A tradição e as tradições. Devemos confiar nelas?
No artigo mais recente, onde
mostro as provas de que João
não é o autor do quarto evangelho, o que derruba mais uma lenda da
tradição, um leitor me perguntou algo importante: pra que serve a tradição? Eu dei uma resposta resumida, mas decidi
escrever este artigo para aprofundar melhor a questão. O primeiro e mais
importante de tudo é definir o que é a
“tradição”. Apologistas católicos vivem falando da tradição e a exaltando, até
mesmo a usando em debates, mas nenhum deles é capaz de dizer o que ela significa
realmente, e muito menos delimitar toda a extensão da tradição, isto é, colocar
numa folha de papel exatamente todas as doutrinas que são fruto da tradição,
quais vieram da Bíblia e quais foram criadas pelo magistério (as três
autoridades dos católicos).
A Igreja Romana tem seu “cânon
bíblico” da mesma forma que as outras igrejas, mas não tem um “cânon da tradição”, isto é, nunca
afirmou o que faz parte da tradição, quais os seus ensinos, da onde que cada
tradição surgiu, quais as provas da autenticidade de cada uma delas, etc. Não
há simplesmente nada. Os apologistas católicos repetem à exaustão a “tradição”,
sem sequer fazer a menor ideia do que estão falando. Mas, neste quesito, admito
que nem é culpa da preguiça mental e da ignorância característica a todo e qualquer
apologista católico, mas, neste caso, é da própria Igreja Romana, que
simplesmente não lhes dá subsídios nesta questão. O atual catecismo católico
tem um verbete inteiro sobre a tradição (veja aqui),
mas a coisa toda é tão vaga e imprecisa, que duvido que tenha ajudado algum
romanista a resolver o “mistério”.
Talvez por isso, não é nada raro
ouvirmos por aí apologistas católicos afirmando que a tradição é “tudo”, ou
seja, todo o depósito da fé, todo o conjunto de ensinos, normas e práticas da
Igreja, e que a própria Bíblia seria apenas parte dessa tão vultuosa tradição.
Você certamente já deve ter ouvido isso em algum lugar. Alguns tem até um argumento
pronto, na ponta da língua: “Como é que vocês
protestantes podem aceitar a Escritura e rejeitar a tradição, se a Escritura é
parte da tradição?”. O problema é que, por mais vago que o catecismo
seja, ele não é vago o suficiente para
dar suporte a essa concepção particular de certos papistas em relação ao que
vem a ser a “tradição”.
O terceiro catecismo católico,
por exemplo, afirmava que “à tradição deve dar-se o
valor que se dá à Palavra de Deus revelada, contida nas Sagradas Escrituras”[1].
Note que o catecismo em questão faz clara distinção entre o que é a “Palavra de Deus” (Sagradas Escrituras) e o que é
a “tradição”, embora teime que as duas tenham o mesmo valor. O atual catecismo
também deixa clara tal distinção, quando diz que “o
patrimônio sagrado da fé está contido na Sagrada Tradição e
na Sagrada Escritura”[2] (grifo
meu). E, voltando ao terceiro catecismo, é afirmado que “a tradição é a Palavra de Deus não
escrita, mas comunicada de viva-voz por Jesus Cristo e pelos apóstolos, e
transmitida inalterada de séculos em séculos até nós”[3].
Se a tradição é o que não foi
escrito, então não pode ser a Bíblia (que foi escrita!). Trata-se,
portanto, de supostos ensinamentos
orais que supostamente remetem a
Cristo e aos apóstolos (mesmo sem nenhuma prova disso), e que não foram
registrados por escrito na Bíblia ou em outra fonte. Ou para ser mais claro:
são estórias de pescador para fazer o boi dormir. A tradição romanista nada
mais é do que o amontoado de uma série de ensinos e práticas que não foram
registradas em lugar nenhum, das quais não se tem a menor linha de evidência,
indício ou prova de sua veracidade, mas que a Igreja Romana simplesmente “sabe” que são
verdadeiras, e você é obrigado a confiar nisso sem questionar.
E como ela não tem prova nenhuma
de que tais coisas foram realmente ensinadas oralmente pelos apóstolos, não
ousa fazer uma “lista de tradições”, para não passar vergonha. Então, no fim
das contas, a “tradição” acaba se resumindo apenas a um chapéu de mágico, que
pode tirar dali quantos e quais coelhos (doutrinas) quiser, e quando quiser.
Tudo o que vale é a criatividade e a conveniência do momento. Eu já expliquei
isso detalhadamente neste
artigo.
E aqui podemos desmantelar o
primeiro truque da apologética católica, que consiste em considerar a tradição
como se fosse uma coisa só, bem concreta e definida, quando, na verdade, é apenas um amontoado de
tradições diferentes, sem fundamento nenhum, numa coisa tão obscura e vergonhosa
que nem a própria Igreja Romana define o que vem a ser precisamente. E se algum
evangélico se recusa a crer nesta tradição, ou melhor, nas tradições, é imediatamente bombardeado com o “argumento do
cânon”, que funciona deste jeito:
• O cânon bíblico é uma tradição
católica.
• Os protestantes creem no cânon
bíblico.
• Logo, os protestantes são
obrigados a crer na tradição católica.
Mesmo se fizéssemos de conta que a primeira premissa fosse verdadeira, ainda assim a conclusão seria falha: no máximo, seríamos
obrigados a crer nessa tradição (por
a considerarmos plausível), mas não necessariamente em todas as tradições (por serem implausíveis). Nós não somos judeus simplesmente por aceitarmos o cânon deles do AT, e não seríamos católicos somente por aceitarmos o cânon católico do NT. Mas observe que no
silogismo católico e nas argumentações deles a tradição é sempre apresentada
como se fosse uma coisa só, como se
você tivesse que aceitar todas as tradições deles se quiser aceitar essa.
É como quando você baixa um
programa na internet, e durante a instalação desse programa, você tem que
instalar também o “Baidu”, o “Hao123”, o “Babylon” e outras maravilhas da
internet. Com a diferença de que você geralmente tem a opção de desmarcar esses programas na hora da
instalação, enquanto os papistas não lhes dão esse direito: se você aceita uma
tradição que eles consideram deles, você
tem que aceitar todas as outras, incluindo algumas mais ridículas e toscas do
que o Baidu e o Hao123.
Ou você aceita o “pacote
completo”, ou não aceita nada. Assim, ao invés de debater tradição por tradição,
uma a uma (o que eles não fazem, porque sabem que nenhuma tem fundamento e
seriam derrotados facilmente em cada uma delas), eles jogam o argumento do
cânon e outros semelhantes para exigir a aceitação de todas as outras
tradições, que, na cabeça do católico, são todas uma coisa só – “a Tradição”.
É claro que, além de a conclusão
ser falsa, as premissas também o são. Nem o cânon foi formado pela Igreja
Romana, nem teve a participação ativa de qualquer papa, nem mesmo é parte de
uma “tradição oral” (a não ser que algum papista seja insano o suficiente para
alegar que o cânon verdadeiro foi transmitido adiante geração após geração
direto dos apóstolos...). Ou seja: trata-se de um argumento flagrantemente
falso desde as suas premissas até a conclusão, que eu já refutei em centenas de
artigos neste blog e nos meus livros, mas é o melhor que os apologistas
católicos têm para defender a tal “tradição”.
Se analisássemos as tradições, isto é, tradição por
tradição, veríamos que nenhuma tem qualquer fundamento sólido, e outras são
inclusive aberrantes, flagrantemente contra o ensino bíblico e dos primeiros
escritores cristãos. Aqui darei apenas alguns exemplos bem rápidos, por razões
óbvias. Primeiro porque, se eu fosse refutar cada uma das tradições papistas,
teria que escrever um livro inteiro. E segundo porque todas elas já foram
refutadas em artigos específicos sobre cada uma delas. Por isso passarei aqui
apenas um breve resumo de algumas delas, com links que redirecionam para
artigos onde explano melhor a questão.
• Amilenismo
A posição amilenista da Igreja
Católica não encontra nenhum amparo nos primeiros Pais da Igreja, que ensinaram
explicitamente o contrário, em diversas ocasiões diferentes. Clemente (35-97)
afirmou que os bons habitariam na terra[4],
a Didaquê (60-90) diz que os mansos receberiam a terra como herança[5],
tanto Policarpo[6]
(69-155) como a Didaquê[7]
afirmavam expressamente que só os justos ressuscitariam na volta de Jesus
(porque os demais ressuscitariam no fim do milênio, o que confronta a tese
amilenista de que todos ressuscitarão juntos quando Cristo voltar), e Irineu (130-202)
dizia que “de
maneira nenhuma podemos entender que Ele estará bebendo o fruto da vide
quando se colocar com os Seus [discípulos] em
um palácio celestial”[8].
Justino (100-165) sustentava que
“eu e os outros, que somos cristãos de bem em todos
os pontos, estamos convictos de que haverá uma ressurreição dos mortos, e mil
anos em Jerusalém, que será construída, adornada e alargada, como os profetas
Ezequiel e Isaías e outros declaram”[9].
Jerônimo (347-420), que viveu em séculos posteriores, quando já se aceitava o
amilenismo, testemunhava que os Pais da Igreja mais antigos, como Papias (70-163),
Irineu (130-202), Apolinário (séc. II), Tertuliano (160-220), Vitorino e
Lactâncio eram todos milenaristas[10].
O caso mais impressionante fica
por conta de Papias, que teria convivido pessoalmente com discípulos diretos
dos apóstolos e era contemporâneo de João, e era declaradamente milenarista.
Sua crença incomodou Eusébio de Cesareia, escritor mais tardio que, já no
século IV, adotava o amilenismo e tentava desqualificar o testemunho de Papias
nas seguintes palavras:
“Ele
[Papias] diz que, depois da ressurreição dentre os mortos, haverá um milênio, e
que o reino de Cristo se estabelecerá fisicamente sobre esta terra. Eu creio
que Papias supõe tudo isto por haver derivado das explicações dos apóstolos,
não percebendo que estes haviam-no dito figuradamente e de modo simbólico. A
verdade é que, pelo que se pode deduzir de seus próprios discursos, Papias parece ser homem de inteligência
curta. Mesmo assim, ele foi o culpado de que tantos escritores
eclesiásticos depois dele tenham abraçado a mesma opinião que ele, apoiando-se
na antiguidade de tal varão, como realmente faz Irineu e qualquer outro que
manifeste professar ideias parecidas”[11]
É isso mesmo: ele literalmente
chama Papias de burro, para não admitir que ele (muito mais perto dos
apóstolos) estava certo, e o próprio Eusébio (muito mais longe da época dos
apóstolos) estava errado. O que temos aqui é um caso flagrante em que a “tradição”
romanista funciona exatamente da forma CONTRÁRIA
à que alega funcionar. Em vez de ser um ensino transmitido pelos apóstolos e
preservado de geração após geração, é justamente o inverso daquilo que os que conviveram mais perto dos apóstolos
criam.
Ou seja, para um católico crer
nesta tradição, é preciso quase que arrancar o cérebro. É bastante simples: só
precisa acreditar que os Pais da Igreja dos séculos I e II, que conviveram
pessoalmente com os apóstolos ou com discípulos dos apóstolos, estavam errados
e não entenderam nada do que os apóstolos disseram, mas que os Pais dos séculos
IV em diante, que nunca viram um apóstolo ou discípulo de apóstolo na vida, “conservaram”
a tradição “incorruptível” desde o século I até seus dias! Daí para se crer em
Batman, duendes, fada dos dentes e porcos voadores é somente um passo.
Leia mais sobre isso neste
artigo.
• Assunção de Maria
Outro caso flagrante de tradição
sem pé e nem cabeça. Vem de uma “tradição” tão confiável, que o primeiro Pai da
Igreja a falar disso foi João Damasceno, que escreveu sobre isso no oitavo século
depois de Cristo, isso mesmo, a nada a menos que 700 anos depois dos apóstolos, e que com certeza sabia bem do que
estava falando...
Dos Pais da Igreja anteriores a
ele, nenhum mencionou qualquer
assunção de Maria, nem mesmo os mais “marianos”, nem sequer aqueles que faziam
sermões ou escreviam obras inteiras para falar de Maria. Simplesmente nada de
nada de nada. Epifânio (310-403), no século IV, escreveu uma obra inteira
chamada “Os Últimos Dias da Virgem Maria”. Ali era a ocasião mais que perfeita
para relatar aquilo que todo apologista católico moderno crê de pés juntos: que
Maria foi assunta aos céus de corpo e alma. Mas na parte final do livro, ele
simplesmente diz que “se Maria morreu ou não, nós não sabemos”[12].
E termina o livro, sem assunção
nem nada. Quer dizer: um reconhecido Pai da Igreja do século IV que pesquisou a
fundo os últimos dias de Maria em todas as fontes possíveis da época não
sabia nada a respeito se ela morreu ou não, nem disse nada sobre uma suposta
assunção, mas em pleno ano de 1950 o papa Pio XII tinha certeza desse dogma, e
pior ainda, querendo nos convencer de que foi um ensino passado adiante de boca
em boca até chegar ao século XX! Que católico escreveria um livro só para falar
dos últimos dias da virgem Maria e se
esqueceria de mencionar justamente a parte mais importante, o tão consagrado
dogma da assunção, que distingue Maria de praticamente todas as outras
criaturas que já pisaram na terra?
É evidente que tal ensino se
trata de uma invenção tardia que não possui nenhum fundamento nem no que foi
registrado por escrito e nem no que foi transmitido oralmente, e por essa razão
não aparece nem na Bíblia e nem nos Pais da Igreja dos primeiros séculos.
Qualquer pesquisador sério, honesto e decente descartaria esta doutrina e a
trataria como espúria, mas a Igreja Romana, como quer se destacar em relação a
todos os demais, não apenas alega que este ensino é verdadeiro, como também o
torna como dogma, ou seja, como
necessário crer para ser considerado católico e, consequentemente, necessário
para a salvação, visto que “fora da Igreja não há salvação”. É este o nível de
seriedade que a Igreja Católica tem ao formular suas doutrinas.
• Imaculada conceição de Maria
Este é um caso mais grave do que
o anterior, porque não temos nem mesmo um Pai da Igreja do século oitavo
defendendo tal coisa, o que temos são todos
os Pais da Igreja unanimemente contra, como Keith Thompson provou neste
artigo que eu traduzi para o blog no ano retrasado, onde ele cita nomes
como Tertuliano, Irineu, Basílio, Crisóstomo, Cirilo de Alexandria, Cirilo de
Jerusalém, Gregório Nazianzeno, Agostinho, Ambrósio, entre outros, e tudo isso
com a confirmação de respeitados teólogos e historiadores católicos romanos que
admitem este fato (isso sem falar na total omissão dos primeiros Pais da Igreja
à pessoa de Maria, quanto mais a este dogma em específico).
Os sites mentirosos de
apologética católica (me perdoem a redundância) estão repletos de citações que “provam”
que este ou aquele Pai da Igreja cria na imaculada conceição, com citações
totalmente distorcidas que NUNCA dizem
que Maria foi livre do pecado original, mas que, na melhor das hipóteses,
afirmam que ela não cometeu nenhum pecado pessoal em vida (que era a posição de
Agostinho, por exemplo), o que não é a mesma coisa que imaculada conceição, que é o dogma católico. Na
verdade, até Agostinho reconhecia que o Senhor Jesus era o único entre os nascidos de mulher que teve um nascimento imaculado:
“O
Senhor Jesus, o absolutamente santo entre os nascidos de mulher, é o único que, pela novidade do parto imaculado, não conheceu o contágio da corrupção
terrena e o rechaçou com sua celestial majestade”[13]
E, para a surpresa e o espanto de muitos, até o próprio
Tomás de Aquino, famoso filósofo medieval católico, era contra a imaculada
conceição, e afirmava explicitamente que Maria contraiu sim o pecado original.
Em sua Suma Teológica, Tomás afirma que "a bem
aventurada virgem contraiu o pecado original"[14].
E, como se não bastasse, ele diz ainda que se Maria nunca houvesse sido
contagiada pelo pecado original, isso iria derrotar a dignidade de Cristo!
“Respondemos que a santificação da
bem-aventurada Virgem não pode entender-se antes de receber a vida... se a
bem-aventurada Virgem houvesse sido santificada de qualquer modo antes de receber
a vida, nunca teria incorrido na mancha do pecado original; e, portanto, não
teria necessitado da redenção e da salvação, que é por Cristo, de quem se diz:
...porque ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mat. 1.21). Mas é
inconveniente que Cristo não seja o salvador de todos os homens como se diz (I
Tm. 4.10). Logo, segue-se que se a santificação da bem-aventurada Virgem nunca
houvesse sido contagiada do pecado original, isto derrocaria a dignidade de Cristo, que não necessitou ser salvo,
como salvador universal, pois a maior pureza seria a da bem-aventurada Virgem”[15]
Há tempos atrás um arruinado apologista católico tentou
consertar a lambança com uma ainda maior, inventando que Tomás de Aquino havia “mudado
de opinião” no final da vida, achando que ninguém iria perceber a sandice e que
não seria desmascarado nunca. Mas a alegria durou pouco, porque logo depois o
Bruno Lima, especialista em desmascarar fraudes católicas, descobriu isso e o
desmascarou em seu blog, e no final o apologista católico em questão se cansou
de levar uma porrada atrás da outra e simplesmente fugiu do debate (o Bruno continua
esperando a tal “resposta” até hoje...). Vejam aqui
e aqui.
E, mesmo assim, ou seja, mesmo com todos os Pais da Igreja nos primeiros séculos e espantosamente até
mesmo com doutores medievais católicos contra,
ainda assim a Igreja Romana alega que esse dogma é fruto da “tradição”, como se
os apóstolos tivessem ensinado isso oralmente e passado adiante de geração em
geração de forma incorruptível até chegar a nós nos dias de hoje, como ensina o
catecismo católico. É simplesmente o cúmulo do ridículo. É preciso ser um verdadeiro
mestre na arte de ser enganado para se crer numa coisa dessas.
• Conclusão
As tradições romanistas
apresentam todos os indícios característicos que fariam qualquer estudioso
sério e honesto com um mínimo de senso crítico classificar como a maior fraude
da face da terra, demandando um nível de ingenuidade supremo e desconhecido no
universo para se crer nelas. Simplesmente não tem como serem mais patentemente
falsas do que já se apresentam ser. E aqui eu citei apenas três casos de
tradições católicas completamente sem fundamento, nem bíblico, nem histórico, nem
lógico e nem de lugar nenhum, os quais são completamente destroçados pela
Sagrada Escritura e pelos primeiros escritores cristãos, mas poderia citar
muito, muito mais.
Vários outros casos de tradições
poderiam ser citados, não apenas entre os dogmas e doutrinas tidos como
oficiais, mas até mesmo em relação a crendices populares que chegaram até nós
via tradição, isto é, porque há algum tempo atrás no passado alguém disse que
as coisas eram assim, e outros sem qualquer senso crítico as passaram adiante,
até que um dia todo mundo pensasse que certo ensinamento era mesmo uma verdade
absoluta.
Como eu disse no meu artigo
anterior, Irineu dizia que Jesus morreu com mais de 50 anos, e o pior é que ele
não alegou isso como uma mera opinião pessoal, mas disse que foi transmitido adiante
por João e pelos outros apóstolos![16]
Por sorte, os evangelistas, principalmente Lucas, foram bastante precisos em
determinar os tempos dos acontecimentos (ex: Lc.3:1-2), e, graças a isso e
somente a isso, cristãos mais inteligentes de tempos posteriores não seguiram o
conto de Irineu, e hoje sabemos que Cristo morreu aos trinta e três.
Mas imagine se a Bíblia não
fosse tão precisa assim em determinar a idade do Mestre: neste caso, seria
altamente provável que o conto de Irineu seguisse adiante; as pessoas dariam
crédito a esse Pai da Igreja do segundo século e pensariam que a tal “tradição
de João e dos apóstolos” era autêntica, e então a copiariam e a transmitiriam
de geração após geração, ganhando o status de “tradição”, e, como tal, “inquestionável”
– ainda que fosse um erro flagrante. É exatamente o que ocorre em muitos outros
assuntos, onde erros conseguem encontrar refúgio e abrigo sob o manto da “tradição”,
e, desta forma, se reproduzir como um vírus e transmitir adiante tais enganos,
que são cridos como verdade de forma totalmente acrítica pela grande maioria
das pessoas.
No mês passado eu postei um
vídeo tratando exatamente sobre isso, com alguns exemplos simples como a “fé do
tamanho de um grão de mostarda”, os “três reis magos que visitaram Jesus na
manjedoura”, as “cinco virgens que caíram no sono”, e, finalmente, os “dois
ladrões crucificados com Jesus”:
E, como já foi dito, o artigo
mais recente, onde o Alon e eu provamos que João não pode ter sido o autor do
quarto evangelho (veja
aqui). Há uma quantidade esmagadora de mitos que se creem hoje em dia
apenas por tradição, sem qualquer base ou fundamento bíblico, nem sequer uma
lógica consistente. Talvez um dos casos mais notáveis seja a da Lenda
da Imortalidade da Alma, que é um assunto que eu venho tocando há oito anos,
com bastante profundidade e detalhes. Mas há muitos outros que ainda serão
abordados, sejam eles de passagens pontuais, ou de doutrinas inteiras.
O problema, como eu já apontei,
é que é difícil tirar da cabeça das pessoas um conceito que elas aprenderam a
vida inteira como sendo o certo e o verdadeiro, de modo que mesmo quando
mostramos evidências suficientes que em qualquer outra circunstância seriam
mais do que o bastante para se provar algum ponto, as pessoas insistem em não
querer aceitar pelo simples fato de que isso confronta o que elas aprenderam
desde sempre. É a velha mentalidade do “gado”, da “vaquinha de presépio”, do “papagaio”
que só sabe repetir e repetir aquilo que lhe foi dito, mas não tem a mente
aberta para criar algo novo ou confrontar algo já recebido.
Algumas pessoas, com a mente
mais aberta para a verdade, tão logo percebem que a tradição falhou outra vez e
que todas as evidências estão contra elas, se libertam e aceitam que estavam
erradas. Outras, mais apegadas à tradição e com mais dificuldade de se
desprender dela, só aceitam depois de muita luta e relutância, quando não tem
mais como continuar negando. Mas outras, do tipo mais fanático, bitolado e
cego, não aceitam mesmo que se jogue toda a verdade na cara delas. Porque elas
simplesmente não estão preocupadas com a verdade, mas com o que lhe é mais
conveniente. Se os fatos não são convenientes, rejeitam-se os fatos, para
manter a falsa crença de pé. A verdade, em si, é o que menos importa.
A lavagem cerebral feita nestes
meios é tão forte, que eles preferem crer que o branco é preto, se quem fez a
lavagem cerebral assim disser. E isso não é brincadeira: é exatamente o jeito que eles creem. E o pior: eles próprios admitem
isso. Há tempos atrás uma página de fanáticos tridentinos desocupados e de
índole neonazista chamada “Cruzados Católicos” publicou um post que eu
reproduzi na parte
2 da minha série sobre os zumbis tridentinos, que eu reproduzo novamente
agora:
Sim, eles mesmos explicam de
forma fácil e simples como funciona a lavagem cerebral no catolicismo. É simplesmente assustador. Nega-se
tanto os fatos, rejeita-se tanto as evidências, luta-se tanto contra a verdade,
que eles assumidamente abdicam à tarefa
de pensar, e deixam de usar o cérebro para que uma outra pessoa pense no
lugar deles. Isso pode soar como uma piada, mas é chocante e triste. Não é para
rir, mas para chorar. Parece engraçado, mas é de dar pena.
Essa era a mesma mentalidade que
os leigos católicos da Idade Média tinham para aceitar de forma tão passional e
acrítica a venda de indulgências para o perdão dos pecados (trocar $ por
salvação), ou para aceitar “relíquias” ridículas como essas
daqui, o que inclui as (várias) cabeças de João Batista, o leite das mamas
da Virgem Maria e tantos pedaços da cruz de Cristo ao ponto de poder construir
um navio – mas que soavam tão reais e autênticas para leigos católicos da
época que, sob forte carga de lavagem cerebral que diariamente recebiam,
abdicavam à capacidade de pensar por si mesmos e acreditavam em qualquer
estória de pescador, pois jamais passaria pela cabeça deles a hipótese de que a
Igreja “Santa” e “infalível” estivesse... errada.
Se eles são treinados para
rejeitarem como verdade até mesmo aquilo que eles veem com toda a clareza
diante dos seus olhos, como o branco ser branco, como darão o braço a torcer em
torno de interpretações bíblicas que refutam as tradições deles? Obviamente, é
impossível. Felizmente, o lado positivo de tudo isso é que não estamos aqui
para convencer os zumbis acerca de alguma coisa, mas para alertar aqueles que
ainda não abriram mão da capacidade de pensar por si mesmos, a estarem cada vez
mais de mente aberta, a terem cada vez mais senso crítico, a seguirem as
evidências para onde elas levarem, ainda que seja para um lugar tão diferente e
distante daquele lugar-comum, tão cômodo e confortável, que esteve durante toda
a vida.
Não, isso não é para qualquer
um. O próprio Senhor Jesus deixou de contar certas coisas aos apóstolos pela
incapacidade deles de suportar tais verdades naquele momento (Jo.16:12). Isso é
apenas para aqueles que estão tão determinados a serem honestos consigo mesmos
ao ponto de abrirem mão da tradição, quando perceberem que esta, na verdade, é
apenas um codinome para contradição.
Não creia em algo por ser “tradição”.
Creia em algo por ser verdade.
Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)
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- Fim da Fraude (Refutando as mentiras dos apologistas católicos)
[1]
Terceiro Catecismo Católico, p. 154.
[2] §84
do Catecismo Católico.
[3]
Terceiro Catecismo Católico, p. 152.
[4] Clemente
aos Coríntios, 14:3-4.
[5]
Didaquê 1:7.
[6] Policarpo
aos Filipenses, 2:1-3
[7]
Didaquê 16:6-8.
[8] Contra
as Heresias, Livro V, c. 33.
[9] Diálogo
com Trifão, c. 80.
[10] De
Viris Illustribus, 18.
[11] História
Eclesiástica, Livro III, 39:12-1.
[13] Contra
Juliano, Livro I, c. 10.
[14] “Suma
Teológica”, Parte III, Questão XXVII, Artigo II.
[15] “Suma
Teológica”, art. II, parte III, pergunta XXVII.
[16] Contra
as Heresias, 2.22.5-6.
Anti-First!
ResponderExcluirLucas , teria um outro lugar que poderiamos conversar , mas é que realmente eu precisaria de sua ajuda sobre esse tema e acho que aqui não seria um bom lugar . E vc acompanha o Kaue Varela, a rumores de que ele ta virando católico?
ResponderExcluirPode me contactar pelo facebook se quiser. Eu não conheço esse Kauê Varela, nunca vi um vídeo dele e nem ouvi falar, então me eximo de comentar sobre o que desconheço. Abs.
ExcluirPor coincidência, acabo de ver no blog do Elisson que ele comentou este assunto:
Excluirhttp://resistenciaapologetica.blogspot.com.br/2017/02/sobre-o-caso-kaue-varela-e-a-conversao-de-protestantes-ao-catolicismo.html
Talvez eu faça um artigo sobre isso, mas não pela mesma ótica que ele já explanou muito bem (senão seria chover no molhado, e repetir aquilo que eu já disse em outros artigos sobre conversões ao catolicismo), mas abordando um ponto importante que eu já estava pensando em escrever há tempos, e que o caso do Kauê exemplifica perfeitamente.
Esses outros artigos aos quais eu me refiro são esses aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/analisando-os-casos-de-ao-catolicismo.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/02/noticia-bombastica-mais-um-evangelico.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/famoso-pastor-sueco-se-converte-ao.html
A tradição oral tem uma contradição inicial insuperável. Se é oral, em todo o tempo desde os apóstolos deveria ter sido passada a pelo menos uma pessoa, para que esta passasse adiante, e assim sucessivamente. Porém qual a garantia de que àquela pessoa detinha a tradição oral? Deveria haver testemunhas que vissem o "ouvidor" anterior, e testificassem disso. É claro que isso inexiste. Além disso quem garantiria que o que ele ouviu é o que ele repassou. Só um milagre contínuo ao longo dos tempos permitiria que isso fosse verdade. Mas Deus, em sua infinita sabedoria, já sabia disso tudo, por isso fez questão de escriturar tudo o que fosse da sua vontade, nos legando as escrituras sagradas, que são, efetivamente, um registro de informações suficiente e confiável, muitíssimo maior que a transmissão oral. Hoje temos outras formas de registro, como os vídeos e fotos, que, logicamente, são formas modernas de transmissão de informações. Portanto, quando a tradição é escriturada ela deixa de ser oral e passa a ser escrita. É ridículo ter que afirmar isso, mas os católicos são tão incoerentes que é necessário explicar passo a passo para ficar claro. Assim, o que há hoje não é tradição oral, e sim escrita. E bastante conflitante com a Bíblia. Portanto, fica a pergunta final: quando há conflito, qual a autoridade maior, a Bíblia, a tradição escrita (a oral não existe) ou o magistério infalível (sic)?
ResponderExcluirMuito bem colocado.
ExcluirBom artigo Lucas! seus artigos estão me ajudando bastante...contra os argumentos fracos dos católicos e quando se fala de tradição aí não tem pra ninguém eles perdem feio,porque eles se apegam mais a tradição do que a própia palavra de Deus!Não desista, continue com sua bravura em defesa do Evangelho Ortodoxo de Cristo
ResponderExcluirObrigado Elberth, Deus lhe abençoe!
ExcluirBRAVO, Lucas!
ResponderExcluirVlw!
Excluirlucas quem segue a tradição são os protestantes. Nós seguimos a tradição oral de não batizar crianças( leia a didaque e tertuliano).Nós seguimos a tradição oral de maria ter mais filhos(leia eusebio).Nós seguimos a tradição oral de não se orar pra anjos(leia origenes).etc.... dá até pra vc fazer um artigo provando que nós seguimos a tradição oral.
ResponderExcluirSim, mas neste caso, "tradição" está sendo usado num sentido diferente de "tradição romanista" (que eu abordei no artigo). Mas mesmo nestes casos que você citou, eu não acho tão apropriado dizer que nós seguimos a "tradição", porque essas doutrinas não são fruto de uma tradição ou ensinamento oral paralelo às Escrituras, mas são questões explicitamente reveladas na Bíblia, e isso já é mais do que o suficiente. O fato de Pais da Igreja corroborarem este ponto de vista, só prova que realmente não havia nenhuma tradição oral na Igreja da época afirmando o contrário, embora pudesse haver Pais da Igreja que incorressem em erro sobre estas ou outras questões, da mesma forma que qualquer teólogo humano pode errar nos dias de hoje. Abs!
ExcluirNo veritatis, sobre diferença entre Canon catolico e ortodoxo sobre o AT, diz o seguinte:
ResponderExcluir''Embora a Septuaginta possua um catálogo bem amplo, não podemos afirmar que Cristo e os Apóstolos reconheciam todos os livros que nela estavam presentes, principalmente porque não deixaram qualquer instrução a respeito. O Cânon Bíblico se estabelecendo com o tempo através da Tradição e do Magistério da Igreja.''
http://www.veritatis.com.br/inicio/espaco-leitor/sobre-o-canon-biblico-das-igrejas-ortodoxa-e-anglicana/
Se a tradição não veio dos apóstolos nem de Jesus, veio de quem?
Isso é uma amostra de como se confundem com o termo tradição
Além disso, o autor católico do artigo em questão acabou de dar um fatality no principal argumento católico em favor do cânon deles de 73 livros: o falacioso e deplorável "argumento da Septuaginta" ou do suposto "cânon alexandrino" inventado pelos papistas, que eu já refutei aqui:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/10/a-lenda-do-canon-alexandrino.html
Basicamente, o que eles sempre argumentam por aí é que o cânon católico está certo porque esses livros a mais que eles tem estão na Septuaginta. E agora esse apologista católico acaba de esmagar esse argumento, pois diz categoricamente que não se pode afirmar que Cristo e os apóstolos reconheciam todos os livros nela presentes, porque ele sabe que, se esse fosse o caso, o cânon católico estaria errado e o Ortodoxo estaria mais próximo do certo, já que os católicos rejeitam alguns livros que estão na Septuaginta e que os ortodoxos aceitam. Isso é o mesmo que eu venho afirmando há oito anos consecutivos, e que por algum problema cognitivo os apologistas católicos fingem não entender (ou vai ver não entendem mesmo, por incapacidade de usar o raciocínio).
Perto de um protestante eles usam o argumento da Septuaginta para atribuir canonicidade aos apócrifos por eles aceitos, mas quando o artigo é direcionado aos ortodoxos, aí eles mudam completamente de ponto de vista e argumentam igual os protestantes, alegando que nem todos os livros da Septuaginta são necessariamente inspirados. É impressionante o nível de dissimulação e falsidade que eles são capazes de chegar. Simplesmente surreal.
Boa Noite Lucas
ResponderExcluirPra mim o problema maior não é nem a existência de uma tradição oral, mas essa mesma tradição dizer uma coisa e e a tradição escrita (Bíblia) dizer outra.
O buraco é mais embaixo: nem sequer EXISTE uma legítima "tradição oral" que foi pregada pelos apóstolos e preservada "incorruptível" por geração a geração de boca em boca, sem qualquer registro escrito. Este é o mito da Igreja Romana. É claro que houveram coisas pregadas oralmente pelos apóstolos, mas não houve nada que fosse preservado incorruptível por séculos e séculos sem sequer ser registrado por escrito, que era a única fonte segura de preservação de conteúdo na época. Só de pensar nisso já chega a ser ridículo.
ExcluirÉ por isso que a tradição na Igreja Ortodoxa é tão diferente das tradições da Igreja Romana, ensinando doutrinas e práticas opostas, embora ambos aleguem estar se baseando na autoridade da mesma e única "tradição". É por isso também que a Igreja Romana NUNCA fez um compêndio com uma lista de cada uma das doutrinas, dogmas e práticas que chegaram puramente via transmissão oral (tradição). A razão de tudo isso é porque tal tradição, simplesmente, NÃO EXISTE. O que foi preservado no ensino dos apóstolos foi registrado por escrito na Bíblia; o que foi preservado no ensino dos Pais da Igreja foi preservado por escrito na patrística, e assim por diante. Não havia uma "tradição oral" correndo à solta paralelamente, ensinando coisas novas e diferentes. Esse é o mito católico.
Então, o que é a tradição romanista? Não é uma legítima tradição oral, porque esta simplesmente inexiste. É apenas QUALQUER COISA que o debatedor católico queira que exista, mas, como não tem nenhuma base na Bíblia, inventa que foi pregada "oralmente" e joga tudo para as costas da "tradição". Essa é a tradição romanista, uma vergonha, uma pilhéria, um bode expiatório para se colocar tudo aquilo que eles creem sem nenhum fundamento ou evidência real. Sobre este aspecto em questão, eu já abordei neste artigo:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2016/01/que-raios-e-tradicao-catolica.html
Então, se um católico não tem provas do purgatório na Bíblia, ele já tem uma resposta pronta: "Está na tradição!". Se ele não tem provas da assunção de Maria na Bíblia, ele tem uma carta na manga: "Está na tradição!". Se ele não tem provas de um papado de Pedro em Roma na Bíblia, ele tem um bode expiatório: "Está na tradição!". E assim por diante. Não que essas coisas estejam mesmo em uma "tradição", mas meramente porque o papista, sem ter como defender suas aberrações doutrinárias, PRECISA arranjar uma desculpa ou pretexto para salvar seus delírios. Assim, a tradição romanista não é algo concreto ou bem delimitado, mas algo deliberadamente vago para ali caber qualquer coisa que a criatividade der asas.
LUCAS ME ESCLARECE UMA COISA O LADRAO LA NA CRUZ FOI BATIZADO NO ESPIRITO SANTO PARA SER SALVO POR CRISTO OU A SALVAÇAO NAO PRECISA SER BATIZADO NO ESPIRITO SANTO. ABS!
ResponderExcluirNa época do ladrão nem existia batismo no Espírito Santo, o Pentecoste só foi acontecer tempos depois, e com ele as primeiras menções bíblicas à existência de um batismo no Espírito Santo. Abs!
ExcluirLucas, como você acha que pessoas com algum transtorno, como psicopatia ou sociopatia
ResponderExcluirsão julgadas pelos seus pecados? É possível que Deus condene essas pessoas pelos crimes bárbaros que cometem em seus estados de anormalidade? Por exemplo, se um psicopata mata seus pais de forma muito cruel e não sente nenhum arrependimento por isso (em razão de sua doença, e não porque ele tem escolha de não se arrepender ou se arrepender), essa pessoa poderia ser condenada e não entrar no reino de Deus? Deus exerce Seu juízo sobre essas pessoas doentes?
É um caso complicado, mas a visão que eu tenho sobre isso (e não apenas sobre isso, mas sobre qualquer caso em que alguém está inapto a tomar uma "decisão") é que Deus irá julgar a pessoa de acordo com a proporção daquilo que ela possa corresponder. Mesmo que seja em um nível pequeno, creio que até um psicopata tem algum controle sobre pelo menos certas decisões, ele não é totalmente como um animal irracional, e Deus julgará mesmo que seja as intenções lá do fundo do coração, o tanto que o indivíduo lutou ou não contra aquilo, o que ele faria se não tivesse essa doença, etc. Eu não sou médico e nem tenho conhecimento da área, mas pesquisando um pouco sobre isso, me parece que os psicopatas tem sim alguma consciência de que seus atos são errados, ainda que não se importem com isso:
Excluirhttp://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_que_e_um_psicopata_.html
Se isso é verdade, então eles podem ser julgados por Deus com base no que eles sabiam ser certo ou errado, e também com base na capacidade deles de poder resistir ou não a esses impulsos.
Pra mim é um caso parecido com o dos povos nunca alcançados (embora diferente, é claro), que não podem tomar a decisão de crer em Jesus porque não o conhecem, mas que podem ser julgados com base em outras ações, de acordo com a sua esfera de conhecimento (escrevi sobre isso no artigo abaixo).
http://ateismorefutado.blogspot.com.br/2015/04/o-destino-dos-povos-nao-alcancados.html
Estava demorando. Chegou a hora de transformar gente boa em bicho e bicho em gente boa. Isso acontece sempre, exatamente após o show de bíblia.
ExcluirEssa questão é interessantíssima. Gostaria de interferir na conversa e dar minha opinião. Em primeiro lugar sou bastante cético com a psicologia como ciência e a psiquiatria como tratamento. Acho diversas teorias deles sem base e se assemelham muito mais a esoterismos do que a ciência. Então opiniões baseadas nestes ramos do conhecimento devem ser analisadas com bastante ceticismo e racionalidade, e só depois disso avalizadas, até porque diversos pensadores destas foram ateus (Freud), ocultistas (Jung), maníacos sexuais (Kimsey), etc. Mas resumindo a questão, Deus é o perfeito julgador, e detém a justiça perfeita. Na época do juízo final, ele saberá separar o que é doença verdadeira (alzheimer, esquizofrenia, amnésia, etc.) do que é problema espiritual, o que é irresponsabilidade e safadeza humana do que é ato impensado e inconsequente (por exemplo atos de defesa pessoal), e finalmente, coisa que nenhum pensador foi capaz, saberá dizer para cada ser humano em qual medida foi cometido um ato por determinismo ou livre arbítrio. Assim, pelo menos, é o meu ponto de vista.
ExcluirLucas, a maioria dos protestantes acusa a Igreja de ter adicionado livros para sustentar nossos "dogmas heréticos", como 2 Macabeus 12, 46 por exemplo.
ResponderExcluirVejo que você citou sobre a assunção de Nossa Senhora.
Eu não me lembro exatamente qual é o livro, mas sei que existem evangelhos apócrifos que relatam a assunção de Maria aos céus. Provavelmente você os conheçe.
Então eu te pergunto:
Já que é pensado que a Igreja quer inventar ensinamento humanos e anti-bíblicos. Por que não adicionou esses apócrifos para sustentar a Assunção?
É evidente que você pode argumentar dizendo que nós nos apoiamos em ensinamentos apócrifos, porém, os apócrifos muitas vezes servem como relatos históricos.
Eu nunca vi nenhum pronunciamento oficial em defesa da Assunção usando os apócrifos, mas na minha visão isso é uma confirmação histórica da nossa fé.
Eu não consigo crer que uma mentira possa sobreviver por 2 mil anos.
Eu acredito que a maior diferença entre nós Católicos e vocês, não são relatos patrísticos ou interpretações bíblicas, simplesmente. Mas acredito que seja na forma de pensar de cada um.
Os católicos têm uma forma única de pensar de acordo com nossa fé (Exceto católicos Jujubas amiguinhos de Leonardo Boff), já os protestantes, mesmo divididos, têm formas de pensar praticamente iguais quando se trata de rebater o catolicismo.
A conversão tanto do protestante quanto do católico, se dá principalmente pela mudança de mentalidade mais do que pelo convencimento de "refutações" de ambos os lados.
Eu vejo isso porque sua interpretação da imagem que você destacou não me reflete em nada como uma "Lavagem cerebral". Isso está no fato de sua forma de pensar ser muito diferente de nós.
Vc não se coloca em nosso lugar quando quer explicar uma visão católica. Vejo que até se esforça, porém não consegue refletir bem o que pensamos e nem a fé na qual nós cremos.
Eu mesmo não me enxergo nessas suas tentativas.
Ora, qual o seu nível de confiança bíblica? Suponho que seja total.
E se eu te perguntasse:
"Lucas, se a Bíblia disser que o branco que você vê é negro, vc acreditará?"
É evidente que a Bíblia nunca afirmará isso. E é exatamente nesse contexto que cremos na Tradição e na hierarquia. Essa afirmação apenas demonstra a confiança que temos na Igreja, porém não nos faz de "zumbis" como vc gosta de nos chamar. Até os ateus podem usar esse argumento contra todos os cristão que creem na Bíblia.
Isso seria afirmar que nós não usamos o raciocínio, mas é como eu disse:
Se trata apenas de uma forma de pensar diferente, não quer dizer que não saibamos o que estamos aceitando ao ter fé num dogma que não tem evidência clara nas Escrituras, como é o caso da Assunção por exemplo.
Vamos por partes:
Excluir1) Sobre os apócrifos que você diz que falam da assunção de Maria, o mais antigo que os católicos usam data do século IV, ou seja, há mais de TREZENTOS ANOS depois da suposta “assunção” da mesma, me desculpe, mas isso não é fonte histórica, não é um relato de testemunhas oculares, nem de testemunhas de testemunhas, e nem mesmo de testemunhas de testemunhas de testemunhas(!), é apenas uma fantasia de muitas gerações depois, sem qualquer base ou fundamento histórico, tanto é que Epifânio, o Pai da Igreja que eu citei no meu artigo naquela mesma época e que com certeza conhecia esses livros, não deu qualquer crédito a eles, já que omitiu completamente essa suposta assunção.
2) Me desculpe, eu não quero parecer grosseiro ou agressivo, mas se basear em apócrifos do século IV para fundamentar a assunção, é só mais uma prova de que vocês estabelecem doutrinas sem nenhuma responsabilidade ou decência. Muito antes desses apócrifos do século IV já existiam outros apócrifos, como o de Tomé e o de Maria Madalena (entre outros), afirmando coisas absurdas e delirantes sem qualquer cabimento como por exemplo que Jesus tinha um “caso” com Maria Madalena, ou que ele era um gnóstico, ou que as mulheres tinham que se transformar em homens para poderem entrar no reino dos céus(!), dentre outras patifarias que até vocês católicos sabem que são simples devaneios sem fundamento, mesmo sendo ditos em apócrifos a partir do século II e III (ou seja, antes da assunção).
Mas quando se trata de outro apócrifo do século IV, ou seja, ainda mais tardio que os outros(!), só porque fala de uma assunção de Maria, aí a lógica já muda, aí eles já podem ser usados como “prova” disso ou daquilo, só porque corrobora com algo que a sua igreja mais tarde assumiu como doutrina, senão você estaria rechaçando da mesma forma que faz com os anteriores. Me desculpe a franqueza, mas é por isso que eu sempre insisto que os argumentos da apologética católica são tendenciosos e desonestos, não são imparciais e nem seguem a uma lógica, basicamente qualquer coisa que sirva para dar apoio a uma doutrina romanista “tá valendo”, nem precisa averiguar se o argumento é verdadeiro ou falso, se tem base ou se não tem. E é justamente por eu repudiar esse tipo de apologética que esse blog existe.
3) Sobre a Igreja Romana não colocar esses apócrifos no cânon, você já pensou que pudesse ser por causa de OUTRAS doutrinas neles presentes? Eu não li esses em específico, mas já li várias dezenas de obras apócrifas e posso garantir que não há nem uma única delas que não faria uma bagunça enorme com doutrinas tidas como fundamentais no Cristianismo. E isso a Igreja Romana não iria aceitar. Mas essa nem é a principal razão pela qual ela não fez isso, mas por algo simples: a Igreja que reconheceu o cânon em finais do século IV não foi a Igreja Romana, mas igrejas locais no norte da África que apenas reconheceram uma lista de livros já aceitos antes disso (leia Atanásio), ou seja, a Igreja antiga já reconhecia esses livros antes de surgir a Igreja Romana propriamente dita, que apenas manteve esses livros porque, em caso contrário, estaria confrontando cânones de concílios que eles mesmos consideravam importantes para manter de pé o mito de que aquela Igreja antiga era exatamente a mesma Igreja Romana dos tempos modernos. Vale lembrar que a assunção só foi tomada como DOGMA pela Igreja em 1950 d.C, seria meio estranho eles incluírem um novo livro no cânon depois de tanto tempo, não é?
4) Você diz: “Eu não consigo crer que uma mentira possa sobreviver por 2 mil anos”. Eu poderia concordar com isso, já que a Igreja Católica Apostólica Romana não tem nem metade disso. Mas discordo, porque se você conhecesse budismo, hinduísmo, judaísmo, dentre outras religiões que você sabe que são MAIS ANTIGAS que o próprio catolicismo romano, você não diria o que disse, a não ser que quisesse legitimar tais religiões como verdadeiras, neste caso eu me enganei em pensar que você é católico romano, em vez de apenas mais um relativista ecumênico que crê que todas as religiões são boas e levam ao céu.
Excluir5) Você faz a pergunta: “Lucas, se a Bíblia disser que o branco que você vê é negro, vc acreditará?”. Não!!! Se a Bíblia exigisse uma confrontação lógica do tipo para se crer nela, eu não acreditaria nela, acreditaria em qualquer outra coisa mas não nela. Mas é este o ponto-chave da questão: enquanto a Bíblia é um livro que qualquer um pode ler por completo e tirar suas próprias conclusões sobre ela, o papado e a tradição romanista como um todo é uma grande caixinha de surpresas, nunca se sabe quando um novo papa pode proclamar um novo ensino, uma nova doutrina, uma nova prática, um novo dogma. E quando fizer isso, mesmo que for contra a consciência pessoal de um católico em particular, ele será OBRIGADO a crer contra a sua razão se quiser continuar sendo católico.
É isso o mais absurdo. Enquanto o protestante pode ser honesto consigo mesmo e seguir aquilo que sua consciência lhe aponta ser a verdade, para onde as evidências nos levam, o católico já é tendencioso por natureza, tendo que aceitar A PRIORI qualquer coisa que for dita pelo magistério, e sem questionar. Esse é um dos frutos do horrível dogma (também tardio) da infalibilidade papal. Os católicos simplesmente não podem pensar por si mesmos e chegar às suas próprias conclusões que creem ser mais razoáveis, lógicas e consistentes com a Bíblia, a história e a razão. Em vez disso, tem que abrir mão da sua capacidade de pensar criticamente e de questionar, para aceitar qualquer coisa que for definida pela hierarquia da Igreja. Sua interpretação por conseguinte é viciada e tendenciosa, eles não analisam as evidências honestamente para concluir o mais plausível; ao contrário, eles JÁ TEM A CONCLUSÃO a priori, e então basta “encaixar” as evidências de modo a se adaptar a essa conclusão.
É exatamente o que você faz, por exemplo, quando usa apócrifos do século IV para dar base à assunção, quando rejeita apócrifos do século II que dariam base a ensinos estranhos e sem base bíblica, apenas porque a sua Igreja favorece a visão do apócrifo do século IV, e rejeita a visão dos apócrifos dos séculos anteriores. Por outro lado, um protestante (ou qualquer estudioso mais honesto intelectualmente, independente de religião ou da falta dela) pode analisar ambos e concluir logicamente pela falta de fundamento dos dois, sem precisar espancar a coerência e o bom senso apenas para que se conforme com o seu ponto de vista (que na verdade não é seu, mas da hierarquia da instituição religiosa que segue).
Abs.
Eu gostaria de acrescentar que a maioria dos católicos que eu já observei eles se apegam ao catolicismo apenas por gosto e emoção. São poucos os que estudam, e quando o fazem é algo a priori, ou seja eles partem da idéia que os seus ensinamentos são inquestionáveis, cristalizados. Qualquer um que ouse questionar algum ensino deveria ser lançado na fogueira da Inquisição.
ExcluirSobre a inquisição, tu não vai escrever mais?
ResponderExcluirVou sim, mas tenho que acabar a Dissertação primeiro, ela está atrasando tudo, mas quando eu terminá-la estarei livre para outros projetos, e esse livro da Inquisição é prioridade.
ExcluirLucas os católicos vão entrar na quaresma. Você pode escrever um artigo sobre isso,mostrando onde eles erram. Eles fazem penitência, jejum, esmola, ficam 40 dias sem comer carne, recebem cinzas na cabeça, etc...
ResponderExcluirA quaresma já passou, então... :/
ExcluirLucas, qual sua opinião sobre esse site?
ResponderExcluirhttp://universalismocristico.com.br
Só de ver que eles creem em religião única e em reencarnação já desmotiva ler o resto...
ExcluirVejo que seu estudos são totalmente erronêo. pois Voce usa os santos padres da igreja pra desmentir aquilo mesmo que os mesmo ensinaram. mais oque vejo e uma grande farsanha que não considero um espanto em usa os santos doutores. mais eu mesmo refutarei todas as suas incredulidade contra as doutrinas da madre igreja. vai demora um pouquinho mais em breve com livros que tenho dos santos padres e historico não sera dificil. paz e bem.
ResponderExcluirMimimimimi você deve ser o centésimo que cega aqui dizendo "eu mesmo refutarei isso ou aquilo", e até hoje ninguém foi capaz. Esse "vai demorar um pouquinho" que você diz aí, já virou anos com todos os outros. Mas pelo menos você é mais criativo que os demais: inventou a palavra "farsanha", que não existe no dicionário. Então em você eu boto fé.
Excluirkkkkkkk, estou aguardando a farsanha dele em defender a madre igreja.
Excluir"Vejo que seu estudos são totalmente e͟r͟r͟o͟n͟ê͟o͟"
ExcluirÉ errôneo! Não "erronêo"! O rapaz não sabe nem escrever e já quer ser escritor. kkkkkk... :D
Lucas estava usando seus argumentos sobre os filhos de Deus em Gn 6. Mas olha só o que meu oponente disse :
ResponderExcluirA expressão hebraica benê’elõhîm, que aparece em Gênesis 6.1-4, tem sido interpretada, muitas vezes, como uma menção a anjos, os quais teriam possuído mulheres, que teriam dado à luz gigantes. Entretanto, para defendermos essa posição — que agrada muito a roteiristas de filmes —, teríamos de ignorar o contexto imediato e outras passagens em que a mencionada expressão alude a seres de natureza completamente diferente da angelical.
Tem sido contestada — por alguns eruditos, mas principalmente pelos proponentes da seita Testemunhas de Jeová — a posição de que os filhos de Deus em Gênesis 6 seriam pessoas pertencentes à linhagem piedosa de Sete, filho de Adão. Para eles, a menção a homens tementes a Deus, em Gênesis 5, não indica, necessariamente, que os filhos de Deus do capítulo seguinte são piedosos servos do Senhor. Nesse caso, seria mais plausível acreditar que a passagem em apreço alude a seres angelicais que teriam se relacionado sexualmente com mulheres?
Quero reafirmar — uma vez que já escrevi sobre o assunto, inclusive em meus livros —, neste texto, que, após estudar detidamente Gênesis 6 por alguns anos, consultando os eruditos, continuo não vendo nenhuma plausibilidade na posição de que os filhos de Deus ali são anjos. Creio que eles são, sim, os servos do Senhor, pertencentes a um linhagem piedosa, por alguns motivos.
Primeiro: se os mencionados seres fossem mesmo anjos — e nesse caso anjos caídos, posto que os mensageiros do Senhor jamais cometeriam o pecado descrito em Gênesis 6.2 (cf. Sl 103.20), o de possuir mulheres —, seriam eles chamados de “filhos de Deus”, sem nenhuma observação ao fato de que eram seres angelicais que haviam se rebelado contra Deus?
Segundo: se não há indicação no contexto imediato — mas há! — de que os filhos de Deus não eram os descendentes de Sete, como dizem alguns teólogos, que indicação haveria nele de que os filhos de Deus, ali, eram seres angelicais?
Terceiro: alguns teólogos se apegam à suposição de que gigantes teriam surgido em decorrência do fato descrito em Gênesis 6.2. Mas observe que antes de os “filhos de Deus” tomarem para si mulheres dentre os “filhos dos homens” já havia gigantes na terra: “Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos” (v. 4).
Quarto: em Mateus 22.30, vemos que no Céu os salvos serão como anjos, que nem se casam nem se dão em casamento. Entretanto, nos dias de Noé, era exatamente isso que acontecia (24.38)! As palavras de Jesus, por conseguinte, confirmariam o fato de que ocorreram diversos casamentos mistos entre os “filhos de Deus” (justos) e as “filhas dos homens” (ímpias). A terra se encheu, pois, de maldade por causa dessa mistura, e Deus então a destruiu por meio do dilúvio.
Quinto: os anjos são “espíritos ministradores” (Hb 1.14) e, conquanto possam aparecer sob a forma corpórea e interagir até certo ponto com os seres humanos (cf. Gn 12-19), não têm corpos físicos para manterem relações sexuais com mulheres. À luz das palavras de Jesus em Mateus 22.30, podemos afirmar que os anjos, repito, interagem com os seres humanos até certo ponto, mas não podem possuí-los sexualmente, já que o Senhor Jesus ensinou que eles não se casam, isto é, não podem se relacionar sexualmente com mulheres, muito menos depositar nelas a sua semente.
ResponderExcluirSexto: Deus fez tudo com perfeição. Dois animais, macho e fêmea, de espécies completamente diferentes, por exemplo, não conseguem se relacionar a fim de gerar uma nova vida. O homem, por sua vez, pode até possuir sexualmente um animal, uma fêmea, mas não consegue efetivamente depositar nela a sua semente. O que dizer de uma relação entre anjos e humanos, cujas naturezas são completamente distintas?
Sétimo: alguns citam o caso de Jesus, gerado no ventre de Maria, já que a semente divina foi depositada em uma mulher. Entretanto, a encarnação de Jesus, o Deus-Homem, que é um mistério (1 Tm 3.16), foi excepcional, visto que Ele foi gerado por obra e graça do Espírito Santo. Não se tratou de algo que pode ser repetido. O próprio Anticristo não será gerado pelo próprio Satanás no ventre de alguma mulher, como alguns pensam. O preposto do Diabo será um homem qualquer, que nascerá como qualquer outro, assim como hoje muitos não nascem anticristos, mas “se têm feito anticristos” (1 Jo 2.18).
Oitavo: em Jó 1.6; 2.1, sem dúvida, filhos de Deus são anjos. Mas afirmar que todas as vezes em que se menciona esta expressão no Antigo Testamento é uma alusão a anjos não reflete boa exegese. Esse termo aparece em muitas outras passagens, referindo-se a anjos e a homens (Dt 14.1; 32.5; Sl 73.15; Os 1.10 etc.). No Novo Testamento, os que nascem de novo também são chamados de filhos de Deus (Jo 1.11,12; Gl 4.4,5). Como não se trata de uma designação exclusiva dos anjos, precisamos examinar com cuidado o contexto imediato e a analogia geral da Bíblia.
Diante do exposto, reafirmo que Gênesis 6.1-4 nos apresenta a primeira ocorrência de casamento misto entre crentes e incrédulos. Os filhos de Deus, isto é, os descendentes de Sete, jovens tementes ao Senhor, em vez de permanecerem fiéis e leais à sua herança espiritual, cederam à tentação e se uniram a belas jovens ímpias, seguidoras da tradição e do exemplo de Caim. E o resultado disso foi a depravação da natureza humana, no tocante às gerações mais jovens, até que os antediluvianos se afundaram nas profundezas da iniquidade (v. 5). Fica aqui o alerta para todos os filhos de Deus: o Senhor não aprova a mistura. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Co 6.14).
O que vc acho dos argumentos dele?
Estou sem tempo agora, só estou respondendo comentários mais breves por enquanto, mas prometo que volto aqui nos próximos dias com a resposta, aliás é um texto que eu tenho bastante interesse em responder. Se porventura eu acabar me esquecendo, me cobre.
ExcluirJá estou te cobrando rsrsrs
ExcluirVamos lá:
Excluir“A expressão hebraica benê’elõhîm, que aparece em Gênesis 6.1-4, tem sido interpretada, muitas vezes, como uma menção a anjos, os quais teriam possuído mulheres, que teriam dado à luz gigantes. Entretanto, para defendermos essa posição — que agrada muito a roteiristas de filmes —, teríamos de ignorar o contexto imediato e outras passagens em que a mencionada expressão alude a seres de natureza completamente diferente da angelical”
Bom, só por esse primeiro parágrafo já se descarta a possibilidade de o autor ser um cristão. Para achar que os anjos se materializarem na terra é coisa de “roteirista de filme”, o que ele deve pensar de uma cobra falante, uma jumenta que também fala, uma virgem que dá à luz, um homem que anda sobre as águas, o sol e a lua parando, etc? Perto dessas coisas, Gn.6:1-4 é fichinha. O raciocínio dele é o raciocínio de um ateu.
“Tem sido contestada — por alguns eruditos, mas principalmente pelos proponentes da seita Testemunhas de Jeová — a posição de que os filhos de Deus em Gênesis 6 seriam pessoas pertencentes à linhagem piedosa de Sete, filho de Adão. Para eles, a menção a homens tementes a Deus, em Gênesis 5, não indica, necessariamente, que os filhos de Deus do capítulo seguinte são piedosos servos do Senhor. Nesse caso, seria mais plausível acreditar que a passagem em apreço alude a seres angelicais que teriam se relacionado sexualmente com mulheres?”
Primeiro que o que “tem sido contestada” não é a tese de que são filhos de Sete, mas sim a de que são frutos do relacionamento de anjos, que surgiu BEM MAIS CEDO. O livro de Enoque já fala dela antes de Cristo, ela faz parte da tradição judaica, todos os estudiosos cristãos que conheço confirmam que essa é a interpretação mais antiga. A tese de Sete foi que surgiu depois, criada por pessoas incrédulas como o autor do texto, que não acreditavam que tal coisa pudesse ser possível e assim tentaram “suavizar” o texto. Mas o autor foi malandro o suficiente para dar a entender que todo mundo sempre creu na “tese de Sete” até que de repente surgiram as Testemunhas de Jeová em pleno século XX inventando uma teoria louca em torno de anjos... é desonestidade sem limites.
E “os homens justos de Gênesis 5” é uma leviandade criada pela cabeça dele. Parte nenhuma de Gn.5 assegura que toda a geração de Sete foi justa. O único que garante como justo é Enoque, e por fim Noé. Dos outros não temos qualquer afirmação positiva ou negativa. São eles que PRECISAM afirmar algo que a Bíblia não afirma (isto é, que toda a geração de Sete foi justa) para poderem tentar refutar o texto claríssimo de Gn.6:1-4.
“Quero reafirmar — uma vez que já escrevi sobre o assunto, inclusive em meus livros —, neste texto, que, após estudar detidamente Gênesis 6 por alguns anos, consultando os eruditos, continuo não vendo nenhuma plausibilidade na posição de que os filhos de Deus ali são anjos. Creio que eles são, sim, os servos do Senhor, pertencentes a um linhagem piedosa, por alguns motivos”
Ótimo, assim já sei quais livros não ler.
Primeiro: se os mencionados seres fossem mesmo anjos — e nesse caso anjos caídos, posto que os mensageiros do Senhor jamais cometeriam o pecado descrito em Gênesis 6.2 (cf. Sl 103.20), o de possuir mulheres —, seriam eles chamados de “filhos de Deus”, sem nenhuma observação ao fato de que eram seres angelicais que haviam se rebelado contra Deus?”
ExcluirUé, e se a referência é a suposta “descendência justa” de Sete dá no mesmo, também não poderiam ser chamados “filhos de Deus” do mesmo jeito! Por essa lógica, não poderia ser nem anjos, nem a descendência de Sete. Eu poderia afirmar: “Seriam eles (((A DESCENDÊNCIA DE SETE))) chamados de ‘filhos de Deus’, sem nenhuma observação ao fato de que esses filhos de Deus haviam se rebelado contra Deus?”. Dá no mesmo. O fato é que o termo “filhos de Deus” obviamente se refere a quando eles ainda eram justos, ou seja, à condição deles ANTES de se rebelar, e não depois. Se fosse depois, como ele insinua, nem poderia ser a descendência de Sete, pois também já não seriam mais “filhos de Deus”...
“Segundo: se não há indicação no contexto imediato — mas há! — de que os filhos de Deus não eram os descendentes de Sete, como dizem alguns teólogos, que indicação haveria nele de que os filhos de Deus, ali, eram seres angelicais?”
Todo o AT, onde a expressão “filhos de Deus” era usada exclusivamente aos anjos e nunca aos seres humanos. As referências estão no meu artigo:
http://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2015/08/quem-eram-os-filhos-de-deus-de-genesis.html
“Terceiro: alguns teólogos se apegam à suposição de que gigantes teriam surgido em decorrência do fato descrito em Gênesis 6.2. Mas observe que antes de os “filhos de Deus” tomarem para si mulheres dentre os “filhos dos homens” já havia gigantes na terra: “Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos” (v. 4).”
Irrelevante. Eu não afirmei que os gigantes só passaram a surgir após essa união. Ataque a espantalho.
“Quarto: em Mateus 22.30, vemos que no Céu os salvos serão como anjos, que nem se casam nem se dão em casamento. Entretanto, nos dias de Noé, era exatamente isso que acontecia (24.38)! As palavras de Jesus, por conseguinte, confirmariam o fato de que ocorreram diversos casamentos mistos entre os “filhos de Deus” (justos) e as “filhas dos homens” (ímpias). A terra se encheu, pois, de maldade por causa dessa mistura, e Deus então a destruiu por meio do dilúvio”
Que mistureba mais nonsense essa. Mateus 22:30 fala da condição dos anjos NO CÉU, e não da condição dos anjos que desceram à terra e assumiram forma humana em Gn.6:1-4. E Deus NUNCA havia proibido até então os “casamentos mistos”, isso só começou a existir com a criação do Estado de Israel, quando os israelitas foram proibidos de se casar com pessoas das nações vizinhas. Essa restrição simplesmente NÃO EXISTIA até Gênesis 6. Em parte nenhuma Deus faz essa advertência. E é muita criancice chamar toda a descendência de Caim de ímpia, só porque Caim foi ímpio. Isso é que nem chamar toda a descendência de Hitler de ímpia, só porque Hitler foi ímpio. Non sequitur total. Nem a Bíblia chama toda a descendência de Sete de justa, nem chama toda a descendência de Caim de ímpia, nem proíbe que a descendência de um se relacionasse com a outra. Esses caras simplesmente inventaram uma NOVA BÍBLIA pra tirar essas coisas da cabeça.
“Quinto: os anjos são “espíritos ministradores” (Hb 1.14) e, conquanto possam aparecer sob a forma corpórea e interagir até certo ponto com os seres humanos (cf. Gn 12-19), não têm corpos físicos para manterem relações sexuais com mulheres. À luz das palavras de Jesus em Mateus 22.30, podemos afirmar que os anjos, repito, interagem com os seres humanos até certo ponto, mas não podem possuí-los sexualmente, já que o Senhor Jesus ensinou que eles não se casam, isto é, não podem se relacionar sexualmente com mulheres, muito menos depositar nelas a sua semente.”
ExcluirO mesmo argumento infantil e repetitivo de sempre. Mateus 22:30 e Hebreus 1:14 dizem respeito à condição dos anjos hoje no Céu, e não aos que se rebelaram e tomaram forma humana. Eles pegam um texto que está falando de A, e aplicam a B. Isso seria o mesmo que dizer que os seres humanos não podem ficar dez minutos debaixo d’água, o que é verdade, mas não se aplica nos casos em que as pessoas usam equipamentos preparados para este fim, e conseguem ficar bem mais. No entanto, eles continuam podendo ser chamadas de “seres humanos”, não podem?
“Sexto: Deus fez tudo com perfeição. Dois animais, macho e fêmea, de espécies completamente diferentes, por exemplo, não conseguem se relacionar a fim de gerar uma nova vida. O homem, por sua vez, pode até possuir sexualmente um animal, uma fêmea, mas não consegue efetivamente depositar nela a sua semente. O que dizer de uma relação entre anjos e humanos, cujas naturezas são completamente distintas?”
São completamente distintas enquanto os anjos são espíritos imateriais no céu. Este não é o caso de Gn.6:1-4, onde eles assumiram forma humana. Ele deu o exemplo dos animais: os animais não podem gerar vida com os humanos porque são animais, mas se pudessem se transformar em humanos, poderiam. Isso nunca vai acontecer porque Deus nunca permitiu, mas com os anjos aconteceu porque eles, diferentemente dos animais, têm livre-arbítrio e puderam abandonar sua condição natural naquela ocasião específica. E a partir do momento em que eles abandonam sua condição natural, passam a assumir outra com características totalmente diferentes.
“Sétimo: alguns citam o caso de Jesus, gerado no ventre de Maria, já que a semente divina foi depositada em uma mulher. Entretanto, a encarnação de Jesus, o Deus-Homem, que é um mistério (1 Tm 3.16), foi excepcional, visto que Ele foi gerado por obra e graça do Espírito Santo. Não se tratou de algo que pode ser repetido. O próprio Anticristo não será gerado pelo próprio Satanás no ventre de alguma mulher, como alguns pensam. O preposto do Diabo será um homem qualquer, que nascerá como qualquer outro, assim como hoje muitos não nascem anticristos, mas “se têm feito anticristos” (1 Jo 2.18).”
Veja a lógica dele: o de Jesus foi excepcional “então pode”, mas por que o dos anjos de Gn.6:1-4 também não pode ter sido excepcional? Ele é quem define pra ele mesmo o que pode ser excepcional e o que não pode. Assim fica fácil. Biblicamente, OS DOIS casos foram excepcionais. Um em se tratando de anjos, e outro em se tratando do filho unigênito de Deus. Mas ele aceita um com naturalidade e não aceita o outro por puro preconceito teológico.
“Oitavo: em Jó 1.6; 2.1, sem dúvida, filhos de Deus são anjos. Mas afirmar que todas as vezes em que se menciona esta expressão no Antigo Testamento é uma alusão a anjos não reflete boa exegese. Esse termo aparece em muitas outras passagens, referindo-se a anjos e a homens (Dt 14.1; 32.5; Sl 73.15; Os 1.10 etc.). No Novo Testamento, os que nascem de novo também são chamados de filhos de Deus (Jo 1.11,12; Gl 4.4,5). Como não se trata de uma designação exclusiva dos anjos, precisamos examinar com cuidado o contexto imediato e a analogia geral da Bíblia.”
ExcluirNenhum dos textos citados falam de homens com a mesma expressão “filhos de Deus”, e embora possam fazer alusão a isso, se referem a um período em que Deus já tinha um “povo” seu na terra, uma nação escolhida (Israel) para ser seu “pai”. No NT, esse povo passa a ser a Igreja. Isso não se vê no período de Gn.1 a Gn.6.
“Diante do exposto, reafirmo que Gênesis 6.1-4 nos apresenta a primeira ocorrência de casamento misto entre crentes e incrédulos. Os filhos de Deus, isto é, os descendentes de Sete, jovens tementes ao Senhor, em vez de permanecerem fiéis e leais à sua herança espiritual, cederam à tentação e se uniram a belas jovens ímpias, seguidoras da tradição e do exemplo de Caim. E o resultado disso foi a depravação da natureza humana, no tocante às gerações mais jovens, até que os antediluvianos se afundaram nas profundezas da iniquidade (v. 5). Fica aqui o alerta para todos os filhos de Deus: o Senhor não aprova a mistura. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Co 6.14).”
Nada do que ele diz é bíblico. Gn.6:1-4 não fala de “casamento misto”, não menciona “crentes e incrédulos”, não fala de “descendentes de Sete”, não diz que eram “jovens”, não fala que as moças eram “ímpias”, não usa o “exemplo de Caim”, não fala do “tocante às gerações mais jovens”, não diz NADA, NADA, NADA do que ele afirma do início ao fim. Qualquer um que simplesmente LER o relato de Gênesis 6:1-4 em qualquer tradução do mundo verá que tudo o que ele afirmou é pura eisegese, inserções feitas por ele tiradas da cabeça dele e colocadas à força para dentro de um texto bíblico que não afirma nada disso. Nós podemos ser “roteiristas de filmes”, mas pelo menos o nosso roteiro é coerente com o da Bíblia, e não uma invenção mirabolante dos pretensos “descendentes de Sete”...
Abs.
Boa Noite amigo.
ResponderExcluirMe desculpe a sinceridade, mas como não ser cético diante de uma religião que possui mestres, literatura e oralidade milenar e incorruptível? Qualquer pessoa que pare para pensar chegará facilmente a conclusão que trata-se de algo impossível de existir. Não precisamos nem se dar ao trabalho de investigar o que está diante de nossos olhos.
obrigado
O budismo, hinduísmo e judaísmo também são milenares, aliás, mais antigos que o próprio catolicismo. Também possuem mestres, literatura e oralidade que consideram "incorruptíveis", mas são tão frágeis quanto as do próprio catolicismo romano (ok, talvez não cheguem a tanto). Acho que já está na hora de os apologistas católicos colocarem a cabecinha pra pensar e evoluírem esses argumentos de quarta série.
Excluirhttp://www.compiladorcristao.com/blog/evangelho-vs-evangelho/
ResponderExcluirLucas, oq vc acha desse texto? (Principalmente nas ultimas partes que fala sobre a salvação)
Abs!
Me desculpe, mas infelizmente não estou dispondo de tempo para ler e refutar textos mais longos, mas dei uma olhada nos textos finais que falam da salvação como você pediu, e vejo que ele distorce o conceito de justificação pela fé. Ao meu ver, a doutrina da imputação é completamente bíblica, e foi assim que creram todos os reformadores. Você pode ver uma análise mais detida sobre a mesma nesses sites:
Excluirhttp://www.monergismo.com/textos/justificacao/imputacao_pecado_justica_steele.htm
http://www.cincosolas.com.br/2011/01/doutrina-da-imputacao.html
Abs!
Ola Lucas.
ResponderExcluirQualquer pessoa que pare um pouco pra pensar verá que a possibilidade de uma tradição oral atravessar séculos inalteradamente é zero. É a mesma possibilidade de uma moeda ao invés de cara ou coroa ela caia em pé.
Obrigado amigo
Acho que a moeda cair em pé é mais plausível :)
ExcluirLucas os escritos de Inácio de Antioquia dão a entender que ele cria a que eucaristia era uma presença real de Jesus igual os catolicos acreditam.veja:
ResponderExcluir“Não lhes importa o dever de caridade, nem fazem caso da viúva e do órfão, nem do oprimido, nem do prisioneiro ou do liberto, nem do que padece fome ou sede. Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, porque não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou. Os que recusam o dom de Deus, morrem disputando”. (Carta aos Esmirnenses, parágrafo 6 e 7, cerca de 80-110 d.C.)
“Na graça que procede do Nome, vos reunis na mesma fé e em Jesus Cristo, que descende segundo a carne de Davi, filho do homem e filho de Deus, para obedecermos ao bispo e ao presbitério numa concórdia indivisível, partindo um mesmo pão, que é o remédio da imortalidade, antídoto contra a morte, mas vida em Jesus Cristo para sempre”. Carta aos Efésios, parágrafo 20, cerca de 80-110 d.C.
veja que acima ele trata a eucaristia do mesmo modo que o católico trata que é na forma de um alimento que cura, que salva, que dá fé.
“Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d?Ele, que é Amor incorruptível”. Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.
como entender os escritos de Inácio? obrigado
A primeira citação é a única que poderia provar algum tipo de transubstanciação, SE e somente SE não fosse costume de Inácio citar o evangelho como sendo a carne de Cristo (Inácio aos Filadelfienses 5:1) e a fé como sendo a carne de Jesus:
Excluir"Portanto, armai-vos com doce paciência e recriai-vos na fé, que é a carne do Senhor, e no amor, que é o sangue de Jesus Cristo" (Inácio aos Tralianos 8:1)
Então pra Inácio o evangelho e a fé eram a carne do Senhor da mesma forma que o pão da eucaristia, e o amor era o sangue de Cristo da mesma forma que o vinho da eucaristia. Não há nada de transubstanciação aqui, a não ser que o amor, o evangelho e a fé também se "transubstanciem" de alguma forma...
A segunda citação não diz nada de transubstanciação, ser "remédio da imortalidade" pode ser interpretado de diversas formas mas nenhuma como sendo uma transubstanciação, são coisas totalmente diferentes. Ao meu ver, Inácio estava ressaltando a importância da Ceia e sua contribuição no contexto da salvação, visto ser um sacramento tão importante quanto o batismo, por exemplo. O que não implica que basta tomar a Ceia que já está salvo, nem tampouco é esse o entendimento da própria Igreja Romana.
A terceira e última citação não diz que o sangue de Cristo é o vinho da Santa Ceia, mas sim que é o AMOR incorruptível, então se algo se "transubstancia" aqui, é o amor e não o vinho! O mesmo vale para a "carne de Jesus Cristo", embora esteja falando do "pão de Deus", aqui não está falando do pão da eucaristia, mas sim do próprio Senhor Jesus que se chama no quarto evangelho de "o pão de Deus" (da mesma forma que se chamava de luz do mundo, porta das ovelhas, etc).
Eu acredito só na Bíblia. Esse negócio de tradição, patrística, súmulas papais é coisa de católico tradicionalista.
ResponderExcluirNunca me senti tão feliz na minha vida desde quando aceitei a Jesus, desde que passei a rezar três/quatro vezes por dia e desde que ando lendo a Bíblia. Eu já fui descrente, cético e tolo. Graças a Deus minha vida mudou. Tenho uma vida repleta de felicidades. Todas as boas obras e bençãos de Deus estão e estarão sobre mim, assim como meu futuro. Você não sabe o quanto eu me arrependo por ter duvidado de Deus! Tive pensamentos extremos, mas hoje graças a Deus estou feliz. Muita bençãos para ti, caro Lucas. E que você continue com seu blog repleto de seguidores de de sucesso, em nome do Senhor Jesus!
ResponderExcluirAmém
ExcluirNo seu artigo sobre os pais da igreja e o dogma da imaculada conceição vc disse que Orígenes era contra esse dogmas e vc cita um trecho ele que foi esse:
ResponderExcluir''Maria pertence ao número daqueles de quem Cristo profetizou que haviam de se escandalizar nEle, como os apóstolos, ela também ficou perturbada com a catástrofe da cruz; e era necessário que pecasse assim em certa medida, para que também ela fosse remida por Cristo'' (Orígenes, Homília 17, sobre Lucas)
Agora um católico me posta isso no facebook sobre Origenes crer nesse dogma:
''Esta virgem Maria é chamada mãe do Filho único de Deus. Digna mãe de um digno Filho; mãe imaculada de um Filho santo e imaculado; mãe única de um Filho único. Tomai a Maria como um trono celeste que se vos dá a guardar, diz o anjo a José, como todas as riquezas da divindade, como a plenitude da santidade, como uma justiça perfeita. Tomai-a e guardai-a, como residência do Filho único de Deus, como seu templo honorável, como o dom de Deus, como a morada imaculada do rea1 e celeste esposo.'' (Apud. A. Nicolas – LA VIERGE MARIE ET LE PLAN DIVIN, tomo 4° págs.l03-104).
E agora? qual texto é correto?
Nossa, que dilema, puxa vida: devemos acreditar na citação que tem A PRÓPRIA FONTE PRIMÁRIA da obra de Orígenes como referência, ou em uma outra referência oposta sem nenhuma fonte primária, que consiste em uma citação de citação remetente a um autor católico (que coincidência), escrevendo um livro mariano (que coincidência)?
ExcluirAcho que nem vou conseguir dormir essa noite tamanho o dilema que temos aqui (que rufem os tambores).
Entendi.Eu ia te pedir pra vc conferir se esse texto ai que o católico passou existia mesmo nas obras de Origenes, pois eu não tenho nenhuma obra dele e nem as li.
ExcluirMas mesmo pra saber se existe, precisa ter a fonte pra checar. Orígenes escreveu várias dezenas de obras, algumas inclusive são tratados teológicos bem extensos com diversos capítulos, não dá pra ler tudo só pra conferir se a bendita citação existe ou não. O ônus da prova recai sobre quem trouxe o texto, que tem a obrigação de provar a autenticidade da citação que passou. Senão qualquer um poderia colocar qualquer coisa na boca de um Pai da Igreja e deixar que os outros se virem pra provar que é falsa, tarefa esta virtualmente impossível e extremamente cansativa, se não há fonte primária para consultar. E se essa citação fosse autêntica, eu aposto que a referência correta já estaria em todos os blogs de apologética católica a esta altura (que sempre copiam as mesmas citações uns dos outros), mas pelo jeito não está.
ExcluirAbs.
Jesus é o Silo descrito por Israel?
ResponderExcluirO texto é messiânico mas "Siló" é um erro de tradução, veja a explicação do Norman Geisler aqui:
Excluirhttp://desafioscristao.blogspot.com.br/2011/02/quem-ou-o-que-e-silo-neste-versiculo.html
Por que você está deixando o blog de lado?
ResponderExcluirPorque tenho que terminar a Dissertação até o dia 15 e estou, digamos, correndo contra o tempo, por isso todo tempo que eu tenho livre para escrever estou usando para escrevê-la, que pelo caráter de urgência, se torna mais importante que o blog. Logo quando eu terminar de escrever eu pretendo transformá-la em livro, e aí publico aqui com link para download. Nem tempo pra responder os comentários estou tendo, só respondi esse para prestar esse esclarecimento, os outros eu libero e comento depois quando já estiver com mais tempo. Abs.
ExcluirCristãos podem beber moderadamente? Com temperança?
ResponderExcluirVeja meu comentário a João 2:9 sobre isso, aqui:
Excluirhttp://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2014/08/comentarios-de-joao-2.html
Eu não vejo problema em beber com temperança e critério. O problema é a embriaguez. A Sagrada Escritura condena a embriaguez e a glutonaria, e não a bebida em si ou a comida. Há uma diferença elementar, algo que muitos irmãos não conseguem perceber.
ExcluirOi Lucas, paz do senhor. Como vai meu amigo? Eu sempre acompanho todos os seus blogs e artigos, e isso tem me edificado muito. Louvo ao Senhor por sua vida e, também, por compartilhar seu conhecimento conosco. Bom, sou iniciante ainda no ramo teológico, tenho apenas 18 anos de idade. Mas, tenho meus questionamentos; 1. Devemos guardar o sábado? Como os adventistas pregam tanto. E gostaria de indicações de livros sobre teologia para iniciantes. Fique na paz!
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Meu posicionamento sobre o tema em questão você pode conferir neste artigo:
Excluirhttp://lucasbanzoli.no.comunidades.net/devemos-guardar-o-sabado
Sobre livros, eu teria que saber que ramo da teologia que você gostaria de se aprofundar, porque aí poderia sugerir livros específicos da temática em questão. Mas se você quer estudar teologia "por cima", ou seja, de uma forma geral, é só prourar um livro de Teologia Sistemática, os quais são feitos justamente pra isso, pra resumir a doutrina como um todo. O do Wayne Grudem é bom e de fácil compreensão, o do Norman Geisler também.
Só cuide para não os tomar como autores inerantes, porque infalível ninguém é, todos cometem erros. Quando eu tinha 17 anos e quis me aprofundar teologicamente, não li nenhum outro livro a não ser o Novo Testamento, que eu lia todas as segundas-feiras por 20h consecutivas, de Mateus a Apocalipse, e posso garantir que o fruto daquele tempo de estudo foi infinitamente superior a qualquer livro que eu tivesse lido no mesmo período. A Bíblia sempre tem que ser o primeiro passo; primeiro temos que nos tornar "craques" nela, e só depois procurarmos autores que a interpretem. Se procurarmos primeiro a interpretação e só depois a Bíblia, a nossa interpretação será viciada e tendenciosa, pois já teremos um conceito definido na cabeça antes mesmo de irmos à fonte primária (o que, ao meu ver, é a causa maior de todos os enganos teológicos).
Abs!
Olha o artigo que o rafael rodrigues acabou de fazer. merece uma refutação sua.
ResponderExcluirhttp://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/virgem-maria/951-a-virgindade-perpetua-de-maria-nos-cinco-primeiros-seculos-parte-1
O artigo não é dele, mas de um tal de "Nelson Sarmento", um ilustre desconhecido de quem ele só teve o trabalho de copiar e colar no site dele. Esse que você mencionou não escreve mais nada desde que levou umas palmadas feias do Bruno Lima. É provável que tenha mudado de nome, de país, de religião e sumido pra sempre.
ExcluirNa introdução do artigo em questão, ele diz que está "refutando" um artigo do Bruno, então já deduzimos que como ele não consegue refutá-lo mais, manda que seus amiguinhos façam o trabalho sujo pra ele. Vou comunicá-lo ainda hoje, e o próprio Bruno vai acabar com a brincadeira. Não seria justo eu ganhar o mérito por refutar um texto tão ruim, e que não foi direcionado pra mim. Mas se o Bruno não quiser se divertir, eu refuto sem problemas.
Eu queria apenas deixar uma resposta aqui para o Rafael. Gostaria de saber como ele poderia responder essa objeção.
ExcluirPrimeiro vamos ao texto biblico, onde aparece um Judas, mencionado como um dos irmaos de Jesus. Está em Mateus 13:55:
"Não é este o filho do carpinteiro, não se chama SUA mãe Maria, e SEUS irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?
Tem um Judas afirmando ser irmão de Tiago. Falo daquele que escreveu uma pequena epístola:
"JUDAS, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo", Judas 1:1.
Todo protestante, e católico, sabe que o Catolicismo afirma veementemente que eles são primos de Jesus, contados entre os doze, e são filhos de Alfeu com uma mulher chamada Maria, que seria irmã da mãe de Jesus.
No entanto, parece que esse Judas não era um dos doze. Ou seja, não é o mesmo Judas mencionado entre os doze discípulos.
Continua....
O fato de que (Judas 1:17,18) apela às palavras dos Apóstolos é prova conclusiva de que ele não é um dos doze: “Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências”.
ExcluirAlguns escritores de renome alegam que isso não pode ser usado como evidência, pois seria normal um escritor falar na segunda ou terceira pessoa, como tantos são os exemplos encontrados principalmente no Velho Testamento. Concordo plenamente, exceto por um detalhe por demais esclarecedor que está em Pedro. O Apóstolo Pedro cita a mesma passagem de Judas, porém, há um detalhe muito curioso. Veja:
“ Para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador. Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências”, 2 Pd 3:2.
É exatamente o mesmo texto, mas com uma enorme diferença: Pedro fala das palavras que foram ditas “pelo nosso mandamento como Apóstolos do Senhor e Salvador”, mas Judas diz aos amados ouvintes que eles se lembrassem das palavras ditas “pelos Apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Esse apelo é mais natural em alguém que não esteve entre os doze. Portanto, nosso Judas aqui é o Judas de Mateus 13:55 e o Judas de Marcos 6: 3, não o Judas de Lucas 6:16 e muito menos o Judas de Atos 1:13. Esse é o Judas irmão do Senhor Jesus, irmão de Tiago, José e Simão, todos filhos de Maria e José. Eles não eram filhos de Alfeu, primos de Jesus, mas irmãos em sentido real
ja saiu parte 2 kkkk
ResponderExcluirhttp://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/virgem-maria/952-a-virgindade-perpetua-de-maria-nos-cinco-primeiros-seculos-parte-2
A parte 2 já saiu antes que qualquer pessoa lesse a parte 1 :)
ExcluirO que tu acha da maçonaria. Cristãos podem ser maçons?
ResponderExcluirNunca me interessei em descobrir os "mistérios" da maçonaria, cada um que se diz ex-maçom diz uma coisa diferente do outro, de modo que não dá pra saber em quem acreditar a não ser que se torne maçom e descubra (o que obviamente não está nos meus planos...). Mas só por se tratar de algo feito em oculto, nas "trevas", em segredo, já é algo que o cristão deve se afastar (Jo 3:20; Lc 12:3; Ef 5:11). Ainda mais com tantos relatos negativos de não-cristãos, é algo pra se afastar mais ainda, mesmo que seja por prudência mesmo. Mas eu também não vou dizer aqui que maçons são "satanistas", que matam criancinhas, que estão envolvidos em um plano secreto pra acabar com o planeta e destruir o Cristianismo por completo, porque aí eu precisaria estar por dentro do negócio pra saber, não vou sair por aí falando do que desconheço como muitos fazem, engolindo qualquer teoria de conspiração que ouvem por aí.
ExcluirMas só pelos primeiros juramentos e pelo que diz Albert Pike e Charles Leadbeater já dá pra saber o que se espera:
Excluir"“O 1º D. é o Lúcifer, que leva a luz a seus companheiros. O P.M.I. lhe dá a luz tomada do Fogo Sagrado e ele a leva ao V.M. que lhe ateia fogo num fio de cêra, com o qual acende a vela grande do castiçal à sua direita e depois apaga os fios com os apaga-luzes, sem jamais soprá-la, para não contaminar o Fogo Sagrado” com o hálito, que é impuro.”(citação de 1923)"
Correção: na parte que eu escrevo: "...ainda mais com tantos relatos negativos de não-cristãos", leia-se: "...ainda mais com tantos relatos negativos de EX-MAÇONS".
ExcluirLucas
ResponderExcluirAqui é o João Felipe mais uma vez, e mais uma vez preciso da sua ajuda para refutar católicos
Dessa vez eu vi um site católico usar como argumento para a defesa das tradições não contidas na Bíblia a seguinte afirmação do apóstolo Paulo:
"Portanto, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos ensinamos, oralmente (Tradição oral) ou por escrito (Epístolas = Bíblia Sagrada)."
(2Ts 2,15)
Me diga, o que Paulo queria dizer quando falou em tradições orais?
Abraço
João, me intrometendo no assunto, eu entende o seguinte. As tradições aí citadas por Paulo não são exatamente as tradições do catolicismo, em primeiro lugar. Como saber então quais tradições devemos seguir, e quais não? Pela ausência de contradição entre o que a Bíblia ensina e o que a própria tradição prega. Sempre comparar é o segredo. Uma tradição por si só não pode ser considerada errada. Ela é errada se ela contraria a Bíblia, que é o documento principal para sabermos o que Deus quer de nós. Portanto, no texto citado, é claro que Paulo estava dizendo das pregações ditas à época e que condiziam com o cristianismo primitivo, e não tradições orais que supostamente transpassaram todas as gerações e que contrariam a Bíblia, ou inventam coisas que nunca foram consideradas, como purgatório, virgindade perpétua, assunção de Maria, etc.
ExcluirOlá João, o Alon tem um excelente artigo sobre este texto, que pode ser visto aqui:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/paulo-e-as-tradicoes-do-catolicismo.html
Abs!