nove meses. É claro que Deus não pode ser gerado, por ele é o gerador de tudo. Eles vão ter que dizer que não, que Deus não nasceu depois de nove meses, mas apenas a natureza humana de Jesus que nasceu depois de nove meses. Pois o mesmo se aplica aqui: se é plausível dividir as duas naturezas em questões como essas, pois Deus não nasceu depois de nove meses e nem morreu numa cruz (mas apenas a natureza humana de Jesus), então da mesma forma Maria não é mãe de Deus, pois Deus é eterno e ela só gerou a natureza humana de Cristo, portanto é mãe de Jesus homem, e não mãe de Deus.

      Ou seja: os católicos tem uma visão manipuladora e tendenciosa da Bíblia, eles hipocritamente dizem que não se pode dividir as duas naturezas quando o assunto é se Maria é mãe de Deus, mas eles próprios fazem questão de dividir as duas naturezas quando o assunto é se Deus morreu, por exemplo. Se existir um só católico criterioso neste mundo, ele deixaria de ser católico.

      Abraços e feliz ano novo para você também!

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    2. Há aí uma confusão entre natureza divina e a pessoa divina. A natureza divina não pode ser gerada, pois é apenas a essência de Deus, é algo em-si, mas uma pessoa divina, que é a existência de Deus, pode experimentar a geração e a morte. O Filho humanizado não deixa de ser o Filho, assim podemos dizer que, se Jesus homem morreu, o Filho também morreu e, portanto, Deus morreu. Mas isso não significa que Deus deixou de existir, apenas significa que Ele experimentou a morte humana. E assim podemos dizer que Deus foi gerado em 9 meses e que Maria é sua mãe.
      Mas Ela é mãe de apenas uma pessoa, o Filho. Quando falamos do Filho falamos de Deus, mas quando falamos de Deus não falamos necessariamente desta ou daquela pessoa, isto é, não podemos seguir a lógica "Maria é a mãe do Filho; o Filho é Deus; Deus é Pai, Filho e Espírito Santo; logo Ela é mãe dos três".
      E, se formos seguir essa lógica, não podemos dizer que sua mãe é sua mãe, nem que minha mãe é minha mãe, mas apenas mãe de nossa natureza animal, pois a natureza animal é que envolve a reprodução e coisas básicas; a natureza humana diz respeito a ser animal e ter uma alma racional, que só pode ser dada por Deus.
      Maria não colocou no mundo apenas a natureza animal de Cristo, nem apenas a humana, Ela trouxe à carne o Verbo divino, e criou-O como uma mãe. Da mesma forma, nossas mães não trouxeram ao mundo apenas nossa natureza animal, elas trouxeram nossas pessoas.
      Feliz Natal e feliz Ano Novo

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    3. Caro Anônimo,

      Você está tentando desvincular "natureza" de "pessoa", mas isso não é logicamente possível nem consistente. A razão para isso é simples: você (a pessoa) é a sua natureza. A minha natureza constitui o "eu". Portanto, dizer que Maria é mãe de Deus porque é mãe da "pessoa" de Jesus, quando não é mãe da "natureza" (divina) de Jesus, é uma falácia. É separar natureza de pessoa. Se Maria não é mãe da NATUREZA divina de Jesus, então ela também não pode ser mãe da PESSOA de Deus. Segue-se que ela é mãe da natureza humana de Jesus, i.e, mãe de homem.

      A única forma de rebater isso seria desconstruindo o conceito tradicional de "mãe". Mãe é aquela que gera. Se você não alterar o sentido de "mãe", Maria não é mãe de Deus. Ela é mãe daquilo que ela gerou, e ela gerou uma natureza humana, apenas. É, portanto, mãe do HOMEM Jesus, não mãe do DEUS Jesus. É irônico que os católicos apostem tanto no silogismo de que "Jesus é Deus / Maria é mãe de Jesus / Logo, Maria é mãe de Deus" e não percebam as consequencias óbvias desta afirmação. Isso nos levaria à ideia de que a mãe de Maria era AVÓ DE DEUS, a avó de Maria era BISAVÓ DE DEUS, a bisavó de Maria era TATARAVÓ DE DEUS, e assim por diante até chegar em Eva. O mesmo vale para José, até chegar em Adão. Isso é um nonsense total. Além disso, a mesma lógica poderia ser aplicada no sentido inverso, por exemplo:

      a) Maria não é mãe do Pai;
      b) O Pai é Deus;
      c) Portanto, Maria não é mãe de Deus.

      a) Maria não é mãe do Espírito Santo;
      b) O Espírito Santo é Deus;
      c) Portanto, Maria não é mãe de Deus.

      Como eu disse: se não entendermos corretamente o que é "mãe" e em que se constitui a "pessoa" (i.e, sua natureza), entraríamos no paradoxo de que Maria era, e ao mesmo tempo NÃO era, "mãe de Deus". Eu escrevi sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/05/deus-tem-mae.html

      Por fim, quanto ao argumento da alma, ele é inválido porque você parte de um pressuposto falso, de que a alma é um elemento imortal infundido por Deus por ocasião do nascimento, no corpo de cada um. Você pode citar algum texto bíblico que apoie essa visão? Pode citar algum pai da Igreja, do primeiro século até meados do segundo, que apoie essa visão? Infelizmente não. Essa visão não é bíblica. SE FOSSE, destruiria o conceito de que nossa mãe é 100% nossa mãe (seria apenas parcialmente, pois não seria a mãe da nossa alma). Foi com este argumento que Anderson Rabelo destruiu Evaldo Gomes em um debate sobre o mesmo tema, que você pode ver aqui:

      https://www.youtube.com/watch?v=9ljaTyqccbc

      Abraços.

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    4. Pelo que parece você não leu tudo que eu escrevi, já que usou um raciocínio que eu mesmo previ. Mas vamos lá:

      Uma coisa é ser mãe de uma pessoa, outra é principiar a natureza dessa pessoa, posso dizer que a sua e a minha essências ou naturezas estão dadas desde a eternidade, afinal uma natureza pode ser pensada como uma possibilidade, e uma possibilidade não é algo temporal, mas nossas existências foram principiadas no tempo através de nossos pais. Uma essência não tem mãe ou pai, no sentido de que é algo eterno e, portanto, não começou a ser no tempo.

      A natureza divina já estava dada desde a eternidade, imprincipiada, o mesmo vale para as pessoas, que decorreram da essência de Deus, que é existir. Elas existem desde a eternidade. Mas ocorreu com o Filho de existir de uma nova maneira, uma nova existência sua foi principiada através de Maria, da mesma forma que a existência de nossas naturezas são principiadas no tempo através de nossos pais.

      Quanto ao argumento da alma, não parto de um pressuposto falso, é um raciocínio simples: o incorpóreo não pode ser engendrado pelo corpóreo, precisa ser infundido no corpóreo por uma instância superior. (isso é melhor explicado em http://edwardfeser.blogspot.com.br/2012/03/what-is-soul.html) Mas isso não significa necessariamente que a alma é imortal, só significa que ela não pode ser destruída por um processo material, podendo ser destruída por Deus. Assim, só Deus pode infundir a alma no corpo, e se formos usar seu conceito de mãe, então sim, ninguém é filho de sua mãe.

      Quanto ao argumento sobre Maria ser mãe, avó, tataravó, etc. de Deus e das demais pessoas, leia meu comentário anterior.

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  4. Aliás, o argumento que previ dizia respeito a Maria ser mãe das três pessoas, esqueci do argumento sobre Maria não ser mãe do Espírito Santo e portanto não ser mãe de Deus. Então só acrescentando: o fato de Maria não ser mãe de uma das pessoas não nega o fato de que Ela é mãe (não princípio) de ao menos uma e, portanto, mãe de Deus.

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    1. Deixa eu colocar de uma forma mais clara, já que este conceito já é evidente em vários outros artigos que já escrevi aqui no blog: a alma não é algo que Deus colocou no homem, independentemente de ser mortal ou imortal. A palavra "alma", no hebraico "nephesh", originalmente e em seu sentido primário significa apenas "um ser vivo", é uma palavra que designa o ser humano como um todo, basta ver a narração da criação humana em Gênesis 2:7 ou consultar o que a Enciclopédia Judaica diz a este respeito. Os judeus só passaram a crer que a alma era algo que Deus colocou no homem depois da diáspora judaica, após o AT ter sido concluído. Jesus e os discípulos resgataram o sentido real e original de nephesh, e por essa razão não vemos nenhum indício de imortalidade da alma nem no Antigo nem no Novo Testamento, como vemos abundantemente em outros escritos da época (gnósticos e apócrifos).

      Sendo assim, quando digo que SE a nossa alma é uma coisa infundida por Deus no momento do nascimento ENTÃO a nossa mãe não é nossa mãe 100%, eu não estou dizendo que DE FATO nossa mãe não é nossa mãe 100%, mas apenas respaldando como isso seria NA SITUAÇÃO HIPOTÉTICA de a nossa alma ter sido infundida por Deus, seguindo a estrutura lógica das premissas seguintes:

      1- Mãe é mãe daquilo que ela gera.
      2- A mãe não gera a alma do filho.
      3- Portanto, a mãe não é mãe da alma.

      Repito aqui: eu NÃO estou dizendo que concordo com a conclusão (3), porque eu discordo de uma das premissas do silogismo (2). Pela perspectiva bíblica, o correto seria:

      1- Mãe é mãe daquilo que ela gera.
      2- A mãe gera a alma.
      3- Logo, a mãe é mãe da alma.

      O mesmo raciocínio é cabível em relação a Jesus, como se segue:

      1- Mãe é mãe daquilo que gera.
      2- Maria NÃO gerou a divindade de Cristo.
      3- Logo, Maria não é mãe da divindade (de Deus).

      Para refutar este silogismo seria necessário contrapor a premissa 1 e alegar que mãe NÃO é aquela que gera, ou contrapor a premissa 2 e sustentar que Maria gerou SIM a divindade de Cristo, ou contestar a conclusão lógica que se segue às premissas, mas isso não seria possível sem derrubar antes uma das premissas ao menos.

      Quanto a sua alegação final, eu não vi em lugar nenhum da sua última postagem algo que refute a lógica de que, SE [hipoteticamente] Maria é mesmo mãe de Deus, então ESTE MESMO RACIOCÍNIO LÓGICO se aplica para dizer que a mãe de Maria é avó de Deus, e a avó de Maria bisavó de Deus, e assim por diante. É impossível desvincular uma coisa da outra. Já vi muitos católicos dizendo que sim, que a avó de Maria foi mesmo bisavó de Deus, e se você consultar o site católico Montfort verá o prof. Orlando Fedeli afirmando com todas as letras que Maria é a esposa de Deus Pai, usando o silogismo de que (1) Maria é mãe de Jesus; (2) Jesus é Deus; (3) Maria é mãe de Deus; (4) Deus Pai é pai de Jesus; (5) Logo, Maria é esposa do Pai. Se você não concorda com isso, não reclame comigo, reclame com ele. Ele é um dos professores católicos mais conceituados aqui no Brasil, e ferrenhamente antiprotestante. Você pode me mostrar uma razão pela qual ele está errado, se você aplica um silogismo semelhante para afirmar que Maria é mãe de Deus? E pode negar que este mesmo silogismo nos leva a crer que Maria ao mesmo tempo não é mãe de Deus, porque (1) Maria não gerou o Pai; (2) o Pai é Deus; (3) Logo, Maria não é mãe de Deus? Seria certo, sob a sua perspectiva, dizer que Maria é mãe de Deus, e TAMBÉM DIZER que Maria NÃO é mãe de Deus, por um silogismo semelhante? Você deixa o paradoxo de pé ou o resolve?

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    2. Ah, esse negócio de bisavó, tataravó, etc. eu li errado então, desculpa, porque concordo sim, que daria para dizer que a mãe dela é a avó de Deus e assim vai, e também há os títulos de tio, primo e o que for, mas Maria é que foi escolhida, logo as demais relações são irrelevantes.

      Também é possível dizer que ela é mãe e esposa de Deus, mas essas relações são com pessoas diferentes, pois o que muda de uma pessoa para outra são as relações que mantém com as demais pessoas e com as criaturas.

      E a etimologia da palavra nephesh não tira o fato de que há algo em nós que não pode ser gerado por processos corpóreos. Aliás, Platão usava a palavra "eidos" pra se referir às "ideias", mas a palavra significa algo como "aquilo que é visto", "kosmos" por sua vez, significava originalmente "enfeite", e há outras palavras que se desviam de seu significado original. Nada impede que uma palavra seja empregada num sentido diferente do comum, ainda mais em obras religiosas ou filosóficas, que exigem certa superação da língua.

      Mas aqui há uma lista de acepções para a palavra alma: (1) vida; (2) sopro vital
      (3) princípio formal do corpo; (4) espírito (que seria a mediação entre (3) e o corpo); é preciso especificar do que estamos falando.

      E acho que preciso explicar a diferença entre essência (a natureza) e existência: a essência é aquilo pelo qual algo é o que é, esse algo se dá desde todo o sempre, podendo ser principiado ou não. A essência divina é imprincipiada, as demais essências são principiadas, no sentido de que não têm em si mesmas sua razão suficiente. A existência é a manifestação, a realização da essência. O que existe é aquilo que ele é essencialmente. De uma Pessoa divina afirmamos a Divindade, mas não afirmamos que Ela seja a Divindade. Como de um homem afirmamos a humanidade, sem que ele seja a humanidade. Assim, dizemos que este homem tem mãe, mas não dizemos que a natureza humana tem mãe. Quando falamos Deus não estamos falando da Divindade, estamos falando d'Ele mesmo, só que sem especificar a pessoa, todavia as relações que Ele mantém com as criaturas não deixam de existir, apenas não consideramos as relações entre as pessoas. Espero que isso tenha esclarecido alguma coisa, apesar de ser uma exposição pobre, já que há outras distinções a se considerar, mas o panorama básico é esse.

      Agora, umas regras:
      1. Se afirmamos algo de uma pessoa, afirmamos algo de Deus;
      2. Se negamos algo de uma pessoa, não negamos algo de Deus;
      3. Se negamos algo de todas as pessoas, negamos esse algo de Deus.
      Pois, como falei, a diferença entre dizer Deus e Deus-Pai ou Deus-Filho está na consideração das relações entre as pessoas, as relações entre Deus e o que não é Ele se mantém.

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    3. "Também é possível dizer que ela é mãe E ESPOSA DE DEUS..."

      Certo. Vou parar por aqui. Boa missa pra você.

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    4. Com meu estudo, pude perceber que o título Theotokos (Θεοτόκος), não contradiz a doutrina cristã. Para os católicos que creem na União Hipostática, isto é, Jesus é 100% homem e 100% Deus, o título Theotokos, na verdade significa literalmente: "Aquela que portou a Deus". No ventre de Maria, Jesus era realmente Deus. Ela portou ao Deus de Israel e portanto, de certa maneira pode ser considerada Mãe de Deus, pois concebeu e deu a luz ao Deus que está Conosco (cf. Isaías 7,14). Mesmo assim, não se pode proclamá-la Mãe de sua divindade, natureza gerada pelo Pai antes de todos os séculos. No princípio da Sola Scriptura ainda há bases para isto: Em Isaías 7,14; Maria irá conceber ao Deus Conosco, e não apenas à um homem, mas ao Deus que está conosco. O mesmo ocorre em Lucas 1,43; sei que o termo "Senhor" (do grego "kyros"), pode designar várias pessoas (por exemplo, Davi é chamado de "nosso senhor" no AT), mas no texto de Lucas 1, Isabel só o emprega à Deus (cf. Lc 1,25 e versículo 45). Como dizes, o próprio Irineu de Lyon, discípulo de Policarpo (um dos discípulos de São João), proclamou Maria como aquela que portou a Deus. Não há problemas com o título, problema há em proclamar Maria apenas mãe de uma natureza, em vez de proclamá-la mãe da Pessoa de Cristo (que é tanto divina, gerada pelo Pai quanto humana, gerada por Maria). Graça e Paz em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Único digno de adoração!

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    5. Não é tão simples assim. Se a união hipostática implica que Maria é mãe de Deus, então por consequencia lógica implicaria também que Deus morreu na cruz. Mas a Bíblia diz que Deus não morre (1Tm.1:17). Então é crer nas Escrituras ou na "lógica" católica. Uma vez que se atribui qualquer parte da natureza de Cristo pelo todo, teríamos que concluir que é tão certo dizer que "Deus morreu" (por causa da natureza humana de Jesus) quanto seria dizer que "Maria é mãe de Deus" (por causa da natureza humana de Jesus). Mas se é possível dizer que Deus não morreu, mas que apenas a humanidade de Jesus é que morreu, então da mesma forma é possível dizer que Maria não é mãe de Deus, mas da humanidade de Jesus.

      Quanto à fala de Isabel, é perfeitamente plausível que ela tenha sido a primeira pessoa a se referir ao Messias como "Senhor", e não que estivesse falando de Deus propriamente dito. No Novo Testamento é comum este título ser aplicado a pessoas que não são Deus:

      1º Os donos de propriedades são chamados Senhor (Mt. 20:8, kurios é "dono" — NVI).

      2º Os donos de casas foram chamados Senhor (Mc. 13:35, dono = kurios).

      3º Os donos de escravos foram chamados Senhor (Mt. 10:24, senhor = kurios).

      4º Os maridos foram chamados Senhor (1 Pe. 3:6, senhor = kurios).

      5º Um filho chamou o seu pai Senhor (Mt. 21:30, senhor = kurios).

      6º O Imperador romano era chamado Senhor (Actos 25:26, Sua Majestade = kurios).

      7º As autoridades romanas foram chamadas Senhor (Mt. 27:63, senhor = kurios).

      Quando os Pais da Igreja e os concílios disseram que Maria era mãe de Deus, eles não o fizeram para exaltar a pessoa de Maria, mas apenas para ressaltar a divindade de Cristo. Era em Jesus, e não em Maria, que estava a ênfase. Em minha opinião eles fizeram isso por não discernir as duas naturezas corretamente. O mais correto seria dizer que Maria era mãe do homem Jesus Cristo, o Deus que se fez carne, e não "mãe de Deus". Isso geraria ainda diversas complicações, como as que eu expus neste artigo, onde o católico admite que Deus tem ESPOSA:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/12/pasme-catolico-admite-abertamente-que.html

      Se seguirmos a lógica católica, Deus não apenas tem mãe, mas também tem esposa, tem avós, passou a existir depois de nove meses e depois morreu. Este ensinamento ao longo da história só gerou idolatria atrás de idolatria pela transferência da ênfase da pessoa do Filho para a pessoa da mãe. É por isso que deve ser rejeitado.

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    6. Misericórdia, esse herege fala coisas que nem mesmo ele sabe explicar, nem mesmo se identifica. MARIA NÃO É A MÃE DE DEUS e pronto. Quando chegarmos no céu , se é que vc com essa heresia irá chegar, mas ainda há tempo. Ore e fale com DEUS essas mesmas baboseiras que diz aqui, talvez sinta vergonha de tamanha bobagem. Estude, melhor, tente conhecer melhor o DEUS que te criou e aprenda a ouvir o que Ele diz. Não sou conhecedora em teologia, mas conheço muito bem o DEUS que eu sirvo. Maria gerou JESUS o homem, que se fez carne e habitou entre nós.

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  5. Lucas,
    Sempre cri que quem gerou a Cristo foi o Espirito Santo de Deus (Mt 1:20), nao tendo qualquer participaçao de Maria.
    Ou seja, ela apenas foi o instrumento de Deus para dar à luz ao Filho de Deus, sem gerà-Lo (sem que tenha havido fecundaçao de ovulo, ou uma especie de inseminaçao artificial).
    Veja que a Biblia nao nos mostra Jesus, em Seu ministerio, chamando Maria de "mae", pois, salvo melhor juizo, Ele foi gerado pelo Espirito Santo e nao por ela.
    Outrossim, na morte do filho de Deus (e nao de Maria), a meu ver, o Espirito voltou a Deus (que O deu) e a carne foi para o po'.
    Todavia, nao se pode dizer que a Palavra morreu, pois, como diz a Biblia, Ela è imortal. E, de fato, o è, pois, durante os tres dias que Jesus permaneceu na sepultura, a palavra de Deus continuou a ser pregada nas casas dos judeus, no Templo, na casa dos crentes primitivos, na boca do pai (o qual nao ficou mudo quando Sua Palavra se fez carne e andou na terra) e permaneceu viva no coraçao dos que amavam a Deus (assim como Ela vive no coraçao daquele que crê nos dias de hoje tambem).
    Dessa forma, no terceiro dia, o Espirito voltou ao corpo e Jesus ressuscitou triunfante e glorioso.
    Saudaçoes!!!

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  6. Ainda dentro do assunto nascimento e morte de Jesus Cristo, como você interpreta João 10:17-18? Seria possível pensar em uma auto-ressurreição de Jesus Cristo?
    Muitos discutem acerca das naturezas humana e divina de Cristo, mas, ao receber o espirito vindo de Deus (o fôlego de vida), o homem também não passou ater duas naturezas?

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    1. Não acho que Jesus estivesse falando aí sobre se auto-ressuscitar. A evidência bíblica é que Deus Pai ressuscitou Jesus:

      “Mas Deus o ressuscitou dos mortos...” (Atos 13:30)

      “E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos...” (1ª Tessalonicenses 1:10)

      “...Nós, que cremos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor” (Romanos 4:24)

      “Por seu poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará” (1ª Coríntios 6:14)

      “...Com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Colossenses 2:12)

      “...Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto” (Atos 10:40)

      “Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato” (Atos 2:32)

      “O Deus dos nossos antepassados ressuscitou Jesus, a quem os senhores mataram, suspendendo-o num madeiro” (Atos 5:30)

      “Vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas disso” (Atos 3:15)

      “Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse” (Atos 2:24)

      “Por meio dele vocês creem em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou, de modo que a fé e a esperança de vocês estão em Deus” (1ª Pedro 1:21)

      “Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos...” (1ª Coríntios 15:15)

      “Mas aquele a quem Deus ressuscitou não sofreu decomposição” (Atos 13:37)

      “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Romanos 10:9)

      “Paulo, apóstolo enviado, não da parte de homens nem por meio de pessoa alguma, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos” (Gálatas 1:1)

      “Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos"(Atos 17:31)

      “O fato é que Deus o ressuscitou dos mortos, para que nunca entrasse em decomposição...” (Atos 13:34)

      “Porque sabemos que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês” (2ª Coríntios 4:14)

      Mesmo que Jesus estivesse dizendo que tinha poder de morrer e de ressuscitar, isso não significa que ele se auto-reviveu, mas sim que ele tinha fé em Deus na certeza que o ressuscitaria.

      Ter o fôlego da vida soprado por Deus não é a mesma coisa de ter uma natureza divina. Natureza divina é ter os atributos da divindade (onisciência, onipresença, onipotência, etc), mas o fôlego da vida está em nós apenas para manter o corpo vivo.

      Abraços!

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  7. Caro,
    O folego de vida, soprado por Deus no boneco de barro, me parece que nao lhe deu somente a vida, mas comunicou-lhe tambem a imagem e a semelhança do proprio Deus, ou seja, conferiu-lhe os atributos imanentes de Deus (ou será que nao?)
    Adão não se pareceu com Deus no sentido de que Deus tivesse carne e sangue, pois a Biblia diz que “Deus é espírito” (João 4:24). Entretanto, o corpo de Adão espelhou a vida de Deus, pois o homem era, potecialmente, eterno.
    O pecado parece ter manchado o carater do homem, cujas cicatrizes carregamos até o dia de hoje, pois, mentalmente, moralmente, socialmente e fisicamente, mostramos os seus efeitos. Todavia, voce acredita que, segundo Tiago 3:9, ainda hoje o homem, de certa forma, tras consigo a imagem de Deus? Ou será que Jesus Cristo, como homem, trouxe em si a verdadeira e expressa imagem de Deus?

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  8. Lucas,
    O que voce acha dos versos que dizem que Deus "se fez carne" e habitou entre nos, como Joao 1:14 e 1 Tm 3:16?
    Voce nao entende que foi Deus, pelo Espirito Santo, que gerou a Cristo (Mt 1:20), nao tendo qualquer participaçao de Maria? Ou seja, a Biblia nao nos garante que Maria foi apenas o instrumento de Deus para dar à luz ao Filho de Deus, sem efetivamente gerà-Lo (sem que tenha havido fecundaçao de ovulo, ou uma especie de inseminaçao artificial)?
    Outrossim, na morte do Filho de Deus, a meu ver, o Espirito voltou a Deus (que O deu) e a carne foi para o po', sem contudo representar que a Palavra tenha morrido, pois, como diz a Biblia, Ela è imortal. Ou seja, durante os tres dias que Jesus permaneceu na sepultura, a Palavra de Deus continuou VIVA, sendo pregada nas casas dos judeus, no Templo, na casa dos crentes primitivos e na boca do Pai (o qual nao ficou mudo quando Sua Palavra se fez carne e andou na terra)...
    Dessa forma, no terceiro dia, o Espirito voltou ao corpo e Jesus ressuscitou triunfante e glorioso.
    Saudaçoes!!!

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  9. Eu queria saber sua opiniao sobre a origem de Jesus.
    Voce entende que o Messias, na eternidade, existia como pessoa e veio, posteriormente, a nascer no ventre de uma mulher (encarnar-se)? Ou voce entende que Sua origem se deu na mente de Deus (em Seus propositos divinos), desde a eternidade?
    Como Deus realizou o ato de gerar Seu Filho?
    Teria sido da seguinte maneira: O Espírito Santo (o poder de Deus, e nao uma terceira pessoa de uma suposta trindade) cobriu Maria, e, como resultado direto disso, houve a concepção virginal de Jesus, chamado de Filho de Deus?
    Resumindo, eu gostaria de saber se o Filho preexistiu como um outro ser na eternidade, ou seja, Deus tinha um Filho na eternidade ou Ele foi concebido quando o Messias foi concebido na história?

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    1. Eu creio na pré-existência de Cristo, não vejo sentido em dizer que ele "existia" na mente de Deus apenas, porque neste mesmo sentido todos nós "existíamos" também, e a Bíblia passa um sentido bem diferente e mais amplo quando fala de Jesus. É somente a pré-existência de Cristo que pode explicar o fato do Verbo estar com Deus no princípio (Jo.1:1,2) e de ter se tornado homem (v.14). A Bíblia diz que Deus fez o mundo por intermédio do Filho, “sem o qual nada teria sido criado” (Jo.1:3), pois “por ele foi feito o mundo” (Jo.1:10). Paulo disse que Jesus, “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp.2:6-8). O próprio Senhor Jesus faz menção à “glória que eu tinha contigo [com o Pai] antes que o mundo existisse” (Jo.17:5), diz: “eu desci do céu” (Jo.6:38), "eu não sou deste mundo" (Jo.8:23) e afirma que “antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo.8:58).

      Mas eu não tenho a pretensão de debater assuntos como esse aqui, até porque este é um site sobre heresias do catolicismo e discutir este outro tema seria mudar de foco. Se você pensa diferente sobre isso, respeito sua opinião, mas me reservo no direito de não entrar em discussão sobre isso.

      Abraços.

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  10. Me parece que este assunto diz respeito, sim, a uma heresia catolica, pois o catolicismo é quem defende que existem tres pessoas distintas num mesmo Deus (a trindade), formando uma especie de politeismo.
    Veja alguns versiculos biblicos:
    1 - Jesus Cristo é a Palavra de Deus (Ap 19:13);
    2 - Deus fez tudo pelo Espirito que saiu da Sua boca (Salmo 33:6), o que nos leva a crer que a Palavra (Jesus) é o Espirito de Deus;
    3 - O Espirito Santo e o Espirito de Cristo sao os mesmos (1 Pe 1:11); e
    4 - Deus é Espirito (Jo 4:24).
    Logo, eu te pergunto: Onde estao as tres pessoas distintas e onde esta a referencia dos seus tres tronos nos ceus?

    Quanto à geraçao de Jesus Cristo, se existem teofanias, porque Deus nao poderia se fazer homem (no ventre de uma mulher), e, por ser onipresente, estar, ao mesmo tempo, assentado sobre o trono da majestade nas alturas?
    E porque Deus nao poderia ter limitado o seu proprio poder quando encarnou-se, deixando de ser onipotente, onipresente onisciente?
    Esvaziar-se da sua gloria nao poderia significar exatamente isso (Fp 2:7)?
    Aguardo sua posiçao.

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    1. Me desculpe mas não é verdade que trindade é uma “heresia católica”, uma vez que os cristãos já eram trinitarianos MUITO ANTES de Constantino, do Concílio de Niceia ou de qualquer outro ponto histórico que os anti-trinitarianos costumam colocar como a “criação” da ICAR. Eu já li milhares de obras dos Pais da Igreja, incluindo dos pré-nicenos, e até hoje eu juro que não encontrei um único que fosse unicista. Todos eram trinitarianos e sabiam separar perfeitamente bem a pessoa do Pai da pessoa do Filho e da pessoa do Espírito Santo. Tertuliano, em pleno século II, chega a mencionar a própria palavra “trindade” mais de cem vezes em seu Tratado contra Práxeas, que pode ser lido aqui:

      http://www.e-cristianismo.com.br/component/k2/tertuliano-contra-praxeas.html?showall=1

      É só mais tarde, no século III, que surge um herege chamado Sabélio, ensinando o unicismo e contrariando todos os bispos cristãos e sucessores dos apóstolos, e sendo excomungado em 220 d.C. Essa heresia só volta a surgir em tempos bem recentes, sendo defendida por uma minoria inexpressiva de teólogos.

      Também é falsa a afirmação de que “é o catolicismo quem defende que existem três pessoas distintas num mesmo Deus”. TODOS os credos, concílios e confissões de fé das igrejas protestantes tradicionais ou pentecostais históricas são trinitarianas. Isso não significa por si mesmo que o unicismo seja necessariamente falso, mas significa que são falsas as afirmações de que a trindade é uma “invenção da ICAR” ou que seja apenas ela que a defenda.

      É por isso que eu não admito tratar de assuntos como esse em um blog sobre heresias DO CATOLICISMO, e quando eu me refiro a heresias “do catolicismo” eu não estou me referindo àquilo que você ou qualquer outra pessoa ACHA que é “heresia do catolicismo”, mas sim àquilo que REALMENTE é heresia do catolicismo à luz da história. Se você insiste em querer discutir este assunto, pode fazê-lo com qualquer pessoa do mundo que estiver a fim, pode até criar um blog inteiro para divulgar o unicismo e detonar com as outras visões sobre Deus, mas eu já disse e repito que não estou interessado em discutir qualquer coisa neste blog que não esteja relacionada estritamente ao conteúdo dele. Portanto, qualquer nova mensagem que trate de unicismo em qualquer formato que seja será automaticamente suprimida.

      Deus lhe abençoe.

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    2. ESTES DEMONIOOS FICAM ARREPIADOS QUANDO HOUVEM O NOME DE MARIA, TAMBEM SÃO FILHOS DE UM DEMONIO CHAMADO LUTERO.

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    3. Eu não teria nenhuma razão para aprovar esse comentário, mas decidi aprová-lo por achar engraçado e para figurar na ilustre série "Como funciona o mundo na cabeça de um zumbi tridentino" (Parte 4). Volte sempre.

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    4. Anônimo, Jesus é tido como a Palavra de Deus, porque Ele é uma promessa de Deus, ou seja, é a palavra de Deus sendo cumprida, "Deus falou que enviaria o seu seu filho, e então a palavra Dele foi cumprida.
      Deus faz tudo através do Espírito Santo, O Espírito é como uma fonte inesgotável de bens que vem de Deus, e é através desta fonte que Deus tira todas as coisa que Ele deseja, digamos que o Espírito Santo, é como uma ferramenta principal do carpinteiro, sem ela ele não poderia esculpir nada, Porém Jesus não é o Espírito de Deus, mas na verdade o Espírito de Deus desce sobre Ele, Quando Deus quer que alguém fale ou faça algo conforme a sua vontade, Ele envia o Espírito Santo sobre ela, enfim, o Espírito não é a palavra de Deus, mas sim a palavra Deus guia o Espírito Santo.
      Porque Deus é chamado de Espírito por Jesus? Porque Espirito significa "algo supremo, divindade, imaterial" e é o que Deus é, pois Deus é Espírito, e não carne, já Jesus é carne e espírito, mas se Deus é o próprio Espírito, porque dizem que o Espírito é uma das pessoas da Santíssima Trindade? Porque, uma vez que Deus se desprende de parte deste Espírito, para passar para outros, este se torna livre pra seguir seu curso, até onde Deus o mandou, sei que é difícil de entender, mas digamos que é como quando você doa seu sangue, você continua o mesmo, mas teu sangue se torna outra parte, que não fará mais parte de você. E quanto ao trono, não fala que há um trono pra cada um, pois que depois da ressurreição de Jesus, Ele se tornou um só com Deus e o Espírito Santo, sendo assim há um só trono divino, e outros para seus escolhidos, mas como pode dizer que Deus é um só, e três ao mesmo tempo? digamos que é como um bolo que contém farinha, fermento e ovo, são três, porém, se
      torna um só, mas sabemos que ali está os três ingredientes. "Isso houvi do padre Paulo, muito boa explicação." E quanto ao resto, Deus é onipotente, onipresente,onisciente. (ou seja:Ele tudo pode, desde que queira e como queira)quem somos nós pra questionar o porque Dele fazer o que fez e como fez?!

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    5. "Como funciona o mundo na cabeça de um zumbi tridentino" (Parte 4).

      Já tem material suficiente???
      Vc vai fazer???

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    6. Eu tenho neste momento exatos 251 prints de pérolas católicas, mais que o suficiente pra postar muitos artigos novos da série, e isso porque há meses atrás eu perdi arquivos do pc numa reformatação, onde tinha outros duzentos e tantos. O problema é que no momento há muitos temas sérios para abordar, principalmente de questões históricas relacionadas à Reforma, então eu estou dando prioridade aos estudos sobre isso, em vez de um artigo satírico desses (embora admita que esses artigos são bem mais do que apenas comédia, porque ajuda a mostrar até que ponto o catolicismo chegou e até onde ele é capaz de levar as pessoas). De todo modo, talvez nas próximas semanas, ou quando muito depois da minha escrita do livro sobre a Reforma, vai sair a continuação sim.

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  11. Ainda que nao tenha tido origem na ICAR, trata-se de uma doutrina pregada por ela, como base para o politeismo que defende.
    De fato, Jesus sempre existiu (como voce disse), simplesmente porque Ele è a Palavra de Deus.

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  12. Chegando atrasada aqui... mas me explica uma coisa pelo seu texto então quer dizer que Jesus nasceu da pra Igreja...ja que vc diz que a mulher que deu a luz um filho em apocalípse se refere a igreja. Só estou tentando entender seu texto. Luana

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    1. Eu só passei a interpretação de Hipólito de Roma, que era essa mesmo. A minha interpretação pessoal do texto é de que a mulher é Israel, de onde provém o Messias. Sobre isso eu já escrevi aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/quem-e-mulher-de-apocalipse-12.html

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  13. Lucas, achei brilhante todo esse vasto comentário que vc faz a respeito dessas interpretações romanas a respeito da palavra de de Deus. Só gostaria se for possível, vc quando cita os comentários por exemplo dos pais da igreja, coloca entre parënteses
    quem é esta pessoa e como a gente pode confirmar para também termos argumentos que nós não estamos falando sem conhecimento de causa. Quando vc citou Hipólito de Roma, voce esclareceu muito bem, esclarecendo que o tal foi o um dos maiores teólogos do sec III DC. Se possível, cita como podemos ter acesso a informação como esta. Mas, é muito edificante seus ensinos.

    Um abraço.

    Mauro

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    1. Olá, em geral eu não costumo explicar muito sobre quem era tal Pai da Igreja, por três razões. Primeiro, porque isso muitas vezes quebra a fluência do artigo. Segundo, porque é fácil para qualquer um fazer uma pesquisa rápida na internet e descobrir vasta informação sobre eles. E terceiro, porque os apologistas católicos reconhecem a existência e credibilidade de todos esses Pais que são citados em meu blog, de modo que não é necessário provar isso ou aquilo sobre eles, mas apenas o que eles disseram.

      Abs.

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  14. Tá, não sou dispensacionalista mas, não é a Igreja que veio de Jesus e não ao contrário?

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    1. Isso já foi explicado aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/09/quem-e-mulher-de-apocalipse-12.html

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  15. Desculpe meus caros , mas eu discordo sobre essa alegoria , quando se fala da mulher , não se refere a igreja e sim a nação de Israel que clamava por um salvador, não tem nada a ver com igreja e apóstolos.

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    1. Neste artigo eu passei a interpretação de Hipólito, em parte alguma eu digo que essa é necessariamente a minha também. Eu penso o mesmo que você, que a mulher é Israel neste texto, e sobre isso eu expliquei exegeticamente neste outro artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/09/quem-e-mulher-de-apocalipse-12.html

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  16. SEUS VIDEOS SÃO BONS E POR MIM VEREI SE DAREI MAIS VISUALIZAÇÕES E LIKES E INSCRIÇÕES, MAS QUE VC DEVE AINDA FAZER MAIS

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