Cruzadas: Quem eram os bárbaros?
• Introdução
Um dos piores males que os
estudantes amadores de História mais incorrem é o do anacronismo histórico. O anacronismo é quando se tenta entender um passado distante
através do presente. Giovana Faviano escreve que “o historiador, ao contar, relatar e analisar um determinado
evento ou personagem histórico, não pode levar em consideração o que aconteceu
depois; afinal, os agentes daquele momento não tinham em mente a sucessão de
acontecimentos posteriores”[1].
Ou seja, não adianta tentar
julgar o passado pelas lentes do presente. O que determinadas pessoas eram ou
fizeram em uma determinada época deve ser analisada de forma totalmente à parte
do que seus descendentes ou sucessores fizeram no futuro. Por mais que isso
seja algo tão óbvio para qualquer historiador, infelizmente é onde muita gente,
bem ou mal intencionada, incorre em erro.
Apenas para citar alguns
exemplos rápidos: (1) A Grécia, outrora a sede intelectual do mundo, é hoje
apenas um pequeno país na Europa lutando para sobreviver; (2) A tão famosa e
temida Babilônia foi, historicamente, localizada naquilo que hoje é o Iraque; (3) Roma, que já foi por muito tempo a “capital do mundo”,
é hoje só um belo destino turístico na Itália. Exemplos inversos também
ocorrem: (1) Aquilo que hoje é a Alemanha, um dos países mais desenvolvidos do
mundo, há muito tempo atrás era um bando de tribos bárbaras com pouca cultura;
(2) Aquela que hoje é a nação mais poderosa do mundo (EUA) um dia foi mera
colônia inglesa e escravocrata; (3) Aquilo que hoje é a avançada Austrália era,
antigamente, o lugar onde enviavam os piores bandidos da Inglaterra.
Em suma, o anacronismo
histórico consiste em olhar o que hoje é bom, belo ou grandioso, e presumir que há muito tempo atrás
também era bom, belo ou grandioso – e, da mesma forma, olhar o que hoje é ruim, feio ou pequeno, e
presumir que há muito tempo atrás também era ruim, feio ou pequeno. Se
passássemos para a linguagem futebolística, seria como se alguém visse o atual
tri-rebaixado Vasco da Gama (que, acreditem, já foi grande) e achasse que ele
sempre foi pior do que o Atlético/MG, embora pela maior parte da história de
ambos os clubes o Vasco sempre foi superior ao Atlético (me desculpem os
atleticanos, mas é a verdade)[2].
Não é raro vermos na internet
os ataques ferozes de quem nunca estudou história na vida e por isso só julga a
partir daquilo que vê hoje. Ele vê que hoje os países católicos são bem civilizados e os muçulmanos estão
cheios de atraso e de grupos terroristas, e então conclui o mesmo que um
torcedor que nasceu ontem: que o Atlético sempre foi melhor que o Vasco (i.e, países católicos sempre foram superiores a países
muçulmanos).
Muitos defendem as cruzadas
católicas dos séculos XI ao XIII porque hoje em dia existem católicos civilizados e terroristas do ISIS, e então conclui
que sempre os católicos foram civilizados e os muçulmanos eram como o ISIS, e
por isso os católicos fizeram certo em estuprar as mulheres muçulmanas,
assassinar bebês e crianças, saquear as cidades por onde passava (inclusive
ortodoxas), queimar judeus na sinagoga por estarem no meio do caminho,
incendiar 20 mil pessoas até a morte após ter assinado um tratado com elas para
uma rendição sem mortes, trucidar suas próprias crianças e cavalos para
praticar canibalismo a fim de matar a fome, trair a tudo e a todos com quem se
aliançava, e assim por diante. Afinal, se existe o ISIS no século XXI, então
vale tudo para acabar com os muçulmanos no século XI.
Afinal: eram os muçulmanos
daqueles tempos como os terroristas do ISIS do século presente? Eram
eles bárbaros e atrasados, como Assis Chateaubriand pintava no século passado?
As Cruzadas não diziam respeito
apenas a libertação do Santo Sepulcro, mas antes a saber qual dos dois venceria
na terra, um culto que era o inimigo da civilização, sistematicamente favorável
à ignorância (o Islã, é claro), ao despotismo e à escravidão, ou um culto que
despertara novamente em um povo moderno e gênio de uma sábia antiguidade, e
abolira a baixa servidão.[3]
De um lado, um povo rude,
ignorante, bárbaro, semelhante ao ISIS. Do outro, um povo mais avançado,
desenvolvido, rico e culto. Qualquer um poderia concluir que estamos falando de
muçulmanos como os bárbaros e dos católicos como os desenvolvidos. Este é o
anacronismo histórico. Se deixarmos as lentes do presente e olharmos para as
lentes da História, vemos que nos séculos das Cruzadas o paradigma era o oposto.
Christopher Brooke escreve que “durante séculos a
Cristandade havia estado na defensiva, vendo-se rodeada de civilizações
superiores, de raças mais ricas, de unidades políticas mais fortes”[4].
A coisa piora ainda mais quando
certo apologista católico, defensor das Cruzadas, escreve que “na Idade Média, o Ocidente não era uma cultura poderosa
e dominante, que se lançava sobre uma região primitiva ou atrasada. Era o Oriente
muçulmano que era poderoso, próspero e opulento. A Europa era o terceiro mundo”[5].
Isso deveria ressoar pelos ouvidos dos anacronistas: o quadro que eles pensavam
ser verdade é justamente o inverso. O povo bárbaro era o que ele pensava ser o
desenvolvido, e o desenvolvido é o que ele pensava ser bárbaro. Se isso pode
soar espantoso demais, continue para a leitura dos próximos tópicos.
• Desenvolvimento árabe
Henri Pirenne diz que “é muito o que devem os cristãos à civilização superior
dos muçulmanos”[6]. Juan Brom afirma
que “nos séculos X e XI, os árabes tem a cultura
mais alta da época. Além de realizar importantes trabalhos próprios, são os
grandes transmissores do pensamento e da técnica. Muitos conhecimentos da
antiguidade grega voltaram através deles a Europa”[7].
Amin Maalouf alega que, “na época das Cruzadas, o
mundo árabe, da Espanha ao Iraque, é ainda intelectualmente e materialmente o
depositário da civilização mais avançada do planeta”[8].
Ricardo Vera Tornell sustenta:
O que mais surpreendeu aos rudes e
ignorantes guerreiros que acudiram às Cruzadas foi a superior cultura de muitos
daqueles povos a quem iam combater na crença de que eram pouco menos que
selvagens. Os árabes estavam muito adiantados na medicina e na cirurgia, na
química e nas matemáticas. Os cruzados, com sua essencia naqueles países e seu
toque com gente ilustre, foram perdendo sua primitiva grosseria e, pouco a
pouco, assimilando conhecimentos que foram transmitidos à Europa.[9]
Brom ressalta que o sistema
bancário e a letra de câmbio na Itália foram tomadas dos árabes, “que tinham uma estrutura econômica sumamente avançada”[10].
Ivan Lins diz que, no plano moral, “encontravam,
por vezes, os cristãos, nos muçulmanos, como o prova o exemplo de Saladino,
virtudes morais imensamente superiores às de qualquer dos cavaleiros da cruz,
inclusive os mais perfeitos e completos, como Godofredo de Bouillon”[11].
Na medicina, Lins aborda a imensa superioridade dos árabes sobre os ocidentais:
Muito deve às cruzadas a medicina
europeia, porquanto era imensa, a este respeito, a superioridade dos árabes,
bastando lembrar que os médicos de Saladino trataram de Ricardo Coração de Leão
e outros guerreiros ocidentais, enquanto a recíproca nunca se verificou.
Observação idêntica faz Joinville, a propósito da doença de São Luiz e dos
cruzados franceses aprisionados em Mansurá.[12]
Plínio Bastos diz que “os árabes, durante a Idade Média, foram os povos mais
progressistas, porque conheciam muita coisa a respeito de ótica. Os árabes
conseguiram simplificar a aritmética, divulgaram a álgebra, possuíam bons
conhecimentos de astronomia, e, para a época, eram já admiráveis os seus
conhecimentos de alquimia, que foi a mãe da química”[13].
Os muçulmanos também desenvolveram a filosofia aristotélica antes que a mesma
chegasse ao Ocidente. Ballesteros escreve sobre isso, dizendo:
Foi também a filosofia outra das
grandes preocupações dos árabes, antes que os cristãos ocidentais conhecessem e
difundissem as obras de Aristóteles e dos neoplatônicos alexandrinos, que em
Bizâncio haviam sido descartadas por serem consideradas perigosas. Seus
primeiros grandes representantes foram Alquindí (século IX), homem de
enciclopédicos conhecimentos, e Alfarabí, de origem turca, que trabalhou
intensamente sobre os grandes filósofos gregos, tratando de conciliá-los com as
ideias muçulmanas. Floresceu depois Avicena, e já dentro do século XII, os
famosos filósofos espanhois Abentofail, Avempace e Averroes. Avempace escreveu
o Guia de solitários, que defendia a
filosofia como meio de chegar à divindade, em lugar da mística, e Averroes foi
chamado ‘O Comentarista’ pelos enormes comentários que realizou sobre
Aristóteles.[14]
Na área da geografia,
Ballesteros explana:
Foi notável o cultivo da geografia. A
obrigação de peregrinar a Meca e a grande atividade comercial que desenvolveram
os colocou em contato com numerosos países, dos quais deixaram descrições. Não
somente por necessidade, mas por puro desejo de exploração, realizaram também
importantes viagens terrestres e marítimas. Para esses últimos lhes serviu
muitíssimo o emprego da bússola, que aprenderam provavelmente dos chineses e
difundiram pelo Ocidente.[15]
Sobre o califado, Maalouf
escreve:
No início do século IX, quando
reinava seu ancestral Harun-al-Rachid, o califado era o Estado mais rico e
poderoso da terra, e sua capital era o centro da civilização mais desenvolvida.
Ela tinha mil médicos diplomados, um grande hospital gratuito, um serviço
postal regular, vários bancos, alguns com sucursais na China, um a excelente
canalização de água, esgotos e uma fábrica de papel – os ocidentais, que ao
chegar no Oriente a inda utilizavam o pergaminho, vão aprender na Síria a arte
de fabricar o papel a partir da palha do trigo.[16]
Dentre as contribuições à
humanidade oferecidas pelos muçulmanos no período medieval, podemos destacar:
• Organizam um bom sistema de escolas[17].
• Várias ciências tem sua origem em
suas atividades, como a alquimia, que se transforma na química[18].
• Outras recebem um grande impulso,
como a astronomia e as matemáticas[19].
• Transmitem a Europa os chamados
números arábicos, que provém da Índia[20].
• Inventam da álgebra[21].
• Os médicos árabes são os melhores
de seu tempo e gozam de estima geral[22].
• Nas artes destacam sobretudo na
arquitetura e na literatura[23].
• Na Espanha e em muitas outras
partes, os árabes reorganizam os sistemas de irrigação construídos pelos
romanos[24].
• Ensinam aos europeus a fabricação
do vidro, o uso do sabão, a elaboração do papel (proveniente da China)[25].
• São famosas suas telas, muitas das
quais hoje têm os nomes das cidades onde se produziam principalmente[26].
• Também transmitem a Europa a
pólvora, cuja fabricação haviam aprendido dos chineses[27].
• Também trouxeram à Europa novos
conhecimentos industriais e de artesanato[28].
• Entre outros avanços pode citar-se
a introdução dos moinhos de vento, usados na Ásia Menor e instalados em
Normandia em 1105[29].
• Entre os produtos importados com
grande êxito figuraram a seda e o açúcar, que adquiriram os mercadores na
Grécia e no Egito[30].
• Os árabes deram origem à divulgação
da bússola[31].
• Sua paixão pela química lhes
permitiu criar uma importante indústria de perfumaria, sabonetes, tintas e
medicamentos[32].
• Foram também mestres na arte de
tecer, que aprenderam dos persas e elevaram a grande perfeição; Mosul, que se
especializou nos tecidos finos, deu seu nome à musselina[33].
• Decoravam as telas com preciosos
desenhos, que diferem segundo as tradições de cada país, pois os árabes
receberam e assimilaram toda classe de influências, ainda que as amoldassem a
seus gostos ou costumes[34].
• Se distinguiram igualmente como
fabricantes de armas, objetos de ourivesaria, joias, bronzes, artesanato,
trabalhos em madeira e em marfim, em relevo, esculpidos em pedra[35].
• Fabricaram estupendos mosaicos,
cerâmicas, porcelanas e vidros, e gozaram de fama universal seus couros[36].
• Se aplicaram intensamente à
agricultura, e com hábeis procedimentos de irrigação melhoraram muitíssimo os
campos em todas as partes, sendo seu cultivo base importante de sua economia[37].
• Se esforçaram por fazer da
agricultura uma verdadeira ciência. Sua especialidade foi a horticultura e a
jardinagem[38].
• Desenvolveram também de modo
extraordinário o comércio, cuja profissão, que havia sido a do profeta, gozava
entre os árabes de grande estima[39].
• Donos de toda a costa
norte-africana e, ademais, de numerosas ilhas – entre elas Creta, Chipre e
parte da Sicília – dominaram com seus navios todo o Mediterrâneo, arrebatando a
hegemonia naval de Bizâncio[40].
• A eles se deve a introdução na
Europa da cana de açúcar e do arroz que importaram da Índia[41].
• Trouxeram igualmente a amoreira, o
açafrão, o cânhamo, a laranja e outras muitas frutas e hortaliças[42].
• Escreveram tratados de mineralogia,
zoologia e botânica[43].
• Evoluíram na física, mecânica e
astronomia[44].
• Cultivaram os estudos de geografia
e história[45].
• Brilharam na literatura imaginativa
e na poesia[46].
• A filosofia também mereceu sua
atenção, estudando-a através das obras de Aristóteles e dos neoplatônicos, e
existiram ao longo do tempo vários notáveis filósofos muçulmanos, alguns deles
de origem espanhola[47].
• Fundaram e mantiveram universidades
e escolas de medicina (entre elas a de Córdoba), construíram grandes cidades e
famosas mesquitas[48].
• Possuíam universidade, colégios,
bibliotecas. Estudavam geometria, astronomia, geografia, matemática[49].
• Esculpiam em madeira, fabricavam
tapetes, armas, muitos objetos de cobre[50].
• Plantavam arroz, cana de açúcar,
café, açafrão. Cultivavam hortas e pomares. Comerciavam com quase todos os
povos orientais[51].
• A poesia, grande paixão do povo
árabe e único gênero cultivado antes de Maomé, seguiu seu formidável
desenvolvimento[52].
• Existiam ainda escolas e
bibliotecas, onde se estudavam literatura, retórica, astronomia, matemáticas,
medicina, zoologia, botânica e química[53].
• Possuíam verdadeiras clínicas,
criaram a farmácia e realizaram intervenções cirúrgicas, como a das cataratas[54].
• Elaboraram importantes obras sobre
mineralogia, zoologia e botânica[55].
• Difundiram as figuras arábicas, e
foram os criadores da álgebra e da trigonometria[56].
• Montaram importantes observatórios,
calcularam a obliquidade da eclíptica e mediram um grau de meridiano[57].
Até o Renascimento Ocidental
muito se deve aos árabes. Tornell ressalta:
Deve-se ressaltar o feito, sobre o
qual se guarda um deliberado silêncio, ou pelo menos, um injustificado
esquecimento, que o renascimento da cultura antiga na Europa medieval, origem
do posterior desenvolvimento científico, se deve em importantíssima parte, para
não dizer exclusivamente, à importação dos árabes espanhois, que através de seu
idioma e por meio de suas universidades e bibliotecas levaram a conhecimento
aos eruditos da época (que em sua maioria desconheciam o grego) as obras dos
filósofos, matemáticos, médicos e geógrafos da antiguidade, feito que, pelo que
parece, não é reconhecido tão explicitamente como merece.[58]
E Jacques Le Goff também:
No período forte das cruzadas, a
ciência árabe desabou sobre a Cristandade e, se não suscitou aquilo a que se
chama Renascimento do século XII, pelo menos alimentou-o. Aquilo que os árabes
trouxeram aos sábios cristãos foi, principalmente, a bem dizer, a ciência
grega, entesourada nas bibliotecas orientais e reposta em circulação pelos
sábios muçulmanos, que a levaram aos confins do Islã ocidental, a Espanha, onde
os clérigos foram aspirá-la com avidez à medida que se processava a
Reconquista. Toledo, reconquistada pelos cristãos em 1085, foi o pólo de
atração de todos esses sequiosos de saber, que, a princípio, foram,
principalmente, tradutores. A moda da ciência muçulmana chegou a ser tal na
Cristandade que um deles, Adelardo de Bath, disse que, para impor as suas
ideias pessoais, as atribuía, bastante vezes, aos árabes.[59]
Foram os árabes que deram
continuidade e transmitiram à Europa ocidental a filosofia grega, além de
diversas outras contribuições que só chegaram aos francos mediante os povos
muçulmanos:
A herança da civilização grega teria
sido transmitida à Europa ocidental apenas por intermédio dos árabes,
tradutores e continuadores. Na medicina, astronomia, química, geografia,
matemática, arquitetura, os francos adquiriram seus conhecimentos dos livros
árabes que assimilaram, imitaram e depois ultrapassaram. Quantas palavras ainda
o testemunham: zénite, nadir, azimute, álgebra, algoritmo ou mais simplesmente
‘cifra’. Tratando-se da indústria, os europeus retomaram, antes de a melhorar,
os processos utilizados pelos árabes para a fabricação do papel, o trabalho do
couro, o têxtil, a destilação do álcool e do açúcar – mais duas palavras emprestadas
da língua árabe. Também não podemos esquecer a que ponto a agricultura europeia
se enriqueceu através do contato com o Oriente: abricó, beringela, chalota,
laranja, melancia... A lista das palavras ‘árabes’ é interminável.[60]
As Cruzadas também foram úteis
neste sentido, pois foi quando os povos ocidentais tiveram contato com a
civilização mais avançada dos árabes, e aprenderam muitas coisas com eles.
Tornell escreve:
Durante o período das Cruzadas se
introduziu nos países ocidentais o uso das figuras árabes; se empregaram novos
procedimentos de cura e se divulgou o conhecimento de muitas plantas e
substâncias medicinais que antes eram desconhecidas nos países europeus. Se
intensificaram os estudos de filosofia, pelo conhecimento das obras de
Aristóteles e de seus comentaristas gregos e árabes. Se ampliaram os
conhecimentos geográficos pelo mais perfeito conhecimento dos países que
visitaram os cruzados. Se aperfeiçoaram os estudos históricos e a literatura
adquiriu maior extensão com as narrações das façanhas dos guerreiros e a
introdução de temas novos e mitos que daqueles feitos se derivaram.[61]
Bastos também ressalta o quanto
o Ocidente aprendeu com o Oriente durante as Cruzadas:
O Ocidente e o Oriente se tornaram
mais conhecidos. Os europeus aprenderam a usar certos objetos e coisas de luxo,
comuns nos países orientais: tapetes, espelhos, perfumes, condimentos. Os
cruzados transportaram para a Europa o trigo, a cana de açúcar, objetos de
vidro (...) Chegaram à Europa bons conhecimentos de geografia, matemática e
astronomia, ciências muito estudadas pelos árabes.[62]
Só havia um império que era
páreo para os árabes: os bizantinos.
• Desenvolvimento bizantino
O Império Bizantino foi a
continuação do Império Romano, depois que o Império Romano do Ocidente caiu
perante os povos bárbaros. Localizado no Oriente, ele se manteve firme por mil
anos depois da queda do Império Romano ocidental. Isso significa que toda a
cultura e toda hegemonia do antigo Império Romano, destruído no Ocidente, se
mantiveram intactas no Império Bizantino, com capital em Constantinopla, a “maior civilização da Cristandade”[63].
Brom chega a dizer que, “sob a dinastia macedônica
(867-1056), Bizâncio chega a ser o primeiro Estado do mundo”[64].
Ele diz ainda que “o Império Romano do Oriente, com
capital em Constantinopla, é um dos grandes transmissores da cultura clássica
através da Idade Média”[65].
Christopher Brooke não poupa
palavras ao dizer que “a finais do século X,
Bizâncio era o mais importante dos impérios mediterrâneos; Constantinopla era
maior que Córdoba”[66].
Valentin diz que “Bizâncio e reinos islamitas
apresentavam, comparados com a modéstia agrária e atraso dos Estados
germânicos, especialmente os do norte dos Alpes, economicamente uma enorme
superioridade”[67], e que “não admira que esse mundo oriental, a cujas portas
estava Constantinopla ávida de lucros, aparecesse ao primitivo e rude mundo
ocidental como um empório inesgotável dos tesouros da terra”[68].
Ballesteros escreve:
Ao longo dos dez séculos que dura a
vida de Bizâncio, foi esta sem disputa a mais brilhante das civilizações
europeias. Enquanto todos os outros reinos bárbaros, depois do enorme
retrocesso que representou o rompimento do Império Romano, tiveram que
ressurgir pouco a pouco daquelas ruínas, Bizâncio conservou em toda a sua
integridade a tradição do mundo antigo. Todas as produções literárias dos
gregos e romanos eram lidas e comentadas, e as bibliotecas particulares e
públicas estavam providas de abundantíssimos manuscritos que constantemente se
reproduziam. Até o dia da queda de Constantinopla nas mãos dos turcos, toda a
educação bizantina se baseava no estudo dos clássicos, cujo conhecimento era
normal em toda pessoa de regular instrução.[69]
Como Umberto Eco diz, “o Oriente continua vivo nos esplendores de Bizâncio durante
mil anos depois da queda de Roma”[70].
Runciman escreve que “Constantinopla, com sua ativa
e inumerável população, sua imensa riqueza e formidáveis fortificações, era a
mais impressionante cidade do mundo. As forças armadas do império eram as mais
bem equipadas do seu tempo. As moedas imperiais eram havia muito as únicas
confiáveis”[71]. Southern
acompanha o pensamento quando diz:
O centro financeiro da zona do ouro
era Constantinopla, onde durante séculos a administração imperial conservou sem
envelhecer a clássica moeda de ouro, o solidus
(...) Contemplando a cena desde Constantinopla, a Europa devia parecer uma
terra interior atrasada, simplesmente a fonte de uns quantos artigos, tais como
escravos e armas. Aos olhos dos europeus, Constantinopla presenteava um aspecto
de surpreendente abundância.[72]
Phillips assinala que “de todas as cidades conhecidas então pelos cristãos,
apenas Bagdá era maior, ainda que por questões de fé e geografia só havia sido
visitada pelos comerciantes e viajantes ocidentais mais intrépidos”[73].
Ainda sobre Bizâncio, Ballesteros escreve:
A magnífica posição geográfica de
Bizâncio, como ponto entre a Europa e a Ásia, a colocava em excelentes
condições para conseguir uma grande prosperidade comercial. Abaixo de Bizâncio
afluíam as principais rotas de trânsito econômico (...) Esta afluência de
caminhos e a circulação natural dos mais variados produtos do mundo inteiro fez
de Constantinopla a mais importante sede do comércio mundial e centro
cosmopolita, onde se reuniam pessoas dos mais diversos países. Bizâncio havia
firmado tratados comerciais com todas as nações, e junto com os bens que
recebia e redistribuía por sua vez, exportava ao mesmo tempo os objetos de sua
própria indústria. Nesta alcançaram a máxima importância os objetos de luxo.[74]
Morrisson diz também:
Um largo fosso separava a civilização
bizantina do século XI e a cultura filosófica de um Psellos [filósofo
bizantino], por exemplo, dos conhecimentos de um Gerbert d’Aurillac [papa
Silvestre II], que abrangiam somente alguns fragmentos de Aristóteles. Muito
raros eram aqueles que conheciam um pouco de grego nessa época, mesmo os mais
eruditos. Aos olhos dos ocidentais, a ciência bizantina era uma farsa, e a
repugnância pela guerra manifestada por um povo rico e relativamente
desenvolvido era confundida com fraqueza pelos que se dedicavam ao ofício das
armas.[75]
Não é à toa que Ballesteros
conclui que “desde o século VIII até o XII o mundo
antigo não conheceu mais do que duas civilizações: a dos bizantinos e a dos
árabes”[76].
• Considerações Finais
Diante destes dois grandes impérios –
o muçulmano e o bizantino – a Cristandade ocidental do papa Urbano II era o
terceiro mundo, o “subúrbio” da terra da época. Enquanto Constantinopla,
Córdoba e Bagdá eram o centro do mundo, os países ocidentais eram a periferia.
Bloch diz que “durante largo tempo, nem a Gália nem a Itália tiveram algo a
oferecer, entre as suas pobres cidades, que se aproximasse do esplendor de
Bagdá ou de Córdoba. O mundo muçulmano e o mundo bizantino exerceram sobre o
ocidente, até o século XII, uma verdadeira hegemonia econômica”[77].
Os pobres católicos ocidentais
ainda viviam no feudalismo, um regime de atraso econômico que de fato
significava um regresso em relação à economia do antigo Império Romano. Um
atraso de mais de mil anos. Brooke diz que eles viviam em “uma economia totalmente fechada”[78],
onde se consumia tudo o que se produzia. O mesmo autor diz ainda que, “no século X, a Cristandade ocidental havia se acostumado
a ser a vizinha pobre de grandes impérios e florescentes civilizações. As
cidades mais poderosas deste período eram Córdoba, capital da Espanha
muçulmana, e Constantinopla, capital do império bizantino”[79].
Juan Brom alega ainda sobre os
países católicos ocidentais que “nos primeiros
séculos da Idade Média, a vida cultural é sumamente raquítica”[80].
Tornell sustenta que “é coisa notória e
indiscutível que este período tenebroso da Alta Idade Média foi uma das épocas
mais calamitosas para a humanidade. Todos os valores morais estavam relaxados;
a ignorância obscurecia as inteligências; a superstição dominava todos os
ânimos; a moral era burlada e as leis escarnecidas”[81],
e Le Goff afirma que “a reforma gregoriana que se
anuncia dará a esta Cristandade ocidental, pobre, exígua, bárbara, de aparência
mesquinha frente à brilhante Cristandade bizantina, uma direção espiritual que
desde finais do século vai se afirmando agressivamente mediante as Cruzadas”[82].
Diante de árabes e bizantinos,
os francos eram a periferia do mundo, e por isso mesmo eram desprezados pelas
civilizações superiores. Usamah bin Munqidh, um cronista árabe, dizia que os
francos eram “meros animais, que não tinham outra
virtude além da coragem e da luta”[83].
Le Goff diz que “os ocidentais tinham consciência
de sua inferioridade”[84],
e que “frente a este mundo de produtos estranhos:
ricos tecidos, couros repujados, metais preciosos, e, sobretudo, ferro, a
Cristandade ocidental é um mundo de matérias-primas pobres”[85].
Le Goff relaciona esse complexo de inferioridade dos ocidentais para com os
orientais com o Cisma do Oriente (1054) e o Saque de Constantinopla (1204):
É indubitavelmente uma revolta de
pobres a que faz que a meados do século XI o Ocidente, ainda bárbaro, se rompa
do foco bizantino. Frente às riquezas gregas, o latino experimenta admiração,
inveja, frustração, ódio. Um complexo de inferioridade, que se atenuará em
1204, encoraja sua agressividade com respeito ao bizantino.[86]
Os ocidentais não eram vistos
como algo a mais do que um povo bárbaro, rude e inculto pelas civilizações mais
avançadas. Franco afirma que “a hostilidade
muçulmana e bizantina era grande, produto do desprezo de civilizações mais
refinadas e sofisticadas pelos ocidentais rudes, incultos e violentos, ‘cães
cristãos’ para os muçulmanos, ‘bárbaros’ para os bizantinos”[87].
Por meio das Cruzadas, os ocidentais “entram, em
contato com civilizações mais requintadas, e, quando não morrem ou se fixam
nestes países distantes, regressam com uma experiência mais vasta e exigências
novas. Procuram fortificar melhor os seus castelos, tornar menos primitiva a
sua maneira de viver”[88].
É assim que Michaud descreve o
Ocidente da época das Cruzadas:
Enquanto o Império do Oriente tocava
assim o seu declínio, e parecia minado pelo tempo e pela corrupção, o Ocidente
estava na infância das sociedades; nada mais restava do Império e das leis de
Carlos Magno. Os povos já quase não tinham relações entre si e só se
aproximavam com o ferro e a espada na mão; a Igreja, a realeza, as nações, os
reinos, tudo estava misturado e confundido; nenhum poder era bastante forte
para deter o progresso da anarquia e os abusos do feudalismo. Embora a Europa
estivesse cheia de soldados e coberta de castelos fortes, as nações ficavam o
mais das vezes sem apoio contra os inimigos e não tinham exércitos para sua própria
defesa. No meio da confusão geral, não havia segurança a não ser nos campos e
nas fortalezas, alternativamente, a salvaguarda e o terror das aldeias e do
campos. As maiores cidades não ofereciam asilo algum para a liberdade; a vida
dos homens era tida em tão pouco que se podia com algumas moedas comprar a
impunidade do assassino. Era de espada na mão que se invocava a justiça, era
pela espada que se fazia a reparação dos erros e das injúrias. A língua dos
barões e dos senhores não tinha palavras para exprimir o direito das gentes; a
guerra era toda sua ciência, era toda a política dos príncipes e dos Estados.[89]
Guilherme de Tiro (1130-1185)
dizia que “todas as coisas iam em tal desordem, que
parecia que o mundo caminhava para o seu declínio e a segunda vinda do Filho do
homem devia estar próxima”[90].
Não apenas em relação aos mendigos da Cruzada popular, mas também aos nobres da
Cruzada oficial, os bizantinos os viam apenas como bárbaros grosseiros, ávidos,
petulantes e selvagens:
Quando, no ano 1096, os bizantinos
viram os cruzados ocidentais que lhes pediam passagem para ir a Terra Santa,
sentiram ante seu aspecto e ante seu comportamento um assombro que em seguida
se transformou em desprezo e indignação. Tanto em relação às hordas populares
dirigidas por Pedro o Eremita, como da segunda onda de tropas senhoriais, que
ainda lhes recordavam desagradavelmente aos agressivos normandos da Itália. Os
bizantinos não viram neles mais que bárbaros grosseiros, ávidos e petulantes:
selvagens.[91]
Le Goff afirma ainda sobre o
estado primitivo da Cristandade ocidental:
A Cristandade ocidental revela a
meados do século XI debilidades estruturais em todos os campos, desvantagens
fundamentais consideráveis: uma técnica e uma economia atrasadas, uma sociedade
dominada por uma minoria de exploradores e dilapidadores, a fragilidade dos
corpos, a instabilidade de uma sensibilidade tosca, primitivismo do
instrumental lógico, o império de uma ideologia que prega o desprezo do mundo e
das ciências profanas.[92]
E Duché discorre:
Desde quatro séculos antes,
imperadores e califas lutavam com constância, mas sempre se saudando com o
título de ‘irmão’ do que só eles, em meio a um mundo bárbaro, se achavam
dignos. A guerra, sim, mas dentro de uns limites civilizados. O furor franco deixava
entrever enormes complicações diplomáticas. Em relação à Terra Santa, os
bizantinos estavam acostumados desde muito tempo a vê-la em mãos do Islã, posto
que para eles a Terra Santa era Bizâncio.[93]
Está claro que nem os muçulmanos
da época eram os terroristas de hoje, e muito menos os católicos da época eram
os democratas ocidentais de hoje. Na “era de ouro” do Islã, eram os árabes que
possuíam o maior desenvolvimento científico da época e eram os bizantinos
(ortodoxos) que possuíam a maior cultura e riqueza. A Europa ocidental era a
periferia do mundo, os verdadeiros “bárbaros” da história. Tal quadro só veio a
se reverter depois do saque de Constantinopla (1204), quando os católicos
roubaram toda a riqueza dos bizantinos e destruíram grande parte das artes e
dos livros da cidade, e quando o Islã entrou em declínio cultural e moral,
restando aos europeus a predominância, que só veio a se fortalecer em
definitivo após a Reforma Protestante do século XVI[94].
Portanto, sim, é verdade: havia
um povo bruto, selvagem, bárbaro, tirânico e desumano, lutando contra um povo
mais civilizado. O problema é que pessoas como Assis Chateaubriand e outros
leigos em história erram em identificar qual era o povo bárbaro.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
- Extraído do meu livro: "Cruzadas - O Terrorismo Católico".
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- Fim da Fraude (Refutando as mentiras dos apologistas católicos)
[2]
Se você estiver lendo este livro em algum tempo futuro e remoto onde o Vasco da
Gama voltou a ser melhor que o Atlético/MG, ignore.
[3]
Assis Chateaubriand, Oeuvres, p.
1011, citado em SAID, Edward W. Orientalismo
– O Oriente como invenção do Ocidente. 1ª ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 1990, p. 180.
[4]
BROOKE, Christopher. Europa en el centro
de la Edad Media (962-1154). 1ª ed. Madrid: Aguilar, 1973, p. 365.
[6]
PIRENNE, Henri. Historia económica y
social de la Edad Media. 1ª ed. México: Fondo de Cultura Económica, 1939,
p. 10.
[7]
BROM, Juan. Esbozo de historia universal.
21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 97-98.
[8]
MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas Pelos
Árabes. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 241.
[9]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
608.
[10]
BROM, Juan. Esbozo de historia universal.
21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 108.
[11]
LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e
as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 417.
[12]
ibid, p. 414.
[13]
BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da
pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983,
p. 105-106.
[14]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 378.
[15]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 377.
[16]
MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas Pelos
Árabes. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 59.
[17]
BROM, Juan. Esbozo de historia universal.
21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 97-98.
[18]
ibid.
[19]
ibid.
[20]
ibid.
[21]
ibid.
[22]
ibid.
[23]
ibid.
[24]
ibid.
[25]
ibid.
[26]
ibid.
[27]
ibid.
[28]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
609.
[29]
ibid.
[30]
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[31]
BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da
pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983,
p. 110.
[32]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 375.
[33]
ibid.
[34]
ibid.
[35]
ibid.
[36]
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[37]
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[38]
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[40]
ibid.
[41]
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[42]
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[43]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la Civilización
– Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p. 550.
[44]
ibid.
[45]
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[46]
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[47]
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[48]
ibid.
[49]
BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da
pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983,
p. 86.
[50]
ibid.
[51]
ibid.
[52]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 377.
[53]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
668.
[54]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 376-377.
[55]
ibid.
[56]
ibid.
[57]
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[58]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
669.
[59]
LE GOFF, Jacques. A Civilização do
Ocidente Medieval – Volume I. 1ª ed. Lisboa: Editorial Estampa, 1983, p.
185-186.
[60]
MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas Pelos
Árabes. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 244.
[61]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
608-609.
[62]
BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da
pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983,
p. 92.
[63]
PHILLIPS, Jonathan. La cuarta cruzada y
el saco de Constantinopla. 1ª Ed. Barcelona: CRÍTICA, S. L., 2005, p. 15.
[64]
BROM, Juan. Esbozo de historia universal.
21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 99.
[65]
ibid, p. 98.
[66]
BROOKE, Christopher. Europa en el centro
de la Edad Media (962-1154). 1ª ed. Madrid: Aguilar, 1973, p. 43-44.
[67]
VALENTIN, Veit. História Universal – Tomo
II. 6ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961, p. 20.
[68]
ibid, p. 21-22.
[69]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 446.
[70]
ECO, Umberto. Idade Média – Bárbaros,
cristãos e muçulmanos. Portugal: Publicações Dom Quixote, 2010.
[71]
RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas,
Volume II: O Reino de Jerusalém e o Oriente Franco, 1100-1187. 1ª ed. Rio
de Janeiro: Imago Ed., 2002, p. 24.
[72]
SOUTHERN, R. W. La Formacion de la Edad
Media. 1ª ed. Madrid: Revista de Occidente, 1955, p. 47.
[73]
PHILLIPS, Jonathan. La cuarta cruzada y
el saco de Constantinopla. 1ª Ed. Barcelona: CRÍTICA, S. L., 2005, p. 198.
[74]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 445.
[75]
MORRISSON, Cécile. Cruzadas. 1ª ed.
São Paulo: L&PM Pocket, 2009.
[76]
BALLESTEROS, Manuel; ALBORG, Juan Luis. Historia
Universal Hasta el Siglo XIII. 4ª ed. Madrid: Editorial Gredos, S. A., 1967,
p. 376.
[77]
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. 2ª
ed. Lisboa: Edições 70, 1987, p. 20.
[78]
BROOKE, Christopher. Europa en el centro
de la Edad Media (962-1154). 1ª ed. Madrid: Aguilar, 1973, p. 70.
[79]
ibid, p. 38.
[80]
BROM, Juan. Esbozo de historia universal.
21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 104.
[81]
TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la
Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p.
629.
[82]
LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media.
1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 3.
[83]
Apud MONTEFIORE, Simon Sebag. Jerusalém:
A Bibliografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
[84]
LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media.
1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 12.
[85]
ibid, p. 13.
[86]
LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media.
1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 6.
[87]
FRANCO, Hilário. As Cruzadas. 1ª ed.
São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 46-47.
[88]
WOLFF, Philippe. O Despertar da Europa.
1ª ed. Lisboa: Editora Ulisseia, 1973, p. 157.
[89]
MICHAUD, Joseph François. História das
Cruzadas – Volume Primeiro. 1ª ed. São Paulo: Editora das Américas, 1956,
p. 70-71.
[90]
Apud MICHAUD, Joseph François. História
das Cruzadas – Volume Primeiro. 1ª ed. São Paulo: Editora das Américas,
1956, p. 95.
[91]
LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media.
1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 11.
[92]
ibid, p. 25.
[93]
DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II
– El Fuego de Dios. 1ª ed. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964, p. 380.
[94]
Sobre isso, recomendo a leitura do meu artigo: http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/protestantismo-desenvolvimento.html
Quantas heresias.
ResponderExcluirSim. Quantas heresias refutadas. Pra desespero de gentinha como você.
ExcluirLucas, pela bíblia a natureza humana é completamente má?
ResponderExcluirSim.
ExcluirLucas palavrão é pecado?
ResponderExcluirSim. Falei sobre isso aqui:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=86U29poaTh4
Lucas, eu tenho muito que te agradecer. Seus artigos abriram os meus olhos para a verdade do evangelho. Se não fosse por você, eu estaria no engano até hoje. Então, meu muito obrigado, e um abração.
ResponderExcluirMarcelo Simões.
Olá, Marcelo, fico feliz pelo seu testemunho. Toda a glória a Deus. Grande abraço!
ExcluirLucas Banzoli, parabéns pelos seus brilhantes artigos! Comecei a acompanhar seu trabalho e já virei seu admirador. Fico grato e espero que seja sempre revestido de estimulo para o esclarecimento da verdade. Abraço. Fique com Deus!
ResponderExcluirMuito obrigado, grande abraço!
Excluir