Debate sobre a imortalidade da alma



O que se segue abaixo é um debate amistoso entre mim e um amigo imortalista sobre o mesmo tema, iniciado no artigo: “A Morte da Alma Imortal – Parte 2”, mas que trata de inúmeros assuntos da fé que vão muito além da simples discussão sobre se a alma é imortal ou não. A princípio ficaria apenas na caixa de comentários, mas como eu passei muito tempo escrevendo minha resposta e como creio que os assuntos aqui tratados são de grande relevância, uma vez que abrangem outros temas significativos como divisão protestante, unidade católica, ortodoxos e romanos, doutrina dos Pais da Igreja e passagens utilizadas pelos imortalistas, acho útil e benéfico passar aqui também num artigo à parte, embora o debate em si continue naquele mesmo artigo.

Recomendo também que o leitor leia as argumentações dele aqui também para poder compreender melhor o debate em si, basta clicar aqui e conferir a caixa de comentários do artigo, não se prendam apenas às minhas argumentações, analisem também o lado contrário antes de chegar a qualquer conclusão. Postei a minha última argumentação aqui porque seria demasiadamente extenso e cansativo passar o debate inteiro (incluindo a minha argumentação inicial, a refutação dele, a minha réplica, a tréplica dele, e por aí vai...), mas todo o debate está disponível naquela página para conferir o diálogo desde o início.

Também peço que o leitor dê uma atenção especial aos vários links que foram passados neste debate, pois a grande maioria dos assuntos aqui tratados já foram abordados por mim no Apologia Cristã ou aqui mesmo neste blog, e para não deixar o texto ganhar uma proporção gigantesca eu preferi argumentar brevemente sobre cada tópico e disponibilizar um link que redireciona ao artigo mais específico onde eu trato cada um dos temas abordados com muito mais amplitude e profundidade, por isso não deixe de conferir os links.

Como eu sei que o debate é longo e dificilmente alguém o leia até o fim, dividi abaixo por tópicos especificando do que se trata cada um dos pontos tratados no debate, desta forma o leitor pode se direcionar especificamente a uma área que busque mais explicações ao invés de precisar ler o debate inteiro caso não tenha tanto tempo para isso. Segue-se abaixo a divisão por temas e em seguida a minha resposta em si.


(1.1) – Diferença entre católicos romanos e ortodoxos.

            (1.2) – A alegada “unidade” católica.


(2.1) – Alterações na doutrina católica ao longo dos séculos.

            (2.2) – Unidade na pluralidade das igrejas evangélicas.


(3.1) – Debate sobre a imortalidade da alma na RIT TV.

            (3.2) – Epicuro, Platão, e a imortalidade da alma no judaísmo.


(4.1) – As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.

            (4.2) – Igreja de Cristo não é a Igreja Romana.

            (4.3) – Desvios da doutrina apostólica nos séculos I e II.


(5.1) – Os “espíritos em prisão”.

            (5.2) – Os heróis da fé já estão no Céu?

            (5.3) – Os santos ressurretos de Mateus 27:52-53.

            (5.4) – A “comunhão dos santos” no Credo Apostólico.


(6.1) – Concílios regionais contra a imortalidade da alma.

            (6.2) – Concílio de Laodiceia contra os livros apócrifos.


(7.1) – O ladrão da cruz e o “hoje” estarás no Paraíso.

            (7.2) – O “partir e estar com Cristo” do apóstolo Paulo.

            (7.3) – Moisés vivo no Monte da Transfiguração.

            (7.4) – A parábola do rico e Lázaro.

            (7.5) – Considerações Finais.


Olá, Érick, a paz de Cristo.

Em primeiro lugar quero pedir um milhão de vezes desculpas pela minha grande demora em respondê-lo, creio que se passaram uma semana desde a sua última resposta. Não é todo dia que eu atualizo o blog ou leio/aceito/respondo todos os comentários, então eu pego um dia em que dedico a ler tudo e responder tudo de uma vez. Fico feliz por conversar com você novamente sobre a fé, embora aquele debate de 2009 não tenha tido prosseguimento, podemos recomeçá-lo 4 anos depois...rsrs. Agradeço a sua educação e vou comentar os assuntos por pontos novamente.


PONTO 1

Concordo que existem semelhanças entre a Igreja Ortodoxa e a Romana, mas mantenho a minha posição de que há diferenças substanciais entre as duas igrejas que em minha opinião pode determinar se uma é seita e outra não. E isso diz respeito aos pontos mais fundamentais da fé, como, por exemplo, a existência do purgatório. Em si mesmo pode não parecer significar muita coisa, mas em realidade a suposição da existência deste lugar, que não possui base bíblica nem na tradição, anula o poder da graça de Deus e a salvação pela fé.

Para os cristãos, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado (1Jo.1:7), e pela graça de Deus podemos adentrar os Céus. Já para a Igreja Romana, os que ainda precisarem de “purificação” passam por este local de tormento e punição para somente depois adentrarem o Paraíso. Ou seja: o sangue de Jesus já não é mais suficiente para purificar de todo pecado, mas o purgatório, sim. Isso, pra mim não é apenas uma heresia “escatológica”, mas uma heresia soteriológica, isto é, que corrompe a doutrina da salvação. Você pode ler mais sobre o purgatório aqui:


Outra doutrina de grande importância que distingue as duas igrejas é a concepção sobre a autoridade universal sobre todas as demais igrejas. Ao contrário do papa, que é conhecido como Vicarius Filius Dei (o vigário do Filho de Deus), o bispo de Constantinopla é conhecido como Primus Inter Pares (o primeiro entre iguais). Ele tem honra especial, mas não tem nenhum poder para interferir com as outras doze igrejas ortodoxas. O próprio nome “vigário” significa “substituto”, e jamais podemos aceitar que o papa seja o “substituto” de Cristo. O único verdadeiro substituto que Cristo nos deixou foi o Espírito Santo (Jo.16:7). Neste sentido, o papa não pode ser considerado vigário, mas usurpador de um título que não lhe foi confiado.

Ainda poderia mencionar outras doutrinas divergentes entre ambas as igrejas, tais como a forma de batismo (aspersão na Romana e imersão na Ortodoxa), quantidade de Concílios aceitos, infalibilidade papal, imaculada conceição de Maria, limbo, juízo particular, indulgências, celibato obrigatório do clero, imagens de escultura (embora admitam ícones, mas não imagens de escultura), comunhão com os fieis com ambas as espécies (pão e vinho) e não somente com o pão, etc, etc, etc. De modo que, embora eu creia que a Igreja Ortodoxa se equivoque sim em muitos aspectos, ela está longe de se igualar em termos absolutos com as heresias da Igreja de Roma. Algumas dessas divergências você pode encontrar aqui nesta lista elaborada:


Sobre a divisão no protestantismo e em mais especial com relação à diferença de pensamentos no que se relaciona ao destino da alma, cabe ressaltar, em primeiro lugar, que os católicos (romanos, inclusive) não estão livres de discordâncias. Já vi romanistas defenderem a linha escatológica futurista, outros a historisticista, outros a preterista (o catecismo simplesmente silencia sobre isso), da mesma forma que já vi católicos dispensacionalistas. Existem católicos que creem como os pentecostais no que tange a assuntos como cura interior e libertação, “cair no Espírito” e outros fenômenos. Na verdade, a RCC (Renovação Carismática Católica) copiou essas praxes, não da Igreja Romana, mas de dentro do próprio pentecostalismo evangélico, como você pode constatar:


Preste atenção no fator “origem”, e você verá que esse movimento católico, que nunca foi repudiado pelo papa, teve origem no pentecostalismo evangélico, esse mesmo que a ala tradicional chama de “seita herética e satânica”. E católicos também divergem em outros assuntos, tais como o falar em línguas, o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais. A ala tradicional da Igreja prega que não existe salvação fora da Igreja Católica (o que significa que evangélicos como eu já estão lascados), enquanto que a ala carismática da Igreja é ecunêmica, ou seja, trata cristãos não-católicos como irmãos, não como hereges.

Há muitas discordâncias, de modo que, embora o assunto da alma especificamente possa ter unanimidade entre os católicos, isso não é verdade com relação a outros aspectos da fé. De modo que, se por “unidade” entende-se manter todos os membros de uma igreja um mesmo e único ponto de vista com relação a todos os assuntos da fé cristã, isso certamente eliminaria as chances de a própria Igreja Católica ser a “Igreja de Cristo”, e muito menos a moral de apontar os erros e divisões que ocorrem em outras igrejas não-católicas. Um pouco mais sobre isso você pode conferir aqui:



PONTO 2

Sobre o ponto 2, em primeiro lugar cabe-se ressaltar que a doutrina católica romana passou por muito mais modificações e alterações ao longo dos séculos do que o protestantismo. Mesmo trabalhando com a tese católica (que eu não concordo, mas usarei apenas para fortalecer o argumento) de que a Igreja Católica Romana nasceu no século I e era a Igreja dos Pais, devemos entender que:

a) Eles levaram 1500 anos para definir o cânon, pois durante séculos o cânon aceito pelos Pais era o mesmo usado hoje pelos evangélicos, até o Concílio de Trento. Conto com diversos testemunhos históricos a este respeito, de dezenas de Pais da Igreja, e inclusive de santos e doutores católicos de época posterior. Um pouco sobre isso você pode conferir aqui:



b) Eles também levaram séculos para definir a crença na transubstanciação, já que os Pais da Igreja não criam nela, como você pode conferir aqui:



c) Eles também levaram séculos para adotar a crença preterista com relação ao Apocalipse, visto que absolutamente todos os testemunhos históricos são de que o livro foi escrito em 95 d.C retratando acontecimentos futuros no fim dos tempos:


d) Eles também levaram séculos para definir o dogma da imaculada conceição de Maria, já que muitos Pais não criam nela:


e) Levaram dois séculos para fundamentar a crença na imortalidade da alma:


f) Levaram séculos para “descobrirem” que o bispo Roma exercia uma primazia universal sobre todos os demais, o que é negado por INÚMEROS testemunhos históricos nos primeiros séculos, inclusive por um “papa” da época:


g) Levaram séculos para descobrirem que existem doutrinas da fé cristã presentes fora da Sagrada Escritura, e que a tradição apostólica não se refere ao que está incluso na Bíblia, mas a coisas fora dela:







E a lista vai longe!

A diferença entre católicos romanos e evangélicos é que os católicos são obrigados a crerem nestas distorções bíblicas que ocorreram através dos séculos e são forçados a não concordarem com nenhuma tese aparentemente “nova” que vai contra a sua tradição, enquanto que nós evangélicos estamos livres para rejeitarmos aquilo que consideramos errado e que esteja querendo entrar na Igreja e para aceitarmos aquilo que consideramos restauração bíblica.

Por exemplo, se alguma igreja evangélica ensina a teologia da prosperidade, eu não sou obrigado a crer como eles, posso discordar biblicamente deles, ver e apontar este erro e mesmo assim continuar sendo evangélico. Mas se o mesmo ocorresse dentro do catolicismo através da palavra infalível do papa ou de algum Concílio, os católicos seriam obrigados a crerem nessa teologia, mesmo que ela seja contra a Bíblia. É essa a diferença entre católicos e evangélicos. Se você não concorda que a alma é mortal, que a graça é resistível ou que o arrebatamento é pós-tribulacional você pode continuar sendo crente da mesma forma, porque defende os principais pilares da Reforma, que são:

a) Sola Fide
b) Sola Gratia
c) Sola Christus
d) Soli Deo Gloria
e) Sola Scriptura

Nós somos unânimes no que é o mais fundamental, e tolerantes no que é mais secundário. O mesmo acontecia na Igreja de Corinto, que tinha divisões, mas Paulo não disse que aquela igreja deixava de ser de Cristo por causa disso. Você mesmo também declarou ser benéfico discussões e divergências entre os próprios Pais da Igreja... então por que o mesmo não poderia acontecer com os evangélicos de forma geral? E o que dizer de Paulo, que disse:

Romanos 14
1 Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.
2 Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
3 Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.
4 Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.
5 Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.
6 Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.

Veja que Paulo estava trabalhando com dois pontos de fé divergentes dentro da Igreja da época, um que era a abstinência alimentar (de comer carne) e a outra era a guarda de dias, como os nossos irmãos adventistas fazem. Mas Paulo não disse que eles deixavam de ser a Igreja de Cristo por causa disso, não disse que o irmão que guarda dias e não come carne é um herege e tem que mudar de opinião para manter a unidade, não diz para formarem um Concílio para decidirem a questão. Tudo o que ele diz é para tolerarmos e aceitarmos estes irmãos na fé que pensam diferente de nós nestes aspectos secundários, que é é exatamente o que ocorre no protestantismo hoje.

Assembleianos, presbiterianos e batistas se aceitam mutuamente, mesmo que tenham divergências entre si. Eu mesmo já frequentei estas três igrejas e é nítido que todas se tratam como irmãos pertencentes a um único Corpo. Se querem passar a imagem de uma comunidade evangélica “dividida” ou “em guerra”, essa imagem é falsa e vem de fora da Igreja, de quem nos ataca e nos difama para provar alguma coisa a alguém. Se fôssemos divididos, não haveria uma única Marcha pra Jesus reunindo todo o povo de Deus, mas uma marcha da Bola de Neve, uma da Sara Nossa Terra, outra da Igreja da Graça, e por aí vai. Somos como o que Paulo disse: divergimos em aspectos secundários como guarda de dias, alimentação, forma de batismo, predestinação ou questões escatológicas, mas isso não atinge a unidade da fé, da mesma forma que aquelas divergências que Paulo se refere aos romanos não faziam deles uma igreja corrompida ou decaída em função disso.


PONTO 3

Eu não disse que as Confissões de Fé foram criadas em cinco minutos, mas sim que em cinco minutos é possível escrever aquelas linhas com aquelas (poucas) referências. Não discuto a piedade de quem as escreveu, mas sim a parcialidade. Existiu algum debate entre ambas as partes para decidirem biblicamente quem tinha a razão? Não. Simplesmente seguiram a linha que já era adotada pelo próprio catolicismo da época, pois seria uma mudança radical sair de imortalidade da alma para mortalidade da alma tão cedo, por isso que o entendimento dessa crença foi sendo esclarecido com o passar do tempo.

Hoje, quando ocorrem debates de verdade sobre este tema, sempre fica provada a verdade bíblica sobre a mortalidade da alma. Eu particularmente nunca vi um imortalista se sair bem ou conseguir refutar as objeções contrárias. Tudo o que sabem se limita a repetir à exaustão passagens bíblicas famosas e decoradas, mas eu nunca vi qualquer tentativa de objeção aos meus contra-argumentos (que obviamente não são só meus). Veja, por exemplo, esse debate que ocorreu na RIT TV entre um doutor da Igreja Presbiteriana e o professor Leandro Quadros sobre este assunto (detalhe: a RIT é de uma igreja que crê na imortalidade da alma e em todo o momento o mediador tentava ajudar o debatedor imortalista, mas sem sucesso, veja que surra bíblica que foi): 


Sobre os judeus, eu inclusive escrevi em meu livro que depois da diáspora (i.e, quando foram dispersos pelo mundo afora da época) foram influenciados pelo helenismo, incluindo a concepção grega-platônica de imortalidade da alma. O que eu desafiei e jamais vi alguém provar é que antes da diáspora, ou seja, no período do AT, seja por provas bíblicas veterotestamentárias ou por outros documentos históricos da época, os israelitas cressem na imortalidade da alma como creram depois da diáspora. Segundo a própria Enciclopédia Judaica"a crença na imortalidade da alma chegou aos judeus através do contato com o pensamento grego e principalmente através da filosofia de Platão (427-347 a.C.), seu principal expoente". Isso pra mim esclarece tudo!

É verdade que Epicuro cria numa alma mortal, mas os seus ensinamentos não foram difundidos na amplitude dos de Platão. A Grécia Antiga cria predominantemente como Platão, e não como Epicuro. Tanto é que, quando Paulo foi pregar o evangelho em Atenas, foi zombado pelos gregos dali, pois estes criam na imortalidade da alma, enquanto Paulo ensinava a ressurreição dos mortos:

“Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: A esse respeito nós o ouviremos outra vez” (Atos 17:32)

Portanto, o que influenciou a teologia mortalista dos primeiros Pais da Igreja não foi a doutrina de Epicuro, mas a doutrina bíblica. E me parece “misterioso” que os primeiros que começaram a supor uma imortalidade da alma tenham sido filósofos cristãos muito bem familiarizados com a doutrina de Platão!


PONTO 4

De novo creio que se equivoca no conceito de “as portas do inferno não prevalecerem contra a Igreja”, por diversas razões, dentre as quais:

a) Não creio que essa “Igreja” seja a instituição católica Romana, como você deve saber. Aliás, não cremos que a Igreja de Cristo seja qualquer instituição ou denominação religiosa em particular. A Igreja de Cristo é, na verdade, o Corpo de Cristo que é formado por cada cristão que guarda os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, mesmo se não for católico, assembleiano, batista, ortodoxo, adventista, etc, porque a Igreja de Cristo são pessoas e não placas. Sendo assim, não é possível admitir a tese de que a IGREJA sempre creu na imortalidade da alma.

Primeiro, porque a verdadeira Igreja não é a instituição romana que crê que a alma é imortal. Segundo, porque sempre existiram crentes piedosos ao longo dos séculos que não eram católicos nem criam na imortalidade da alma, isso antes da Reforma. Terceiro, porque a validade do Cristianismo de alguém não se mede pela crença na morte ou sobrevivência da alma após a morte, uma vez que a fé cristã vai muito além disso. Não é preciso ser mortalista para ser cristão. O que não implica que a mortalidade não seja uma crença cristã.

Sobre o conceito bíblico de "Igreja", você pode conferir aqui:

http://apologiacrista.com/index.php?pagina=1083930598


b) Ademais, se existiu um desvio nos finais do segundo século d.C, deve haver uma Reforma, não há outra opção. E não importa se esse desvio aconteceu dois milênios, oito séculos, dois séculos ou uma semana mais tarde da era apostólica – ele tem que ser corrigido e ponto final. Você pode ficar surpreso em constatar que essa mudança de concepção em relação à alma tenha acontecido tão cedo, mas existem doutrinas que foram modificadas ainda antes. Inácio de Antioquia, por exemplo, muito antes de a imortalidade da alma entrar na Igreja, já ensinava que cada igreja deveria ter um só bispo governando sobre elas, enquanto que biblicamente cada igreja tinha vários bispos, e não um só (At.20:28).

Além disso, ele fazia distinção entre bispos e presbíteros como sendo os bispos superiores a estes últimos, enquanto que biblicamente “bispo” e “presbítero” são nomenclaturas diferentes para se referir a um mesmo cargo na Igreja, e não cargos distintos com autoridade superior entre um e outro. Poderia passar o dia todo aqui passando doutrinas que os Pais criam errado antes mesmo de a imortalidade da alma entrar na Cristianismo. Então, a questão aqui é muito simples: se essas questões puderam ser corrompidas em questão de tão pouco tempo, por que a questão da vida pós-morte não poderia ser em um tempo relativamente maior?


PONTO 5

Caríssimo Érick, sinto lhe dizer mas as interpretações dessas passagens estão erradas e em muitas delas são os próprios imortalistas que refutam essas interpretações defeituosas que alguns fazem em cima delas. O caso dos “espíritos em prisão”, por exemplo, já foi explicado por mim aqui:


Até mesmo alguns imortalistas leem essa passagem sem qualquer indução a que Pedro tenha ensinado a pregação do evangelho no pós-morte ali. Dave Miller, um defensor da imortalidade da alma, mostra que essa passagem em nada indica que Jesus tenha pregado aos que morreram enquanto estariam no Hades:


Esses dias um líder de uma igreja Presbiteriana leu meu estudo sobre este texto e achou tão convincente que pregou sobre isso na Escola Bíblica deles em um grupo de estudos, e isso que ele e a Igreja Presbiteriana são imortalistas. A própria versão NVI em seu rodapé mostra diversas interpretações para esta passagem, incluindo interpretações plausíveis que não indicam qualquer tipo de imortalidade da alma. Resumindo a questão, é completamente nulo e sem sentido fazer uso de tal passagem sendo que boa parte dos próprios imortalistas não creem nessa interpretação e que ela mesma possui múltiplas interpretações igualmente plausíveis que não implicam de nenhum modo em uma alma imortal sobrevivente da morte física.

Sobre a passagem de Hebreus, ela é muito mais contra vocês do que a favor. Vejamos:

Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hebreus 11:13)

Aqui vemos que, mesmo morrendo, eles ainda não alcançaram a promessa!  Temos sempre que lembrar que  a “promessa” que o autor de Hebreus se refere é exatamente a cidade celestial junto a Deus (Hb.11:10; Hb.11:16; Hb.11:26). Mesmo depois de morrerem {estando na fé}, eles NÃO alcançaram a promessa! Ora, se a morte introduzisse as suas almas direto na presença de Deus, então eles já teriam alcançado a promessa na morte, que seria a própria estadia celestial.

O que vemos, contudo, é exatamente o inverso disso, eles morreram e não alcançaram a promessa, eles a viram (as “saudaram”) pelos olhos da , vendo-as de longe, mas sem a alcançar! Vemos, portanto, que a morte não foi o passaporte direto para a presença de Deus no Céu (como erroneamente pensam os defensores da alma imortal). O autor nunca diz em parte nenhuma de sua carta que “eles já receberam a promessa”; pelo contrário, diz exatamente o inverso disso: “morreram sem receber as promessas”“não chegaram a desfrutar da realização das promessas”“não obtiveram a realização da promessa”“eles sem nós não são aperfeiçoados”, etc (Hb.11:39; Hb.11:40; Hb.11:13).

Se os pais da fé já tivessem no Céu na época que o escritor de Hebreus relatava tais fatos, então seria imprescindível que ele narrasse este fato tão importante na teologia da imortalidade da alma. Isso seria de fundamental importância pelo contexto, deixando claro que depois de todos os seus esforços e lutas aqui na terra, eles finalmente alcançaram a promessa da cidade celestial. Contudo, tal colocação não é levantada em parte nenhuma, pelo simples fato de que eles – realmente – não alcançaram a promessa celestial.

Sobre Mateus 27:52, não se trata de almas de maneira nenhuma, uma vez sendo que Mateus deixa bem claramente no próprio contexto a ideia de que eles apareceram vivos em Jerusalém a muitos, o que implica em uma ressurreição física e literal, assim como a de Lázaro, e não a uma ressurreição espiritual como desejam alguns:

“E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos (Mateus 27:52-53)

O próprio fato de a passagem mostrar que os corpos dos santos que dormiam foram ressuscitados já mata toda a charada, mostrando que realmente se trata de uma ressurreição física em vida, e não de uma espiritual ou para algum lugar espiritual. Portanto, ninguém foi “liberto” para lugar nenhum, os que estavam no Hades continuam no Hades, simplesmente porque Hades é a sepultura, nada a mais que isso.

Sobre a comunhão dos santos, infelizmente a interpretação católica-romana de hoje carece e muito de fundamento. Eu também creio na comunhão dos santos, mas na verdadeira comunhão dos santos, e não naquilo que o catolicismo romano inventou tardiamente. Biblicamente, a comunhão dos santos diz respeito aos santos vivos aqui da terra, e não de alguém que já tenha morrido e que supostamente interceda por nós. Tal conceito é tardio e não diz respeito ao que diz o Credo. Boa parte dos estudiosos acredita que o Credo Apostólico, ou pelo menos boa parte dele, foi composta no final do século I, ainda que tenha tido a sua fórmula final consolidada mais tarde. De qualquer forma, o Credo apostólico é só mais uma de uma série de fontes citadas anteriormente de autores que criam na ressurreição como a solução para a morte, e não na imortalidade de uma alma.


PONTO 6

Eu já comentei sobre o “curto tempo” no ponto 4. Mas o fato de você citar este Concílio eu creio que é uma prova muito mais contra do que a favor do catolicismo romano, visto que este Concílio sequer é considerado ecunêmico pela Igreja Católica, não desfruta de infalibilidade segundo os próprios conceitos do catolicismo, foi apenas mais um dos vários concílios regionais assim como o de Laodiceia, que rejeitou nitidamente os livros apócrifos exceto Baruque:

Estes são todos os livros do Antigo Testamento nomeados para serem lidos: 1, Genesis do mundo; 2, O Êxodo do Egito, 3, Levítico, 4, Números, 5, Deuteronômio, 6, Josué, filho de Num, 7, Juízes, Rute, 8, Esther, 9, Dos Reis, Primeira e Segunda, 10, dos reis, Terceira e Quarta, 11, Crônicas, Primeiro e Segundo, 12, Esdras, Primeiro e Segundo, 13, O Livro dos Salmos ; 14, Os Provérbios de Salomão, 15, Eclesiastes, 16, O Cântico dos Cânticos, 17, Jó; 18, Os Doze Profetas, 19, Isaías, 20, Jeremias e Baruque, Lamentações, 21, Ezequiel ; 22, Daniel” (Cânon 60 do Concílio de Laodiceia) 

E então, eu pergunto também: será que o Espírito Santo não apoiaria a Igreja em decisões importantes como ESSA? Ainda mais levando-se em consideração que este Concílio ocorreu aproximadamente 50 anos antes dos tão citados concílios também locais de Hipona e Cartago! Portanto, se o Concílio local mencionado por você é uma “prova” de que o Espírito Santo guiou a Igreja contra a imortalidade da alma, então o Concílio local citado por mim é uma “prova” de que o Espírito Santo guiou a Igreja contra todos os livros apócrifos menos Baruque!


PONTO 7

Sobre o ladrão da cruz, os argumentos vão muito além dos citados por você, eu mencionei inclusive o próprio grego e manuscritos bíblicos de grande relevância que confirmam o meu posicionamento sobre isso. Mesmo assim, não creio que o seu argumento com relação a este ponto especificamente procede, porque, embora Jesus e o Pai sejam um em essência (pelo fato de ambos desfrutarem da mesma divindade, pois são Deus), eles não são um em pessoa, Jesus e o Pai são duas pessoas diferentes, e ele não disse que o ladrão estaria com o Pai, disse que estaria comigo, isto é, com Jesus, só pode ser pessoalmente. Se ele quisesse dizer que o ladrão não estaria com ele, mas somente com o Pai, teria citado o Pai ou então teria dito somente com “Deus”, mas se ele se mencionou então é imprescindível que o próprio Cristo estivesse em pessoa no Paraíso naquele mesmo dia com o ladrão da cruz, o que já foi demonstrado que ele não estava, pois se encontrava no Hades, não no Paraíso, enquanto esteve morto:



Além disso, como também foi demonstrado, a análise do grego, dos manuscritos antigos, do contexto, da linguística, da exegese e de outros fatos bíblicos concomitantes nos demonstra sem dúvidas que Jesus não esteve naquele mesmo dia com o ladrão da cruz, e que a promessa era de que “em verdade de digo hoje: estarás comigo no Paraíso”, e não: “em verdade te digo QUE hoje estarás comigo no Paraíso”, traduzido incorretamente.

Ainda sobre as traduções bíblicas, eu já provei neste mesmo artigo aproximadamente 60 passagens nitidamente adulteradas pelas versões que creem na imortalidade da alma. Então, como esperar que alguém que rasga descaradamente da Bíblia a correta tradução de nephesh psiquê vá se preocupar em colocar uma vírgula no lugar certo? Se os caras adulteram de forma descarada palavras inteiras, quanto mais uma vírgula! Este argumento em minha visão não procede, a não ser que você prove que as versões católicas e evangélicas em geral são perfeitas e nunca erram em nada deliberadamente ou não.

Sobre o fato de você ter dito que nunca viu um mortalista dizer que quer partir e estar com Cristo, bem, eu não sei ao certo quantos mortalistas você entrevistou para chegar nessa conclusão, e eu também nunca vi um imortalista dizer que depois da morte os pensamentos perecem (Sl.146:4), que os mortos nada sabem (Ec.9:5), que depois de morrer não se é mais possível louvar a Deus (Sl.6:5), que nós somos uma alma e não obtemos uma (Gn.2:7), que se não fosse pela ressurreição a morte seria o fim absoluto da existência humana (1Co.15:28,29), que a ressurreição é o único modo de alcançarmos a imortalidade (1Co.15:51-54), que a vida eterna é somente após a ressurreição (Jo.5:28,29), ou que a alma morre, como passei em sessenta passagens neste artigo:


Mas voltando ao caso do “partir e estar com Cristo”, posso dizer por mim mesmo que eu já disse isso a Deus, e mais de uma vez, e depois de me tornar mortalista, Ele é minha prova. Isso porque eu tenho a consciência de que não existe passagem de tempo para quem morre e vira pó. Ou seja: morrermos e imediatamente, logo no momento seguinte em que retomamos a consciência, já estamos com Cristo, ainda que no aspecto temporal (i.e, em relação à terra) isso só aconteça na ressurreição dos mortos, na segunda vinda de Cristo.

Tanto a visão imortalista quanto a visão mortalista minha creem que ao morrer estamos imediatamente com Deus, a diferença é que para você isso ocorre porque a alma se desliga do corpo antes da ressurreição, enquanto que pra mim isso ocorre pela inexistência da passagem do tempo em função da inexistência de um ser racional que sobreviva na morte e que revive apenas na ressurreição. Então, independentemente se essa ressurreição tiver acontecido um dia, um mês, um ano, um século, um milênio ou cem milênios depois, a sensação para quem morreu é exatamente a mesma: de que partiu (morreu) e está com Cristo (ressuscitou logo em seguida).

A doutrina que crê diferente disso não é a mortalidade da alma, mas a psicopaniquia, que ensina a dormência da alma no mesmo sentido do nosso sono natural, e não na morte da alma propriamente dita. Mas eu não defendo a psicopaniquia, entendo que a linguagem bíblica do sono é figurada para exemplificar alguém que está em um estado inativo e inconsciente na morte, e não alguém já bem ativo, acordado e desperto num Paraíso. Além disso, a análise do contexto de 1ª Coríntios 5:10 nos prova indiscutivelmente de que não haveria vida entre a morte e a ressurreição, e que Paulo estaria com Cristo revestido de um corpo ressurreto, e não como um espírito incorpóreo:


Sobre Moisés, já afirmei anteriormente que a passagem de Hebreus utilizada por você é uma prova contra e não a favor da imortalidade da alma, visto que o autor deixa claro que os heróis da fé ainda não alcançaram a promessa do Paraíso. E não creio que Moisés seja exceção, creio que ele passou sim por uma vivificação ou ressurreição, não que esteja até hoje no Céu. Um exemplo de como o meu ponto de vista é tão compatível com a passagem a tal ponto que até mesmo os católicos pensam algo semelhante está na declaração deste autor católico que disse:

"Moisés realmente morreu (como relatado em Deuteronômio), mas a transfiguração de Cristo o levantou de volta à vida momentaneamente, quando ele foi transportado por um anjo para o monte. O corpo de Moisés não teria sido glorificado, pois essa ressurreição só poderia ter sido uma reanimação comparável à de Lazaro e outros. Após a transfiguração, Moisés teria morrido novamente, e seu corpo retornou para a terra e sua alma retornou ao Limbo, aguardando a ressurreição de nosso Senhor" (Cornélius, em Lapide, Comentário sobre Mateus XVII)

Se você ver bem, constatará que a minha posição é precisamente a mesma dele, exceto unicamente pela suposição de que “sua alma retornou ao Limbo”. Exclua essa parte e você verá que essa posição católica é a mesma da minha. Moisés realmente morreu, mas ele foi ressurreto temporariamente (i.e, foi vivificado) para aparecer no Monte da Transfiguração representando a Lei, ao passo que Elias representava os Profetas e Jesus representava o Evangelho. Após isso, Moisés retorna ao seu estado anterior (i.e, de morte). Que Moisés não estava em espírito ali no monte fica muito nítido pelo fato de Pedro ter pedido para construírem três tendas, inclusive uma para Moisés (Mc.17:4), o que é totalmente desnecessário e inútil para um espírito incorpóreo.

Portanto, Elias estava em corpo glorificado, pois foi transladado em vida aos céus, Jesus estava em corpo físico porque estava em vida na terra, e Moisés foi ressurreto corporalmente, não podia ser um espírito, pois espíritos não precisam de tendas que são algo físico por definição. Portanto, nada do que você disse invalida o fato da ressurreição de Moisés, nem tampouco o fato de que Cristo foi o primeiro que ressuscitou gloriosamente aos céus. Não disse que Moisés foi ressurreto em corpo glorificado nem tampouco que adentrou os céus como Jesus Cristo.

Sobre Judas 9, é fato que o autor não deixa explícito a ressurreição de Moisés, mas sim a ideia em torno dela. A pergunta que deve ser feita é: por que Miguel e o Diabo iriam disputar um simples corpo morto? O que teria ele de tão importante se a alma de Moisés já estivesse no Céu? São essas as perguntas que os imortalistas têm que responder, e à luz de todas as evidências e também do livro da Assunção de Moisés em que Judas tirou este fato, o mais plausível é que realmente esteja no contexto da vivificação de Moisés. Tudo isso já foi argumentado neste meu artigo, junto a outros argumentos de apoio:


Sobre Lucas 16, não disse que Cristo usou de parábola para desmerecer o argumento, mas sim porque era realmente uma parábola, e como tal, não necessita de nenhuma maneira de meios literais ou reais, o que é bem diferente das passagens que provam a mortalidade da alma, as quais não estão em um contexto simbólico ou parabólico, e mesmo assim os imortalistas não as aceitam. No livro de Reis lemos uma parábola sobre duas árvores conversando (2Rs.14:9), e mesmo assim eu nunca vi alguma igreja sair por aí divulgando uma doutrina de que as árvores falam. Mas se são duas pessoas que já morreram, aí sim a doutrina estaria muito bem formulada e sob firmes e sólidos alicerces!

Além disso, se Jesus não poderia tê-la usado em função da “confusão” que você mencionou, então sinto-lhe dizer mas ele não obteve tanto sucesso, visto que o Hades que ele mencionou era totalmente diferente daquele que é crido hoje pelos imortalistas. Por exemplo, na parábola Céu e inferno ficam lado a lado, já na teologia imortalista ficam em dimensões diferentes. Na parábola, os salvos e os perdidos conversam numa boa, já na teologia imortalista não há contato entre os salvos e perdidos que se foram. Na parábola, o rico tinha um corpo físico com língua, dedos, e sentia sede. Já na teologia imortalista, é apenas um espírito incorpóreo que desce ao Hades. Selecionei uma lista com apenas vinte de todos os absurdos a que chegaríamos caso fundamentássemos a parábola como uma doutrina bíblica:

 Os mortos partem para o outro mundo não como “espíritos”, mas com o seu próprio corpo com dedos, línguas, etc.

 Os “espíritos” sentem sede (v.24).

3º Ser rico é motivo de ser mandado ao inferno, apesar de ter demonstrado tão grande benevolência para com o pobre Lázaro e a própria parábola nada dizer de que o rico era um homem mau!

4º Ser mendigo é passaporte para o Céu, uma vez que a parábola em nada indica que o mendigo era um homem justo ou que cria no Senhor.

 O Céu e o inferno ficam um bem do lado do outro (veríamos os nossos amigos ou parentes queimando lá do outro lado!).

 Apesar de haver um “abismo intransponível” entre ambas as partes, os salvos podem ficar conversando a vontade com os ímpios que estão queimando no inferno (vs. 25 e 26). A comunicação entre os justos do Céu e os ímpios do inferno é perfeitamente possível (poderíamos ficar conversando com os nossos amigos ou parentes enquanto estes estão entre as chamas de um fogo eterno e devorador).

 É possível falar perfeitamente como em uma conversa normal enquanto queima-se entre as chamas de um fogo verdadeiro (vs. 23-31).

 O mediador não é Jesus, mas Abraão, para atender o chamado do rico (ver 1ª Timóteo 2:5; João 14:6; Efésios 2:18, etc).

 Usando a mesma lógica que os imortalistas usam com a análise literal dos meios de uma parábola, concluímos que as árvores falam (cf. 2ª Reis 14:11).

10º O rico pedia que Lázaro molhasse apenas a língua dele enquanto queimava entre as chamas, ao invés de lhe dar um verdadeiro “banho de água”!

11º Se os mortos justos partem para o “Seio de Abraão” na morte, para onde partiu Abraão quando morreu?

12º Para onde iam os que morriam antes de Abraão?

13º Caim inaugurou o tormento do Hades e está queimando há seis mil anos até hoje.

14º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que Deus é um juiz mau que nem ao homem respeita (meios da parábola de Lucas 18:1-8).

15º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que a Bíblia aprova a prática de administração desonesta (meios da parábola de Lucas 16:1-12).

16º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que Deus é um homem severo que ceifa onde não semeou e ajunta onde não espalhou (meios da parábola de Mateus 25:24).

17º Se o Hades/Sheol é o inferno ou algum local de tormento, então Jacó foi sepultar o seu filho José no inferno (cf. Gn.37:35).

18º Como explicar que na própria lição moral da parábola (ou seja, o que realmente devemos retirar dela como fonte de doutrina teológica), o personagem Abraão fala em “ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (vs. 30 e 31), confirmando que só a ressurreição é o caminho do retorno de quem morreu à existência?

19º Se o Hades/Sheol é alguma “morada de espíritos”, então Davi estava enganando-se a si mesmo e aos outros ao escrever que são os ossos que descem ao Sheol (cf. Sl.141:7 – “Sheol”, no original hebraico).

20º O rico reconhece Abraão (v.23), o que demonstra que tinha familiaridade com ele, mas na própria parábola Abraão cita Moisés (v.29), que é de séculos posteriores.

Poderia passar o dia inteiro aqui desmontando o seu argumento, mas o fato é que por este mesmo ângulo Jesus estaria confundindo os próprios imortalistas! A verdade é que todo o povo da época sabia que parábolas não eram literais, elas eram muito usadas na época como um meio alegórico de se chegar a uma conclusão moral, não como meios literais. Parábolas assim eram muito comuns na época, mas hoje o sentido foi completamente distorcido ao ponto de alegarem que as parábolas tem que apresentar meios reais ou literais e ponto final.

Além disso, Jesus estava falando com os seus próprios discípulos, e não com todo o povo que vivia na ignorância, o que fica evidente pelo próprio versículo seguinte, em Lucas 17:1 (lembre-se que o original da Bíblia não continha a divisão por capítulos e versículos, e portanto Lucas 17:1 era simplesmente a continuação direta do relato descrito até o verso 31 em Lucas 16, e deixa claro que Jesus estava falando “aos discípulos” – Lc.17:1).

E seus discípulos já eram muito bem doutrinados por Cristo, e portanto não teriam qualquer “confusão” com essa parábola. Se eu quiser ensinar algum ensinamento moral numa igreja que crê na mortalidade da alma eu posso fazê-lo usando dos mesmos meios utilizados por Cristo. Sugiro fortemente que você leia essa história do Pastor Valdeci Junior que elucida muito o caso (eu gosto tanto da explicação dele que gostaria de passá-la aqui por completo, só não o faço para não tornar este texto demasiadamente extenso):


Sobre Macabeus (que é apócrifo sim...rs), é um registro histórico realmente, mas um registro histórico de quando o cânon veterotestamentário já estava fechado, de um livro cujo próprio autor admite não ter inspiração divina (2Mc.15:38) e contradizendo claramente o restante do AT, como Davi, por exemplo, que mostrou ser inútil orar pelo seu filho depois que este já havia morrido, pois não poderia mudar o destino dele de qualquer maneira (2Sm.12:23).

Você tem razão, é uma visão digna de fé, e não um retrato real digno de fé. O fato de ser digno de fé não torna a visão literal, mas ressalta a importância do ensinamento que se encontra por detrás dela, que era o encorajamento do exército israelita para a batalha contra seus inimigos, lhes dando a segurança da vitória. As visões de João no Apocalipse também eram igualmente dignas de fé, e nem por isso eram retratos reais ou literais, a não ser que você creia em raios falantes e cavalos com cabeça de leão que soltam fogo pela boca (Ap.8:17; 10:3).

Em resumo, posso dizer que eu mesmo já pensei e muito sobre cada uma dessas passagens que você citou aqui além de muitas outras enquanto eu estava na época de transição entre a doutrina imortalista para a doutrina mortalista, não me tronei mortalista de um dia pro outro, ainda havia muitas barreiras que me impediam de crer em função daquilo que eu sempre fui ensinado, como por exemplo a passagem do rico e Lázaro, o ladrão da cruz, o conceito de Hades e mais umas meia dúzia de passagens que eu colocava no meu site naquela época, e que são basicamente as que você citou aqui. Mas posso garantir que uma mente livre que analisa ambos os argumentos pode decidir pela verdade bíblica sem tanta dificuldade.

Como eu escrevi no meu artigo, o que mais serve de impedimento não é a falta de clareza das Escrituras, mas as próprias tradições humanas que tentam manter uma interpretação deturpada em torno delas e que criam raízes quase inseparáveis em nossos corações. E isso vale para todos: seja católico, evangélico ou de outra fé. Somente a Bíblia tem o poder de nos libertar dessas tradições humanas, e analisá-la livremente a fim de optar livremente é um direito de cada ser humano. Você mesmo era católico, depois virou protestante, depois virou ortodoxo e agora católico de novo. Lembro-me que você me dizia que era ortodoxo porque via muita coisa errada nas doutrinas de Roma.

Sei que você vai me dizer que estava enganado na época e que está certo agora, da mesma forma que naquela época pensava estar certo também, mas isso demonstra que mudar uma posição não é falta de firmeza de fé, mas algo natural em função do livre arbítrio de cada um. Eu posso analisar livremente todos os argumentos de cada um dos lados, estudar a fundo cada um deles e tirar as conclusões que sejam as mais biblicamente e historicamente plausíveis, assim como os demais evangélicos podem fazer o mesmo, a Igreja Católica pode fazer o mesmo, a Ortodoxa pode fazer o mesmo, e por aí vai. Só não é cabível o argumento de que a alma é imortal porque assim a Igreja Católica Romana disse que é, visto que não precisa ir muito a fundo para obter provas conclusivas de incontáveis erros doutrinários desta mesma instituição religiosa.

Que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja contigo e me desculpe pelo tamanho do texto, ter paciência para lê-lo também é uma virtude...rs.

Um grande abraço!

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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Comentários

  1. Quem é Oscar Cullman ?
    .
    Matheus...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oscar Cullmann foi um grande teólogo luterano do século XX e um dos maiores estudiosos do Novo Testamento, que creu durante a maior parte da sua vida que a alma humana era imortal, até tornar-se mortalista graças à análise do Novo Testamento em contraste com a filosofia grego-platônica de imortalidade da alma, escrevendo o livro que você viu acima no artigo - "Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos?".

      O livro mostra que a doutrina da imortalidade da alma anula a crença bíblica na ressurreição do último dia e a torna inútil e desnecessária; afinal, já estaríamos no Céu muito bem sem ela. Ele traça um fantástico paralelo contrastando Sócrates e Jesus próximos da morte, mostrando que, enquanto para Sócrates a morte era a libertadora da alma imortal, para Jesus ela era o último inimigo a ser vencido, e que só é tragado pela ressurreição dentre os mortos.

      O testemunho de Cullmaan é importante para refutar aqueles que pensam que essa crença só existe em igrejas como a adventista ou testemunhas de Jeová, ou que para se tornar mortalista precisa se tornar adepto de uma dessas igrejas. Também é importante para refutar o falso argumento de pseudos-apologistas que afirmam que a crença na imortalidade da alma pode ser amparada pelo AT mas não pelo NT, sendo que Cullmann se tornou mortalista exatamente através de um rigoroso estudo do Novo Testamento das Escrituras!

      Você pode lê-lo em PDF aqui:

      http://www.mentesbereanas.org/download/imort-ressur_folheto.pdf

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  2. Então não vai ter a ressurreição dos mortos antes do rapto da igreja no arrebatamento como todo mundo ensina ? Que eu sei os mortos em Cristo vão ressuscitar primeiro e em seguida o rapto da igreja salva. Já os mortos não salvos que estão no Hades farão parte de uma segunda ressurreição que é para a condenação no geena. Sinceramente, não sei o que te dizer...acho estranho os melhores teólogos e editoras do mundo condenarem esse assunto diante de tanta sabedoria que eles tem.
    Confesso que preciso estuda sobre isso....
    Lucas quem foi a primeira pessoa salva da Biblia na sua opinião, foi Adão ?
    .
    T++
    Matheus..

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    Respostas
    1. Se Lutero tivesse essa mesma mentalidade Maria-vai-com-as-outras e sustentasse apenas aquilo que já era crido pela maioria dos doutores e teólogos de sua época (muitos deles muito sábios), jamais teria existido a Reforma, pois praticamente todos em sua época pensavam como os católicos. E se você estivesse no século I provavelmente ficaria do lado dos fariseus, escribas e mestres da lei que rejeitavam Jesus em sua suma maioria, e eram os grandes teólogos, mestres e eruditos daquela época, e contra os cristãos que eram um pequeno grupo em separado destes. E, se você vivesse na época de Lutero e Calvino e dos demais reformadores, jamais iria crer nessa aberração de arrebatamento pré-tribulacional, pois não existia um único ser vivo católico ou protestante da época que cresse neste ensino. Portanto, o argumento da maioria não funciona, muito menos fundamenta uma crença antibíblica em uma alma imortal.

      Sobre a sua concepção acerca do arrebatamento, está completamente desconexa, onde está na Bíblia que ocorre uma ressurreição antes de um arrebatamento secreto no início do Apocalipse? Que eu saiba João disse que a PRIMEIRA ressurreição ocorre somente em Apocalipse 20:4, ou seja, DEPOIS de todas as tribulações, e não antes dela. Mas se você preferir crer em superstições gospel baseadas em sabe-se-lá o que ao invés de crer no que a Bíblia diz, respeito a sua opinião, mas pra mim PRIMEIRA ressurreição significa PRIMEIRA ressurreição, e não "SEGUNDA" (caso existisse alguma outra antes dela, como inventaram os pré-tribulacionistas).

      Não sei se Adão foi salvo, a Bíblia silencia sobre isso. E não sabemos quantos anos viveu Eva para sabermos se ela morreu antes ou depois de Adão, pois as cronologias bíblicas do Gênesis segue a linhagem dos filhos homens primogênitos de Adão, não fala das mulheres ou de todos os filhos, pode até ser que algum deles tenha morrido antes de Adão e Eva, sendo que a média de vida era muito alta naquela época, cerca de 912 anos em média. E, com todo o respeito, este é um assunto bem irrelevante, o que importa é que Adão, sendo ou não sendo o primeiro a morrer, está no pó da terra aguardando o dia da ressurreição dos mortos, quando então ressurgirá ou para a vida eterna, ou para ser condenado:

      "Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados" (João 5:28-29)

      Neste dia saberemos que destino terá Adão.

      Fique com Deus.

      Excluir
  3. Irmão visitei seu blog e achei uma benção. Somos da Assembleia de Deus em Belém do Pará e nosso blog é novo e estamos divulgando pelo Brasil, nos visite em nosso blog: http://adalferescosta7.blogspot.com.br se possível vire nosso seguidor e deixe-nos o vosso comentário que retribuiremos a benção da mesma forma. Que Deus abençoe a todos!

    A paz do Senhor!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, a paz de Cristo. Muito legal seu blog e sua iniciativa, já me tornei seguidor e desejo o maior sucesso a vocês. Fique com Deus!

      Excluir
  4. A Paz de Jesus Cristo, amigo Lucas!

    Peço eu, desculpas em demorar a responder! Pra que não ficasse muito maçante, escrevi um pouco por dia e isso acabou ocasionando a demora na resposta! Enfim, fico também muito feliz em conversar contigo! E claro, com toda certeza podemos com calma continuar aquele debate! Quatro anos passaram rápido rsrs ! De qualquer forma, poderíamos voltar para o falecido e imortal Orkut, até hoje não me acostumei e dificilmente uso o “chatbook” e sinceramente, é muito difícil escrever nos comentários de um blog.

    Bom, vamos continuar e que Deus nos abençoe! Como você separou em tópicos seu último comentário, irei seguir a mesma linha em cima das suas palavras.
    Sendo assim, vamos lá:

    (1.1) – Diferença entre católicos romanos e ortodoxos.
    (1.2) – A alegada “unidade” católica.

    Realmente a Igreja Ortodoxa não crê na existência do purgatório, porém, os mesmos possuem uma doutrina “semelhante”. Como você sabe, nossa crença consiste que a Igreja “Padecente” é composta pelos salvos em Cristo, desta forma se alguém está “lá” (purgatório) é porque já está salvo. Não quero aqui iniciar um debate sobre isso, já que nosso foco é outro, mas o que quero dizer é que embora a Igreja Oriental não creia neste nome, os ortodoxos acreditam que as orações dos habitantes da terra interferem no estado do morto já que a para eles a santificação é um processo que “nunca termina”, isto é, é como se acreditassem em um crescimento continuo que se prorroga no céu. Em outras palavras meu amigo, os Ortodoxos têm como fé que rezar pela alma do morto ajuda aqueles que partiram no Senhor no processo de cura e purificação no “pós-mundo” uma vez que o juízo só será no último dia, a alma ainda pode “sair do inferno” que é um estado temporal e se salva. A história das orações de São Gregório que “salvaram” o Imperador Trajano retratam bem a teologia ortodoxa a respeito do tema. Enfim, embora eles neguem a existência do purgatório, a crença da ortodoxia é semelhante a nossa, a diferença é que eles não deram um nome ao local. Quanto a isso, veja um tópico que eu mesmo abri em uma comunidade ortodoxa há sete anos atrás (um bom tempo!). Eu ainda não tinha noção de quase nada e naquele dia eu percebi, que o conceito de ambas era “idêntico”, um dos moderados ortodoxos ainda disse:

    “A salvação para os que partiram não é um fato que ocorre com todos: é algo que pode acontecer. É para o caso de pessoas que morreram sem se arrepender devidamente, e que acreditam que Cristo é o Salvador e o confessaram, mas não poderão entrar no paraíso sem antes ter seus pecados remidos. Ora, sabemos que nenhuma impureza habitará com Deus. É possível que alguém deixe este estado, biblicamente”.

    http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=8137248&tid=2506018558571376545

    Sobre a sua afirmação, nós católicos cremos piamente que o sangue de Cristo nos purifica, a diferença é que sabemos que pecamos e que neste estado podemos morrer. Eu não sei se você crê que a salvação se perde ou não, de qualquer forma o que pensamos é que muitos dos salvos morrem com pecados que não conseguiram ser perdoados (não por vontade do Senhor, mas por nossa negligência em não assumir o erro) e é por isso que intercedemos por eles (Mt 12.32 / Tg 5.16 / II Tm 1.16-18). Vocês acreditam que são limpos pelo sangue de Jesus e mesmo assim continuam pedindo perdão por faltas e falhas, certo? Se tomarmos esse ponto ao pé da letra, teríamos que pensar que se Cristo nos limpou através do seu sangue e uma vez salvos, não precisaríamos mais de perdão e tanto eu quanto você sabemos que isso não procede.

    (Continua)

    ResponderExcluir
  5. (Continuação)

    Sobre o papado ou a honra especial de SS Bartolomeu I, é algo relativo. Enquanto a Sé Romana e a Igreja Oriental possuíam comunhão (até 1054), para os Ortodoxos a primazia de honra estava com Roma e esse título passou para o Bispo de Constantinopla após o cisma. Embora ele não tenha tanta autoridade quanto o Papa dentro do círculo eclesial que o rodeia, é perceptível ver que Bartolomeu está em “todas” no que diz respeito à ortodoxia, tanto que é o único conhecidamente famoso. Prova cabal é que nas conversas sobre uma possível unidade entre os dois pulmões, a conversa direta sempre se dá com o Bispo de Constantinopla que rege a autoridade de honra das Igrejas Ortodoxas. Sobre as outras doutrinas, vale pequenos comentários, mesmo porque, algumas desses conceitos como é o caso do “celibato”, são questões disciplinares. Você verá Padres Ortodoxos casados, mas, dificilmente teremos Bispos, Arquimandritas ou Metropolitas. O batismo deles é por imersão e o nosso por aspersão, e mesmo assim as crianças também são batizadas. Os próprios protestantes históricos batizam por aspersão. A comunhão é feita com “pão e vinho”, porém, acredita-se na presença real de Cristo (como eles chamam: transmutação) assim como nós, sendo que em determinadas parte do ano, nós também comungamos com vinho, onde a hóstia é “molhada” no sangue do Senhor. Bem e embora os orientais não tenham Maria SS como “imaculada”, em muitos escritos, alguns ortodoxos a definem assim. Como não é um dogma de fé, a ideia da doutrina fica aberta ao público para escolha do que se crer. Eu já vi ortodoxos dizerem que Maria nunca pecou, assim como já vi ao contrário. Bom, você apenas esqueceu-se de comentar que diferente de nós, católicos e protestantes, os Ortodoxos não acreditam na procedência do espírito santo por parte de Cristo, apenas por parte do “Deus Pai”.

    (Continua)

    ResponderExcluir
  6. (Continuação)

    Sobre os pontos de fé católicos, a diferença existe como é o caso da RCC e dos tradicionalistas, a questão é que pouco importa o que cada um diz em seu juízo particular, aqui, a Igreja é que define a doutrina aliada ao Magistério. Muitos dizem que os carismáticos são hereges, mas se o Catolicismo os abriga em seu seio, perfeito. O corpo de Cristo é tomado por carismas e isso é ótimo. Eu mesmo, sou um católico que vejo no protestantismo muitos irmãos, assim como nos ortodoxos. Muitos discordam da minha posição, mas eu sei que a Igreja da suporte para que eu tenha essa opinião. Não vejo problemas que se tenham essas diferenças de “costumes”. Já fui a missas tradicionais, assim como nas mais “acaloradas” e ambas encontrei a presença de Jesus Cristo em seu banquete do Cordeiro. E outra, quando falamos de unidade, não estamos simplesmente alegando doutrina. Na verdade, nossa unidade consiste em coisas que vocês não enxergam por não estarem inseridos na comunidade católica. Um dos exemplos claros é a Campanha da Fraternidade. Se você entrar em uma Igreja em Rondônia, verá que os mesmos trabalhos realizados nessa região estão sendo efetuados em São Paulo. Veja as mais diversas Pastorais que ligam a comunidade brasileira em um só corpo, podemos ver a unidade até em coisas simples como a cúria regional que abriga diversas Igrejas e Paróquias de muitas regiões, às vezes esse número passa até mesmo de 100 e isso nos remete a várias outras do Brasil inteiro, onde é ligada a Mitra Nacional que responde DIRETAMENTE para Roma e isso funciona muito bem nos outros países. Dizer que existe uma divisão porque há um católico carismático e outro tradicionalista, sinceramente não é válido. Estamos inseridos na mesma fé, no mesmo Senhor e no mesmo batismo (Ef 4.5). Uma coisa interessante de se mencionar é que para vocês, nós não somos unidos quando falamos dos mais variados carismas e movimentos que integram a Igreja CATÓLICA e isso você deixa bem claro em seus artigos. O curioso é que quando surgem escândalos com padres, paróquias, vaticano, papas, ai SIM, nestes pontos somos unidos! Percebe a incoerência? No quesito escândalo, fazemos parte da prostituta, da grande meretriz, da rainha da discórdia, ai, todos os católicos são unidos e possuem a mesma fé, ao contrário disso, não somos unidos para vocês. Embora existam várias “igrejas” ditas católicas, se essas não fazem parte do “seio central de Roma”, não estão integradas e logo não interferem no que entendemos de unidade. Essas comunidades são como as protestantes: separada

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  7. (2.1) – Alterações na doutrina católica ao longo dos séculos.
    (2.2) – Unidade na pluralidade das igrejas evangélicas.

    Sim, não discordo. É comum e até aceitável que em 2000 anos de instituição algumas doutrinas tenham ganhado “corpo” e se “desenvolvido” ao longo dos séculos e isso, eu explicarei melhor. Por exemplo, você diz que a Igreja demorou 1500 anos para definir o “cânon bíblico”, mas isso não é verdade. O concílio de Trento confirmou aquilo que a comunidade católica já aceitava há séculos. Veja que a própria Igreja Ortodoxa, cismada em 1054, possui todos os livros da septuaginta e eles já não estavam com Roma no momento em que Trento definiu a fé já proclamada e isso corrobora pelo fato de sabermos que os concílios de Laodicéia (363), Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419), Éfeso (431), Trullo (692), Nicéia II (787), Constantinopla IV (869), Laterano IV (1215) e Florença (1440), sendo alguns deles regionais ou ecumênicos, ao menos, citaram algum livro deuterocanônico seja para informar a lista bíblica ou algum comentário que citasse essas obras. Eu também possuo diversos testemunhos históricos de tantos e tantos pais da Igreja antiga, que se ao menos não tinham as obras deuterocanônicas como “inspiradas”, o tinham como leitura edificante e ainda em alguns casos ao utilizar os livros, sempre mencionavam termos como “está escrito” ou “assim diz as escrituras”. Sem contar, que é comum você encontrar muitos padres dos primeiros séculos que não utilizavam esses livros, pelo simples fatos de que como os judeus hereges não tinham esses livros como “inspirados” seria inválido utiliza-los contra eles e isso nós vivemos claramente quando falamos com um protestante. O próprio São Jerônimo, tão usado por vocês, em sua Carta a Juliano, 118.1 escreve: “A SAGRADA ESCRITURA DIZ: Uma palavra inoportuna é música em dia de luto (Eclesiástico 22.6)”.

    Quando você diz “eles”, inclui os ortodoxos e coptas que também creem na transubstanciação? De qualquer forma, segue aqui a mesma linha do que já havia dito, embora levassem séculos para definir a crença, foi a Igreja que bateu o martelo a respeito do dogma. Mais uma vez eu repito, é normal e comum que os cristãos primitivos tivessem opiniões distintas sobre pontos da fé! A questão, é que neste caso, seria extremamente estranho pensar que nem um ser cristão desse época não pensasse ou acreditasse no milagre eucarístico! O próprio apóstolo Paulo dizia que quem bebe ou come indignamente do Corpo e Sangue de Cristo é culpado (I Cor 11.27-29)! Mas você pode dizer que Teodoro tenha dito que “após a consagração as substancias não se alteram” e eu digo que esse comentário não interfere no que cremos. Inácio dizia que:

    “Eucaristia é REMÉDIO para imortalidade e um antídoto para não morrer (Carta aos Efésios 20)”

    Ainda mais:

    “Ficam longe da Eucaristia e da oração porque não QUEREM RECONHECER que a Eucaristia é a CARNE de Nosso Salvador (Epístola aos Esmirniotas 6-7)”.

    Irineu de Lião dizia que:

    “Quanto a nós, NOSSA MANEIRA DE PENSAR está de acordo com a eucaristia e a eucaristia confirma nossa doutrina. Pois lhe oferecemos o que já é seu, proclamando, como é justo, a comunhão e a unidade da carne e do espírito. Assim como o pão que vem da terra ao receber as invocações divinas de Deus, JÁ NÃO É PÃO COMUM, mas a Eucaristia, feita de dois elementos, o terreno e o celeste (189-198, Contra as Heresias, livro IV, 18.5)”.

    (Continua)

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  8. (Continuação)

    Isto é meu amigo, embora os doutores católicos tivessem e pudessem naturalmente ter opiniões diferentes, seria justo e necessário que a Igreja, como comunidade universal de Cristo, confirmasse a crença do que professamos atualmente. Se você ler a patrística, verá que o entendimento dos doutores e santos, por vezes divergiam entre eles, mas no fim, sempre foi a Igreja que promulgou a crença a respeito dos pontos da fé. Nossos livros nunca esconderam que sempre existiram esses “dois lados”, porém, sempre afirmamos aquilo que todos esses mesmos santos decidiram pelo catolicismo. O que não podemos é tomar as opiniões desses santos homens distintamente sem que tenhamos que analisar o julgamento final da Igreja.

    Sobre a crença “preterista”, é algo que não possuo opinião formada, então, não comento.

    Realmente a Igreja demorou a definir o dogma da imaculada conceição, assim como da mesma forma a Trindade não era uma doutrina unanime nos primeiros séculos. O próprio Eusébio de Cesaréia, em sua obra da “história eclesiástica” deixa isso claro ao nunca mencionar nosso Senhor Jesus Cristo como “Deus” e até mesmo por se excomungado em 324 ao ser contra o Credo que definia a consubstancialidade do Verbo com o Pai. Isto é, o fato de alguns possuírem opiniões divergentes não desmerece a proclamação de um dogma. A Igreja tem o direito investigativo de apurar e proclamar e isso não foi um caso isolado para a “imaculada conceição” e sim, como podemos ver, até mesmo com a Trindade que foi um dogma que tomou corpo e assim foi aceito.

    Sobre a alma, mais uma vez registro que a crença vem muito antes do advento de Cristo. O próprio registro no livro de Macabeus (II Mac 15.12-16), onde mostra Onias e Jeremias intercedendo pela cidade Santa nos concede a informação histórica de que a “alma imortal” não foi confirmada dois séculos depois da era cristã. Sendo apenas uma visão como você sugere ou um ato verdadeiro e digno de fé da confirmação da nossa crença, pouco importa. O fato é que essa afirmação só poderia ter tido aceitação no enredo da história se eles de fato acreditassem na piedade e lucidez daqueles que partiram. Fato esse que se concretiza no verso 17, onde está escrito “Encorajados pelas palavras de Judas (exortação do sonho)”. Mesmo porque, como está escrito, é o próprio Deus que faz morrer e viver, faz descer a “habitação dos mortos” e de lá voltar (I Sm 2.6).

    (Continua)

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  9. (Continuação)

    Quando a primazia do Bispo de Roma, teríamos que estender o bate papo para outro tópico, porém, concordo com algumas afirmações a respeito do desenvolvimento da liderança da Sé Romana. É notável dizer que desde a antiguidade, ela possuía certa “autoridade particular”, não como hoje, claro, porém com fortes crescentes. O próprio Orígenes manifesta o seu desejo de “ver a muito antiga Igreja de Roma” (História Eclesiástica, pg 300, 14.10) e Irineu em sua obra contra os gnósticos (180) diz que Roma é a maior e mais antiga Igreja (Pg 249, Livro III, 3.2), isto é, dizer que demoraram tanto assim, não é certo. O desenvolvimento foi uma forma de se estabelecer um ponto dentro da Igreja Universal onde se encontraria a centralidade de todos os assuntos e isso abrangeu tanto o Bispo do Patriarcado Romano, quanto a sua sé. Alias, o mesmo Gregório Magno que você cita em seu artigo, é a mesma pessoa responsável em escrever em seu Livro V, carta XX:

    “Pois a todos os que conhecem o Evangelho lhes é evidente que pela voz do Senhor o cuidado de toda a Igreja foi confiado ao santo Apóstolo e Príncipe de todos os Apóstolos, Pedro”.

    Bem Lucas, quem disse que nós não somos livres para crermos? Entenda uma coisa, se somos católicos e se acreditamos naquilo que defendemos, não é porque o “Papa” ou algum “Bispo” tenha nos obrigado a crer, pelo contrário, acreditamos porque confiamos na manutenção do Espírito Santo durante os séculos. Nós não somos forçados a não crer em teses novas, na verdade nós não cremos por convicção pessoal. E é ai que está nossa diferença. Você pode continuar a ser evangélico e não crer na teologia da prosperidade, todavia irá frequentar uma comunidade que seja a linha daquilo que pensa. E assim vice e versa. Porque você acha que hoje existe a “Presbiteriana Independente”? Simplesmente pelo fato de uma parcela da Presbiteriana do Brasil ser ligada a Maçonaria, entretanto, fundou-se outra Igreja, alguns evangélicos migraram para a outra comunidade, e ambos continuaram a ser protestantes. E ai, eu me pergunto: É essa a “conduta” do pensamento? E nesse mesmo pensamento é que eu questiono a “Sola Scriptura”. Até penso que os outros pontos estão de acordo na unanimidade de vocês, porém, concorda que sendo pontos secundários ou não a interpretação da “somente a escritura” não é algo que vocês são unidos? Se fosse assim a ideia de alma seria uma doutrina conjunta. Assim como batismo e divindade de Cristo. Você citou bem a passagem de Romanos 14, mas não vê que o que hoje acontece no meio protestante vai muito mais do que os usos e costumes ou aspectos alimentares.

    (Continua)

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  10. (Continuação)

    Embora tenha nascido em um lar católico, ainda muito cedo, meus pais viraram protestantes, sendo assim, eu praticamente nasci protestante. Nunca me esqueço de dois fatos importantes enquanto era Presbiteriano, inclusive envolvendo as “igrejas” que você citou.

    1 – Certa vez, nosso grupo de jovens resolveu visitar uma Igreja Batista, aqui do interior de Jundiaí. Sinceramente? Os Batistas não são tão fãs dos presbiterianos por dois pontos: O batismo de crianças e a água aspergida. De qualquer forma, aquele dia eu tive certeza. No fim do culto, na apresentação dos visitantes, levantamos alegres para dizer que éramos presbiterianos e a minha surpresa foi que os membros daquela comunidade nos olharam de uma forma “torta” ao saber do nosso “direcionamento” que, lembrando hoje, fico chateado pelo aquele fato.

    2 – Em meu primeiro emprego, trabalhei com muitos evangélicos e nem sempre nos entendíamos. Lembro-me que tinham várias denominações (Congregacionais, Batistas, Assembleianos, Fogo Divino, Adventistas, Testemunhas de Jeová). Nunca esqueço quando um “irmão” assembleiano chegou a me contar que conversou com um membro de uma denominação estranha e que o mesmo havia dito que a “salvação não se perdia” e que ele não acreditava em “livre arbítrio” e que não existia “batismo no espírito santo”. Me lembro que silenciei, até por pensar que o cidadão deveria ser presbiteriano. Pois bem, a última palavra que aquele membro da assembleia disse para mim é que talvez ele deveria fazer parte de alguma seita. Naquele momento eu não falei nada eu era muito novo e nem sabia o que responder.

    Sendo assim, meu amigo, sempre ficará a minha dúvida: Até que ponto esses conceitos secundários fazem vocês serem unidos de fato?

    Você conhece a banda “Oficina G3”, correto? Até hoje aprecio o musical dos caras, cresci ouvindo. Uma das letras de um dos últimos CDs lançados por eles (Depois da Guerra) mostra que nem todos pensam que essa unidade dos “principais pontos” é real.

    “Caiam os muros, tirem as pedras, NOSSA unidade NÃO É REAL. Se a verdade é o que pregamos, porque erramos NÃO sendo UM?” (Muros)

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  11. (3.1) – Debate sobre a imortalidade da alma na RIT TV.
    (3.2) – Epicuro, Platão, e a imortalidade da alma no judaísmo.

    Não sou de assistir vídeos longos, mas, por respeito ao seu tempo dedicado a esse conversa, assisti inteiro. Realmente, o “doutor presbiteriano” tomou uma surra, mas ele simplesmente não argumentou em absolutamente nada. Travou. Eu fiquei com vergonha pelo cara.

    Sobre a crença da imortalidade no velho testamento, continuo a manifestar aquilo que já tinha escrito nos outros textos. A visão veterotestamentária a respeito da morte era outra. Em alguns casos, nem esperança havia. O próprio Salomão escreve que não sabe se o “alento do homem sobe para o alto e se o alento do animal desde para baixo, para a terra” (Ec 3.21). O fato dos judeus serem influenciados por concepções grego-platônicas só sustenta a tese que esse conhecimento a respeito do estado intermediário não foi uma confirmação pelos Padres do segundo século da era Cristã e sim, uma doutrina oriunda de muitos séculos antes de Jesus. E outra, quando falamos de uma “alma” imortal, não estamos simplesmente nos referindo as questões dos termos nefesh ou psychê que podem muito bem se referir aquilo que você pensa sobre um “ser vivente”, mas sim, como pensamos na relação do espírito (Ruah) que na morte, volta a Deus que o criou (Ec 12.7). No próprio livro dos Salmos, lemos que “Tu me guias com o teu conselho e DEPOIS me RECEBES na glória (Sl 73.24)”. Seria normal pensar que a dormência ou morte desse estado faria com que o salmista Asaf não tivesse essa certeza, mas, não é o que lemos.

    Atos dos Apóstolos 2.27 – Porque não abandonarás minha ALMA no Hades nem permitirás que teu Santo veja a corrupção.

    Sobre o Epicuro, citei-o apenas como referencia, para mostrar que a crença de uma alma imortal não era unanimidade de todos os gregos, embora fosse à totalidade. O que quis demonstrar que as fontes pagãs também dão suporte para que se creia neste pensamento.

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  12. (4.1) – As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.
    (4.2) – Igreja de Cristo não é a Igreja Romana.
    (4.3) – Desvios da doutrina apostólica nos séculos I e II.

    Não Lucas, eu não me equivoquei. Na verdade, o mesmo pensamento que possuo é o mesmo que você possui, a diferença é que normalmente os protestantes sempre se escandalizam com o nosso conceito de comunidade “universal” e não enxergam o que eles mesmos creem.

    Veja bem, quando falo única Igreja, não me refiro simplesmente no conceito de que as portas do inferno não prevaleceriam, mas sim, em uma comunidade visível que através dos séculos tem sustentado a patente cristã de “coluna e sustentáculo da verdade” (I Tm 3.15), que foi construída sobre o “fundamento dos apóstolos” (Ef 2.20), que conserva e transmite os ensinamentos (At 2.42), que é visível pelo chefe da Igreja (Mt 16.18) e invisível por unidade do corpo místico de Cristo (Mc 16.15) e por fim, que possua um ÚNICO batismo e uma ÚNICA fé (Ef 4.5).

    Vocês possuem uma única fé? Talvez. Agora, um único batismo, não, isso já não posso confirmar, afinal, é uma questão secundária, certo? De qualquer forma, pensemos a respeito da “eucaristia”.

    Você diz que o corpo de Cristo é formado por cada cristão que guarda os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus e isso eu concordo plenamente, agora como conciliar esses conceitos com a fé que derruba as portas do inferno? Simples: A Santa Ceia. É em torno da mesa do banquete do Cordeiro que definimos nossa unidade e que caracterizamos aquilo que entendemos como Igreja e isso, faz menção sim à instituição religiosa que abriga a fé no salvador. Pois bem, eu, como católico, posso comungar nas igrejas protestantes? Não, não posso e por quê? Simplesmente por não compactuar com as ideias das confissões separadas. Sendo assim, se a Igreja são as pessoas e não as placas, porque eu, como Cristão, crente na fé daquele que morreu na Cruz por mim não poderia tomar parte da santa ceia protestante? A resposta é clara, porque eu não sou protestante! Isto é meu amigo, por mais que vocês digam que a Igreja não é uma instituição religiosa, que a Igreja é formada por todos e que a Igreja é a comunidade invisível aqui na terra, vocês automaticamente restringem esses “eleitos” e indiretamente e de forma exclusiva definem a comunidade “visível” que as portas no inferno não prevalecem.

    Subjetivamente, a Igreja de Cristo, é a de vocês. Se nem Ortodoxos, Coptas, Romanos podem participar da Santa Ceia protestante, fica claro que o conceito que vocês possuem de Igreja é aplicado somente a vocês.

    Sendo assim, eu não entendo o porquê questionam quando dizemos que somos nós a Igreja de Cristo. Vocês também dizem isso, porém, à diferença é que assumimos como ponto de fé enquanto vocês acreditam em um Corpo Invisível que é exclusivo do meio protestante.

    Agora sobre os desvios que você propõe, mas uma vez eu vou afirmar da minha crença na manutenção do Espírito Santo durante os séculos. A Igreja cresceu Lucas. Se expandiu durante o mundo, alguns conceitos de hierarquia foram alterados para que a unidade da Igreja fosse preservada, algumas doutrinas foram CONFIRMADAS por concílios e não inventadas da noite para o dia. Heresias apareceram, erros por parte do clero, corrupção em algumas áreas. Alguns filhos da Igreja são santos, outros, erraram e muito. São dois mil anos de história, não cinco séculos e ainda sim, continuamos aqui e continuaremos até a vinda de Jesus, onde naquele dia, todos nós ressuscitaremos junto com a Igreja, assim como aquele que primeiro nos confirmou e nos amou: Cristo Jesus.

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  13. (5.1) – Os “espíritos em prisão”.
    (5.2) – Os heróis da fé já estão no Céu?
    (5.3) – Os santos ressurretos de Mateus 27:52-53.
    (5.4) – A “comunhão dos santos” no Credo Apostólico.

    Li os dois artigos a respeito dos “espíritos em prisão” e a primeira impressão que tive é que talvez você possa não ter entendido o que eu escrevi. Primeiramente, eu nem um momento eu disse que os espíritos em prisão dos condenados foram salvos, é claro que também não especifiquei a minha ideia e tão pouco lancei mão de alguma interpretação. Apenas ressaltei a fé da Igreja que professa que Cristo desceu a mansão dos mortos ou o Hades.

    E de fato, Jesus, desceu a “mansão dos mortos (Sheol / Hades)” e isso é confirmado pela própria escritura onde está escrito:

    Mateus 12.40 – Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites NO SEIO DA TERRA.

    Atos 2.31 – Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma NÃO FOI DEIXADA no inferno (...)

    Romanos 10.7 – Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo.)

    Efésios 4.9-10 – Ora, isto-ele subiu-que é, senão que também ANTES TINHA DESCIDO ÀS PARTES MAIS BAIXAS DA TERRA? Aquele que DESCEU é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.

    Dessa forma, Pedro confirma o que já estava escrito por meio das outras escrituras: “No qual foi também pregar aos espíritos em prisão (I Pe 3.18)”. Você mesmo deve saber, já que não crê na imortalidade da alma, que o destino dos “mortos” era encarado por alguns antigos vétero-testamentários como um local onde justos e injustos habitavam, a saber, a sepultura (sheol), embora não significasse necessariamente que a sorte de ambos pudesse ser idêntica (Lc 16.22-26) --- “Ora, minha esperança é habitar no Sheol (Jó 17.13)”.

    A verdade é que existem várias interpretações a respeito desse tema e sinceramente? Essa é um dos textos mais enigmáticos. Existem até interpretações católicas que alegam que esses espíritos seriam “demônios acorrentados”, porém, o que de fato cremos (IGREJA) a respeito desta passagem? Pois bem, Jesus Cristo não esteve ali na “Mansão dos Mortos” para libertar os condenados como você julga que sugerimos no seu artigo, pelo contrário, essa libertação consiste nas almas dos justos que o precediam. E é exatamente isso que havia dito de forma rápida na minha última postagem.

    Esse aos quais que esperavam o Salvador, nada mais eram que os Santos que pela fé tinha recebido um bom testemunho, porém, “não se beneficiaram das realizações das promessas (Hb 11.39)”, sendo que tiveram que aguardar a ressurreição de Nosso Senhor que inaugurou a era escatológica concedendo acesso a vida celeste; “Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro (Ef 4.8)” e é por isso que cremos que essa descida as profundezas da terra, ressuscitaram alguns dos santos que aguardavam essa ressurreição (de Jesus Cristo) para assim entrar em Jerusalém, na cidade santa (Mt 27.53).

    Isaias 26.19 – Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó (...)

    (Continua)

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  14. (Continuação)

    Sobre Hebreus...

    Você diz que o escritor não relata o estado beatífico desses ESPÍRITOS APERFEIÇOADOS, mas, não é isso que lemos nos versos 22 e 23 do capítulo 12:

    “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; A universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados”.

    Esses versos complementam aquilo que já lemos no verso um, onde é escrito que a nossa volta existe uma “grandiosa NUVEM de TESTEMUNHAS”. Em nossa teologia identificamos essa nuvem como a “manifestação portátil do espírito”, assim como João narra no livro das revelações: “Fui arrebatado no ESPÍRITO no dia do Senhor (Ap 1.10)”. Essas testemunhas são a consequência da inauguração da nova economia, que por méritos de Jesus, contemplam com gozo a face de Deus, enquanto aguardam a ressurreição dos mortos na plenitude do tempo.

    Dessa forma meu irmão, lemos no Apocalipse que Cristo “esteve morto, hoje vivo, tem as chaves da Morte e do Hades (Ap 1.18)”.

    Quanto à “comunhão dos santos”, cremos naquilo que está escrito:

    Na Igreja que é a união do Cristo total (I Cor 12.12), dos espíritos aperfeiçoados (Hb 12.23) que nos acompanham através da “nuvem de testemunhas” (Hb 12.1), sendo essa comunhão o elo das nossas orações (Tg 5.16).

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  15. (6.1) – Concílios regionais contra a imortalidade da alma.
    (6.2) – Concílio de Laodiceia contra os livros apócrifos.

    Quando citei esse importante “concílio” relatado por Eusébio em seu livro, tive a vontade de demonstrar que a ideia de uma alma imortal já estava enraizada dentro da Igreja Cristã. O próprio escritor coloca que a alma mortal era uma doutrina “alheia a verdade” e por esse motivo, foi convocado esse concílio para que Orígenes desse seu aval. Quando me referi ao fator “espírito santo” quis mencionar em sua manutenção e isso não implicaria necessariamente e exclusivamente neste concílio citado pelo historiador.

    Em contra partida, você cita o concílio de Laudicéia que menciona os livros a serem lidos na Igreja, sendo que os deuterocanônicos (exceção para Baruc) e o Apocalipse de João ficaram foram desta lista. Isto é assunto extenso, mas nem sempre a questão “canônica” diz respeito diretamente à inspiração. Em alguns casos, essa canonicidade era ligada aos livros que deveriam ser lidos no culto público. Pode ser que eu esteja enganado, porém, até onde sei, as Igrejas Ortodoxas acreditam na inspiração do livro do Apocalipse, porém, não é uma obra canônica para a leitura das missas. E é ai que está à diferença. O próprio protestante Metzger em seu livro “O Canon do Novo Testamento” menciona que a preocupação do concílio de Laudicéia não era descrever a extensão de todos os livros e sim afirmar aqueles que deveriam ser lidos na liturgia.

    Dessa forma, entendemos o porquê dos concílios posteriores não possuírem essa mesma definição e isso não implicam que não houve abrigo divino para essas questões ou que um concílio foi inspirado e outro não. Devemos sempre ter em mente que é a Igreja que concede o aval final das questões de fé e tanto um quanto o outro estão de acordo com o que cremos.
    Eu afirmo que sim o Espírito Santo apoiou as decisões da Igreja em todos esses pontos, vemos isso ao ler claramente os concílios regionais citados por você, assim como outros onde lemos, por exemplo, que o Cânon XVI do concílio de Niceia II (Ecumênico – 787) cita um livro da versão grega: “(...) Daqueles que vivem vidas piedosas e santas, cumprindo assim a seu respeito próprio o que DIZ AS ESCRITURAS: “Para o Pecador a piedade é uma abominação (Eclesiástico 1.25)”.

    E por isso que afirmo que o espírito santo não erraria em conceder a Igreja doutrina tão errante ao ponto de levar quase 2000 anos para ser “restaurada novamente”.

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  16. (7.1) – O ladrão da cruz e o “hoje” estarás no Paraíso.
    (7.2) – O “partir e estar com Cristo” do apóstolo Paulo.
    (7.3) – Moisés vivo no Monte da Transfiguração.
    (7.4) – A parábola do rico e Lázaro.
    (7.5) – Considerações Finais.

    E aqui vamos chegando ao fim dessa longa conversa. Confesso que esse “ponto sete” foi o responsável direto pela demora em minha resposta. Até aqui, tenho lido seus artigos e confesso que são muito bons, de qualquer forma, concordar ou não, é uma adesão pessoal e concordo com você quando sabemos que a “mudança” é uma função normal de nosso livre arbítrio, afinal, no passado eu nem acreditava nele. Ufa!

    Bom, mas falando sobre os últimos questionamentos, permita-e mais uma vez dividir a minha forma de pensamento.

    O LADRÃO NA CRUZ

    Eu não sou perito na língua grega, pelo contrário, me defino como o pior de todos, tenho muito que aprender, porém, tenho noções básicas e acredito que ao contrário de mim, você entende bem e se não é tão “bem”, está quase lá, de qualquer forma, primordialmente, o que define a interpretação desta passagem, de fato, é a questão simples da “vírgula”, como disse em minha última postagem, o único lugar onde encontrei afirmação semelhante foi na tradução “Torre de Vigia” das testemunhas de Jeová e assim está escrito:

    Lucas 23.43 (Torre de Vigia) – E ele lhe disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso”.

    Pois bem, você sabe melhor do que eu que nas traduções católicas e protestantes, o HOJE faz parte do instante e não de uma promessa futura que se concluiria no fim dos tempos. Pelo que li em seus artigos, para embasar a vírgula depois do hoje, você menciona uma fonte: Vaticanus 1209.

    Realmente, o grego “antigo” não possuía qualquer pontuação. O próprio Codex Sinaiticus, na passagem referida (Lc 23.43) nada aponta para qualquer local de pontuação, tanto, que os tradutores da obra, ao converterem o texto para o inglês, colocaram a linguagem como a conhecemos:

    Luke 23.43 – And he said to him: Verily I say to thee, THIS DAY thou shalt be with me in Paradise.

    O que me chama atenção neste manuscrito é o fato de que por ser mais novo que o “Codex Vaticanus”, penso eu, que a passagem deveria ter qualquer sinal de pontuação, contudo, nós não vemos absolutamente nada. É estranho imaginar que o Vaticanus 1209, é antigo e possui uma referencia desse “ponto” enquanto o outro, mais novo, nada aparece e isso me leva a pensar que está questão não pode ser absorvida simplesmente por levar em consideração um escrito e o outro não. Alias, eu até tentei encontrar algum local que conseguisse ver o Codex Vaticanus, mas, não encontrei. Achei sim, alguns sites que mostravam a mesma imagem de seu artigo com a “flecha” apontando para o pequeno ponto depois da palavra “semeron”.

    Você cita também “outros pais da Igreja”, mas também não menciona que Jerônimo, conhecedor profundo do grego, em sua vulgada, concede a mesma tradução que as nossas:

    Evangelium secundum Lucam 23.43 – Et dixit illi: “Amen dico tibi: HODIE mecum eris in paradiso ”.

    Isto é, mais uma vez aqui temos informações que não podem ser tomadas unicamente por uma “fonte” concreta de dados, mesmo porque, se olharmos na maioria das passagens (que a Igreja crê) onde Jesus Cristo diz: “Em verdade te digo” em nem um momento ele necessitou usar o hoje como forma de complemento da promessa ou ensino, pelo contrário, as terminações de Cristo sempre eram uma consequência do próprio inicio da sua afirmação e aqui fica a minha pergunta: por que no caso de Lucas 23.43, o hoje deveria ser usado diferentemente?

    João 3.11 – Em verdade, em verdade, te digo: falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos.

    (Continua)

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  17. (Continuação)

    De qualquer forma, tirando a questão a respeito do “hoje” dito ao ladrão da Cruz, o outro emprego usado por Jesus em Marcos 14.30, mostra claramente que o “hoje” demonstrava aquilo que de fato deveria acontecer:

    Marcos 14.30 – E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás.

    Aqui vemos claramente que Jesus diz, “Em verdade te digo hoje”, porém o fato manifestado pelo Senhor, se concretizaria naquela mesma noite, no tempo presente.

    No mais, dizer que o ladrão não poderia estar com Cristo, pois o mesmo estava nas “profundezas da terra” ou porque ele ainda não “tinha subido ao Pai”, para mim é mera conjectura. A própria escritura deixa claro que para Deus, “Um dia é como mil anos e mil anos como um dia (II Pe 3.8)”. Desta forma, entendemos o “hoje” como função do agora, porém, sem necessidade de pensar que o ladrão deveria estar com Jesus nas próximas horas, já que o nosso tempo não é o do Senhor. Aguardamos a Jerusalém celeste (Ap 21.10) onde nossos corpos estarão glorificados e incorruptíveis, porém, cremos no paraíso (II Cor 12.2-5) do qual faremos parte após a morte, aguardaremos na graça com a Igreja Celeste, enquanto esperamos a plenitude da nossa esperança: a ressurreição.

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  18. O “HABITAR” / “ESTAR” COM CRISTO

    Lucas, a primeira coisa que quero deixar bem claro é que cremos na ressurreição. Quando pensamos e dizemos a respeito do “estado intermediário” em nem um momento identificamos que essa “passagem da alma” afete aquilo que é a nossa esperança acerca daquilo que acreditamos, afinal, Cristo venceu a morte e essa certeza é o que nos trará de volta naquele dia quando ressoar a última trombeta (I Cor 15.51-54). Existe uma comunidade católica chamada “Shalom”, que em uma de suas músicas diz:

    “Beijo teu santo sepulcro, testemunha da ressurreição. Quero ressuscitar também”.

    Isto é, em nem um momento queremos ferir o tão grandioso mistério dessa crença, que é a NOSSA crença, seja acreditando apenas em uma alma imortal ou em suas consequências que é o que definimos como a “comunhão dos santos” caracterizada por todo o corpo ligado mutuamente na oração através dos méritos de Jesus Cristo, Nosso Senhor.

    Li seu artigo, assim como todos os outros e mesmo assim, a minha opinião sobre o que creio continua a mesma. A questão, é que você simplesmente pensa que é impossível conciliar o “paraíso celeste” com o fato da ressurreição, entretanto, para nós, todas as coisas se envolvem mutuamente sem danificar qualquer ideia de nossa doutrina.

    Em toda a trajetória do apóstolo Paulo, durante seus escritos, ele sempre manifestou a ressurreição de nossos corpos no momento em que entraremos na plenitude do tempo, onde o Reino de Jesus Cristo será instalado. A questão, é que o apóstolo Paulo acreditava, pelo menos é o que indica, que essa ressurreição ainda aconteceria enquanto ele estivesse em vida, talvez por isso ele tenha escrito que “nem todos dormiremos, mas TODOS seremos transformados (I Cor 15.51)” e complementando que “num abrir e fechar de olhos, os mortos ressuscitarão e NÓS seremos transformados (I Cor 15.52)”.

    Essa transformação não fere o que pensamos a respeito da alma após a morte, pelo contrário. Morremos nesta esperança e descansando no Senhor, aguardamos a ressurreição dos nossos corpos que dessa forma, serão absorvidos pela “imortalidade”. O corpo é pó e é esse corpo que será absorvido pela imortalidade, pois é ele quem morre. Nosso espírito que retorna a Deus aguarda ansiosamente e assim será no glorioso retorno de Jesus Cristo, a saber, a sua segunda vinda com TODOS os seus santos:

    I Tessalonicenses 3.13 – Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos.

    Dessa forma, entendemos que se estamos neste corpo, estamos ausentes do Senhor, porém, sabemos que é esse mesmo corpo que nos trará o esplendor da glorificação. Entretanto, enquanto essa ressurreição tão esperada não chega, temos o desejo de deixar esta mansão para já HABITAR com o Senhor (II Cor 5.8).

    Quando falamos de habitação, estamos literalmente, querendo deixar essa vida para contemplar a face de Deus. Paulo confirma isso ao dizer que nosso desejo não era simplesmente em habitar com o Senhor, mas em também servi-lo já que estando neste corpo (vivo) ou não (morto) continuaremos em nos esforçar por agradar-lhe (II Cor 5.9).

    Além de que, quando lemos o contexto de Filipenses 1.23, não há como pensarmos que Paulo, sequer nem imaginava em não desfrutar de um contato com o Senhor após a morte. Primeiro que o mesmo diz que para ele o “viver é para Cristo e o morrer é lucro (Fl 1.21)”. Paulo vivia pelo evangelho e esse viver em Jesus significava pregar a sua palavra e anunciar aquilo que levaria a salvação a todos os homens. Em caso de morte, seu lucro seria grande. Não simplesmente porque ele se salvaria, ou porque seu corpo seria ressuscitado no último dia, mas sim, pelo fato de que ele teria um encontro com o seu Senhor. Se a morte, simplesmente não tivesse nem uma serventia seria vão Paulo ter escrito que:

    Filipenses 1.22 – Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher.

    (Continua)

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  19. (Continuação)

    Ele tinha uma dúvida, pois em sua CARNE as obras frutificavam, porém, se pensarmos que a morte seria o “fim”, qual seria necessidade de se pensar que o apóstolo dos gentios estava indeciso? O que seria melhor? Continuar na carne para que o evangelho continuasse a ser pregado ou morrer para assim, aguardar o grande dia?

    Paulo tinha a certeza de que ao morrer, estaria com Jesus. E é assim que ele manifesta seu desejo, embora, ainda não fosse à vontade de Deus:

    Filipenses 1.23 – Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.

    O ápice da ideia, não está em identificar se Paulo pensava que morreria e por estar “fora do tempo” já estaria ao encontro de Cristo, pelo contrário, ele sabia da sua importância na carne na pregação do evangelho de Jesus, por outro lado, ele sabia que o partir do “corpo” era habitar com o Senhor que para ele seria muito melhor. Entretanto, por entender que sua missão ainda era continuar neste corpo, ele julga ser necessário FICAR NA CARNE:

    Filipenses 1.24 – Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.

    Isto é, Paulo poderia muito bem dizer que sabia que após a morte, por não “ter uma alma” e sim “ser uma alma”, morreria e não teria qualquer encontro com Cristo, dessa forma, preferia ficar na carne para auxiliar seus irmãos, mas, não é isso que constatamos ao ler o contexto. Paulo tinha dúvidas, pois seu desejo era de estar com Cristo após a morte, mesmo que isso comprometesse a pregação do evangelho, contudo, por saber da sua importância no corpo, confia em sua permanência para proveito e gozo da fé.

    Assim, cremos na ressurreição de nossos corpos e enquanto este dia não chega, aguardamos ao lado de Cristo, assim como as “almas dos que foram mortos por amor à palavra de Deus” no livro do Apocalipse (Ap 6.9).

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  20. MOISÉS E A RESSURREIÇÃO

    Quando mencionei à passagem de Hebreus (Todos estes morreram na fé [Hb 11.13]), especificamente aqui, não me referia à alma imortal, mas sim, em manifestar a minha opinião a respeito do que você disse sobre a possível ressurreição de Moisés. Seria estranho pensar que o escritor desta epístola, tenha colocado Moisés dentro daqueles que haviam morrido e exaltando sua fé (Hb 11.39) não citasse absolutamente NADA sobre sua “vivificação”. Embora Judas tenha citado uma obra apócrifa, que para nós cristãos não possui valor, teríamos que levar em consideração que em todos os livros escritos, tanto pelo novo, quanto pelo velho não exista qualquer menção dessa ressurreição! Na verdade, embora possa existir essa possibilidade que você considera, não há registros bíblicos para essa crença, existem sim, ideias interpretativas que correspondem ao seu artigo.

    O fato de Pedro ter manifestado sua vontade de erguer três tendas, não prova que ali Moisés estava em seu corpo físico, mesmo porque, na transfiguração as vestes de Cristo resplandeceram de tal modo que o ocorrido “assombrou” os três apóstolos ao ponto de que eles mesmos nem “sabiam o que diziam” (Mc 9.6).

    Sobre a disputa do corpo de Moisés, para mim, não prova sua ressurreição. Primeiro que o versículo não menciona que essa disputa era pelo corpo que seria ressuscitado, pelo contrário, nada disso é mencionado e dizer que essa era a intenção é ir contra o próprio conceito protestante da “sola”, já que essa informação seria “extra-bíblica”. Segundo que o Arcanjo Miguel venceu essa disputa (“O Senhor te repreenda” [Jd 1.9]) e seria justo e IMPORTANTE que como complemento da informação, o escritor mencionasse essa vivificação. A verdade, é que nada consta e dizer que Moisés ressurgiu dos mortos é ir contra a própria natureza evangélica que aceita somente aquilo que está escrito, qualquer coisa fora disso é conjectura.

    E é isso que a Igreja crê: que a alma de Moisés estava no monte, onde houve a transfiguração. E essa crença é independente de qualquer opinião particular, seja católico ou não.

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  21. O RICO E O POBRE

    Nesses últimos dias, eu comprei uma bíblia. Na verdade, eu coleciono bíblias, sendo assim, tenho várias. A última que adquiri foi a “Bíblia do Peregrino”. Sempre quando compro qualquer versão das sagras escrituras, seja protestante ou católica, eu costumo olhar as referidas notas teológicas de passagens importantes. Mera curiosidade minha. Gosto de observar as interpretações e as noções que o tradutor aplicou ao versículo. Bom, lendo a nota desta passagem da bíblia do peregrino, para minha surpresa, me deparei com informações interpretativas de Lucas 16 onde condizem com muitos pontos aqui levantados, fazendo alusão ao que você colocou e confesso que fiquei bem confortável em concordar com suas palavras, sem que tivesse de desconsiderar a crença a respeito do que penso após a morte.

    Concordo, que se levarmos tudo ao pé da letra a respeito desses versículos, teríamos alguns “absurdos teológicos”, porém, não descarto que pensar da veracidade do ocorrido seja errado. E não estou dizendo que esses dois personagens tenham funções reais nessa história e sim, apenas retratar a existência de um “céu” e um “inferno” e para isso, as explicações não deveriam necessariamente ser rigorosas quanto aos fatos concretos, como por exemplo, imaginar que no inferno e no céu, os “mortos” pudessem tagarelar tranquilamente ou achar que um espírito sente sede só porque a passagem menciona isso. Não, eu pelo menos nunca pensei ou cogitei essas hipóteses, na verdade, a única visão que tinha sobre esse tema é a respeito da consciência daqueles que morrem.

    Se você analisar as parábolas deixadas por Cristo, verá que todas retratam um cotidiano integrado no ambiente daquele povo e por mais que o “Rico e o Lazaro” possuísse elementos diferentes para um conto, qual seria o motivo para simplesmente não pensarmos que tirando os conceitos não aplicáveis, não poderíamos crer em um “céu” e um “lugar de tormento” após a morte?

    É o mesmo caso do link que você me passou da explicação do Pastor. Eu posso muito bem contar uma história a alguma pessoa figurando um “São Pedro” que recepcione as pessoas, ou um “tinhoso” que leva as pessoas paras as profundezas, sem desmerecer os fatos reais de céu e inferno. Mesmo que os personagens e os elementos sejam fictícios, o cenário não pode ser desmerecido por ter partido de uma primícia irreal.

    De qualquer forma, essa parábola esta muito mais ligada em retratar a vida exuberante de muitos judeus “burgueses” que já não tinham tanto amor pela lei de Deus do que ensinar que o céu e inferno existiam. A questão é que não era necessário questionar o cenário da parábola, já que é uma existência, agora, o enredo do conto, sim isso até pode ser.

    É aquilo que mencionei, posso usar, por exemplo, o “sol” para contar uma história com elementos fictícios, sem desmerecer sua existência, sendo assim meu amigo, eu concordo com os pontos que você levantou, entretanto, não vejo motivos para não pensar que o cenário da história não era real. Você não mencionou a passagem de II Reis 14.9? Pois bem, as árvores não falam, mas existem. Cenário real, com partes irreais.

    Agora, dos argumentos levantados, um me chamou a atenção: o fato de “Caim” estar queimando desde o início. Primeiro que não sabemos seu destino e segundo que para alguém que esta condenado (Hb 9.27), “queimar” seis mil anos ou a eternidade, não há diferença. Deus é amor, mas é justiça e isso não o faz ser mau. De qualquer forma, não faz diferença, pois ao Senhor cabe o julgamento. (Ap 20.13).

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  22. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Meu amigo Lucas, a primeira coisa que quero registrar é que em nem um momento eu tive a intenção de debater, pelo contrário, gosto de conversar a respeito de religião e há muito tempo não fazia isso, penso eu que desde o falecido Orkut eu realmente não parava para dividir informações como aqui colocamos. Relendo os textos, observei que falamos sobre uma série de coisas, realmente, um grande bate-papo!

    Penso que continuar a falar sobre a “alma imortal” ainda renderia muitas páginas e tanto eu quanto você, sabemos que continuaríamos a defender aquilo que acreditamos, dessa forma, concluo aqui meus argumentos daquilo que tenho como ponto de fé em minha vida.

    Te agradeço por essa oportunidade de conversa, das poucas vezes que falamos sobre algo, o respeito sempre foi um grande diferencial e espero que isso sempre se repita. Sou católico e amo o Deus que creio e espero que “naquele dia”, todo aquele que adora o Senhor em espírito e em verdade tenha a oportunidade de dividir as promessas preparadas por ELE desde a fundação do mundo.

    Que o Senhor te acompanhe, embora eu discorde de você e você de mim, no principal, somos unidos.

    Reze por mim, rezo por você.

    Espero não ter sido desrespeitoso em nenhuma de minhas palavras e se caso fui, perdoe-me.

    Grande abraço!

    O primeiro dos pecadores.

    Em Cristo;

    Érick Gomes.

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    1. Valeu, Érick! Quando tiver mais tempo dou também minha resposta final. Um abraço!

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