Manual de como esmagar o preterismo com a História
Em meu artigo anterior contra a datação preterista do Apocalipse, eu mostrei provas na Igreja Romana, Ortodoxa e Evangélica que Antipas, o mártir da Igreja de Pérgamo, foi martirizado bem após 70 d.C, e, sendo que João relata o martírio de Antipas como sendo um acontecimento passado (Ap.2:13), fica evidente que João jamais escreveu seu livro antes de 70 d.C, mas bem depois. Alguns preteristas encheram a caixa de comentários (e outros a minha caixa de email) com argumentos que eu considero serem vazios, pois basicamente desmereceram o valor do testemunho dos Pais da Igreja, ou então duvidaram das fontes da própria Igreja Católica a este respeito!
Um indivíduo em particular, quando leu aquele artigo, praticamente clamou por “Sola Scriptura” (sim, embora eles a todo momento apelem para a tradição e para os Pais, quanto estes contradizem as suas crenças particulares eles se transformam automaticamente nos maiores Solascripturistas que este planeta já viu!), e outro disse que as minhas fontes não eram provenientes dos Pais da Igreja, mas sim de Enciclopédias (como se enciclopédias não valessem nada e como se ele ignorasse o fato de que não peguei de “qualquer” enciclopédia, mas da famosa Enciclopédia Católica!). A verdade não é que havia falta de evidências, mas sim falta de vontade em acreditar nas evidências.
Em outras palavras: eu posso encher isso daqui de argumentos, posso lotar de citações dos Pais da Igreja, de Enciclopédias, de Historiadores, de recursos históricos, cronológicos, teológicos, geográficos, tudo que derrube e massacre o preterismo, que mesmo assim eles vão continuar crendo em tudo aquilo que eles criam antes, fingindo-se de cegos diante de todas as evidências. Pois eles não estão dispostos a seguir a verdade bíblica-histórica, mas sim em levar adiante as suas crenças pré-estabelecidas (e isso ocorre em muitos outros temas, não apenas com o preterismo e não apenas com os católicos).
Mas para que não fiquem pensando que me faltam provas históricas contra o preterismo, decidi criar este artigo. Sei que é inútil do prisma daqueles que já estão decididos a não crer a priori, pois por mais que o que vocês irão ler a partir de agora seja um verdadeiro massacre de provas históricas contra ao preterismo, pode apostar: eles vão continuar crendo da mesma forma que antes (e não duvidem que ainda digam que são “provas insuficientes”!). Então, se é provas históricas direto nos escritos dos Pais da Igreja o que eles desejam, então é isso o que eles vão ter:
1º Eusébio de Cesaréia
Eusébio de Cesaréia (265 – 339) foi o mais importante e exímio historiador eclesiástico dentre os Pais da Igreja, e o seu principal livro que lhe trouxe reputação foi a “História Eclesiástica”, onde ele expõe um resumo da história da Igreja desde os tempos apostólicos até a sua era, e, como não poderia ser diferente, ele não deixa de expor o fato de que João só passou a escrever o Apocalipse no final do reinado de Domiciano (o que é datado em aproximadamente 95 d.C). Primeiro ele diz:
“Escuta uma historieta, que não é uma historieta, mas uma tradição existente sobre o apóstolo João, transmitida e guardada na memória. Efetivamente, depois que morreu o tirano, João mudou-se da ilha de Patmos a Éfeso. Daqui costumava partir, quando o chamavam, até as regiões pagãs vizinhas, com o fim de, em alguns lugares, estabelecer bispos; em outros, erguer igrejas inteiras, e em outros ainda, ordenar a algum dos que haviam sido designados pelo Espírito”(História Eclesiástica, Livro III, 23:6)
Aqui vemos o historiador da Igreja, Eusébio de Cesaréia, afirmando que depois que o “tirano” (Domiciano) morreu, é que João foi transferido da ilha de Patmos (onde ele escreveu o Apocalipse – Ap.1:9), o que demonstra que foi somente no final do reinado de Domiciano que João escreveu seu livro.
Lemos sobre a história desse imperador romano que exilou o apóstolo João:
“Tito Flávio Domiciano (em latim Titus Flavius Domitianus), 24 de outubro do 51 — 18 de setembro de 96), habitualmente conhecido como Domiciano, foi imperador romano de 14 de outubro de 81 d.C. até a sua morte a 18 de setembro de 96. Tito Flávio Domiciano era filho de Vespasiano com sua mulher Domitila e irmão de Tito Flávio, a quem ele sucedeu”
Logo, se foi Dominicano que exilou o Apostolo João em Patmos, este não poderia nuncaescrever seu apocalipse antes de 81 ou depois de 96 d.C. Portanto, a data correta dos escritos apocalípticos estão dentro deste período, NUNCA70 d.C! O próprio Eusébio trata de confirmar o fato óbvio de que foi ao final do império de Domiciano (portanto já depois de 90 d.C) que João escreveu seu livro, após mudar-se para a ilha de Patmos, na Grécia:
“É tradição que, neste tempo, o apóstolo e evangelista João, que ainda vivia, foi condenado a habitar a ilha de Patmospor ter dado testemunho do Verbo de Deus. Pelo menos Irineu, quando escreve acerca do número do nome aplicado ao anticristo no chamado Apocalipse de João, diz no livro V Contra as heresias, textualmente sobre João o que segue: ‘Mas se fosse necessário atualmente proclamar abertamente seu nome, seria feito por meio daquele que também viu o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano’” (História Eclesiástica, Livro III, 18:1-3)
“E um pouco mais abaixo segue dizendo sobre o mesmo: "Nós pois, não nos arrisquemos a manifestarmo-nos de maneira segura sobre o nome do anticristo, porque, se houvesse sido necessário na presente ocasião proclamar abertamente seu nome, ter-se-ia feito por meio daquele que também tinha visto o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano" (História Eclesiástica, Livro V, 8:6)
Com tantas informações claras e tão inequívocas que temos a partir deste tão grande historiador eclesiástico da Igreja primitiva no quarto século d.C, que deixa claro que João só foi banido para a ilha de Patmos (quando teve as visões de Deus e começou a escrever o Apocalipse) no final do reinado de Domiciano (que foi beeeeem depois de 70 d.C!), me impressiona que ainda tenha tanta gente que questione o fato de que ele só começou a ser escrito no final do reinado de Domiciano, aproximadamente em 95 d.C!
2º Jerônimo
Jerônimo (347 – 420) foi um dos mais brilhantes escritores e apologistas dentre os Pais da Igreja. Contemporâneo de Agostinho e com a mesma genialidade deste, ele escreveu uma carta “Contra Joviniano”, ele também expôs o fato de que foi sob o reinado de Domiciano que João foi banido para a ilha de Patmos, e não durante o período de Nero, que foi antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C:
“Mas Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, um Evangelista, e um Profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que nenhum outro Apóstolo, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu na ilha de Patmos, onde tinha sido desterrado pelo imperador Domiciano como um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do futuro” (Contra Joviniano, Livro I)
No capítulo IX da sua obra “Homens Ilustres”, onde figurou cada pessoa importante que se destacou na Igreja desde os tempos apostólicos, ele falou sobre João e o Apocalipse, novamente reiterando a posição da Igreja da época, que fortemente cria que foi durante o reinado de Domiciano que João foi banido para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse:
“No décimo quarto ano depois de Nero, Domiciano, tendo levantado uma segunda perseguição, baniu João para a ilha de Patmos, onde ele escreveu o Apocalipse, em que Justino Mártir e Irineu depois escreveram comentários. Mas Domiciano tendo sido condenado à morte e seus atos, por conta de sua excessiva crueldade, foram anulados pelo Senado, e João voltou a Éfeso” (Homens Ilustres, IX)
Nero reinou em Roma entre 13 de Outubro de 54 até 9 de Junho de 68. Seria muito próprio que João tivesse escrito o Apocalipse por esta época caso estivesse retratando uma destruição futura em 70 d.C. Porém, o que vemos é que Jerônimo declara expressamente que foi somente no décimo quarto ano depois de Nero que Domiciano começou a perseguição aos cristãos, onde posteriormente João foi banido para a ilha de Patmos e lá teve as revelações do Apocalipse. Ele não diz que tudo começou no reinado de Nero, mas quatorze anos depois, já sob Domiciano! Ele também não diz que João já estava preso por Nero, mas sim que foi o próprio Domiciano quem o baniu para aquela ilha! Portanto, sem chances para o preterismo! Jerônimo obviamente não era um preterista! Ele resume isso nas seguintes palavras:
"João era um profeta. Ele viu o Apocalipse na ilha de Patmos, onde foi banido por Domiciano" (Trabalhos, vol. 6, p. 446)
3º Sulpício Severo
Sulpício Severo, escritor eclesiástico que viveu de 363-425 d.C, também escreveu sobre isso:
"João, o apóstolo e evangelista, foi exilado por Domiciano para a ilha de Patmos, onde teve visões, e onde escreveu o Apocalipse"(Trabalhos, vol. 4, Cap 120)
Novamente, vemos que foi somente sob Domiciano – e não sob Nero – que João foi banido para a ilha de Patmos, e lá ele escreveu o Apocalipse. No capítulo 31 do livro 2 de sua História Sagrada, ele também discorre sobre isso nas seguintes palavras:
“Então, depois de um intervalo, Domiciano, filho de Vespasiano, perseguiu os cristãos. Nesta data, ele baniu João Apóstolo e Evangelista para a ilha de Patmos” (História Sagrada, Livro II, Cap.31)
Foi “nesta data” – isto é, sob Domiciano (81 – 96) – que João foi banido para a ilha de Patmos onde escreveu o Apocalipse. Isso parece unaminidade entre os Pais da Igreja, não é mesmo? Mas vai tentar explicar isso para os católicos preteristas! Eles creem em tudo o que os Pais da Igreja falam sobre Maria e sobre qualquer apoio aos seus dogmas e doutrinas não-bíblicos, pincelam textos isolados nos escritos de cada um deles, mas quando vemos realmente uma unaminidade entre eles, e que vai totalmente contra os seus ensinos, eles ignoram e fingem que não tem valor! Este é o nível da apologética católica!
4º Hipólito de Roma
Hipólito (170 – 236) foi o mais importante teólogo do século III d.C. na Igreja antiga em Roma, onde ele provavelmente nasceu. Ele também disse que João foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, onde teve a visão apocalíptica, morrendo posteriormente na época do imperador Trajano (98 – 117), que reinou pouco tempo depois de Domiciano:
“João, de novo na Ásia, foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, na qual escreveu a visão apocalíptica, e no tempo de Trajano ele adormeceu em Éfeso, onde seus restos mortais foram procurados, mas não foram jamais encontrados” (Doze Apóstolos, Cap.3, v.3)
Note que mais uma vez é nos dito que João foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, e lá que ele passou a receber as visões e revelações apocalípticas do Senhor Jesus. Além disso, ele escreve em seu “Tratado sobre Cristo e o Anticristo” que o levante do anticristo e a grande tribulação são acontecimentos futuros:
“Mas como o tempo nos força a considerarmos de imediato a questão proposta, e quanto ao que já foi dito na introdução em relação a glória de Deus, que seja suficiente, é conveniente que tomemos as próprias Escrituras na mão, e por elas achemos o que significa e de que maneira se dará a vinda do anticristo; em que ocasião e em que tempo este ímpio se revelará; de onde e de qual tribo ele sairá; qual o seu nome; o que indica o seu número nas Escrituras; como ele obrará o erro entre os povos, reunindo-os dos confins da terra; como desencadeará a tribulação e a perseguição contra os santos; como vai se auto glorificar como Deus; qual será seu fim; como o repentino aparecimento do Senhor se mostrará no céu; como será a consumação do mundo e o que deve ser o reino glorioso e celeste dos santos, quando reinarem juntos com Cristo, e qual a punição do malvado pelo fogo”(Tratado sobre Cristo e o Anticristo, Cap.5)
Hipólito de Roma não poderia ser mais claro e meticuloso em seu cuidado em esmigalhar as crenças preteristas. Ele declara que “se dará” a vinda do anticristo {futuro}, que este tempo ímpio da tribulação “se revelará” {novamente no futuro}, e não que “se revelou”, fala também da tribo onde ele “sairá”{futuro}, e que ele desencadeará a tribulação. Ou seja, ele explicitamente diz que a tribulação não aconteceu ainda, mas é um acontecimento futuro: ela já não foi desencadeada em 70 d.C, mas será desencadeada futuramente, com a ascensão do anticristo.
Sobre isso, Hipólito também afirma:
"Como essas coisas estão no futuro, e como os dez dedos da imagem são equivalentes (e muito) a democracias, e os dez chifres da quarta besta estão distribuídos entre dez reinos, olhemos o tema com mais profundidade, e consideremos estes assuntos à luz clara de uma posição pessoal. A cabeça de ouro da imagem e o leão caracterizam os babilônios; o peito e braços de prata, e o urso, representam os persas e os medos; o ventre e as coxad de bronze, e o leopardo, significa Grécia, que liderou desde os tempos de Alexandre; as pernas de ferro e a besta assombrosa e terrível são uma expressão dos romanos, os quais têm reinado até o presente; os dedos dos pés, que são metade barro e metade ferro, e os dez chifres, são emblemas de reinos que ainda surgirão; o outro pequeno chifre que surge entre eles significa o anticristo no meio deles; a pedra que esmaga a terra e traz julgamento sobre o mundo foi Cristo" (Tratado sobre Cristo e o anticristo, 27 e 28)
Ele deixa bem explícito que os acontecimentos apocalípticos estão no futuro, contradizendo o preterismo que afirma que tais coisas estão no passado. Além disso, diz que os reinos que são descritos por João ainda surgirão, enquanto os preteristas afirmam que tudo se passou em 70 d.C, entre Jerusalém e Roma. Na verdade, toda a obra de Hipólito (altamente recomendada) é um golpe de morte na doutrina preterista.
Sobre isso, Hipólito também afirma:
"Como essas coisas estão no futuro, e como os dez dedos da imagem são equivalentes (e muito) a democracias, e os dez chifres da quarta besta estão distribuídos entre dez reinos, olhemos o tema com mais profundidade, e consideremos estes assuntos à luz clara de uma posição pessoal. A cabeça de ouro da imagem e o leão caracterizam os babilônios; o peito e braços de prata, e o urso, representam os persas e os medos; o ventre e as coxad de bronze, e o leopardo, significa Grécia, que liderou desde os tempos de Alexandre; as pernas de ferro e a besta assombrosa e terrível são uma expressão dos romanos, os quais têm reinado até o presente; os dedos dos pés, que são metade barro e metade ferro, e os dez chifres, são emblemas de reinos que ainda surgirão; o outro pequeno chifre que surge entre eles significa o anticristo no meio deles; a pedra que esmaga a terra e traz julgamento sobre o mundo foi Cristo" (Tratado sobre Cristo e o anticristo, 27 e 28)
Ele deixa bem explícito que os acontecimentos apocalípticos estão no futuro, contradizendo o preterismo que afirma que tais coisas estão no passado. Além disso, diz que os reinos que são descritos por João ainda surgirão, enquanto os preteristas afirmam que tudo se passou em 70 d.C, entre Jerusalém e Roma. Na verdade, toda a obra de Hipólito (altamente recomendada) é um golpe de morte na doutrina preterista.
Ela em sua totalidade nega que a tribulação e o anticristo já tenham vindo. Ela inteiramente coloca a tribulação, anticristo, perseguição e volta de Jesus como sendo acontecimentos futuros. De fato, todos os Pais da Igreja que se empenharam em escrever tratados teológicos que falassem sobre o Apocalipse, negaram o preterismo e adotaram a linha de pensamento bíblico: o futurismo. Queria ver um católico preterista ler também estes livros!
5º Vitorino
Por volta do ano 270 d.C, Vitorino fez um comentário sobre o Apocalipse, onde ele também escreve que João foi banido para a ilha de Patmos por Domiciano, quando passou a escrever o Apocalipse:
“João estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho das minas por César Domiciano… ele viu o Apocalipse, e quando envelheceu, ele pensou que ele deveria finalmente receber sua quitação pelo sofrimento. Domiciano foi morto e todas as decisões dele estavam descarregadas. João foi liberto das minas” (Vitorino, Comentário sobre o Apocalipse, XI)
6º Tertuliano
Tertuliano (160 – 220) dispensa comentários. Ele foi o maior teólogo do seu tempo, escreveu brilhantes tratados teológicos, refutações, cartas, reflexões. E ele não deixou de mencionar o fato de que João foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, e que só saiu de lá no final de 15 anos de reinado deste imperador romano!
“Tertuliano também mencionou Domiciano nas seguintes palavras: ‘Domiciano também, que possuía uma parcela da crueldade de Nero, tentou uma vez fazer a mesma coisa que este último fez… sequer se lembrou daqueles a quem ele tinha banido… Mas depois que Domiciano reinou 15 anos, e Nerva tinha sucedido ao império, o Senado romano, de acordo com os escritores que registram a história daqueles dias, votaram que os horrores de Domiciano deveriam ser cancelados, e que aqueles que tinham sido injustamente banidos devem retornar para suas casas e ter suas propriedades restauradas a eles. Foi nessa época que o apóstolo João retornou de seu exílio na ilha ao seu domicílio em Éfeso” (História Eclesiástica, Livro III, Cap.20)
Aqui temos uma informação adicional importante: que foi somente depois de 15 anos de reinado de Domiciano que João foi libertado da sua prisão em Patmos. Isso significa 96 d.C. Ora, se João escreveu o Apocalipse antes de 70 d.C, aproximadamente em 65 d.C (como datam os preteristas), isso significaria nada a mais nada a menos que o apóstolo passou mais de trinta anos na prisão, o que significa simplesmente mutilar grande parte da história deste apóstolo que passou muito tempo fundando igrejas na Ásia, doutrinando discípulos (como Inácio e Policarpo), escrevendo epístolas sem deixar ao menos impressão de que estava preso (como 1ª, 2ª e 3ª João, além do Evangelho de João), e os preteristas dizem que ele passou todo este tempo em prisão! Além disso, significa deturpar toda a história contada pelos Pais da Igreja, pois nenhum deles disso que foi Nero quem baniu João, todos afirmam que foi Domiciano (ou seja, já bem depois de 70 d.C).
7º Clemente de Alexandria
O caso de Clemente de Alexandria (150 – 215) é outro que nos mostra que João só foi solto quando o “tirano” (Domiciano) morreu:
“Quando da morte do tirano [Domiciano], ele retornou a Éfeso da ilha de Patmos, ele foi embora, sendo convidado aos territórios contíguos das nações, aqui a nomear bispos, lá para pôr em ordem Igrejas para ordenar tais como foram marcados pelo Espírito” (Quem é o homem rico que será salvo, XLII)
Outro fato que nos deixa claro que Clemente também cria que foi Domiciano quem baniu João para a ilha de Patmos e que este foi liberto de lá no final do reinado deste imperador romano (e não durante o reinado de Nero), vem do fato de que ele descreve um João já bem idoso depois que saiu da ilha de Patmos:
“Ao retornar do exílio em Patmos, ele ouviu que o jovem havia retornado para sua vida antiga de crime... quando o jovem viu João se aproximando, ele começou a fugir. João começou a correr atrás dele, pedindo: ‘Por que, meu filho fugir de mim, teu pai, desarmado e velho? Filho tenha pena de mim. Não temas, tens ainda a esperança de vida. Vou dar conta de Cristo por ti. Se for necessário, eu vou de bom grado suportar tua morte, como fez o Senhor a morte por nós. Por ti vou entregar minha vida’… João explicou-lhe que o perdão e a restauração era ainda possível”(ibid)
O interessante é vermos o relato de Clemente de que João, ao sair da ilha de Patmos, já era um homem velho, idoso. Isso contradiz a cronologia preterista, que afirma que tudo se deu durante o reinado de Nero. Ora, durante o reinado de Nero o apóstolo João tinha aproximadamente quarenta, no máximo cinquenta anos. Não era um “velho”! Portanto, essa é outra evidência que nos diz que aquilo tudo se passou muitos anos mais tarde, já sob o reinado de Domiciano, já sendo João um “homem velho e desarmado”.
8º Cirilo de Jerusalém
Cirilo (315 – 386) foi bispo de Jerusalém em sucessão ao bispo Máximo III, entre 350 e 386 d.C. Ele não apenas era outro futurista, como também refutou uma indagação muito presente nos círculos preteristas de hoje em dia: o de que João mediu um templo no Apocalipse, e, como depois de 70 d.C este templo já não mais existia, então certamente ele deve ter escrito antes de 70 d.C. Essa é a lógica preterista. Agora olhem a ótica deste respeitado bispo que foi canonizado pela Igreja Católica como santo e doutor da Igreja:
"Y dice tambiém: Que se opone y se alza sobre todo lo que lleva el nombre de Dios o es adorado. Sobre todo Dios; es decir, que el Anticristo odiará los ídolos: Hasta el punto de sentarse él mismo em el templo de Dios (2 Ts 2,4)’. ¿Y de qué templo se trata? Habla del templo judio que fue destruído; ¡ por Dios!, que no se refiera a este enel que nos encontramos. ¿ Por qué décimos esto ? Para que no parezca que nos favorecemos a nosotros mismos. Porque si viene a lós judíos como Mesías y quiere que ló adoren, para engañar lês mejor mostrará sucelo por el templo, sembrando las os pecha de que él es del linaje de David, el que reedificar á el templo que ya fue construído por Salomón" (S. Cirilo de Jerusalém, Catequesis 15, 15, p. 342-343)
Cirilo disse que o templo de Jerusalém seria reconstruído. Por quê? Porque ele, assim como os preteristas, estava antenado nas declarações bíblicas sobre o anticristo se assentar no trono do templo de Jerusalém, o "templo de Deus", e de João ter visões do templo. Só que ele, diferentemente dos preteristas, interpretou da forma mais futurista o possível: disse que o templo seria reconstruído, para poder conciliar o futurismo com a realidade bíblica de que certos eventos escatológicos, bem como a visão de João, se daria ali, no templo. Portanto, Cirilo estava longe de ser um preterista: ele era tão futurista que cria fortemente na reedificação do templo de Salomão para que os acontecimentos escatológicos, que ele considerava como sendo algo futuro, pudessem suceder ali.
Ademais, vemos ele colocando a ascensão do anticristo como um evento e acontecimento futuro, e não como algo que já tivesse se passado em um tempo anterior. Note que ele diz que o anticristo “odiará” {futuro} os ídolos, e não “odiou”, no passado. Ele não apenas aponta que o anticristo é alguém que irá se levantar no futuro na grande tribulação, como também refuta aqueles que pensavam que aquelas profecias bíblicas se tratavam daquele templo de Jerusalém foi destruído em 70 d.C (os preteristas pensam deste jeito).
Ele diz que tudo se passará em um novo templo que será reconstruído, e não naquele que foi destruído em 70 d.C. Se Cirilo fosse preterista, ele não teria outra opção a não ser alegar que o templo se tratava daquele mesmo que foi destruído pelos exércitos romanos; afinal, se tudo aconteceu em 70 d.C, então só podia ser naquele templo antigo que existia na época, mas Cirilo refuta este pensamento preterista, pois ele não compactuava com essa crença herética e anticristã.
9º Irineu de Lyon
Irineu de Lyon (130 – 202) foi um renomado teólogo e escritor cristão do século II, que ficou mais conhecido pela sua famosa obra “Contra as Heresias”, onde ele defende as doutrinas cristãs contra as heresias que eram ensinadas em seus dias, em mais especial à heresia gnóstica. E ele escreve:
“Não vamos, no entanto, incorrer no risco de se pronunciar de forma positiva quanto ao nome do Anticristo, pois se fosse necessário que seu nome deve ser claramente revelado neste momento, teria sido anunciado por aquele que viu a visão apocalíptica. Por que foi visto num tempo não muito longo desde então, mas quase em nossos dias, para o fim do reinado de Domiciano” (Contra Heresias V, 20)
Duas coisas me chamam a atenção neste texto. A primeira, é que Irineu diz que o Apocalipse foi visto “há pouco tempo, no final do reinado de Domiciano”. Isso é uma outra forte evidência de que ele foi escrito no final do reinado deste imperador romano, e não sob Nero. Segundo, que ele diz não saber quem era o anticristo, evidentemente porque sabia que este anticristo ainda deveria surgir. Mas se Irineu fosse preterista, teria perfeitamente feito exatamente como os preteristas fazem: teria dito que se tratava de Nero!
Aliás, Irineu teria muito mais propriedade para falar isso do que os preteristas atuais. Isso porque, de acordo com os preteristas, João teria apresentado um “número da besta” no qual todos poderiam identificar que se tratava de Cesar Nero, perfazendo o número de 666. Ele teria escrito isso no Apocalipse em código exatamente para alertar os cristãos da época. Sendo assim, aqueles cristãos obviamente sabiam que essa marca da besta era uma representação de Nero, ou senão o alerta de João foi um completo fracasso e não conseguiu identificar ninguém.
Agora vem o mais interessante dessa história toda: se os cristãos daquela época sabiam que se tratava de Nero, que seria o anticristo representado pelo 666 de “Cesar Nero”, então como é que Irineu, tão pouco tempo depois, ainda no século II, diz não saber quem era o anticristo?! Isso é realmente chocante: os preteristas, em pleno século XXI, dizem que sabem que o anticristo era Nero representado pela marca do 666, mas Irineu, que era um famoso Pai da Igreja que viveu há vinte séculos atrás e muito mais próximo da era apostólica, que inclusive testemunhou que o Apocalipse foi visto “quase em nossos dias” (i.e, em sua geração), não sabia!
Então, temos aqui um caso de amnésia coletiva do primeiro para o segundo século d.C. Mas o pessoal preterista do século XXI conseguiu “retomar a memória” que os crentes do século II não tinham a menor ideia! Fantástica interpretação! Estou realmente chocado! Em suma, o fato é o seguinte: nem no século I, nem no século II, os cristãos sabiam quem era o anticristo.
Se João era preterista e escreveu o Apocalipse antes de 70 d.C retratando Nero como a besta, então ele cumpriu muito mal esse papel, pois ninguém naquela época entendeu este “sinal de Nero” (nem o próprio Irineu), e precisou de milênios para que surgissem os preteristas modernos que “desvendaram” essa verdade bíblica tão importante, mas que agora não adianta mais porcaria nenhuma, já que tudo já aconteceu e se resumia apenas àquela geração, então pra gente não faz diferença nenhuma e a gente sabe, mas eles (a quem a mensagem teria sido destinada com exclusividade) não sabiam!
Em outras palavras: o preterismo é completamente inútil, ele só serve para “descobrir coisas” que nem os próprios cristãos primitivos tinham conhecimento, mas que agora já não adianta mais pra nada, já que a mensagem apocalíptica havia sido destinada a eles e não a nós! Percebeu o quão absurdo que essa crença preterista consegue chegar? O fato é que João jamais escreveu antes de 70 d.C, ele escreveu vários anos depois, sob o reinado de Domiciano, e sobre acontecimentos futuros que ultrapassavam o fato passado da destruição de Jerusalém que já tinha ocorrido.
E por isso ninguém daquela época sabia quem era o anticristo: porque era um mistério que seria revelado no futuro! Prova disso é que Irineu, que escrevia no século II d.C (portanto, beeeem depois de 70 d.C), não dizia que a tribulação já aconteceu e que o anticristo (Nero, ou seja lá quem for) já reinou; pelo contrário, ele declara enfaticamente que esses acontecimentos (como o levante do anticristo, os três anos e meio da Grande Tribulação, o assentar-se no trono de Jerusalém para se proclamar como deus, a volta de Jesus e o lago de fogo) são todos acontecimentos futuros, o que fica claro pelas suas próprias palavras:
"Quando o Anticristo devastar todas as coisas neste mundo, ele vai reinar por três anos e seis meses e sentar no Templo em Jerusalém; depois, virá o Senhor do céu nas nuvens, e a glória do Pai, mandando esse homem – e aqueles que o seguem - para o lago de fogo; mas para os justos, ele traz os tempos do reino, isto é, o resto, o abençoado sétimo dia; e restaurará a Abraão a herança prometida, na qual o reino do Senhor declarou que 'muitos vindo do oeste e do leste sentariam com Abraão, e Isaque, e Jacó'" (Pais, Vol, 1)
Ora, se a grande tribulação se resumisse à guerra judaica de 70 d.C e o anticristo fosse o imperador Nero (como dizem os preteristas), segue-se logicamente que tanto o anticristo quanto a própria tribulação já teriam acontecido, e Irineu teria relatado isso como um acontecimento no passado. Contudo, ele não apenas coloca todos estes fatos para o futuro, como também relata a própria reconstrução do templo de Jerusalém (onde o anticristo se assentará, proclamando-se como “deus” – 2Ts.2:4), assim como faz o bispo Cirilo de Jerusalém (315-386 d.C), embora este fato seja muito zombado e debochado por parte dos preteristas:
"É exatamente isto que fará o Anticristo no tempo de seu reinado: transferirá o seu reinado para Jerusalém, assentar-se-á no templo de Deus, enganando os seus adoradores, fazendo com que creiam que é o Cristo" (Irineu de Lyon, Contra as heresias, Livro V, 25, 4, 587)
Irineu coloca o tempo do reinado do anticristo como sendo algo futuro, bem como a transferência do seu reinado para Jerusalém. Em outro momento, ele deixa novamente claro que as profecias de João ainda não foram cumpridas (porque são acontecimentos futuros, e não passados), e diz que ele “reinará” (e não que “reinou”) por três anos e seis meses no templo de Jerusalém, exatamente conforme prega a doutrina futurista do Apocalipse:
“Então é mais acertado e menos danoso esperar o cumprimento da profecia do que ficar fazendo adivinhações ou predições acerca dos possíveis nomes que este anticristo possa ter, já que se pode encontrar muitos nomes que possam conter o número mencionado; e a mesma interrogação seguirá sem resolução...Porém, agora ele indica o número do nome, para que quando este homem venha possamos precaver-nos, estando alertas a respeito de quem ele é”(Contra as Heresias, Livro V, XXX)
“Porém, quando este anticristo tenha devastado todas as coisas neste mundo, ele reinará por 3 anos e 6 meses, e se sentará no templo de Jerusalém; e quando o Senhor vier nas nuvens dos céus, na glória do Pai, enviará este homem e a seus seguidores ao lago de fogo; restaurando os tempos de bem-estar e justiça no reino, que é, o descanso, o sétimo dia sagrado; e restaurando a Abraão a herança prometida, no reino que o Senhor declarou, no qual muitos virão do este e do oeste e se sentarão com Abraão, Isaque e Jacó" (Extraído de Contra as Heresias, Livro V, XXX)
É muito interessante ver a conotação pós-tribulacionista, literalista e futurista de Irineu. O texto deixa claro que Irineu cria no aparecimento futuro do homem que será o anticristo, e que ele reinará durante três anos e meio no templo de Jerusalém. Vale ressaltar que, quando o bispo de Lyon escreveu sua obra, o templo já havia sido destruído há décadas.
Portanto, vemos explicitamente que Irineu era futurista, não preterista! Ele cria e se expressava categoricamente que a tribulação, os acontecimentos apocalípticos e o levante do anticristo eram acontecimentos futuros, e não passados! O preterismo não passa de uma completa confusão histórica sem sentido; prega na contramão daquilo que todos os Pais da Igreja ensinaram desde os primeiros séculos, e tem gente que é ignorante o suficiente para ignorar o testemunho unânime dos Pais da Igreja e que quer porque quer que o Apocalipse tenha sido escrito antes de 70 d.C!
É muito interessante ver a conotação pós-tribulacionista, literalista e futurista de Irineu. O texto deixa claro que Irineu cria no aparecimento futuro do homem que será o anticristo, e que ele reinará durante três anos e meio no templo de Jerusalém. Vale ressaltar que, quando o bispo de Lyon escreveu sua obra, o templo já havia sido destruído há décadas.
Portanto, vemos explicitamente que Irineu era futurista, não preterista! Ele cria e se expressava categoricamente que a tribulação, os acontecimentos apocalípticos e o levante do anticristo eram acontecimentos futuros, e não passados! O preterismo não passa de uma completa confusão histórica sem sentido; prega na contramão daquilo que todos os Pais da Igreja ensinaram desde os primeiros séculos, e tem gente que é ignorante o suficiente para ignorar o testemunho unânime dos Pais da Igreja e que quer porque quer que o Apocalipse tenha sido escrito antes de 70 d.C!
O mais curioso é que este mesmo pessoal (na maioria das vezes católicos) são aqueles que usam e abusam dos escritos destes Pais (especialmente de Irineu, por exemplo) para “provarem” certas doutrinas católicas que lhes apraz. Quem é que nunca viu um católico fazer uso dos escritos de Irineu para sustentar qualquer tese católica? Quem é que nunca viu um católico fazer uso dos escritos de Jerônimo? E de Eusébio? E de Clemente, Tertuliano, Hipólito, Cirilo, e de tantos outros que foram mostrados nessa extensa matéria? E o interessante é que eles só fazem uso dos escritos de Irineu daquilo que lhes apraz.
Por exemplo, se Irineu escreve sobre “Igreja Católica”, lá vem estes católicos dizer que Irineu era romanista de carteirinha e tudo. Mas se este mesmo Irineu prega explicitamente contra o preterismo, estes mesmos católicos fingem que não sabem de nada, se fazem de completos ignorantes, não dão valor à mensagem de Irineu (e dos demais Pais). Isso é simplesmente o reflexo de uma hipocrisia escancarada: só aceitam aquilo que lhes convém, mas se algum Pai diz algo que vai explicitamente contra as suas crenças pessoais, aí a palavra deste padre já não tem o mesmo valor daquela que vai supostamente a favor das suas crenças pessoais!
É por isso que eu não dou o menor crédito para argumentos de católicos vindos dos Pais da Igreja, pois quando eles são confrontados com estes mesmos Pais sobre diversos assuntos diferentes (como preterismo, Sola Scriptura, mortalidade da alma, batismo por imersão, primado do bispo romano, tradição, etc) eles já não dão valor àquilo que foi dito por estes mesmos Pais contra a doutrina sustentada pelo catolicismo romano.
Basta passar um destes textos para um católico preterista que você vai ver a hipocrisia em pessoa. Vai desmerecer o testemunho unânime dos Pais da Igreja e dizer que eles não sabiam nada sobre o Apocalipse, vai dizer que João foi banido por Nero para a ilha de Patmos e lá continuou por trinta anos(!), mesmo que estes Pais tenham dito claramente que foi Domiciano quem baniu João e não Nero. Enfim... vão desmerecer o testemunho destes Pais em todos os aspectos, pois não suportam a verdade.
10º Justino de Roma
Justino (110 – 165) foi um teólogo do século II, e teve acesso a uma educação requintada, aprendendo filosofia e se dedicando à filosofia de Platão. Se converteu à fé cristã em cerca de 132 d.C. Morreu com mártir da fé, decapitado em 165 d.C. Após o seu batismo em Éfeso, encontrava-se em Roma onde discutia filosofia direcionado-se para a defesa do Evangelho. Transcrevo abaixo um dos textos de seus ensinamentos, no qual ele fala claramente que o anticristo, o “homem da apostasia”, ainda está para surgir:
"Terminada a citação, acrescentei: Senhores, sei muito bem que vossos mestres reconhecem que todas as palavras dessa passagem se referem a Cristo. Contudo, sei também, por suas afirmações, que o Cristo ainda não veio e, caso tivesse vindo, ninguém sabe quem ele é. Quando se apresentar de modo claro e glorioso, então se reconhecerá quem ele é, dizem eles. E então, acrescentam, cumprir-se-á o que diz nessa passagem da profecia, como se agora suas palavras não tivessem nenhum cumprimento. Os insensatos não compreendem o que todos os meus raciocínios demonstraram, isto é, que estão anunciadas duas vinda de Cristo: uma, em que se predisse que apareceria passível, sem glória, sem honra, e seria crucificado; outra, em que viria dos céus com glória, quando o homem da apostasia, aquele que profere insolências contra o Altíssimo, se atrever a cometer iniquidades contra nós, cristãos, contra nós que, conhecendo a religião através da lei e da palavra que saiu de Jerusalém pela obra dos apóstolos de Jesus, nos refugiamos no Deus de Jacó e no Deus de Israel”(Justino, Diálogo com Trifão)
"Terminada a citação, acrescentei: Senhores, sei muito bem que vossos mestres reconhecem que todas as palavras dessa passagem se referem a Cristo. Contudo, sei também, por suas afirmações, que o Cristo ainda não veio e, caso tivesse vindo, ninguém sabe quem ele é. Quando se apresentar de modo claro e glorioso, então se reconhecerá quem ele é, dizem eles. E então, acrescentam, cumprir-se-á o que diz nessa passagem da profecia, como se agora suas palavras não tivessem nenhum cumprimento. Os insensatos não compreendem o que todos os meus raciocínios demonstraram, isto é, que estão anunciadas duas vinda de Cristo: uma, em que se predisse que apareceria passível, sem glória, sem honra, e seria crucificado; outra, em que viria dos céus com glória, quando o homem da apostasia, aquele que profere insolências contra o Altíssimo, se atrever a cometer iniquidades contra nós, cristãos, contra nós que, conhecendo a religião através da lei e da palavra que saiu de Jerusalém pela obra dos apóstolos de Jesus, nos refugiamos no Deus de Jacó e no Deus de Israel”(Justino, Diálogo com Trifão)
Veja que Justino não diz que o homem da apostasia já veio porque a tribulação já é passada (em 70 d.C). Pelo contrário: ele categoricamente declara, sem rodeios, que isso será um acontecimento futuro, junto com a segunda vinda de Cristo. Ele não discrimina segunda vinda da tribulação, mas posiciona ambos como sendo acontecimentos reservados para um momento futuro. Ele coloca o verbo no futuro: “quando o homem da apostasia se atrever”, e relaciona este momento da tribulação com a segunda vinda de Cristo.
O interessante disso tudo são duas coisas: primeiro, que os todos os preteristas creem que a tribulação (e o anticristo) já vieram e são coisas do passado, e portanto Justino errou em ter colocado o verbo no futuro como sendo acontecimentos futuros – ele deveria ter colocado tudo no passado, para fazer jus à doutrina preterista. Segundo, que ele coloca esse momento (da tribulação e do anticristo) junto ao momento da segunda vinda de Cristo (diz que ocorrerá no mesmo contexto), enquanto que os preteristas parciais afirmam que há um intervalo de pelo menos dois mil anos entre um e outro acontecimento (entre tribulação e volta de Jesus). Preterismo completamente perdido e confuso diante da História!
Para terminar, Justino também escreveu em seu Diálogo com Trifão:
“Se vós vos deparais com supostos Cristãos que não façam esta confissão, mas ousem também vituperar o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, e neguem a ressurreição dos mortos, sustentando antes, que no ato de morrer, as suas almas são elevadas ao céu, não os considereis Cristãos. Mas eu e os outros, que somos cristãos de bem em todos os pontos, estamos convictos de que haverá uma ressurreição dos mortos, e mil anos em Jerusalém, que será construída, adornada e alargada, como os profetas Ezequiel e Isaías e outros declaram" (Diálogo com Trifão, Cap.80)
Aqui vemos não apenas o fato de que quem cria que a alma deixa o corpo para adentrar o Céu antes da ressurreição não podia sequer ser considerado legitimamente cristão (os atuais pregadores da “imortalidade da alma”, doutrina pagã), como também são igualmente considerados heréticos aqueles que ensinam que não haverá uma ressurreição dos mortos e um milênio. O preterismo completo nega a ressurreição literal da carne, prega apenas uma “ressurreição espiritual” que já teria acontecido, seja no batismo ou quando Cristo supostamente tirou pessoas do Hades para o Paraíso por ocasião da sua morte e ressurreição.
Mas Justino coloca o verbo no futuro – “haverá”, deixando explícito, portanto, que tal fato – seja como for encarado – é futuro, e não pretérito; é futurismo, não preterismo. Da mesma forma, ele diz que haverá mil anos em Jerusalém. Aqui Justino contradiz o preterismo não apenas por crer no milênio de forma literal e como um acontecimento futuro (pois os preteristas creem que nós já estamos no milênio e que este período milenar já começou), como também pelo fato de ele confirmar a verdade bíblica de que este milênio acontecerá em Jerusalém, enquanto os preteristas creem que o milênio se passa atualmente no Céu.
Para concluir a sequencia ininterrupta de contradições entre os Pais da Igreja e o preterismo, Justino reafirma a literalidade das palavras dos profetas (Ezequiel, Isaías e outros) a respeito do milênio, da forma que é encarado pelos futuristas, enquanto que os preteristas sempre alegorizam tudo isso e todas as declarações destes profetas, negando que sejam referências a um milênio literal aqui na terra, em Jerusalém. De todos os modos, o preterismo se encontra em apuros quando se depara com as palavras dos Pais da Igreja!
Para concluir a sequencia ininterrupta de contradições entre os Pais da Igreja e o preterismo, Justino reafirma a literalidade das palavras dos profetas (Ezequiel, Isaías e outros) a respeito do milênio, da forma que é encarado pelos futuristas, enquanto que os preteristas sempre alegorizam tudo isso e todas as declarações destes profetas, negando que sejam referências a um milênio literal aqui na terra, em Jerusalém. De todos os modos, o preterismo se encontra em apuros quando se depara com as palavras dos Pais da Igreja!
11º Hermas
Hermas foi um conhecido escritor cristão na metade do segundo século d.C, e escreveu um livro que, de tão importante, chegou a ser incluído em algumas listas de cânon bíblico existentes na época: O Pastor de Hermas. O assunto tratado neste livro é exatamente escatologia. Nele, vemos claramente a menção de que a grande tribulação “está para chegar”, ou seja, um acontecimento futuro, algo que ainda está para acontecer, e não algo que já aconteceu:
“Dize-lhes que a fera é a prefiguração da grande tribulação que está para chegar. Se vos preparardes e de todo coração fizerdes penitência diante do Senhor, podereis escapar da tribulação”(Hermas I.IV, 23)
Portanto, temos mais um autor do século II que desconhecia completamente essa estória de que a grande tribulação é algo que já tinha acontecido em 70 d.C!
12º O Ensino dos Doze Apóstolos
Escrito em torno do ano 120 d.C, assim diz:
“Vigiai pelo próprio bem de vossas vidas. E que as vossas lâmpadas não estejam descuidadas, nem os vossos lombos descobertos; mas estejais prontos, pois não sabeis a hora na qual o Senhor há de vir... E então, aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal de uma notícia nos céus, então, o sinal do som da trombeta; e o terceiro, a ressurreição dos mortos; mas não de todos, como está escrito: O Senhor virá e todos os seus santos com ele; então o mundo verá a vinda do Senhor sobre as nuvens do céu” (Cap. XVI)
“Vigiai pelo próprio bem de vossas vidas. E que as vossas lâmpadas não estejam descuidadas, nem os vossos lombos descobertos; mas estejais prontos, pois não sabeis a hora na qual o Senhor há de vir... E então, aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal de uma notícia nos céus, então, o sinal do som da trombeta; e o terceiro, a ressurreição dos mortos; mas não de todos, como está escrito: O Senhor virá e todos os seus santos com ele; então o mundo verá a vinda do Senhor sobre as nuvens do céu” (Cap. XVI)
Duas coisas me chamam a atenção nestes versos. A primeira, é que os “sinais” nos céus e os sons das trombetas, que os preteristas afirmam que ocorreu em torno de 70 d.C, o autor aqui relaciona ao momento da ressurreição dos mortos e da segunda vinda de Cristo, sendo que os preteristas parciais não creem que os dois acontecimentos estejam ligados ou aconteçam ao mesmo tempo, mas ligam o primeiro (tribulação, sinais, trombetas) a 70 d.C e o segundo (ressurreição, volta de Jesus) milênios depois. Se o autor aqui fosse um preterista, teria ressaltado essa clara “diferenciação”, mas não o fez.
E, segundo, que tanto uma como outra coisa são colocadas pelo autor como sendo acontecimentos futuros. Ele diz que “aparecerão” {futuro} os sinais nos céus, os sons de trombeta, a ressurreição, a volta de Jesus. Tudo isso ele coloca como sendo algo que ainda vai aparecer, algo futuro. Sendo que este livro foi escrito em torno de 120 d.C (i.e, já bem depois de 70 d.C), então os seus autores cristãos daquele início de século II d.C também não eram preteristas!
13º Efrém, o Sírio
Além disso, um outro texto recentemente descoberto atribuído à Efrém, o Sírio (306 – 373), também apresenta uma noção escatológica futurista:
Além disso, um outro texto recentemente descoberto atribuído à Efrém, o Sírio (306 – 373), também apresenta uma noção escatológica futurista:
“Nós devemos entender minuciosamente, portanto, meus irmãos, o que é iminente e próximo, para que todos os santos e eleitos do Senhor sejam unidos antes da tribulação que está para vir” (Sobre os Últimos Tempos – Biblioteca Pós-Nicena)
Novamente, duas constatações: Efrém, escrevendo no quarto século d.C, é outro que em nada aponta que a tribulação apocalíptica já aconteceu; ao contrário, ele afirma que ela seria um acontecimento futuro, ao dizer que é “iminente e próximo”. Ora, ninguém relata um acontecimento passado como sendo algo iminente ou próximo, o que passa claramente a noção de um acontecimento futuro, que ainda está para acontecer. E, segundo, essa noção é confirmada na sequencia, quando ele fala que a tribulação “está para vir”. Ou seja, a tribulação não “veio” – ela “virá”! Não é “preterista” – é futurista!
14º Cipriano
Cipriano (200 – 258) converteu-se ao Cristianismo quando tinha 35 anos. No ano de 249 d.C se tornou bispo de Cartago, e se revelou um extraordinário mestre de moral cristã. Dele temos diversos escritos, que formam uma importante coleção documental sobre aquilo que era crido em sua época. Podemos ver em seus escritos não apenas menções explícitas ao futurismo, como também ao pós-tribulacionismo:
"Não deixem que nenhum de vocês, irmãos na fé, sejam aterrorizados pelo medo da futura perseguição, ou pela vinda do anticristo... o anticristo está vindo, mas após ele virá Cristo também..." (Epístola de Cipriano, LV, 7)
O bispo de Cartago coloca aqui o verbo no futuro ao falar de uma “futura perseguição”, atestando que a tribulação apocalíptica ainda estava para vir. Logo em seguida, ele faz o mesmo com a vinda do anticristo: diz para os cristãos não terem medo da futura perseguição e vinda do anticristo, pois do mesmo modo que o anticristo ainda vem, Cristo também virá. Vemos claramente que Cipriano cria que tanto a vinda de Cristo como também a do anticristo eram acontecimentos futuros, que ainda deveriam acontecer.
Os preteristas parciais creem que o anticristo já veio, enquanto que os preteristas completos creem que tanto o anticristo como Cristo já vieram. Mas Cipriano não adota nenhuma das duas linhas preteristas: ele adota o futurismo bíblico, que ensina que tanto Cristo como o anticristo ainda virão. O "anticristo está vindo" é uma frase que dificilmente um preterista pode engolir, uma vez que eles pregam que o anticristo já tinha vindo há duzentos anos antes de Cipriano ter escrito isso!
Os preteristas parciais creem que o anticristo já veio, enquanto que os preteristas completos creem que tanto o anticristo como Cristo já vieram. Mas Cipriano não adota nenhuma das duas linhas preteristas: ele adota o futurismo bíblico, que ensina que tanto Cristo como o anticristo ainda virão. O "anticristo está vindo" é uma frase que dificilmente um preterista pode engolir, uma vez que eles pregam que o anticristo já tinha vindo há duzentos anos antes de Cipriano ter escrito isso!
15º Policarpo
Para terminar, um testemunho indireto: o de Policarpo de Esmirna (69 – 155). Vou transcrever aqui literalmente as palavras do apologista Alon, que refuta o preterismo em seu site, A Grande Cidade. O que foi explanado por ele é tão mortal contra o preterismo que dispensa qualquer comentário adicional de minha parte sobre isso. Vejamos:
Policarpo nasceu em AD 65 ou 66, e morreu em aproximadamente AD 156. Ele tinha cinco anos quando Jerusalém foi destruída. Ele tinha dois anos quando Nero morreu. Portanto, se ele foi tutelado por João, deve ter sido, pelo menos, uma década depois da destruição de Jerusalém, o que não seria possível se nos baseamos na cronologia preterista, pois João estava preso em Patmos.
Se João esteve em Patmos antes de 70 dC, e lá permaneceu até fins da década de 90, como entender que Policarpo foi seu discípulo se este nasceu cinco anos antes da destruição de Jerusalém? Em outras palavras, se João ficou mais de trinta anos exilado, quando foi que ele tutelou Policarpo fazendo dele seu discípulo? Isso não pode ter ocorrido se João esteve preso em 70 dC. Certamente Policarpo não poderia ter sido discípulo de João em 70 dC, pois ele tinha apenas cinco anos de idade. O leitor facilmente poderia responder: obviamente João encontrou Policarpo depois de liberto da ilha.
Observe as notas abaixo:
“Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor (atual Turquia), Policarpo era discípulo do Apóstolo João. Em sua juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também teve a oportunidade de conhecer Ireneu, o mais importante erudito cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto para o martírio romano em 116, escreveu cartas para Policarpo e para a igreja de Esmirna” (Policarpo de Esmirna)
O detalhe:
“Quando em sua juventude Policarpo assentava-se aos pés do Apóstolo João…”
Se seguirmos a cronologia preterista, então Policarpo foi discípulo de João depois dos trinta anos de idade, pois se for assim considerado, então João ministrou para o jovem e adolescente Policarpo depois que foi liberto do exílio, o que é uma brutal contradição. Se Policarpo nasceu em torno de 65 dC, e foi feito discípulo de João depois de 98 dC, ele já passava dos 33.
Se o leitor preterista não entendeu, eu vou repetir:
Deve-se notar que, se João discipulou Policarpo depois de ter sido liberto do seu cativeiro, isso só foi possível depois de 98, quase chegando em 100 dC, com Policarpo beirando a casa dos quarenta anos, não sendo mais tão jovem; é uma contradição, pois não está de acordo com o testemunho da história, a qual afirma que sendo ainda um adolescente Policarpo assentava-se aos pés do Apóstolo João sendo assim ministrado por ele. O que se percebe é que João foi exilado em Patmos depois de 70, sendo que nessa ocasião já havia feito de Policarpo um discípulo. Policarpo viveu até ser martirizado em torno de 156 AD, com quase 90 anos de idade.
-Conclusão e Considerações Finais
O testemunho unânime da História clama em uma só voz contra o preterismo católico e faz dele uma verdadeira lenda histórica. É daqueles típicos mitos que alguém em séculos bem posteriores começou a ensinar, contradizendo séculos de escola cristã que unanimemente adotou o futurismo. Vimos que há uma esmagadora evidência histórica de que João foi banido para a ilha de Patmos por Domiciano, e não por Nero. Portanto, qualquer pretensão preterista em afirmar que foi Nero quem baniu João e que este ficou trinta anos preso escrevendo o livro é automaticamente descartada.
Note que nenhum deles afirmou que foi Nero quem o baniu e que este apenas continuou por lá sob Domiciano; ao contrário, eles sempre ignoram qualquer figura de Nero e dizem que foi o próprio Domiciano quem exilou João para a ilha de Patmos, onde ele passou a ter as visões e revelações do Apocalipse. Ir contra tamanha obviedade é ser um verdadeiro ignorante, é não saber interpretar um texto simples – ou, neste caso, muitos textos simples e de fácil assimilação!
Da mesma forma, é incorreto afirmar que os Pais adotavam uma linha de pensamento preterista. Vimos que Irineu acreditava que a ascensão do anticristo seria um acontecimento futuro, bem como a grande tribulação, e isso ele escreveu no século II d.C, bem depois de 70 d.C e da batalha local entre Jerusalém e Roma. O mesmo fez Hipólito de Roma e Justino Mártir, todos situando a tribulação apocalíptica como sendo algo futuro. Vimos também que Cirilo de Jerusalém, assim como Irineu de Lyon, acreditaram e creram firmemente na reconstrução do templo de Jerusalém, para que as profecias apocalípticas pudessem se passar ali. Essa é nada a mais nada a menos que a crença futurista claramente exposta, embora os preteristas não ensinem nada disso.
Perderia o tempo falando de cada um dos outros vários Pais da Igreja que ensinaram que João só começou a escrever o livro depois de 70 d.C e relatava acontecimentos futuros de uma tribulação futura. Portanto, o fato da maioria esmagadora dos cristãos crerem que os eventos escatológicos ainda estavam por vir e que João escreveu o livro depois de 70 d.C, em tamanho consenso, unidade e unaminidade com relação a isso, só evidencia ainda mais fortemente que este era o ensinamento repassado pelos apóstolos, que transmitiam estes ensinamentos aos seus discípulos.
Ao que consta na História Cristã, Policarpo, por exemplo, foi discípulo de João, e vimos que ele é outra evidência contra o preterismo. Na mesma época em que Policarpo, o discípulo de João, ainda vivia, surgiu Irineu de Lyon, dizendo explicitamente que a tribulação e o anticristo ainda estavam por vir. O mesmo podemos dizer de Justino, que também pregou explicitamente contra o preterismo, e viveu na mesma época de Policarpo, poucos anos depois da morte do apóstolo João. Pouco tempo depois, começou a surgir todos os outros Pais da Igreja que vimos neste artigo e outros vários, sempre pregando o futurismo.
Diante de tamanha evidência esmagadora, e em um espaço de tempo tão curto em relação ao próprio apóstolo João, não cremos que todos foram sistematicamente enganados, pensando que os eventos apocalípticos eram pro futuro, quando já tinham acontecido. Se fosse este o caso, seria de se esperar um material muito grande de evidências para o preterismo, com estes mesmos Pais que conviveram próximos de João (Policarpo, Irineu e Justino) ensinando que a tribulação apocalíptica já aconteceu em 70 d.C, e repassando este ensinamento adiante.
Porém, estes mesmos Pais escreveram exatamente o inverso disso, ensinaram o futurismo, lançaram as bases da doutrina que seria largamente difundida nos séculos seguintes por todos os demais cristãos da Igreja antiga. Tem que ser lunático para acreditar que todos eles se enganaram, em consenso e uniformidade, e em um espaço de tempo tão curto assim. Que não apenas deixaram de pregar a “verdade” do preterismo, como também a negaram categoricamente.
Na verdade, como vimos, o testemunho histórico contra o preterismo é unânime e arrasador. Negar isso significa negar a história, é o mesmo que se fazer de ignorante e gostar de permanecer nesta condição. Pois diante de tantas evidências históricas de fontes primárias que temos a respeito de tudo isso, ficamos apenas com duas opções: ou os Pais da Igreja se reuniram todos para fazer um comum complô contra as “verdades preteristas” do Apocalipse, inventaram datas, períodos, imperadores, e apresentaram cronologias falsas, deturpadas, adulteradas, que mascararam a história que começou e acabou antes de 70 d.C, ou... realmente o preterismo historicamente não passa de uma piada.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
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Lucas, você não está mesmo de brincadeira. Simplesmente fantástico seu post!
ResponderExcluirO problema todo agora é o preterismo querer recusar tantos testemunhos contra sua doutrina. Se fosse apenas um só... Bem, são várias fontes históricas citadas pelos mais sérios historiadores da Igreja.
Ficou fácil perceber que os refutadores preteristas protestaram contra a data da morte de Antipas. E o pior nisso tudo é que a história confirma que Antipas foi morto bem depois de 70 dC.
Chama ai os teólogos do Preterismo para nos apresentar os registros históricos sobre o martírio de Antipas antes de 60 dC.
Paulo, Pedro, Lucas, Marcos, Mateus, Tiago e outros nada disseram. E os preteristas, podem nos informar sobre um Antipas morto na Igreja primitiva enquanto tínhamos 10 Apóstolos vivos fora os outros escritores?
Ora, se João concluiu o Livro de Apocalipse antes de 68 dC, como quer o preterismo, então as cartas para as sete Igrejas foram escritas antes disso, em torno de 63 dC. Se tomarmos por base a datação preterista devemos localizar a morte de Antipas no começo da década de 50. Por que? Porque o preterismo insiste que João tenha escrito isso não mais tarde que 62 dC,
“E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve... Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós...”, Apoc 2:12,13.
Atente para o detalhe: “ ... Ainda nos dias de Antipas, o qual foi morto entre vós...”.
Se João escrevia em 62, precisamos localizar o martírio de Antipas bem antes dessa data. As palavras “... nos dias de Antipas ...” deixa subentendido que aconteceu num passado não muito recente.
Onde está a citação da Igreja de Pérgamo entre os outros escritores Neo Testamentários com os registros sobre a morte de Antipas? Só João escreveu?
Paulo, Pedro e mais 10 Apóstolos, sem contar Lucas e Marcos, nada registraram sobre um Antipas martirizado na década de 50 assado vivo dentro de um boi de bronze!!!
Só João! Por que?
Por que Antipas morreu depois de 70 dC! E se Apocalipse registra o martírio de Antipas, não pode ter sido escrito antes da destruição de Jerusalém.!
Muito bom, Alon! Realmente seria bem de se questionar que João tenha mencionado o martírio de Antipas, se Antipas morreu bem antes de 70 d.C. Isso porque houveram vários outros mártires famosos e conhecidos na Igreja durante este tempo, incluindo Estêvão e vários apóstolos. Se João escreveu pouco antes de 70 d.C, então por que ele não fez qualquer alusão aos martírios recentes de Pedro e Paulo, por exemplo? Por que somente de Antipas? E por que Antipas não é mencionado NUNCA no livro de Atos, nem em LUGAR NENHUM das epístolas?
ExcluirA resposta a todas essas questões é muito óbvia: Antipas era de uma geração posterior aos apóstolos, e é por isso que ele nunca é citado em Atos dos Apóstolos (porque ainda não era conhecido), e por isso que João descreve a sua morte mas não a de outros conhecidos mártires que morreram antes de 70 d.C - porque Antipas morreu bem depois daqueles mártires que derem suas vidas antes da guerra entre Jerusalém e Roma.
De fato, não é apenas a história e a tradição que atestam que Antipas morreu depois de 70 d.C: a própria lógica através da Sagrada Escritura já nos conduz com clareza a essa conclusão.
Apenas uma observação:
Eu acrescentei hoje de madrugada mais partes neste artigo: uma de Cipriano, outro que é um acréscimo na parte de Irineu e outro que é um acréscimo na parte de Hipólito.
Um forte abraço!
Olá, foi elaborado um estudo em resposta a este seu artigo,veja aqui:
ResponderExcluirhttp://www.preterismo.com.br/2012/11/datacao-do-apocalipse-evidencias.html
Espero que este comentário seja aprovado.
Abraços.
Bom, se você chama isso de "refutação", então espere só até eu terminar a minha refutação a este texto sofístico. Ressaltando que parte dos textos apresentados neste artigo já foram refutados por mim na caixa de comentários deste artigo:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/10/prova-conclusiva-contra-datacao.html
Fique com Deus.
LUCAS MEU AMIGO, GOSTARIA DE UM CONTATO SEU PARA SANAR DUVIDAS meu email é exviexlege2@hotmail.com
ResponderExcluirEscreva-me para este e-mail:
Excluirlucas_banzoli@yahoo.com.br
Abraços.
Lucas, de uma outra olhada no meu artigo sobre Policarpo, o mesmo que você transcreveu aqui. Eu precisei editar e agora você vai encontrar algumas pequenas mudanças
ResponderExcluirAbraços
Vou ver, Alon, abraços.
ExcluirOlá, vi esse comentário aqui de um rapaz em um outro post, só que você não respondeu nem nada, veja:
ResponderExcluir"Clemente de Alexandria afirma que toda a revelação cessou sob o reinado de Nero. O Cânon Muratoriano (apróx. 170 dC) tinha João completando o Apocalipse antes de Paulo ter escrito as 7 igrejas diferentes. Tertuliano (160-220 dC) coloca o banimento de João em conjunção com o martírio de Pedro e Paulo. Epifânio (315-403 dC) afirma duas vezes que Apocalipse foi escrito sob reinado de Cláudio Nero César. A versão Síria da Bíblia no séc. VI tinha o seguinte cabeçalho para Apocalipse: Escrito em Patmos, onde João foi enviado por Nero César."
Bahnsen, Greg L., E Kenneth L. Gentry, Jr., House Divided, The Break-Up of Dispensational Theology (Tyler, TX: Institute for Christian Economics, 1989) p. 259-260.
O QUE DIZER A RESPEITO? É VERDADE? FAZ SENTIDO? ESTÃO EQUIVOCADOS? MUDARAM DE IDEIA?
E há algo a ser refutado?
ExcluirNão há nada a comentar sobre textos que não contém fonte. O primeiro texto diz que Clemente afirmou que a revelação cessou sob Nero, mas não traz nenhum livro, nenhum capítulo, nada. Temos que acreditar nessa citação pela fé.
O Cânon Muratoriano não diz nada disso. Você pode ver o conteúdo dele aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cânone_Muratori
Tertuliano também é apresentado sem fonte nenhuma. Também temos que crer pela fé que o argumentador diz a verdade. Epifânio idem. Aí ele quer que acreditemos em uma versão SÍRIA da Bíblia, escrita mais de cinco séculos depois de João? Isso só pode ser brincadeira. Ele não deve estar falando sério.
Enfim, traga as fontes, que eu trago a refutação. Sem fontes não há argumentos, mas somente uma fé cega em Kenneth L. Gentry, Jr, o deus dos preteristas.
Abraços.
Artigo muito grande, grande demais para que se possa refutá-lo todo. O autor, porém, comete dois erros clássicos. Primeiro, está supondo que quem escreveu o Apocalipse foi João apóstolo. Nada há no livro que prove isso, pelo contrário, o grego e o estilo de João apóstolo é diferente de João do Apocalipse. A não ser a tradição, nada há que prove a autoria do Apocalipse. Outro erro em bobinho é supor que João estava em Patmos preso ou exilado quando escreveu o Apocalipse. Ele estava lá "por causa da palavra ...", e nada mais nos é dito.
ResponderExcluirQuanto a Antipas, é tolice achar que somente havia um Antipas no mundo antigo, e Antipas bem pode não ser um nome próprio, mas um símbolo.
Ou seja, há muito que dizer, nada até hje pode refutar o preterismo completamente.
"Refutação" muito pequena, pequena o suficiente para que se possa refutá-la toda.
Excluir(1) Os argumentos aqui expostos INDEPENDEM da autoria do apóstolo João ou não. O artigo simplesmente visa explanar que todos os Pais da Igreja que escreveram algo sobre o Apocalipse creram que ele foi escrito ao final do reinado de Domiciano e, portanto, bem depois de 70 d.C ou antes, como afirmam os preteristas. Se não foi o apóstolo João quem escreveu, mas um outro João, como afirmam alguns, isso não muda em nada este fato.
(2) Erro bobinho é supor que João estivesse em Patmos passando férias, curtindo a vida, nadando e tomando ar fresco. É impressionante que haja pessoas que ainda não saibam disso, mas para o seu conhecimento a ilha de Patmos era UMA PRISÃO natural, que o Império Romano enviava alguns de seus prisioneiros. Ou seja, ninguém entrava em Patmos se não fosse um prisioneiro, ou um guarda. Qual dos dois João era? Patmos era uma "prisão natural" porque era uma ilha isolada do resto do mundo, ou seja, quem entrava ali não conseguia sair, apenas se tivesse navio. É por isso que Roma enviava os prisioneiros para aquele lugar, assim eles eram obrigados a trabalhar nas minas e não tinham como fugir.
(3) Antipas é um símbolo? Putz, essa eu nunca tinha ouvido antes! Quer dizer: havia um Antipas famoso que viveu naquela mesma época e naquela mesma região e que a história atesta que sofreu aquele mesmo martírio, mas em vez de aceitar este fato você prefere inventar um outro Antipas misterioso e fantasmagórico que ninguém mais ficou sabendo além de você, só pra poder "refutar" o argumento de Antipas. Haja a paciência...
(4) Esse artigo não visa "refutar o preterismo completamente". Para isso seria necessário escrever um livro todo, é um assunto bem amplo. Esse artigo visa unicamente mostrar que o preterismo não tem NENHUMA base histórica, e que todos os fundamentos históricos estão contra ele, é isso o que foi provado aqui e até hoje ninguém foi capaz de refutar sequer uma vírgula.