Refutando falácias católicas sobre Tradição, Cânon e Sola Scriptura


Há algumas semanas o professor Olavo de Carvalho escreveu uma breve argumentação contra a Sola Scriptura e a favor da autoridade da tradição oral e da Igreja Católica Romana. As falácias utilizadas dentro das argumentações são tão comuns e já foram refutadas tantas e tantas vezes por mim e por vários outros evangélicos que eu nem daria atenção se não tivessem vindo de um nome renomado e que tem o meu respeito. Por isso elaborei uma refutação à base argumentacional dele que também é muito comum de ser encontrada em diversos outros blogs de apologética católica.

Ele disse:

“Qual o fundamento evangélico da ‘Sola Scriptura’? Mostre-me, nos Evangelhos, um só versículo que os afirme como única fonte confiável sobre os ensinamentos de Jesus. Eu, da minha parte, li em João 21:25, o contrário disso: que ‘Jesus disse muitas outras coisas’  . Mostre-me um versículo que afirme que os ouvintes diretos dessas coisas não têm autoridade para repassá-las oralmente, ou que negue que alguém as tenha ouvido. Os autores dos Evangelhos eram homens da Igreja, falavam em nome dela, e foi a Igreja que, bastante tempo depois da morte de Jesus, julgou e selecionou os quatro textos canônicos, separando os apócrifos e duvidosos. A integridade do texto evangélico vem, pois, da autoridade da Igreja, e não ao inverso. Se os Evangelhos fossem a única fonte autorizada, isso estaria declarado no próprio texto deles, pois não é cabível que Deus, ao inspirar os evangelistas, se esquecesse de lhes ditar logo o preceito fundamental para a leitura daquilo que estavam escrevendo. ‘Sola Scriptura’ é um argumento autocontraditório, absurdo na base”

Em primeiro lugar, desde quando João 21:25 dá base para alguma tradição oral fora das Escrituras? Se por João ter dito que Jesus "disse muitas outras coisas" significa que podemos crer no que está fora da Bíblia, o que impede os espíritas de dizer que entre essas "muitas outras coisas" não está a doutrina da reencarnação, ou os mórmons de dizer que entre essas "muitas outras coisas" não está a passagem de Jesus pelas Américas? Ora, essas duas religiões creem nisso, e dão esse mesmo versículo como base para a crença deles de que não precisa uma doutrina estar na Bíblia para ser aceita como regra de fé. Afinal, talvez ela esteja incluída nessas "muitas outras coisas", não é mesmo?

A verdade é que a única forma confiável de se saber o que Jesus disse é por meio daquilo que está nas Escrituras. A tradição oral corrompeu-se, isso é fato, não é teoria. Se a tradição oral foi preservada, então por que a tradição ortodoxa (oriental) diz que não existe purgatório e a tradição romana (ocidental) diz que o purgatório existe? O mesmo vale para todas as outras dezenas de doutrinas divergentes entre a igreja romana e a ortodoxa, algumas das quais são demonstradas na tabela abaixo:

Igreja Católica Romana
Igreja Católica Ortodoxa
O bispo de Roma tem poder pleno, supremo e universal na Igreja
Não admite a primazia do bispo romano sobre todos os demais
O papa (bispo de Roma) é infalível em matéria de fé, discursando em ex cathedra
Não admite a infalibilidade papal
Existência do purgatório
Não existe o purgatório
Existência do limbo
Não existe o limbo
Existência de indulgências
Não admite a existência de indulgências
Dogma da imaculada concepção de Maria
Maria foi concebida em estado de pecado original
Comunhão aos fieis somente com o pão (hóstia) na Ceia (eucaristia)
Comunhão com ambos os elementos aos fieis
Existência de imagens de escultura nos templos
Não se permitem imagens de escultura nos templos, mas somente ícones
Batismo por aspersão
Batismo por imersão
Rejeita a canonicidade de 3ª e 4ª Macabeus, 3ª e 4ª Esdras, Oração de Manassés e o Salmo 151
Considera canônicos todos estes livros rejeitados pelos romanos
Celibato obrigatório dos sacerdotes
Sacerdotes podem optar entre o celibato ou o matrimônio
Existência de dois juízos (um individual e um geral)
Existência de um único juízo universal

Todas elas dizem se basear na tradição e guardá-la incorruptivelmente. Mas, se a tradição oral conservou-se incorruptível mesmo, deveríamos esperar que tanto o Ocidente quanto o Oriente ensinassem exatamente as mesmas coisas. Que não tivessem tradições contraditórias. Mas isso está muito longe de ser verdade.

E o que explica a controvérsia da data da Páscoa, entre Anacleto (bispo de Roma) e Policarpo (bispo de Esmirna)? Nas palavras de Samuelle Bacchiocchi:

“Por um lado, o Bispo Vitor de Roma (189-99 A.D.) liderou o costume do Domingo de Páscoa (isto é, a celebração da festa no domingo geralmente seguinte à data da páscoa judaica) e ameaçou excomungar as comunidades cristãs recalcitrantes da província da Ásia que se recusavam a seguir suas instruções. Por outro lado, Polícrates, bispo de Éfeso e representante das igrejas da Ásia, fortemente advogou a data tradicional da páscoa judaica de 14 de Nisã, comumente chamada ‘Páscoa Quartodecimana’. Polícrates, reivindicando possuir a genuína tradição apostólica transmitida à ele pelos apóstolos Filipe e João, recusou amedrontar-se em sua missão às ameaças de Vitor de Roma”[1] 

Irineu interveio como mediador e, de acordo com o relato de Eusébio de Cesareia (265 – 339 d.C), “também restam as expressões que empregaram para pressionar com grande severidade a Vitor. Entre eles também estava Irineu”[2].

Hans van Campenhausen definiu a questão nas seguintes palavras:

“Quando Vítor de Roma aceitou ser persuadido a romper relações eclesiásticas com as igrejas da Ásia Menor, por causa das diferenças duradouras sobre a festa da Páscoa, Irineu lhe escreveu uma vigorosa carta na qual condenava esta ação ditatorial de uma maneira conveniente”[3]

Se a tradição tivesse sido conservada incorruptivelmente, obviamente o bispo de Roma e o de Éfeso guardariam as mesmas tradições e não haveria qualquer divergência entre eles. Mas é claro que pelo menos um deles não a guardou. Os dois brigavam entre si porque cada um dizia que tinha guardado a tradição correta, mas as duas tradições eram divergentes. Algo muito semelhante ocorreu com Policarpo. Em 155 d.C, esse bispo de Esmirna, já idoso, teve algumas desavenças com o bispo de Roma, Aniceto, sobre o dia da celebração da páscoa, porque as tradições de ambos eram divergentes. Eusébio relata o fato nos seguintes termos:

“E encontrando-se em Roma o bem-aventurado Policarpo nos tempos de Aniceto, surgiram entre os dois pequenas divergências, mas em seguida estavam em paz, sem que sobre este capítulo se querelassem mutuamente, porque nem Aniceto podia convencer Policarpo a não observar o dia - como sempre o havia observado, com João, discípulo de nosso Senhor, e com os demais apóstolos com quem conviveu -, nem tampouco Policarpo convenceu Aniceto a observá-lo, pois este dizia que devia manter o costume dos presbíteros seus antecessores. E apesar de estarem assim as coisas, mutuamente comunicavam entre si, e na igreja Aniceto cedeu a Policarpo a celebração da eucaristia, evidentemente por deferência, e em paz se separaram um do outro; e toda a Igreja tinha paz, tanto os que observavam o dia como os que não o observavam”[4]

Eusébio nos conta que Policarpo seguia a tradição que herdara de João (seu discipulador) e dos apóstolos, mas o bispo de Roma (Aniceto) tinha uma tradição divergente herdada pelos presbíteros que o antecederam em Roma. No fim das contas, ninguém pôde convencer ninguém, embora Aniceto tenha cedido a Policarpo na questão da celebração da eucaristia. É óbvio que um dos dois tinha uma tradição errada. Eusébio deixa claro que quem tinha a tradição errada era o bispo de Roma, pois diz que a tradição de Policarpo havia sido herdada pelos próprios apóstolos.

E o que dizer dos casos comprovados onde a tradição oral se perdeu? Quem foi o autor de Hebreus? Ninguém sabe. E, mais uma vez, nos primeiros séculos a Igreja de Roma dizia uma coisa, enquanto as outras igrejas diziam outra. Eusébio relata isso nessas palavras:

“Por outro lado, é evidente e claro que as catorze cartas são de Paulo. Contudo, não é justo ignorar que alguns rechaçaram a carta aos Hebreus, dizendo que a Igreja de Roma não a admite por crer que não é de Paulo. O que foi dito sobre ela por aqueles que me precederam será exposto a seu devido tempo. Naturalmente, também não aceitei entre os escritos indiscutidos os Atos que se dizem ser dele”[5]

Segundo Eusébio, naquela época a Igreja de Roma por tradição cria que aquela carta não era de Paulo, enquanto as outras igrejas (comunidades cristãs locais) diziam que era desse apóstolo. Eusébio cria dessa segunda forma, ao ponto de dizer que era “evidente e claro” que era de autoria de Paulo. Se a tradição não tivesse se perdido, saberíamos o nome do autor de Hebreus (certamente as pessoas a quem a carta foi dirigida saberiam e teriam transmitido esse conhecimento oralmente, mas se perdeu com o tempo), e a tradição da Igreja de Roma (de que não era de Paulo) seria reconhecida por todas as igrejas, e não rechaçada, como foi.

E quem é o "iníquo" de 2ª Tessalonicenses 2:3-4? Igualmente: ninguém sabe. Irineu sugeriu alguns nomes em sua obra “Contra as Heresias”, mas deixou claro que ninguém sabia ao certo de quem se tratava. Mais uma tradição oral que foi para o espaço.

E o que falar sobre tantas doutrinas divergentes entre os Pais da Igreja? Por que Eusébio descria na virgindade perpétua de Maria[6], tão defendida por Jerônimo, de apenas algumas décadas mais tarde? Por que grandes nomes como Orígenes[7], Tertuliano[8], João Crisóstomo[9][10], Ambrósio de Milão[11], Cirilo de Jerusalém[12], e até mesmo papas(!) como Leão I[13][14], Gelásio I[15]e Gregório Magno[16]descriam na imaculada conceição de Maria, ao passo em que outros de sua época criam?

Por que João Crisóstomo disse que “não devemos orar a homens, mas a Deus”[17], se o Catecismo Católico diz que devemos rezar “com os santos e para os santos”[18]? Crisóstomo por acaso recebeu a tradição oral errada? Por que a tradição oral romana diz que os templos deveriam ser adornados de imagens, se isso não existia na tradição oral ortodoxa? Por que Eusébio relaciona as imagens de Pedro e Paulo ao uso pagão existente entre os pagãos[19], e não entre os cristãos? Por que quando Epifânio viu imagens de Cristo ou algum santo dentro de uma igreja não achou totalmente normal e “de acordo com a tradição”, mas rasgou aquele véu?

“Eu encontrei um véu suspenso nas portas desta mesma igreja, o qual estava colorido e pintado, ele tinha uma imagem, a imagem de Cristo pode ser ou de algum santo; eu não recordo mais quem ela representava. Eu, pois, tendo visto este sacrilégio; que numa igreja de Cristo, contra a autoridade das Escrituras, a imagem de um homem estava suspensa, lacerei aquele véu[20]

Por que Agostinho pregou tão incisivamente que a pedra de Mateus 16:18 era Cristo e não Pedro[21], se a tradição da Igreja da época, segundo os católicos, dizia que era Pedro? Por que a Didaquê, que data do fim do primeiro século, diz que o batismo era para ser praticado em águas correntes[22], se a tradição oral dos católicos diz que era por aspersão? Por que a Epístola de Barnabé[23], o Pastor de Hermas[24]e Cirilo de Jerusalém[25]dizem explicitamente que o batismo era praticado por imersão? Onde estava a autoridade da tradição oral de Roma para provar o contrário? Por que não preservaram a tradição oral correta sobre essas e outras questões semelhantes? E o que nos garante que o mesmo não possa ter ocorrido com os outros dogmas católicos?

Todas essas divergências entre as tradições poderiam ser facilmente explicadas e deduzidas pelo fato de que todos os Pais se baseavam nas Escrituras para formular doutrina, e as interpretações de alguns autores podem ser diferentes das interpretações de outros. É por isso que entre os evangélicos também há divergências doutrinárias assim como havia entre os Pais da Igreja. Mas se existia uma “tradição oral” doutrinária, pregando doutrinas que não se encontram em lugar nenhum da Bíblia, correndo incorruptivelmente a solta nos primeiros séculos sem ter sofrido nenhum tipo de alteração, invenção ou acréscimo, e guardada em particular pela Igreja de Roma, então é óbvio que todas essas divergências seriam solucionadas pela tradição, que colocaria um ponto final em qualquer discussão, o que nunca aconteceu.

Mesmo quando acontecia de existirem tradições conservadas por alguma igreja (e não de âmbito doutrinário, senão de costumes) elas eram contraditórias umas às outras, razão pela qual não poucas vezes surgiam discussões sobre qual tradição era a verdadeira. É claro que tais divergências surgiam porque uma ou outra tradição havia sido inventada ou corrompida com o tempo. A tradição oral é como um telefone sem fio: a mensagem que chega ao outro lado quase nunca é exatamente a mesma mensagem inicial. Ela passa por mudanças, transformações e acréscimos que não preservam o conteúdo original. Muita coisa foi acrescentada àquilo que foi pregado oralmente pelos apóstolos e foi chamada igualmente de “tradição”. Razão pela qual essa Igreja Romana é hoje um verdadeiro covil de heresias.

Portanto, não tem jeito. A tradição oral foi corrompida com o tempo, assim como na brincadeira do telefone sem fio a mensagem que chega ao outro lado é quase sempre diferente da mensagem inicial. Mas então onde podemos ter segurança da mensagem que foi transmitida? Na Bíblia. Por quê? Porque a Bíblia, diferentemente da tradição oral, não foi corrompida. Existem mais de 26 mil manuscritos neotestamentários antigos bem preservados. Isso é muito mais do que qualquer outro documento da história antiga. Para ter um parâmetro, a segunda obra antiga com maior número de documentos é a Ilíada de Homero, com 643. Isso garante a autenticidade e conservação do NT em vista de qualquer outro documento antigo já feito.

Portanto, se a tradição se corrompeu com o tempo e a parte escrita (Sagrada Escritura) se preservou, temos somente na Escritura (=Sola Scriptura) a segurança daquilo que nos foi originalmente transmitido pelos apóstolos. O demais da argumentação do Olavo é apenas a repetição daquilo que é exaustivamente argumentado pelos católicos em tudo quanto é lugar, omitindo fatos importantes, tais como:

1) A Igreja que reconheceu o cânon não era a Igreja Romana. A Igreja Ortodoxa, por exemplo, é ainda mais antiga que a Romana. Os cristãos foram pela primeira vez chamados assim em Antioquia, não em Roma (At.11:26). O evangelho chegou antes em Antioquia (território da Igreja Ortodoxa) do que em Roma. E mesmo sendo mais antiga que a Igreja Romana e também tendo listas de sucessão apostólica que remetem aos apóstolos, as igrejas ortodoxas mantêm diversos pontos de vista divergentes em relação à Romana, no que tange a batismo, purgatório, limbo, juízo, dogmas marianos e muitos outros. O católico romano pode afirmar que os ortodoxos se separaram deles em 1054 d.C, mas esquece-se de que, para os ortodoxos, foram os romanos quem se separaram em 1054 d.C, e eles têm argumentos bem melhores para isso. O fato é que, se esse argumento prova a autoridade de alguma igreja, nunca saberíamos ao certo qualé essa igreja, visto que na era apostólica existiam muitas igrejas que não tinham nada de Igreja Romana.

2) Essa Igreja-ekklesiaem um conceito bíblico não é uma instituição religiosa em particular, mas meramente a reunião de todos os que buscam a Deus com sinceridade de coração e em espírito em verdade. Para essa compreensão é muito útil a leitura desses meus dois artigos:



E, se a Igreja de Cristo não é uma instituição, perece o argumento católico de que alguma igreja institucional ganhe tal autoridade.

3) Nenhuma igreja definiu cânon nenhum, ela apenas reconheceu aquilo que já era. O evangelho de Mateus sempre foi inspirado, ele não se tornou inspirado a partir do dado momento em que o Concílio de Hipona, Cartago ou Trento disse que ele era inspirado. Nenhuma igreja institucional nem cristão nenhum definiu algum cânon, ou decidiu quais livros seriam inspirados e quais não eram, eles apenas tiveram o discernimento do Espírito Santo para reconhecerem quais eram os livros inspirados e quais não eram, o que é bem diferente. E isso tudo numa época em que a doutrina dos Pais da Igreja era muito mais pura do que a doutrina romanista atual.

Por exemplo:

a) Naquela época a maioria dos Pais da Igreja não cria na imaculada conceição de Maria:


b) Naquela época a maioria dos Pais da Igreja cria no cânon bíblico judaico/protestante do Antigo Testamento:



c) Naquela época a maioria dos Pais da Igreja não eram preteristas:


d) Naquela época a maioria dos Pais da Igreja não cria na imortalidade da alma:


e) Naquela época os Pais da Igreja não criam no primado do bispo romano:




f) Naquela época o conceito de “Igreja Católica” era totalmente diferente:


g) Naquela época o conceito de “tradição” era totalmente diferente:


h) Naquela época a maioria dos Pais da Igreja cria na Sola Scriptura:


E por aí vai. Poderíamos fazer uma lista gigantesca de artigos que mostram documentalmente que os Pais da Igreja não criam na grande maioria das doutrinas católicas. Apenas parte deles cria em algumas doutrinas católicas atuais, pois a Igreja Romana é fruto de alterações, acréscimos e adulterações doutrinárias que foram surgindo ao longo dos séculos. Portanto, o argumento católico de que os Pais da Igreja aprovaram o cânon bíblico nos concílios e que isso leva à autoridade da Igreja Romana é ridículo porque:

A Igreja (ekklesia), no conceito bíblico e cristão, não é uma instituição religiosa em particular, mas a reunião de todos os verdadeiros cristãos existentes nas mais diversas partes do mundo.

Se a Igreja fosse uma instituição, isso não remeteria necessariamente à instituição Romana, porque ela não era a única que existia nos primeiros séculos. Na verdade, ela historicamente não é nem mesmo a “primeira”.

Mesmo se essa instituição fosse a Romana, isso não daria autoridade a ela, visto que ninguém definiu ou decidiu quais livros eram inspirados e quais não eram, mas apenas reconheceu aquilo que já era, por inspiração do Espírito Santo, e não por autoridade dos bispos romanos.

Por fim, os Pais da Igreja não eram católicos romanos, não criam na grande maioria dos dogmas católicos atuais, não tinham a visão que os romanistas possuem hoje e não reconheciam o pontífice romano como superior em autoridade em relação a todos os outros.

Essas falácias católicas podem ser resumidas naquilo que um católico escreveu a mim há alguns dias, dizendo:

“Confiar na Bíblia sem confiar na Igreja que formulou o cânon me parece impossível. É como dizer que o que lhe sustenta é o galho e mandar cortar a árvore”

A parte sobre o cânon bíblico já foi refutada, mas repare em um detalhe interessante que ele abordou: a analogia entre o galho e a árvore. Isso me lembrou imediatamente a mesma analogia que o apóstolo Paulo fez sobre o mesmo tema ao escrever aos romanos, mas com uma aplicação totalmente diferente. Para os católicos, como o que me escreveu, a Bíblia é “filha da Igreja”, ou seja, a Igreja Católica é a “árvore” e a Bíblia é o “galho”. A Igreja Romana, então, jamais pode se desviar da verdade, pois é ela que sustenta tudo, inclusive a Bíblia. Mas na analogia de Paulo ele escreveu exatamente o inverso.

Vejamos:

“Se alguns ramos foram cortados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da seiva que vem da raiz da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, saiba que não é você quem sustenta a raiz, mas a raiz a você. Então você dirá: ‘Os ramos foram cortados, para que eu fosse enxertado’. Está certo. Eles, porém, foram cortados devido à incredulidade, e você permanece pela fé. Não se orgulhe, mas tema. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará você. Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para com você, desde que permaneça na bondade dele. De outra forma, você também será cortado” (Romanos 11:17-22)

Paulo estava escrevendo aos romanos, ou seja, a Igreja de Roma. Que oportunidade perfeita ele teria para realçar o argumento católico de que são eles a raiz que sustenta toda a árvore! Mas, ao contrário, ele diz que não eram eles que sustentavam a raiz, mas a raiz a eles! Em outras palavras, a Igreja de Roma não era autoridade sobre o evangelho (Sagrada Escritura), mas o evangelho era autoridade sobre eles! Por isso, Paulo diz para eles não se orgulharem, mas temerem. Mas temerem o que? Isso ele responde logo em seguida: temerem serem cortados do Reino, pois da mesma forma que Deus não poupou os romanos naturais (judeus) ele também não pouparia “você”, isto é, os romanos!

Em outras palavras, Paulo diz claramente que da mesma forma que o povo judeu caiu em apostasia a Igreja de Roma também poderia cair em apostasia. Que, da mesma forma que os judeus usaram as Escrituras, a guardaram por séculos e reconheceram o cânon veterotestamentário e mesmo assim foram cortados por caírem em apostasia, da mesma forma iria acontecer com a Igreja de Roma. Que não era a Igreja de Roma que sustentava a raiz, mas a raiz que a sustentava.

Portanto, o principal erro católico está em pensar que uma Igreja institucional sustenta a Bíblia e que a Bíblia é dependente de alguma instituição religiosa em particular. Quando, na verdade, é precisamente o inverso: são as igrejas institucionais, denominações, congregações e comunidades cristãs que tem que estar sustentadas sobre as Escrituras, condicionando seus ensinamentos à obediência à Palavra de Deus. Porque, se não forem obedientes à Bíblia, serão cortados da mesma forma que os ramos naturais (judeus) foram. No caso da Igreja de Roma, já foi cortada há muito tempo.

Um outro rapaz católico que comentou a declaração do Olavo disse:

"As Escrituras são apenas registros escritos de uma Tradição. Não significam a totalidade da Tradição. Tanto é verdade que os judeus têm o Talmude para fundamentar a Tradição Judaica, como os cristãos verdadeiros interpretam conforme a apologética católica e a Tradição repassada pelos apóstolos e os concílios"

Ele afirma que os judeus tinham uma tradição oral que foi colocada por escrito no Talmude. Isso é verdade. Ele só se esqueceu de dizer que o próprio Senhor Jesus repreendeu essa tradição, como fica bem claro no Novo Testamento:

Mateus 5:13 - E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?

Mateus 15:6 - Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.

Marcos 7:3 - Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.

Marcos 7:6,7 - Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

Marcos 7:8 - Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens.

Marcos 7:9 - Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!

E a mesma lógica se aplica à tradição católica. Se a tradição oral judaica foi corrompida, então o que impede a tradição oral católica de também ter sido corrompida? Afinal, Paulo diz que, da mesma forma que Deus não poupou os romanos naturais (judeus), também não pouparia os que foram enxertados, o que inclui os próprios romanos (Igreja de Roma) aos quais ele escrevia. Então a tradição católica é tão propícia de ser corrompida com o tempo quanto a judaica que se corrompeu. E tão propícia a ser repreendida por Jesus como Ele rejeitou a dos fariseus.

Notem também que Jesus não apenas disse que os judeus se corromperam pela tradição oral, mas que assim eles estavam anulando as Escrituras. Então é óbvio que Jesus era "Sola-Scripturista". Para ele, as tradições que não tem base bíblica a anulava.


CONCLUSÃO

Os argumentos de Olavo de Carvalho apenas refletem os argumentos de todos os blogueiros e apologistas católicos que repetem aos montões as mesmas ladainhas que dizem respeito à tradição, cânon e Sola Scriptura. Todos eles repetem as mesmas falácias, para iludir as mesmas pessoas. Muitos têm sucesso, pois é necessário fazer algum esforço para descobrir a verdade e refutar tais falácias, tal como estudar a Bíblia e a história. Pouco estudo, ou um estudo puramente superficial, pode levar alguém às trevas do catolicismo romano. Mas muito estudo, sólido e aprofundado, liberta das trevas para a gloriosa luz do evangelho da glória de Cristo.

Porque a verdade liberta, e não aprisiona ao erro. Mas será que os católicos estão realmente dispostos a seguirem a verdade? Não sabemos. Muitos estão tão presos à tradição que é praticamente impossível. Outros, com a mente mais aberta, estão mais propícios a mudarem de mentalidade. E se com essa mente aberta estudarem a Bíblia e a história cristã, descobrirão que o protestantismo não é uma “outra religião”, mas simplesmente o retorno às raízes do Cristianismo apostólico. Uma reforma a um Cristianismo puro e simples. Onde a tradição está sujeita à autoridade das Escrituras, e qualquer instituição religiosa, até mesmo a romana, também. E onde a verdade é conhecida, e a verdade liberta.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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[1]BACCHIOCCHI, Samuelle. “Roma e a controvérsia da Páscoa”. Disponível em: <http://www.nossasletrasealgomais.com/2011/07/roma-e-controversia-da-pascoa.html>. Acesso em: 04/10/2013.
[2] Eusébio de Cesareia, HE, Livro V cap. XXIV.
[3] Hans van Campenhausen, Os Pais da Igreja, pág.24.
[4] Eusébio de Cesareia, HE, Livro V, 24:16-17.
[5]Eusébio de Cesareia, HE, Livro III, 3:5.
[6] Eusébio de Cesareia, HE, Livro II, 1:2.
[7] Homília 17, sobre Lucas.
[8] De Anima” XI.
[9] Homília sobre Mt 12:48.
[10] Homília Sobre João 2:4.
[11] Ambrósio de Milão, “Do Pecado”.
[12] Catechetical Lectures, Lecture 2, Section 10.
[13] Sermão 24, “In Nativitati Domini”.
[14] Sermão 25.
[15] Epistola Ad Episcopos Per Lucaniam Brities Et Siciliam Constitutos.
[16] Homília “In Nativitati”.
[17]Homílias sobre São Mateus, 19,3.
[18] §2679 do Catecismo Católico.
[19]Eusébio de Cesareia, HE, Livro VII, 18:4.
[20] Jerome, Lettres, Paris 1951, pag. 171.
[22]Didaquê, 7:1-3.
[23]Epístola de Barnbé, 11:11.
[24] O Pastor de Hermas, 31.
[25]Segunda Catequese Mistagógica, 4.

Comentários

  1. Meu caro Lucas você subiu ainda mais no meu conceito, além de ser o teólogo mais inteligente e abençoado que conheço, tem culhões; você até me lembra o apóstolo Paulo.

    Abraços caro irmão.
    Ass: Eremilson

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    1. Oi, Eremilson, sinto-me honrado pelo seu comentário, mas eu não chego nem aos pés do apóstolo Paulo...rs. Um forte abraço!

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  2. Sobre o limbo você se enganou:

    http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL24736-5602,00.html

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    1. Em que este artigo prova que "eu me enganei"? Pelo contrário, ele só prova que as doutrinas da sua igreja são MUTANTES, uma hora creem no limbo, depois de séculos ensinando isso voltam atrás e dizem que ele NÃO EXISTE! E onde ficam as milhares de pessoas (católicas) que já creram nele? E a tal da "infalibilidade papal"? Onde esteve algum papa iluminado em todos esses séculos para proclamar ao mundo que o limbo é uma mentira, ao invés de deixar milhões de católicos crerem nessa farsa e demorar MILHARES de anos para algum papa mais corajoso admitir isso publicamente? Por que os outros papas não fizeram isso antes? Por que deixaram que os fieis romanistas cressem em uma mentira?

      E onde vai parar toda a argumentação católica em torno do limbo? Por exemplo:

      http://www.montfort.org.br/limbo-nao-existe/

      Será que os donos da Associação "Cultural" católica da Montfort vão reconhecer que estavam ERRADOS e enganando as pessoas ao ensinarem a existência do limbo a elas? E onde vai parar todas aquelas citações papais, que eles mostraram no artigo deles? Vai tudo para a lata do lixo também? Onde vai parar a declaração deles, de que o limbo possui "provas da Sagrada Escritura, como também a palavra de um padre da Igreja e do maior teólogo de todos, e mais importante, o ensinamento de um papa"?

      Sinceramente, essas "argumentações" católicas só me fazem rir. E muito.

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  3. Olá Lucas, mais uma vez um belo texto.

    Eu sinto muita tristeza em ver que um filósofo como Olavo de Carvalho e tantas outras pessoas inteligentes tentando se basear em fálacias para explicar o inexplicável.

    Acho que a única coisa que posso fazer atualmente é orar por estes, pois uma pessoa com tão pouco conhecimento como eu não terá capacidade para explicar a estes o quanto estão errados em suas crenças. Desejo que continue sua luta desmascarando as mentiras católicas.

    Fik com Deus

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    1. O Olavo de Carvalho realmente é brilhante em tratar sobre as questões que envolvem o marxismo cultural, a refutação ao pensamento esquerdista que é tendência no mundo todo e em diversas outras questões, mas, como diz a Escritura, "a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia" (1Co.3:19). Ou seja: uma pessoa pode ser extremamente sábia em se tratando de assuntos seculares, mas pouco em se tratando da própria doutrina. Neste sentido, o Olavo foi muito mal influenciado pelos católicos que o rodeiam. Cabe a nós orarmos por eles. Um abraço e que Deus lhe abençoe!

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    2. Prezado Lucas, muito boa a análise sobre Olavo de Carvalho. Como nos é aconselhado: retenham o que é bom. Marcos Oliari

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  4. Lucas, seu blog já faz parte das leituras do meu dia a dia. Parabéns pelas refutações como essa e outras!
    Você quem sabe um dia estará na Conciência Cristã como palestrante, vou orar por isso kkkkk. Deus te ilumine mais e mais com esse dom da escrita.

    Sandro.

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    1. Obrigado, Sandro, queira Deus que um dia eu tenha essa honra :)

      Um forte abraço!

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  5. Cinco perguntas a que nenhum protestante consegue responder (mas qualquer católico consegue)

    Autor: Prof. Carlos Ramalhete

    1 - Por favor, diga-me uma razão para aceitar a Bíblia que um muçulmano não poderia usar para considerar o Corão inspirado por Deus.

    R - Os católicos aceitamos a Bíblia como Palavra de Deus porque a Igreja que Cristo fundou e confiou a São Pedro (Mt 16,18), e que é a Coluna e Firmamento da Verdade (1Tim 3,15), diz que a Bíblia é Palavra de Deus. Como dizia Santo Agostinho, "creio nos Evangelhos porque a Santa Madre Igreja me diz para crer neles".

    2 - Por favor, diga-me porquê você aceita apenas uma parte da Bíblia (afinal, a lista de livros que compõem o Novo e o Antigo Testamento foi determinada ao mesmo tempo - aliás, junto com o título de Mãe de Deus para Nossa Senhora - e você aceita apenas parte do Antigo Testamento), e com que autoridade você o faz.

    R - Os católicos aceitamos a Bíblia em sua íntegra porque a lista de livros que a compõem foi definida pela Igreja em 397 d.C., sob a autoridade do Sucessor de Pedro Papa São Dâmaso I.

    3 - Por favor, diga-me porque a Bíblia teria precisado de quase 1600 anos para ser entendida corretamente, se ela é teoricamente algo que qualquer um pode ler e entender.

    R - Os católicos sabemos que a Bíblia não é algo que qualquer um pode ler e entender sem ajuda (2Pd 3,16, At 8,31), e sabemos que Cristo confiou a São Pedro, o primeiro Papa, a tarefa de tomar conta de Seu rebanho, a Igreja (Jo 21,15-17). Nós seguimos o que os Sucessores de Pedro nos transmitem.

    4 - Por favor, explique como alguém pode saber se entendeu a Bíblia corretamente, se ele só pode confiar na Bíblia, e em mais nada; afinal existem cerca de 30.000 seitas protestantes no mundo, cada uma entendendo a Bíblia de maneira diferente e todas achando que estão certas.

    R - Os católicos sabemos que é a Igreja que Cristo fundou e confiou a São Pedro (Mt 16,18), e que é a Coluna e Firmamento da Verdade (1Tim 3,15), quem tem a missão de ensinar (Mt 28,19), e que as Escrituras não devem sofrer interpretação particular (2Pd 2,20), pois quem o faz comete erros que o conduzem à perdição (2 Pd 3,16). Assim, sabemos que a explicação feita pela Igreja está certa, e está errada qualquer interpretação diferente desta.

    5 - Por favor, prove usando apenas a Bíblia que ela é o que você considera que ela seja (ou seja, a única fonte de Verdade Revelada, composta pelos livros que você aceita, todos eles e só eles). Claro que todo mundo sabe que a Bíblia é Palavra de Deus, boa para o ensino, etc. e tal, mas por favor, tente provar que ela é a única fonte de Palavra de Deus, composta pelos livros que você aceita, todos eles e só eles.

    R - Ao contrário dos protestantes, que acreditam na heresia chamada "Sola Scriptura", segundo a qual apenas a Bíblia é Palavra de Deus, os católicos sabemos que além da Bíblia, que não tem toda a Palavra de Deus e não está completa, (Jo 20,30-31; Jo 21,25; 2Ts 2,14), há ainda a Tradição Oral, também revelada por Deus, que deve ser seguida (2 Ts 2,15; 2Ts 3,6; 2Tm 1,13; 1 Cor 11,2; Gl 1,14, 1Tm 6,20; 2Tm 1,14; 2Tm 2,2, etc.). O próprio São Paulo, em At 20,35, cita palavras de Cristo que não estão em nenhum dos Evangelhos , dizendo aos bispos de Éfeso que eles devem lembrar-se delas. Sabemos ainda que os livros que compõem a Sagrada Escritura são os que a Igreja determinou em 397 d.C., mais de mil anos antes dos primeiros protestantes arrancarem sete livros de suas bíblias em 1517 d.C.

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    1. Refutado:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/11/cinco-perguntas-ridiculas-que-qualquer.html

      Volte sempre.

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  6. Lucas, você conhece esse blog diabólico? Veja: http://refutacoes.wordpress.com/

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    1. Não conhecia, dei uma lida agora neste blog (não deu para ler tudo porque é um conteúdo muito grande, e por isso me dirigi direto à parte em que eles tentam "refutar" a ressurreição de Jesus), e eles usam argumentos que só não digo que são ridículos porque ridículo é pouco para aquilo. Eles abordam o tema superficialmente, tudo o que eles escreveram já foi refutado por muitos apologistas cristãos de verdade, por exemplo no livro "Não tenho fé suficiente para ser ateu", escrito por Norman Geisler e por Frank Turek. Eu também estou escrevendo um livro sobre isso, que refuta essas teses dos liberais e pseudo-cristãos, que só enganam os mais incautos e despreparados.

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  7. Ainda estou no aguardo das respostas às minhas cinco perguntas. Se não é capaz de respondê-las então seja honesto e deixe os visitantes a verem.

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    1. Já foi refutado faz tempo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/11/cinco-perguntas-ridiculas-que-qualquer.html

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  8. Oi Lucas, estou precisando de um material que explique muito bem, para um iniciante em apologética cristã, os conceitos iniciais de: Igreja primitiva, os pais da igreja primitiva, processo histórico da formação do cânon (novo e antigo testamento), primeiras traduções da Bíblia (Septuaginta, etc), formação das igrejas em Roma e Ortodoxa, etc... preferencialmente através de vídeo! Você conhece algum link ou site que venda um material que contemple essas coisas? Veja: http://www.youtube.com/watch?v=HFDoM5zXv6M (de 9:00 a 13:55); Pir conta dessas alegações é que tenho interesse e compreender essa realidade, e o desejo o mais rápido possível! Forte abraço, Deus te abençoe!

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    1. Olá, Luiz, há bastante material aqui mesmo no site sobre estes assuntos, confira uma lista de artigos sobre os temas que você citou:

      -Os judeus e o cânon veterotestamentário:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/06/os-judeus-e-o-canon-veterotestamentario.html

      -Desmascarando os livros apócrifos com a patrística (PARTE 1):

      http://www.apologiacrista.com/index.php?pagina=1086893398

      -Desmascarando os livros apócrifos com a patrística (PARTE 2):

      http://www.apologiacrista.com/index.php?pagina=1086905743

      -Os Pais da Igreja eram católicos romanos?

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/11/os-pais-da-igreja-eram-catolicos-romanos.html

      Há muitos outros artigos sobre os respectivos temas, basta clicar no menu à direita, no tema que você procura (há dezenas de artigos sobre cânon bíblico e Pais da Igreja). Fernando Saraví também escreveu sobre a origem e desenvolvimento do cânon do AT e do NT, você pode conferir aqui:

      http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/04/formacao-do-canon-do-novo-testamento_2248.html

      http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/01/evidencia-do-canon-hebreu-antes-da.html

      http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/01/o-canon-do-antigo-testamento.html

      http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/01/o-canon-do-antigo-testamento-antes-do.html

      Não tenho material em vídeos, no momento eu trabalho apenas com material escrito.

      Deus te abençoe.

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  9. Lucas, queria que você desse uma olhada nesse artigo que com 21 argumentos contra a Sola Scriptura:

    http://www.catholicapologetics.info/apologetics/protestantism/sola.htm

    Muitos são facilmente refutados, e mesmo assim o artigo é bem longo para você responder em um comentário apenas. Portanto, queria que você apenas esclarecesse o ponto 3 e o ponto 5:

    3. A Bíblia chama a igreja e não a Bíblia, a "coluna e fundamento da verdade".

    5 própria Escritura afirma que é insuficiente em si mesmo como um professor, mas precisa de um intérprete.

    Como responder a esses questionamentos?

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    1. Oi Matheus, meu inglês é sofrível, mas vamos lá:

      (1) Sobre o ponto 3 que você fez menção, há um erro interpretativo gritante na interpretação que eles fazem deste verso. Paulo não está dizendo que a Igreja é uma instituição religiosa e que a verdade está dependente dessa instituição - e muito menos está dizendo que esta instituição é a católica romana. Já mostrei em diversos artigos (os quais você já deve conhecer) que Igreja, no conceito bíblico, nunca foi nem nunca será uma instituição, mas são os próprios cristãos como um todo.

      Então, o texto está falando que os cristãos (ou seja, o Corpo de Cristo, e não uma instituição) são a coluna da verdade. Mas como assim? Ora, o que Paulo diz aí é exatamente o mesmo que ele fala em Gálatas 2:9, em que ele diz que Tiago, Pedro e João eram considerados COLUNAS. Na verdade, todo verdadeiro cristão é uma coluna. Mas o que é uma coluna? A coluna é algo que está sobre outra coisa. A coluna "da" verdade não é algo que dá base à verdade, como se a verdade estivesse dependente dela, mas é algo que está sobre a verdade, ou seja, que está dependente da verdade, e não a verdade dela.

      Portanto, o que o texto simplesmente está dizendo é que nós, cristãos, a Igreja, temos a obrigação de anunciar a verdade, pois somos colunas dela. Nós, como a Igreja, temos a obrigação de anunciar Cristo às nações. Nada tem a ver com instituições religiosas, nada tem a ver com manipular a verdade para si, nada tem a ver com colocar a verdade absoluta como dependente de uma instituição. Da mesma forma que Tiago, Pedro e João eram colunas mas isso não significava que eles não poderiam perder a salvação caso pecassem, igualmente os cristãos (Igreja) são colunas da verdade, mas isso não significa que os que pecarem não irão se separar da verdade e consequentemente deixarem de ser colunas. Isso obviamente ocorreu com os cristãos católicos que já deixaram a verdade de lado há muito tempo.

      (2) Sobre o ponto 5, o mais engraçado é que ele confirmou um dos princípios da Sola Scriptura, que é a SUFICIÊNCIA DA BÍBLIA. Fenomenal! Ele apenas diz que a Bíblia não pode ser interpretada sem a ajuda de um magistério ou de uma tradição. Isso é o mesmo que afirmam os cristãos ortodoxos. Mas como um católico pode provar a um ortodoxo que é a tradição da Igreja DELES que interpreta corretamente a Bíblia, e não a tradição de um ortodoxo? Ele não pode. Por isso, mesmo se o argumento dele estivesse certo, ficaríamos tão desnorteados para saber a interpretação correta quanto se adotássemos o livre exame protestante.

      O resto dos argumentos dele contra o livre exame, incluindo os versículos bíblicos que ele usou, eu já comentei e refutei neste artigo, vale a pena dar uma olhada:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/08/o-livre-exame-apoiado-pela-biblia.html

      Abraços.

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  10. A Bíblia não diz,Caro Lucas, que " todos os cristãos verdadeiros são colunas".Pedro,João e Tiago eram colunas porque tinha autoridade apostólica até porque o critério de "cristão verdadeiro" para definir quem é "coluna e sustentáculo da verdade-algo tão sério diga-se de passagem- é extremamente vazio e genérico! Eles eram colunas porque tinha autoridade apostólica!

    Qual é o referencial de autoridade da sua Igreja protestante para pergar sobre a Bíblia ? Tu citas as diferenças entre os ortodoxos,mas e as diferenças protestantes?

    Se não posso confiar na autoridade do papa,mas posso confiar no meu próprio umbigo para interpretar a bíblia quer dizer que eu tenho autoridade e sou coluna da verdade para pregar o que quiser?

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    1. Caro apologista católico, a ideia de que as colunas se refiram apenas aos apóstolos não é bíblica, é ideia sua. O que era uma coluna? Era o que estava sobre a verdade. Se nós, cristãos “comuns” e não apóstolos não somos colunas, então não estamos edificados na verdade. Por essa lógica, todos os leigos estão na mentira, no erro, só os apóstolos estavam na verdade! Isso é fácil de ser refutado biblicamente, pois a Escritura chama todos nós de sacerdotes, e não apenas os apóstolos:

      “Vocês, porém, são geração eleita, SACERDÓCIO REAL, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9)

      “E para o nosso Deus NOS FIZESTE REIS E SACERDOTES; e reinaremos sobre a terra” (Apocalipse 5:10)

      Mas se o que você quer discutir é sobre sucessão apostólica, leia este artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/10/crente-pode-fundar-igreja-sem-sucessao.html

      E sobre divisão entre protestantes:

      http://www.apologiacrista.com/index.php?pagina=1086930433

      Sobre interpretar a Bíblia, não é “qualquer” evangélico que pode. É qualquer um que esteja preparado para isso, que saiba interpretar textos, que saiba fazer exegese, que respeite as normas da hermenêutica, que estude. Dizer que o papa é essa única pessoa que pode interpretar corretamente não ajuda muito as coisas. Honório I, o papa que foi denunciado em um concílio ecumênico por heresia, sabia interpretar bem a Bíblia? E quando a Igreja Católica tinha três papas ao mesmo tempo disputando o trono e se excomungando mutuamente, qual deles sabia interpretar bem a Bíblia? E quanto aos papas ao longo da história que foram imorais, pedófilos, assassinos, estupradores, sodomitas, homossexuais e sádicos, eles sabiam interpretar bem a Bíblia?

      E o papa Francisco, que contradisse multidões de católicos no mundo quando disse que a RCC faz bem à Igreja Católica, ele sabe interpretar a Bíblia? E como você pode provar que é o papa de Roma e não o patriarca ortodoxo que sabe interpretar bem a Bíblia? Ambos têm sucessão apostólica, guardam a tradição e tem dois mil anos. Como você pode provar? E como você explica a divisão na Igreja Católica, mesmo com uma autoridade máxima (papa)? Por que há católicos que creem no dom de línguas e outros que não creem? Qual deles sabe interpretar bem a Bíblia?

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  11. Lucas, tudo na paz?! Apenas uma pergunta: Olavo argumenta da seguinte maneira: "Mostre-me, nos Evangelhos, um só versículo que os afirme como única fonte confiável sobre os ensinamentos de Jesus."
    Veja: Ele diz NOS EVANGELHOS, (em sentido lato, na Bíblia) Ok? Mas o que você faz é argumentar fora da Bíblia, ou seja, você recorre a própria tradição se utilizando de Eusébio, Didaquê etc., para provar suas afirmações. E antes que você pense que sou mais um olavete revoltado ou um católico de plantão, saiba que não sou. Apenas acho que o questionamento não foi devidamente respondido.

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    1. Eusébio, a Didaquê e os Pais da Igreja NÃO SÃO a "tradição" para a Igreja Romana, de outra forma eles teriam que crer em tudo o que os Pais afirmam, e neste caso eles não creriam em 99% das coisas que eles creem hoje, pois já foram negadas por algum Pai da Igreja no passado. O que eles aceitam como "tradição" é um conceito ARBITRÁRIO, que seleciona algumas coisas que eles querem na patrística, rejeitando um outro tanto gigantesco de coisas, e adicionando outras mais que nem os Pais disseram. Eu escrevi sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/11/o-milenarismo-dos-primeiros-pais-da.html

      É claro que os primeiros ouvintes de Paulo, Pedro, João, etc, iriam tomar como regra de fé não apenas o que eles escreveram, mas também o que eles disseram pessoalmente. Isso é óbvio. Mas a questão é como que nós HOJE EM DIA podemos chegar com segurança ao conteúdo que foi pregado originalmente pelos apóstolos, e neste caso só nos resta a Escritura, o resto é ESPECULAÇÃO, e a Igreja Romana ama as especulações para fundamentar suas doutrinas antibíblicas.

      Para dar uma analogia, seria como se você quisesse seguir hoje toda a doutrina de Platão. Os primeiros ouvintes de Platão tinham o conteúdo oral (do que Platão dizia) e o escrito, mas se você quiser hoje em dia seguir Platão você só tem o que foi conservado, isto é, o que foi escrito. Você simplesmente não pode saber o que Platão disse ou não disse, mas você tem acesso seguro ao que ele ESCREVEU. Eu escrevi sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/11/como-funciona-sola-scriptura-de-forma.html

      E sobre a falácia da tradição oral, nestes outros dois:

      http://apologiacrista.com/telefone-sem-fio-tradicao-oral

      http://apologiacrista.com/tradicao-apostolica

      Por fim, dizer que a Sola Scriptura precisa ter um verso bíblico "x" dizendo que "só a Bíblia é regra de fé" é uma falácia. Sola Scriptura não é uma doutrina à parte para ter que estar dentro do próprio conceito de "Sola Scriptura", é simplesmente um PRINCÍPIO que AFIRMA que as doutrinas hoje nós só encontramos seguramente na Bíblia, e para chegar a este princípio não é necessário texto x ou y, mas apenas um silogismo lógico e autoevidente:

      • Existem duas formas de se chegar ao que foi ensinado originalmente por Jesus e por seus apóstolos: por aquilo que foi transmitido oralmente e por aquilo que foi escrito.

      • Aquilo que foi transmitido oralmente se perdeu com o tempo e passou por acréscimos, mudanças e alterações ao longo dos séculos, ou seja: corrompeu-se. Igual ocorreu com a tradição oral judaica, que foi duramente repreendida por Jesus (Mt.15:3-6; Mc.7:3-9).

      • Aquilo que foi transmitido por escrito – e que está guardado nas Sagradas Escrituras – conservou-se preservado e inalterável ao longo dos séculos até hoje.

      • Portanto, se somente a transmissão escrita preservou-se, temos uma base sólida para o princípio da Sola Scriptura – somente as Escrituras.

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    2. Oi Lucas, tudo bem?
      Você começa afirmando "Eusébio, a Didaquê e os Pais da Igreja NÃO SÃO a "tradição" para a Igreja Romana" [...]. Claro Lucas, tanto é que eu usei o termo [tradição] e não [Tradição]. Pois, para a Igreja de Roma a Tradição é " é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e, através deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo". (http://www.portalcarismatico.com.br/menu/download/Comp%C3%AAndio.pdf)
      O fato é que você recorre a fontes externas para justificar sua linha de pensamento. Ou seja, aos pais da igreja. Logo em seguida você conclui: "Por fim, dizer que a Sola Scriptura precisa ter um verso bíblico "x" dizendo que "só a Bíblia é regra de fé" é uma falácia".
      Ora Lucas como assim? E como ficam as palavras de Tertuliano citadas por você: "Mostre-nos a escola de Hermógenes que o que ela ensina está escrito: se não está escrito, trema em vista do anátema fulminado contra aqueles que acrescentam à Escritura, ou tiram alguma coisa dela”. (Em defesa da Sola Scriptura, p. 23) [o grifo é meu.].
      Segue você: " Sola Scriptura meramente significa que as doutrinas precisam estar na Bíblia, mas Sola Scriptura não é uma outra doutrina, mas simplesmente um lema, um princípio ao qual podemos chegar através da Bíblia ou de argumentos lógicos e racionais". (http://apologiacrista.com/sola-scriptura). [o grifo é meu.].
      Seja um princípio ou um lema ele está fora da Bíblia. E veja, a Sola Scriptura não um "principiozinho" qualquer, é um dos princípios fundamentais da fé cristã. E ele está textualmente fora da Bíblia, não há como negar isto. E finalizando você diz: " Aquilo que foi transmitido por escrito – e que está guardado nas Sagradas Escrituras – conservou-se preservado e inalterável ao longo dos séculos até hoje". [o grifo é meu]. Lucas, nós sabemos que isto não é verdade. Sabemos que não dispomos dos originais e que as nossas Bíblias são fruto de traduções de manuscritos (cópias de cópias) e que, em tais manuscritos, constam uma infinidade de variantes textuais. O próprio Daniel Wallace, um dos maiores críticos textuais vivos e defensor do evangelho reconhece o problema. Ele categoriza as variantes em: Leitura e grafia absurdas; Alterações que não podem ser traduzidas; sinônimos Variantes significativas que não são viáveis e Variantes significativas e viáveis. A própria existência da Crítica Textual já denuncia que não temos um texto harmônico. Por fim, acredito que a Tradição católica seja uma traição ao Evangelho (acho que foi Raimundo de Oliveira quem disse isso), no entanto devo reconhecer que a pergunta católica faz sentido. um abraço.

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    3. De novo, você não está compreendendo bem o princípio da Sola Scriptura e nem a lógica do raciocínio. Releia a minha analogia com Platão, e leia pelo menos alguns dos artigos que eu passei, eu não envio links em minha resposta que não sejam importantes de serem lidos. Suponhamos que você decida hoje seguir todos os ensinos de Platão, que você queira ser um apaixonado platonista. O que você faz? Bom, você tem aquilo que Platão escreveu, e aquilo que os seguidores dele escreveram sobre a doutrina dele. É só isso que você teria - o que foi conservado por ESCRITO. Platão disse outras coisas oralmente? É óbvio que sim. No entanto, o que ele disse e não foi escrito, nós simplesmente NÃO SABEMOS o que é, e qualquer coisa que seja dita estará no campo das especulações. Portanto, mais uma vez repetindo, a única forma SEGURA de se chegar ao ensino de Platão é através do que ele ESCREVEU ou do que seus seguidores diretos ESCREVERAM, e não algum conteúdo oral não-escrito.

      Eu sei que para a Igreja Romana a tradição é "a transmissão da mensagem de Cristo". O problema é que eles não têm NENHUMA evidência de que tenha havido uma tradição oral extrabíblica que se conservou perfeitamente bem na Igreja de Roma e foi transmitida adiante inalteravelmente através dos séculos. Ou seja, é uma afirmação vazia, sem provas. A Igreja Ortodoxa alega A MESMA COISA, e no entanto a tradição deles (que também dizem remeter aos apóstolos e a Cristo) é muitíssima diferente em muitos pontos. Qual tradição é a certa? O romano vai dizer que é a dele (sem evidências), e o ortodoxo vai dizer que é a dele (sem evidências). Como eu escrevi no artigo que você não quer ler, a tradição oral se tornou um "telefone sem fio" ao longo dos séculos, de modo que apelar à Sola Scriptura é mera questão de obviedade e bom senso.

      A citação de Tertuliano que eu fiz tem tudo a ver, sim. Na época de Tertuliano (entre os séculos II e III) o conteúdo do que Cristo supostamente disse oralmente havia se corrompido ou passado por adições e/ou subtrações ao longo dos séculos, de modo que ninguém podia saber com certeza o que foi e o que não foi dito. É por isso que a Igreja da época já fazia questão de fundamentar a doutrina apenas na Escritura.

      Se você realmente lesse Daniel Wallace, iria saber que para este autor o Novo Testamento foi preservado em 99% (outros dizem 99,5%, e outros dizem 99,9%). Isso é obviamente um tanto bastante alto e significativo, SEM COMPARAÇÃO com qualquer obra antiga. E mesmo estes outros 1% ou 0,1% que faltam, Wallace afirma que nenhum deles afeta algum ponto salvífico, ou seja, nenhum texto que comprometa a doutrina cristã. Eu escrevi sobre este assunto da crítica textual aqui:

      http://ateismorefutado.blogspot.com.br/2014/12/a-autenticidade-do-novo-testamento.html

      Então a questão é a seguinte:

      1) Nós temos um texto escrito 99% confiável em nossas mãos, sendo que o pouco que falta não afeta nenhum ponto doutrinário da fé.

      2) Nós não temos NADA que se possa comprovar ter vindo de tradição oral.

      3) Portanto, qualquer pessoa sensata conclui que obviamente devemos nos apoiar nisso que foi escrito – ou seja, Sola Scriptura – em vez de algo que supostamente foi dito oralmente e que ninguém sabe o que foi.

      Novamente, você vai vir dizer que isso “está fora da Bíblia”, mas a Bíblia PRESSUPÕE a lógica e o raciocínio. Você também não vai encontrar nenhum texto em Platão com ele dizendo que “só vale o que eu escrevi”, mas mesmo assim hoje você só tem acesso ao que foi escrito sobre Platão. Não sei por que a lógica tem que se inverter completamente quando em relação à Bíblia.

      Fique com Deus.

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    4. Lucas, saúde e paz para você amigo!!
      Começando pelo finalzinho de suas palavras você diz: (Se você realmente lesse Daniel Wallace ...). Ora amigo mas eu o leio, tanto é assim que tenho em minha casa sua Gramática Grega. E a comprei depois de ter assistido uma palestra promovida pela Igreja Batista da Parquelândia. Palestra esta dividida em 10 partes. Segue o link da primeira caso ainda não teve a oportunidade de assisti-la. [https://www.youtube.com/watch?v=F4FIU3F2b7E].
      Mas se existe 1% de corrupção ou até menos, então segue-se que sua afirmação de que aquilo que foi transmitido por escrito conservou-se preservado e inalterável ao longo dos séculos até hoje não faz sentido. A discussão não diz respeito a gravidade das alterações e sim da existência delas. Mas de 400 mil variantes é trabalho bastante para quebrar a cabeça de qualquer crítico. Tanto é assim que homens como Bruce Metzger e seu discípulo Bart Eherman abandonaram a fé.
      "De novo, você não está compreendendo bem o princípio da Sola Scriptura e nem a lógica do raciocínio. Releia a minha analogia com Platão, e leia pelo menos alguns dos artigos que eu passei, eu não envio links em minha resposta que não sejam importantes de serem lidos".
      Creio na suficiência da Bíblia como regra de fé prática e entendo os riscos da Tradição católica. Leio seus artigos na íntegra e confiro os links apontados. Não tenho preguiça de ler assuntos relacionados à fé. A analogia com Platão é desnecessária e precária em alguns aspectos. Desnecessária uma vez que só um maluco substituiria um texto escrito (fixo) por um boca a boca secular e movediço. Além disso creio que para a ideia de uma Tradição existir primeiro tem que se provar a tal ideia da Sucessão Apostólica. O que também creio ser impossível demonstrá-la. Precária porque não temos os originais de Platão. O que temos são cópias que datam de mais de 1.300 anos depois dos originais. Logo não temos como ter certeza se Platão realmente disse ou não disse determinada coisa ainda que escritas. Pois ao lidarmos com passado remoto trabalhamos com hipóteses e não com certezas.
      Conclui você: "[...] Você também não vai encontrar nenhum texto em Platão com ele dizendo que “só vale o que eu escrevi”, mas mesmo assim hoje você só tem acesso ao que foi escrito sobre Platão. Não sei por que a lógica tem que se inverter completamente quando em relação à Bíblia".
      A lógica não se inverte em relação a Bíblia Lucas. O que acontece é que seja escrita ou oral a verdade é uma só. E a Igreja de Roma crer que os ensinos dos apóstolos restam inalterados através da sucessão apostólica. É uma questão de fé, uma fé capenga, claro, mas fé.
      E veja, embora as evidências mostrem claramente que nossas bíblias sejam frutos de manuscritos que não se comunicam em mais de 400 mil variantes, e ainda que tais distorções não firam o principal da nossa fé, houve adulterações. Não como negar!!

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    5. Bom, se você acompanha o Dan Wallace, então sabe que não é preciso abandonar a fé por causa da Crítica Textual, o próprio Wallace é um dos maiores críticos textuais do mundo e é um cristão ortodoxo e crente na Bíblia. Essas 400 mil variantes que você disse, mais de 99% delas não afetam em nada a doutrina, e são até mesmo insignificantes. Uma simples frase no grego: “Jesus ama Paulo”, pode possuir nada a menos que 16 variantes que não alteram em nada o sentido do texto:

      1. ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ Παῦλον
      2. ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ τὸν Παῦλον
      3. ὁ ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ Παῦλον
      4. ὁ ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ τὸν Παῦλον
      5. Παῦλον ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ
      6. τὸν Παῦλον ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ
      7. Παῦλον ὁ ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ
      8. τὸν Παῦλον ὁ ᾿Ιησοῦς ἀγαπᾷ
      9. ἀγαπᾷ ᾿Ιησοῦς Παῦλον
      10. ἀγαπᾷ ᾿Ιησοῦς τὸν Παῦλον
      11. ἀγαπᾷ ὁ ᾿Ιησοῦς Παῦλον
      12. ἀγαπᾷ ὁ ᾿Ιησοῦς τὸν Παῦλον
      13. ἀγαπᾷ Παῦλον ᾿Ιησοῦς
      14. ἀγαπᾷ τὸν Παῦλον ᾿Ιησοῦς
      15. ἀγαπᾷ Παῦλον ὁ ᾿Ιησοῦς
      16. ἀγαπᾷ τὸν Παῦλον ὁ ᾿Ιησοῦς

      E o próprio Wallace afirma:

      “Estas variações representam apenas uma pequena fração das possibilidades. Se a sentença usar φιλεῖ ao invés de ἀγαπᾷ, por exemplo, ou se ela começar com uma conjunção tal qual δεv, καιv, ou μέν, as potenciais variações crescerão exponencialmente. Fatore em sinônimos (tais quais κύριος por ᾿Ιησοῦς), diferenças de escrita, e palavras adicionais (tais quais Χριστός, ou ἅγιος com Παῦλος) e a lista de potenciais variantes que não afetam a essência da declaração cresce às centenas. Se uma simples sentença como ‘Jesus ama Paulo’ pode ter tantas variações insignificantes, meros 400.000 variantes entre os manuscritos do Novo Testamento parece quase uma quantidade insignificante” (https://bible.org/article/gospel-according-bart)

      Em síntese, nenhuma dessas variantes afeta um ponto de fé ou alguma doutrina que seja importante se crer para a salvação. A esmagadora maioria são tão sutis quanto um “Senhor Jesus Cristo” em vez de “Jesus Cristo”, ou de um “Paulo, apóstolo”, em vez de um “apóstolo Paulo”. E mesmo os outros 1% que faltam, nós SABEMOS quais são, ou seja, não se trata de nenhum mistério (me refiro, por exemplo, ao final de Marcos e ao texto da mulher adúltera). São textos que possuem correspondência em outros paralelos, ou seja, que sendo verdadeiros ou falsos, não afetam em nada a doutrina.

      Mas mesmo que a Bíblia fosse, suponhamos, apenas 50% bem conservada, isso AINDA ASSIM seria melhor do que os 0% da tradição oral. Ou seja, alguém que quisesse seguir a doutrina cristã optaria por seguir o conteúdo 50% bem preservado em vez do conteúdo 0% preservado e que ninguém sabe qual foi. Isso ainda implica em “Sola Scriptura”, a não ser que se demonstre que alguma coisa EFETIVAMENTE fazia parte de uma tradição oral extrabíblica, o que eu até hoje nunca vi. As “tradições” proclamadas pelos católicos são tão “confiáveis” quanto um mórmon que diz que Jesus pregou nas Américas ou um espírita que diz que ele ensinou a reencarnação oralmente. Ou seja, simplesmente não tem como provar se sim ou se não, é mera especulação, somente.

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    6. Sua alegação em relação a Platão leva a um nível de ceticismo tão grande que nos obrigaria a jogar na lata do lixo TUDO aquilo que foi escrito pelos antigos, e isso implicaria no FIM DA HISTÓRIA, e tornaria o trabalho de qualquer historiador inútil. Ou seja, se pelo fato dos escritos de Platão terem se conservado apenas 1300 anos depois dele (o que é verdade) implica que não podemos saber nada da doutrina de Platão por aquilo que foi conservado por escrito, então pela mesma lógica não poderíamos ter acesso a NADA que foi escrito na história antiga, sem exceção. Tudo seria “corrompido”, “adulterado”, e só poderíamos levar seriamente em consideração aquilo que foi escrito depois da invenção da imprensa, o que é uma lógica ridícula.

      É claro que podemos ter acesso ao que Platão pregou, e só podemos ter acesso hoje por meio daquilo que foi ESCRITO. Você e nem eu sabemos o que Platão disse oralmente, mas sabemos o que ele escreveu, ou seja, só o que ele escreveu se preservou, e isso é o suficiente para alguém que quiser seguir a doutrina de Platão. Agora, se pra você nem o que foi escrito por Platão deve ser considerado, então ninguém poderia seguir a filosofia de Platão, nem mesmo nas coisas mais óbvias do platonismo.

      Essa é uma lógica estranha e suspeita. É um “tudo ou nada”: se não podemos ter certeza de 100%, então devemos crer em 0%. Simplesmente não tem sentido uma afirmação dessa natureza. Se você não consegue crer na Bíblia porque menos de 1% é suspeito, sendo que mesmo neste 1% nada afeta alguma doutrina, então não sei por que ainda se considera cristão...

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    7. Lucas, muita paz!
      Assim começa você "Bom, se você acompanha o Dan Wallace, então sabe que não é preciso abandonar a fé por causa da Crítica Textual ..."
      Ora, mas eu não falei que as variações nos manuscritos sagrados estudados pela Critica Textual deveriam nos levar ao abandono da fé; eu apenas relatei o caso de duas pessoas: Metzger e Eherman.
      E ainda na primeira parte de sua resposta conclui: "Mas mesmo que a Bíblia fosse, suponhamos, apenas 50% bem conservada, isso AINDA ASSIM seria melhor do que os 0% da tradição oral". CONCORDO, IRMÃO LUCAS! Mas não foi isso que eu discuti. O que questionei foi a sua alegação de inalterabilidade e incorrupção do texto sagrado, pois você afirmou "Aquilo que foi transmitido por escrito – e que está guardado nas Sagradas Escrituras – conservou-se preservado e inalterável ao longo dos séculos até hoje". Quando você mesmo sabe das de 400 mil variações existentes. Foi isto que questionei. E concordo com eruditos como Daniel Wallace e F. F. Bruce quando dizem que tais discrepâncias não significam danos a pontos nevrálgicos da fé cristã. Mas temos que ser sinceros em admitir a falta de pureza do texto sagrado. É questão de honestidade intelectual.
      Na segunda parte da sua resposta você diz: "Sua alegação em relação a Platão leva a um nível de ceticismo tão grande que nos obrigaria a jogar na lata do lixo TUDO aquilo que foi escrito pelos antigos, e isso implicaria no FIM DA HISTÓRIA, e tornaria o trabalho de qualquer historiador inútil'. [...] E ainda: "Agora, se pra você nem o que foi escrito por Platão deve ser considerado, então ninguém poderia seguir a filosofia de Platão, nem mesmo nas coisas mais óbvias do platonismo". Finalmente você arremata:" Se você não consegue crer na Bíblia porque menos de 1% é suspeito, sendo que mesmo neste 1% nada afeta alguma doutrina, então não sei por que ainda se considera cristão"...
      Mas, por que você concluiu desta maneira minhas palavras, amigo Lucas? Vejamos o que eu efetivamente disse: A analogia com Platão é desnecessária e precária em alguns aspectos. Desnecessária uma vez que só um maluco substituiria um texto escrito (fixo) por um boca a boca secular e movediço. Além disso creio que para a ideia de uma Tradição existir primeiro tem que se provar a tal ideia da Sucessão Apostólica. O que também creio ser impossível demonstrá-la. Precária porque não temos os originais de Platão. O que temos são cópias que datam de mais de 1.300 anos depois dos originais. Logo não temos como ter certeza se Platão realmente disse ou não disse determinada coisa ainda que escritas. POIS AO LIDARMOS COM PASSADO REMOTO TRABALHAMOS COM HIPÓTESES E NÃO COM CERTEZAS. Ou seja Lucas, se houve corrupção nos textos do Novo Testamento (mais de 400 mil variantes), manuscritos estes extremamente mais antigos (perto dos originais) do que as cópias de Platão, Homero e outros (distantes dos originais); e se tais variações nos deixa em dúvida em alguns pontos a respeito do que foi dito efetivamente por Mateus, Marcos etc., muito mais incerteza temos que ter em relação a outros escritos. E isso Lucas, não é ceticismo cartesiano, é o uso puro da razão e do bom senso.
      E é por isso irmão Lucas que mesmo admitindo que nossas Bíblias não possuam um texto puro eu creio em suas palavras e a estudo diariamente. Pois li um certa vez, não me lembro onde, acho que foi em dos volumes da Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, de R. N. Champlin que a nossa fé não pode se assemelhar a um balão que por maior que seja, basta um pequeno furo para colocá-lo no chão. Creio em um Deus perfeito que a tudo sustenta e não em um livro perfeito. Creio que as "imperfeições" da Bíblia sejam providenciais, pois caso houvesse um texto puríssimo teríamos adoradores da Bíblia ao invés de adoradores de Deus. Ela passaria a funcionar como uma espécie de Arca do Concerto para muita gente, ou como a serpente de bronze.
      Permaneçamos juntos no propósito de aprendermos mais do Senhor.
      Fique com Deus!

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    8. Novamente, repito: as 400 mil variantes NÃO SÃO 400 mil “erros”. Mais de 99% delas são absolutamente insignificantes, ou seja, não alteram em NADA o sentido ou significado do texto, tal como dizer “Jesus ama Paulo” em vez de dizer que “Paulo é amado por Jesus”. Aliás, variantes deste tipo são tão irrelevantes que passam imperceptíveis quando se traduz o texto ao português. É por isso que o próprio Dan Wallace, repito, alega que o fato de possuir apenas 400 mil variantes é um sinal de BOA PRESERVAÇÃO do texto. Releia o meu comentário anterior, por favor, em especial a analogia do “Jesus ama Paulo” e o comentário posterior do Wallace na citação que fiz.

      A existência de variantes é uma consequencia natural do fato de possuirmos muitos manuscritos, ou seja, é algo positivo e não negativo, como o Wallace corretamente observa em seus textos. Só Ehrman e companhia limitada é que pensam que quanto mais variantes pior fica. Nós não temos muitas variantes em Platão, porque quase nada das cópias de Platão sobreviveu. Nós temos muitas variantes do NT porque graças a Deus possuímos muitos manuscritos do NT.

      A esmagadora maioria dos estudiosos reconhece que o Novo Testamento é, disparado, o documento mais bem preservado da história antiga. Tanto em número de manuscritos como também em termos de aproximação com os originais. Dizer que o documento mais bem preservado da história antiga foi bem preservado não é desonestidade intelectual; desonestidade é supor que o documento mais bem preservado da história antiga foi “mal preservado”.

      Até mesmo os pontos em que manuscritos posteriores adicionaram (ex: final de Marcos 16) nós já SABEMOS que foi adicionado em função da grande riqueza de manuscritos que possuímos, ou seja, nós hoje podemos saber aquilo que o original foi, e rechaçar os acréscimos posteriores que eventualmente ocorreram. Isso é totalmente diferente de algo ter sido acrescentado e nós não sabermos o que foi e não termos a menor ideia do original (neste caso sim seria uma ocorrência de não-preservação do texto).

      A analogia com Platão não é desnecessária e muito menos precária, ao contrário, vai EXATAMENTE no ponto em questão. A partir do momento em que você admite que “só um maluco substituiria um texto escrito por um boca a boca secular e movediço”, você está admitindo exatamente o mesmo que eu e todos os demais evangélicos afirmamos desde sempre em relação à Sola Scriptura, ou seja, que “só um maluco substituiria o texto escrito pelo boca a boca secular e movediço”. A minha ilustração ilustra perfeitamente o ponto que você confirma.

      Não é só o original de Platão que nós não temos, nós também não temos o original de NENHUMA obra antiga. Ou seja, se nós não pudermos hoje levar em consideração nenhuma obra antiga da qual não tivermos o original em mãos, então não poderíamos seguir coisa alguma e tampouco crer em coisa alguma em relação a toda a história antiga, porque, afinal, não possuímos nada dela que seja “original”. Foi isso o que eu disse no meu texto anterior, porque sua lógica nos empurra a tal ponto em que praticamente somos forçados a jogar na lata do lixo toda a história antiga pelo fato de não podermos ter 100% de garantia de qualquer texto fazer parte do original do mesmo.

      Agora, se você admite que mesmo sem possuirmos os originais em mãos ainda assim é possível dar credibilidade a alguma obra antiga, então qualquer pessoa honesta no mundo que queira seguir a filosofia de Platão procuraria fazer isso a partir do que Platão ESCREVEU, ou do que seus seguidores ESCREVERAM sobre ele. A lógica é simples. Ou não confiamos em nada do que foi escrito (porque não temos os originais) e assim toda a história antiga é aniquilada, ou confiamos no que foi escrito, mesmo sem os originais.

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  12. Lucas, saúde e paz, irmão!!
    Começo pelo começo de suas últimas afirmações:
    "Novamente, repito: as 400 mil variantes NÃO SÃO 400 mil “erros”. [...] Releia o meu comentário anterior, por favor, em especial a analogia do “Jesus ama Paulo” e o comentário posterior do Wallace na citação que fiz". Amigo, você insiste que releia suas colocações como se eu fosse um leitor displicente ou que tivesse alguma dificuldade em interpretar um texto. Eu já lhe disse anteriormente que conheço o pensamento de Daniel Wallace porque tenho lido não só os seus artigos bem como assistido à sua excelente palestra ministrada na Igreja Batista da Parquelândia, Fortaleza/CE. Segue novamente o link da primeira parte (1/10). (https://www.youtube.com/watch?v=F4FIU3F2b7E)
    Em momento algum eu discordo do raciocínio apresentado por Dan Wallace, uma vez que foi por meio dele que consegui perceber as falácias de Bart Ehrman. Perceba caro amigo que Wallace divide as variantes em 4 categorias e diz: "A menor categoria, de longe, é a última categoria: variantes significativas e viáveis. Estes compreendem menos de 1% de todas as variantes textuais. No entanto, mesmo aqui, nenhuma crença cardeal está em jogo. Essas variantes afetam o que uma passagem particular ensina e, portanto, o que a Bíblia diz naquele lugar, mas elas não prejudicam crenças essenciais". (http://www.origemedestino.org.br/blog/johannesjanzen/?post=288)
    Agora veja: qualquer pessoa sabe calcular 1% de 400 mil, ou seja, 4000 mil variantes significativas e viáveis. Portanto Lucas, o que eu questionei foi seu argumento de que temos um texto imaculado, puro e sem alterações, pois você disse: "Aquilo que foi transmitido por escrito – e que está guardado nas Sagradas Escrituras – CONSERVOU-SE PRESERVADO E INALTERÁVEL AO LONGO DOS SÉCULOS ATÉ HOJE".(as maiúsculas são minhas). É Claro que você como um pesquisador sabe que não da manter esse pensamento de pé.
    Assim, eu não falo da qualidade da corrupção do texto sagrado, falo da existência da corrupção, e isto é um fato inconteste. Basta por exemplo citarmos a tão famosa Comma Johanneum (1 João 5:7-8). Sobre tal passagem vejamos o que o velho Wallace tem a nos dizer: "Finalmente, a respeito de 1 João 5:7-8, virtualmente nenhuma tradução moderna da Bíblia inclui a “Fórmula Trinitária”, já que estudiosos por séculos o reconheceram como adicionado posteriormente. Somente poucos manuscritos muito tardios possuem os versos. [...] A passagem criou seus caminhos em nossas Bíblias através de pressões políticas, aparecendo pela primeira vez em 1522, mesmo apesar de que estudiosos ali e agora sabiam que ela não era autêntica". (https://marceloberti.wordpress.com/2011/06/30/o-evangelho-segundo-bart-ehrman/)
    Atente Lucas para as expressões "adicionado" e "não autêntica". De novo eu repito: não é qualidade da corrupção mais a existência dela. Ainda que a Trindade possa ser provada sem a referida passagem não há como negar a sobrecarga.
    Estranhamente você conclui: "Dizer que o documento mais bem preservado da história antiga foi bem preservado não é desonestidade intelectual; desonestidade é supor que o documento mais bem preservado da história antiga foi mal preservado". Mas onde foi que eu disse que o Novo Testamento não foi bem preservado? Eu simplesmente assumo o evidente: houve corrupção. E veja que o próprio Daniel Wallace admite isto. Siga o link. (https://www.youtube.com/watch?v=F4FIU3F2b7E)
    Lucas, estamos no mesmo barco. Cremos no mesmo Deus. Compartilho com você de que a Bíblia nos é suficiente e que a Tradição católica é uma camisa de força e um terreno perigoso. Mas não posso negar o evidente.
    Permaneça neste trabalho tão bem desempenhado por você. Oro para que Deus nos dê graça e inteligência, mas acima de tudo humildade. Pois é na vaidade que o diabo costuma agir. Fique com Deus.


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    1. Você reclama que eu peço para você reler os textos, mas neste próprio comentário seu você alegou um monte de coisa que eu JÁ TINHA respondido em um dos links que eu tinha te passado, mais especificamente neste aqui:

      http://ateismorefutado.blogspot.com.br/2014/12/a-autenticidade-do-novo-testamento.html

      No texto acima, eu já tinha comentado sobre o acréscimo do texto “trinitariano” de 1ª João, e não apenas desse, mas de outros vários textos que possuem variantes significativas, e eu mesmo já havia dito que estes trechos foram mesmo acrescentados por copistas em certos manuscritos. Ou seja, é injusta a sua acusação de que eu ignoro estes fatos; eu não apenas não ignoro, mas já tinha até escrito artigo sobre isso há mais de dois anos, e você não leu porque não quis ler o artigo que eu havia te passado.

      Nós defendemos a mesma coisa, nós dois sabemos que apenas 1% ou menos das variantes são significativas, e nós dois sabemos que isso é sinônimo de texto bem preservado, a diferença é que eu não entendo que manuscritos tardios que passaram por acréscimo de copista impliquem em falta de preservação ou em alteração DO TEXTO ORIGINAL. Ou seja, por mais que eu reconheça que houve manuscritos com acréscimo de copistas, por meio da Crítica Textual nós podemos saber o que foi acrescentado, de modo que podemos hoje chegar ao conteúdo presente originalmente no NT, em grande parte devido ao número bastante significativo de cópias existentes e também pela proximidade destas cópias com o original.

      Ou seja: o texto original não foi “maculado” de forma com que não possamos saber hoje o que é NT e o que não é; apenas algumas cópias é que foram maculadas, mas não o original, porque o original nós podemos resgatar mediante a Crítica Textual. É isso o que eu estou dizendo este tempo todo. Jamais neguei que houvesse variantes textuais ou textos acrescentados por copistas em certos manuscritos, isso eu sempre reconheci que existe.

      Abs.

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  13. (continuaçao...)


    Quarta
    Alguém poderia dizer, sobre o fato da Palavra de Deus ter se esvaziado da Sua glória, e ter se tornado homem: "mas a Bíblia diz que Jesus era o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5:20).
    Quem disse que isso não é verdade? Ocorre que a Palavra de Deus se fez carne (Jo 1:14), mas não deixou de ser a verdadeira e eterna Palavra de Deus (Ap 19:13).
    Assim sendo, Jesus Cristo é a Palavra de Deus vazia de seus atributos (Fp 2:7); todavia, mesmo vazia, Ela continuou sendo a ETERNA Palavra de Deus.


    Quinta
    Deus tem poder para fazer o que bem entender (é onipotente) e não está limitado à visão linear do homem, podendo estar em mais de um lugar ao mesmo tempo (é onipresente).
    Imaginemos, no juízo final, o gostinho que o diabo teria de acusar o Senhor Deus de nunca ter estado entre nós e de não ter sofrido, Ele próprio, o que nós sofremos na carne?!
    Mas, ao se fazer homem (realmente) e vencer o pecado na carne, Deus passou a ter toda a autoridade para julgar e condenar quem quer que seja, uma vez que, em Cristo, Ele tornou-se menor do que os próprios anjos.
    Mas, como Deus poderia ter estado em dois lugares ao mesmo tempo (Jo 3:13)? Da mesma forma que uma virgem pôde ter dado a luz um filho sem conhecer varão, ou seja, MILAGRE!!!

    (continua...)

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  14. (continuaçao...)

    Sexta
    Para auxiliar o raciocínio, gostaria de contar uma parábola:
    "Não há sentido em dizer que um sujeito extremamente rico abriu mão da sua riqueza, caso ele não tenha assinado um documento, transferindo, de fato, toda a sua riqueza para outrem, ou doando seus bens. Somente assim, essa pessoa poderia dizer que verdadeiramente se tornou pobre.
    Se tal pessoa apenas disse que abriu mão da sua riqueza, mas não foi ao cartório e não transferiu todos os seus bens para outrem, ela, de fato, não se tornou pobre, mas apenas fez de conta que abriu mão da sua riqueza, continuando a ser o dono dos bens (uma baita hipocrisia)".
    Assim sendo, se a Palavra de Deus não se despojou dos seus atributos imanentes (onipresença, onisciência e onipotência) para que pudesse condenar o pecado na carne, através da sua morte, Ela jamais teria sido um ser humano à semelhança dos demais e seu sacrifício não seria perfeito (sendo, portanto, inválido).
    Alguns teólogos, para sustentar o insustentável, sugerem que Deus acrescentou a natureza humana à divina, mas, se assim fosse, Deus não teria se esvaziado (Fp 2:7), mas, ACRESCENTADO algo ao Seu ser.
    De forma que, não haveria sinceridade nas seguintes palavras de Paulo: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Co 8.9).
    Se isso não for assim, como entender, então, o fato d´Ele ter sido feito menor do que os anjos (Hb 2:7), e, EM TUDO, ter sido semelhante aos homens (Hb 2:17)?
    Seria Ele, então, um Deus menor? Seria Ele uma espécie de deus-humano? Claro que não! Ele era um ser humano perfeito, como o primeiro Adão, com todos os atributos morais de Deus.
    Por isso, podemos entender que, de uma maneira real e concreta, em Cristo, o infinito Deus tornou-se finito, o eterno Deus tornou-se mortal, o onipotente Deus limitou-se ao poder humano, o onipresente Deus limitou-se a ser apenas presente, o onisciente Deus limitou-se a ser apenas ciente, o imutável Deus tornou-se mutável, o Senhor de todas as coisas tornou-se servo, o invisível Deus tornou-se visível, Aquele que não pode ser tentado pelo mal deixou-se tentar e Aquele que é três vezes santo fez-se maldição na cruz.

    (continua...)

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  15. (continuaçao...)


    Oitava
    Finalizo, deixando algumas considerações para nossa reflexão.
    Aqueles que afirmam que a Palavra de Deus se fez carne e conservou a natureza divina em todos os aspectos (onipresença, onipotência e onisciência) são obrigados a crer que ora Jesus agia como Deus e ora agia como homem.
    Ocorre que, os que pensam assim, terminam por sugerir que Jesus teria participado de uma espécie de "faz de conta", podendo escolher a hora que Ele seria um e a hora que Ele seria outro (como num teatro, quando o mesmo ator faz papeis diferentes). Deus teria sido, então, o autor da peça, que ficou assistindo tudo de camarote.
    Se assim fosse, teríamos sérios problemas para explicar uma série de passagens bíblicas, suscitando algumas questões importantes:
    (1) Será que Jesus teria sofrido as tentação como Deus ou como homem?
    (2) Ao vencer as tentações, Ele teria vencido como Deus ou como homem? Ou será que só venceu porque era Deus e Sua vitória não teria sido tão brilhante assim?
    (3) Se, de fato, Ele manteve a onipotência, onipresente e onisciente, que necessidade haveria d'Ele ter sido ungido pelo Espírito Santo? Será que essa unção foi apenas pra fazer de conta?
    Não parece esquisita a ideia de Deus ungir Deus?
    (4) Pra quem eram as orações que Jesus fazia, se todo o poder estava n'Ele? Seria outro capítulo do "faz de conta"?
    (5) Será que Ele teria jejuado como Deus ou como homem? Se Ele jejuou como Deus, estão Ele perdeu pra Moisés e Elias que jejuaram como homens.
    (6) Será que se Jesus fosse uma pessoa distinta do Pai, no final das contas, Ele não mereceria maior glória do que o próprio Pai, uma vez que Ele veio morrer pelos pecadores, enquanto o Pai teria permanecido no Céu, "belo e formoso", assentado sobre o trono?
    (7) Se Jesus conservava todos os atributos divinos, Ele só podia ser um deus-menor, pois Ele próprio afirmou que o Pai era maior do que Ele. Como resolver essa questão? Será que os TJ estariam certos?
    Poderiam ser formuladas muito mais perguntas que poriam os triteístas em confusão, mas, possivelmente, essas já são suficientes para uma boa reflexão.
    Creio ser salutar nós todos pormos em xeque a doutrina da trindade, que vem sendo massificada em nossas mentes há séculos pela idolatria romana.
    Eu prefiro ficar com as passagens que dizem que Deus teve poder suficiente pra:
    (1) se fazer homem, no ventre de uma mulher (Jo 1:14),
    (2) esvaziar-se da Sua glória (Fl 2:7),
    (3) ser, EM TUDO, semelhante aos homens (Hb 2:17),
    (4) estar assentado no trono e, ao mesmo tempo, em Cristo, reconciliando consigo o mundo (Jo 3:13 e 1 Jo 5:19),
    (5) vencer, de fato, como homem, as tentações, o inferno e a morte (Ap 3:21),
    (6) ser merecedor de toda a honra, toda a glória e todo o louvor, por ter morrido por mim!!!

    Meus sinceros agradecimento pela atenção e paciência.
    Deus te abençoe!!!

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  16. "se não tivessem vindo de um nome renomado e que tem o meu respeito." Já viu esta série: https://www.youtube.com/watch?v=jUH4S1tzGCg (Desconstruindo Olavo de Carvalho)?

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    1. Esse artigo é antigo (de 2013), da época em que esse senhor ainda tinha os miolos na cabeça e eu ainda o respeitava enquanto "filósofo" e analista político. Foi só um ou dois anos mais tarde que ele passou a surtar e a disparar uma série de calúnias antiprotestantes que denunciaram o quando ele é safado, dissimulado e mentiroso compulsivo, o que fez com que eu e diversos outros protestantes que conheço perderem completamente o respeito por esse cidadão.

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