"Ouça a tradição da Igreja". Mas qual?
A carta na manga de todo e
qualquer papista desesperado em um debate chama-se: tradição. Mais
especificamente, uma tradição oral que
supostamente serve para fundamentar doutrinas que não se encontram em parte nenhuma da Bíblia.
Funciona da seguinte maneira: o católico está debatendo com um evangélico
citando os versos isolados do Paulo Porcão, o evangélico vai lá e refuta a
interpretação porca e em seguida o papista chora e começa a apelar para a
“autoridade da tradição”. É como quando uma criança não aceita perder um
joguinho e vai pedir ajuda pra mamãe. E essa tradição oral, por sua vez,
funciona como uma cartola de um mágico: você pode tirar dali qualquer coisa que
quiser, à vontade. Qualquer coisa que sirva para refutar um protestante pode
ser colocado na conta desta fantasmagórica tradição oral.
Em meu livro "Em
Defesa da Sola Scriptura", eu refuto o conceito romanista de
“tradição” usando os escritos dos Pais da Igreja, que nunca falaram sobre uma
suposta tradição oral que sirva para fundamentar doutrinas que não se encontram
na Bíblia. Sim, os Pais falam sobre a “tradição”, mas após averiguar milhares
de obras patrísticas notei algo interessante: a tradição era sempre relacionada
a costumes, dados históricos ou interpretações de coisas que estão na Bíblia, e nunca de doutrinas que não se encontram nela. Se os Pais
cressem neste tipo de tradição, estariam entrando em contradição com centenas e
centenas de citações patrísticas em favor da Sola Scriptura que o leitor pode
conferir clicando
aqui.
O conceito patrístico de
“tradição” não difere em absolutamente nada do conceito reformado da
mesma, e não tem absolutamente nada a ver com a “tradição” papista. Usar a
tradição do tempo bíblico e patrístico para fundamentar a tradição romanista
atual é puro anacronismo. Mas neste artigo não irei repetir as centenas senão
milhares de citações patrísticas que provam isso, mas sim derrubar o conceito
tradicional romano de que a suposta tradição oral doutrinária é “incorruptível”
e subsiste apenas e exclusivamente na Igreja Romana atual. Diz o terceiro
catecismo católico:
“A
tradição é a Palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva-voz por Jesus
Cristo e pelos apóstolos, e transmitida
inalterada de séculos em séculos até nós”[1]
Embora eles digam que essa
fabulosa tradição oral foi transmitida de forma inalterada desde o século I até hoje, as evidências apontam que já
nos primeiros séculos ninguém sabia qual “tradição” era a certa. E isso desde
muito cedo. Ainda no século II, o bispo de Roma, chamado Vitor, defendia que a
Páscoa deveria ser comemorada no primeiro domingo após a páscoa judaica, e
Polícrates, bispo de Éfeso e representante das igrejas da Ásia, defendia que a
Páscoa deveria ser comemorada em 14 de Nisã. O detalhe curioso da história é
que ambos se baseavam na “tradição” para fundamentar o costume. Vitor se
apoiava na tradição herdada por seus antecessores (os bispos romanos que o
antecederam), enquanto Polícrates se apoiava na tradição que teria sido passada
pelo apóstolo João e transmitida de bispo por bispo até chegar a ele.
Temos aqui um caso óbvio de corruptibilidade da tradição. Ou a
tradição de Vitor estava errada, ou era a tradição de Polícrates que estava
errada, ou as duas. De qualquer forma, temos aqui um caso patente de tradição alterável com o passar dos tempos. Isso
aconteceu ainda na primeira metade do século II, menos de cem anos depois da
morte dos apóstolos. Em outras palavras, o que os papistas querem nos convencer
é que aquela mesma tradição que não era boa o suficiente para ser mantida incorruptível por
menos de um século, mesmo assim é boa o bastante para ser transmitida incorruptível
por vinte séculos. É brincadeira?
O engraçado da história toda é
que nem Vitor conseguiu provar que a tradição dele era a certa, nem Polícrates
conseguiu provar que a tradição dele era a certa. Os dois se apoiavam na
autoridade da tradição, mas as tradições eram conflitantes. Então eles saíram
no tapa. Vitor decidiu usar toda a sua enorme autoridade de bispo romano para
excomungar todos os bispos que não concordavam com a tradição dele. Resultado:
fracassou miseravelmente. Ele não apenas não conseguiu excomungar nem um pernilongo,
como também foi severamente repreendido por todos os outros bispos, entre eles
Irineu.
Eusébio de Cesareia (265-339)
atesta que “restam as expressões que empregaram
para pressionar com grande severidade a Vitor. Entre eles também estava Irineu”[2],
e o erudito em patrística, Hans van Campenhausen, ressaltou que “quando Vítor de Roma aceitou ser persuadido a romper
relações eclesiásticas com as igrejas da Ásia Menor, por causa das diferenças
duradouras sobre a festa da Páscoa, Irineu
lhe escreveu uma vigorosa carta na qual condenava esta ação ditatorial de uma
maneira conveniente”[3].
Eusébio, em sua famosa “História Eclesiástica”, alegou também que:
“Ante
isto, Victor, que presidia a igreja de Roma, tentou separar em massa da união
comum todas as comunidades da Ásia e as igrejas limítrofes, alegando que eram
heterodoxas, e publicou uma condenação por meio de cartas proclamando que todos
os irmãos daquela região, sem exceção, estavam excomungados. Mas esta medida não agradou a todos os
bispos, que por sua parte exorta¬vam-no a ter em conta a paz e a união e a
caridade para com o próximo. Conservam-se
inclusive as palavras destes, que repreendem Victor com bastante energia”[4]
Em outras palavras, o grande e
ilustre bispo romano não conseguiu nem provar que sua tradição era a
verdadeira, nem tampouco teve autoridade suficiente para excomungar os bispos
que discordavam dele. Ele foi totalmente silenciado, e até repreendido pelos demais bispos! Ironicamente, é a tradição de
Vitor que a Igreja Romana alega de pés juntos que é “incorruptível” e que não
foi nem minimamente alterada até chegar a nós. Haja a paciência.
Mas este não foi o único caso em
que uma tradição se perdeu ou se corrompeu. Um exemplo simples a ser citado é a
autoria da carta aos Hebreus, que é um mistério para os teólogos até hoje. Na
época de Eusébio, a igreja de Roma jurava de pés juntos que era de Paulo,
enquanto as outras igrejas não tinham a mesma “tradição” e não alegavam nada[5].
Sim, a magnífica tradição oral não servia nem para descobrir quem escreveu a carta, e mesmo assim eles
acham que servia e serve até hoje para fundamentar doutrinas, algo muito mais abrangente e complexo. O pior é que a
Igreja Romana não afirma mais hoje, de forma categórica como afirmava
antigamente, que a carta aos Hebreus é de Paulo. Eles abandonaram sua própria
tradição antiga, e hoje tratam a autoria da epístola como apenas conjectura.
Os vários exemplos de graves
divergências doutrinárias entre os Pais da Igreja também provam que não existe
uma tradição oral doutrinária incorruptível correndo solta nos primeiros
séculos de Igreja. No século IV, havia três hipóteses para os irmãos de Jesus.
Havia a tese tradicional de que eles eram irmãos de sangue (Tertuliano e
Helvídio), havia a tese de que eles eram filhos de um casamento anterior de
José (extraído principalmente do proto-evangelho de Tiago e crido por Hipólito
e Eusébio), e havia também a tese de que eles eram “primos” (inventada
primeiramente por Jerônimo).
Com tantas hipóteses, seria de
se esperar que alguém se agarrasse à autoridade infalível e toda-poderosa da
tradição oral para resolver este dilema de forma cabal e definitiva. Mas não
houve. Jerônimo, ao escrever um tratado contra Helvídio onde defende com unhas
e dentes sua tese particular de que esses irmãos eram primos, em momento nenhum sequer cita a palavra
“tradição” em seu tratado. Ele prefere fazer malabarismos pseudo-exegéticos do
que apelar à tradição, que segundo os católicos já existia naquela época e
provava irrefutavelmente que tais irmãos de Jesus eram seus primos. Se esta
tradição oral realmente existisse, Jerônimo teria sido o primeiro a usá-la
contra Helvídio e todos os seus oponentes, ao invés de tentar usar somente a
Bíblia para fundamentar sua posição. A tradição oral seria o “xeque-mate” em
Helvídio. Mas em todo o tratado ele mostra desconhecer completamente a
existência de uma tradição que lhe fosse favorável.
Pior ainda é ele esquecer essa
tradição em uma obra onde diz:
“Tiago,
que é chamado de ‘irmão do Senhor’, de sobrenome ‘o Justo’, o filho de José com
outra mulher, como alguns dizem, mas, como
me parece, filho de Maria irmã da mãe de nosso Senhor, que João faz menção
em seu livro, após a paixão de nosso Senhor. Ele foi ordenado pelos apóstolos
bispo de Jerusalém...”[6]
Interessante. Jerônimo faz
menção à crença popular na época de que Tiago não era primo de Jesus, mas sim
meio-irmão (por parte de pai), então diz que “me parece” que esta crença estava errada, pois ele defendia a tese
de que Tiago fosse primo de Jesus. Onde vemos Jerônimo se apoiando na “tradição
oral” para reforçar sua crença e provar que ela era a verdadeira e as outras
teses erradas? Em lugar nenhum. Jerônimo se apoiava somente no seu próprio
parecer, naquilo que “lhe parecia”. Não existia nenhuma tradição oral correndo
solta na época (século IV) e dizendo que este irmão de Jesus era primo. Mesmo
assim, os romanistas do século XXI juram de pés juntos que a crença de que os
irmãos de Jesus eram primos é sim proveniente de uma tradição oral
incorruptível que surgiu no século I e foi mantida “inalterável através dos
séculos”, ainda que totalmente desconhecida por Jerônimo no século IV. Patético.
Havia ainda outras dezenas de
discussões doutrinárias dos Pais da Igreja que sequer existiriam caso houvesse
uma tradição oral infalível que explicasse tin tin por tin tin qual é a crença
verdadeira em cada caso. Em meu livro eu cito uma a uma, e passo todas as
citações. Como aqui o espaço é curto, preferi montar uma tabela onde exponho
estas contradições, e quem advogava por qual lado:
CRENÇA
|
QUEM APOIAVA
|
QUEM DISCORDAVA
|
Paulo
foi dissimulado em Gálatas 2:11-14
|
Jerônimo
|
Agostinho
|
Canonicidade
dos livros apócrifos
|
Agostinho,
Concílio de Cartago, Concílio de Hipona
|
Jerônimo,
Milito de Sardes, Teófilo, Orígenes, Júlio Africano, Eusébio, Atanásio,
Hilário, Apolinário, Epifânio, Basílio, Cirilo de Jerusalém, Gregório
Nazianzeno, Rufino, Gregório Magno, João Damasceno
|
Literalidade
do milênio
|
Papias,
Irineu, Tertuliano, Justino, Lactâncio
|
Eusébio,
Agostinho
|
Imaculada
conceição de Maria
|
Hipólito
|
Orígenes,
Tertuliano, Crisóstomo, Gregório Magno, Agostinho
|
Imortalidade
incondicional da alma
|
Agostinho,
Irineu, Tertuliano, Cipriano
|
Inácio,
Teófilo, Taciano, Policarpo, Arnóbio
|
Universalismo
|
Orígenes,
Gregório de Nissa
|
Todos
os outros
|
Aniquilacionismo
|
A
maioria dos cristãos até o século IV (segundo Agostinho e Basílio)
|
A
maioria dos cristãos depois disso
|
Culto
às imagens
|
João
Damasceno, II Concílio de Niceia (em diante)
|
Eusébio,
Irineu, Tertuliano, Epifânio, Clemente de Alexandria, Orígenes, Cipriano,
Concílio de Elvira
|
Dia
da celebração da Páscoa em 14 de Nisã
|
Polícrates,
Irineu, Policarpo, bispos de Ásia
|
Vitor,
Aniceto, bispos de Roma
|
Rebatismo
dos hereges
|
Agostinho
|
Cipriano
|
Batismo
infantil
|
Agostinho,
Hipólito
|
Tertuliano,
Didaquê
|
Divórcio
em casos de adultério
|
Tertuliano, Lactâncio, Teodoreto, Cirilo
de Alexandria
|
Jerônimo,
Clemente de Alexandria, Orígenes, Agostinho, Tertuliano
|
Uso
da força
|
Agostinho
|
Lactâncio
|
Juramentos
|
Agostinho
|
João
Crisóstomo
|
Pré-existência
das almas
|
Orígenes
|
Outros
pais em geral
|
Traducianismo
espiritualista
|
Agostinho
|
Outros
pais em geral
|
Traducianismo
materialista
|
Tertuliano
|
Outros
pais em geral
|
Determinismo
|
Agostinho
|
Clemente
de Alexandria
|
Celibato
obrigatório
|
Concílio
de Niceia
|
Eusébio,
Clemente de Alexandria
|
Eleição
incondicional
|
Agostinho
|
Justino,
Hilário, Teodoreto
|
Estes são só alguns exemplos.
Existem muitos, muitos, muitos outros, por toda parte. Para descobrir
discordâncias entre os Pais da Igreja não é preciso fazer mais do que abrir um
livro de qualquer um deles. Mesmo sendo figuras tão importantes nos primeiros
séculos, e reconhecidamente dentro da Igreja cristã, eles mantinham várias
divergências em praticamente todos os assuntos em que os evangélicos também
discutem entre si, e em muitos outros. Se o argumento católico-romano de que é
a crença na Sola Scriptura que leva à diversidade de opiniões e doutrinas
divergentes, então obviamente os Pais da Igreja devem ser reconhecidos como os
maiores Sola Scripturistas que este mundo já conheceu.
Se realmente houvesse um
magistério em Roma interpretando a Bíblia infalivelmente, é claro que não
existira qualquer uma das vinte discussões mostradas aqui, dentre muitas outras
que existiram na Igreja da época. Ninguém iria discutir com ninguém, e qualquer
divergência seria facilmente solucionada levando a questão para o infalível
magistério romano decidir o ponto de fé.
Contudo, nunca vemos um ponto doutrinário sendo levado a um
magistério romano decidir a questão. Todos eles mantiveram suas opiniões até o
fim da vida, mesmo sabendo que estavam em conflito com a opinião de outros
Pais. Se realmente existia um magistério romano interpretando a Bíblia
infalivelmente, ele era tão invisível e tão pouco notório que ninguém fazia a
mínima questão de levar as divergências doutrinárias a ele. Era um magistério
tão poderoso que era dispensado por todos os Pais da Igreja. Eles preferiam
continuar crendo da forma que criam do que resolver a questão levando-a a Roma.
Além disso, se realmente existia
alguma tradição oral completamente preservada com todos os pontos intactos da
fé que havia sido originalmente dita pelos apóstolos, por que nenhum Pai
recorria à autoridade desta tradição para resolver suas intrigas doutrinárias
uns com os outros? Por que Agostinho não disse a Jerônimo que a tradição mostra que a interpretação dele é a certa? Por que ele não recorreu
a uma suposta tradição oral para reforçar seu argumento de que a sua visão de determinismo, eleição e
predestinação era a certa, e que os demais estavam errados por ignorar essa
tradição?
Por que Orígenes, Tertuliano,
Agostinho ou qualquer outro Pai que se esforçou em definir a origem da alma com
conclusões sempre divergentes não evocou a autoridade da tradição não-escrita
para liquidar a questão de uma vez e mostrar que a sua interpretação era a verdadeira? Por que nenhum dos vários Pais
que discutiram sobre o tema do divórcio não lembrou o que foi “preservado” pela
tradição oral para decidir a questão sem deixar brechas para discordâncias?
Por que Jerônimo se esforçou em
provar somente pela Bíblia que Maria
foi sempre virgem, ao invés de recordar a Helvídio a existência da tradição
oral? Por que os Pais que eram contra a virgindade perpétua da mãe de Jesus não
lembravam o que a tradição dizia e mudavam de opinião? Por que nenhum Pai que
era contra ou a favor da imortalidade da alma afirmou que chegou a esta crença
através de uma tradição não-escrita? Por que a dúvida sobre o milênio, se havia
mesmo uma tradição intacta e incorruptível que dizia com exatidão se ele
existia ou não?
Por que Epifânio não sabia o que aconteceu nos últimos
dias de Maria (em função de que a Bíblia silenciava a respeito), se a Igreja
Romana diz ter certeza de que a
tradição oral comprova a assunção dela? Qual tradição oral era essa, que era
desconhecida por um bispo do século IV e conhecida por um papa do século XX?
Como confiar em uma tradição
oral que não preserva nem a autoria do livro de Hebreus? Por que seus destinatários, que sabiam quem era o autor, não transmitiram
adiante este conhecimento? Se transmitiram, por que não foi preservado pela
tradição? Se algo tão simples como o nome de uma pessoa não pôde ter sido
preservado oralmente, como é que podemos ter certeza de que doutrinas e
pensamentos complexos o foram?
Todas estas questões – e muitas
outras que poderíamos levantar – só podem ser satisfatoriamente respondidas se
a resposta for que os Pais da Igreja desconheciam a existência de uma tradição
oral incorrupta que fundamentava doutrinas, e que eles criam somente na Bíblia
como fonte de doutrina. Isso explica por que havia tantas divergências e por
que ninguém definia uma questão polêmica com a “autoridade” da tradição: todos
interpretavam livremente a Bíblia, e, consequentemente, podiam chegar a
interpretações diferentes, e a posições doutrinárias distintas – exatamente o
mesmo que os católicos tanto contestam nos evangélicos.
O exame detido dos escritos dos
Pais nos mostra que eles ignoravam completamente a existência de qualquer
tradição oral incorruptível que tivesse a mesma força para fundamentar
doutrinas que a Escritura tinha, e que em todas as questões doutrinárias eles
recorriam somente à Escritura para resolver a questão, independentemente de
qual doutrina fosse.
Outro problema com o uso da
tradição oral pelos apologistas romanos é que os irmãos ortodoxos também se
sustentam em alegadas tradições para fundamentar suas doutrinas, que em alguns
casos também não são bíblicas, mas muitas
tradições cridas por eles são completamente diferentes das tradições cridas
por Roma. Vejamos algumas diferenças entre a Igreja Romana e a Ortodoxa:
Igreja Católica
Romana
|
Igreja Católica Ortodoxa
|
Adota vinte e um
concílios
|
Admite apenas sete
concílios
|
O bispo de Roma tem
poder pleno, supremo e universal na Igreja
|
Não admite a primazia
do bispo romano sobre todos os demais
|
O papa (bispo de Roma)
é infalível em matéria de fé, discursando em ex cathedra
|
Não admite a
infalibilidade papal
|
Existência do
purgatório
|
Não existe o
purgatório
|
Existência do limbo
|
Não existe o limbo
|
Existência de
indulgências
|
Não admite a
existência de indulgências
|
Dogma da imaculada
concepção de Maria
|
Maria foi concebida em
estado de pecado original
|
Comunhão aos fieis
somente com o pão (hóstia) na Ceia (eucaristia)
|
Comunhão com ambos os
elementos aos fieis
|
Existência de imagens
de escultura nos templos
|
Não se permitem
imagens de escultura nos templos, mas somente ícones
|
Batismo por aspersão
|
Batismo por imersão
|
O Espírito Santo
procede somente do Pai
|
O Espírito Santo
procede do Pai e do Filho
|
Rejeita a canonicidade
de 3ª e 4ª Macabeus, 3ª e 4ª Esdras, Oração de Manassés e o Salmo 151
|
Considera canônicos
todos estes livros rejeitados pelos romanos
|
Celibato obrigatório
dos sacerdotes
|
Sacerdotes podem optar
entre o celibato ou o matrimônio
|
Existência de dois
juízos (um individual e um geral)
|
Existência de um único
juízo universal
|
Vamos por um momento supor que
exista mesmo uma tradição oral incorruptível e inalterável que atravessou os
séculos e foi admitida como regra de fé paralela às Escrituras. Vamos também
supor que um evangélico esteja desesperadamente disposto a seguir essa tão
importante tradição oral. Em primeiro lugar, qual tradição ele deveria seguir? A tradição da Igreja Romana, a da Igreja
Ortodoxa ou um misto das duas?
Mais uma vez, ressaltamos que
ambas alegam ter dois mil anos e remeter aos apóstolos por sucessão. Ambas
também afirmam guardar como um depósito a “tradição apostólica”. Porém, as
tradições de uma são totalmente diferentes das tradições da outra. A tradição
romana diz que o purgatório existe; a tradição da ortodoxa diz que não existe.
A tradição romana diz que a comunhão aos fieis na Ceia é feita somente com a
hóstia; a tradição da ortodoxa diz que é com ambos os elementos. A tradição
romana é de um batismo por aspersão, e da ortodoxa por imersão.
Se um evangélico tivesse que
seguir a tradição, como poderia ter certeza de qual tradição é a certa? Ele
deveria seguir aquela tradição que diz que o Espírito Santo procede do Pai e do
Filho ou aquela que diz que ele procede apenas do Pai? Ele deveria crer na
tradição que diz que o limbo existe ou naquela que nega a existência dele? Ele
deveria obedecer a tradição que diz que Maria nasceu sem o pecado original ou aquela
que desconhece esse dogma? Qual é a tradição certa?
E como podemos ter absoluta
certeza de qual é a tradição certa, se ambas dizem remeter aos apóstolos e ter
sido passada adiante sem alteração através dos séculos? Como poderíamos
satisfatoriamente seguir a tradição romana porque Roma diz que é a certa, e
ignorar a tradição ortodoxa que também diz que ela é a verdadeira? Qual
tradição é essa que é tão diferente no ocidente e no oriente? Por que eles não
seguem a mesma tradição? Por que há tantas divergências?
A resposta é uma só: porque a tradição oral não é nem segura e
nem confiável, mas é facilmente corrompida. Todo este quadro nos mostra que
pelo menos várias tradições foram
corrompidas com o tempo, seja pelos romanos ou pelos ortodoxos, já que não
cremos na existência de duas verdades opostas, o que cairia no relativismo
secular e herético. Obviamente, a tradição foi corrompida, adulterada, transformada,
modificada. Ela tomou diferentes formas, em diferentes lugares e em diferentes
épocas. Ela não é nem um pouco confiável.
Se fosse, a tradição no oriente
seria exatamente a mesma do ocidente. Se fosse, as igrejas romana e ortodoxa
falariam a mesma língua quando o assunto é a tradição apostólica. Se fosse,
ninguém estaria disputando o posto de “guardião da verdadeira tradição”. Se
fosse, não haveria o Cisma. Se fosse, teríamos algo sério para refutar neste artigo.
Mas, infelizmente, não é.
A tradição oral é tão confiável
quanto um telefone sem fio em uma roda de amigos, que nunca termina com o mesmo
resultado de outra roda com a mesma pauta. Isso explica por que uma roda
(romanos) terminou com um resultado e outra roda (ortodoxos) terminou com
outro: nenhuma tradição oral é segura. Resultados diferentes é o que se deveria
esperar de algo que é impossível de se conservar pela mera transmissão oral. É
tão frágil quanto um telefone sem fio.
Antes de concluir este artigo,
quero passar novamente aqui um desafio que eu fiz recentemente a um católico
que apelava para a autoridade da “tradição”:
“Não
adianta apelar para a tradição sem antes definir o que é a tradição. Qual
tradição é a verdadeira? É a tradição romana ocidental, que diz que o batismo
deve ser feito por aspersão e que o purgatório existe, ou é a tradição ortodoxa
oriental, que diz que o batismo deve ser feito por imersão e nega a existência
do purgatório? Eu não quero blá-blá-blá ou achismos, eu quero provas. Eu quero que você me
prove com documentos históricos de que a tradição romana é a única tradição
certa, que todas as outras tradições que remetem às outras igrejas do início da
era cristã e que divergem da igreja de Roma são todas falsas, que a sua e
apenas a sua tradição é incorruptível e que jamais passou por acréscimo,
alteração, subtração ou modificação nenhuma, e que devemos rejeitar todos os
argumentos ortodoxos para a tradição deles e ficar somente com a tradição de
vocês. Você pode fazer isso, por favor? Apelar somente à palavrinha ‘tradição’
nos escritos dos Pais não é suficiente, pois a Igreja Ortodoxa faz exatamente a
mesma coisa para provar a tradição deles. Eu quero provas decentes, que
sejam satisfatórias. Só depois disso você volte aqui para apelar a tradições
orais fantasmagóricas a fim de justificar suas teses papistas”
Nenhum católico tem capacidade
de responder a isto, porque eles já foram treinados a dar aquelas respostinhas
prontas de “ouça a tradição da Igreja”, mas ninguém jamais os ensinou a
responder à pergunta: “Mas qual?”. Falar que existe a “tradição” é a parte
fácil. Qualquer papagaio faz isso. Delimitar exatamente e com precisão qual
tradição é verdadeira e qual é falsa, essa sim é a parte difícil. Quem arrisca?
Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
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[1] Terceiro
Catecismo Católico, pág. 152.
[2] Eusébio
de Cesareia, História Eclesiástica,
Livro V, cap. XXIV.
[3] Hans
van Campenhausen, Os Pais da Igreja,
pág. 24.
[4] Eusébio
de Cesareia, História Eclesiástica,
Livro V, 24:9
[5] Eusébio
de Cesareia, História Eclesiástica,
Livro III, 3:5.
[6]
Jerônimo, De Viris Illustribus, Cap.
2.
Onde está a Sola Scriptura na bíblia?
ResponderExcluirQuem disse que a Sola Scriptura precisa estar na Bíblia? Se o "somente a Bíblia" estivesse "somente na Bíblia", seria um princípio circular e auto-refutante, igualzinho os argumentos católicos em favor da tradição deles.
ExcluirAnônimo Católico, tudo bom?
Excluir.
Meu presado, Atos 18:28 afirma que Paulo “com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”.
.
Você usaria o que para convencer os incrédulos que Jesus é o Cristo? Aliás, fica até fora de foco pedir a um católico que convença alguém pelas Escrituras sobre Cristo, arrependimento dos pecados, volta de Jesus, batismo com o Espírito Santo e etc. Não tem como, pra católico não dá. Ele nem cisca, não se interessa e nem sabe por que faria tal coisa. Onde já se viu católico correr atrás de pecador e pregar o evangelho?
.
Vamos para a sola scriptura
.
Romanos 16:26, Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé
.
Percebeu? Se notifica pelas Escrituras para obediência na fé.
.
O Apóstolo João escrevia para ensinar os crentes a não pecar; “Filhinhos, estas coisas vis escrevo para que não pequeis”, I João 2:1
.
Paulo escrevia para admoestar
.
1 Coríntios 4:14, Não escrevo estas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos como meus filhos amados.
.
O que ele escreveu veio de Deus
.
1 Coríntios 14:37, Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.
.
Paulo podia ter deixado na área do boca em boca, mas preferiu escrever para que eles não esquecessem o que haviam lido antes:
.
Romanos 15:15, Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, pela graça que por Deus me foi dada
.
“Escrevi mais ousadamente”. Sugere que ele havia escrito anteriormente, mas de forma mais branda. Precisou escrever duas vezes!!!
.
Em Hebreus ele escreve para exortar
.
Hebreus 13:22, Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis a palavra desta exortação; porque abreviadamente vos escrevi.
.
Pedro também
.
1 Pedro 5:12, Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.
.
Todos escreveiam, até quem não escreveu nada também usou o que está escrito. Falo de jesus, que usou as Escrituras para tirar o diabo do seu caminho, partindo para o “ESTA ESCRITO” (Mateus 4). E o diabo fugiu. A propósito, voce já tentou fazer a mesma coisa usando a tradição que não se escreveu em livro nenhum, ou mesmo os textos dos pais da Igreja, hun? Imagina só voce enfrentando o diabo com aquilo que se passou de boca em boca? Vais passar vergonha!
.
A mesma instrução para Josué ainda permanece para nós:
.
Josué 1:8, Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
.
Depois chamam Jesus de Deus e ao mesmo tempo garantem que ele nunca mandou escrever!
.
O detalhe: “o livro desta lei... fará prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido”.
.
Para castigo dos católicos que tem alergia quando ouve a palavra livro, o texto fala exatamente num LIVRO que fará prosperar o seu caminho!
.
Observe agora com o que isso se parece:
.
“... as sagradas Escrituras... podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus... é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”, 2 Tim 3:16-18.
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Parece-se com isso também: “Quem crê em mim, COMO DIZ A ESCRITURA, rios de água viva correrão do seu ventre”.
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Aqui está dizendo que é necessário crer em Cristo por aquilo que está escrito NA BÍBLIA e não por aquilo que JAMAIS FOI ESCRITO EM LIVRO NENHUM!
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E aqui vai o mais forte versículo em favor da Sola Scriptura:
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Romanos 15:4, “... pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.
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Católico, Leia a BÍBLIA!
"Quem disse que a Sola Scriptura precisa estar na Bíblia? Se o "somente a Bíblia" estivesse "somente na Bíblia", seria um princípio circular e auto-refutante, igualzinho os argumentos católicos em favor da tradição deles."
ExcluirOu seja: catolicismo e protestantismo são filhos da mesma moeda. Ambos inventam, criam, mentem e achan que estão arrasando.
Obrigado Lucas por mostrar que tanto o catolicismo como o protestantismo são a mesma coisa!
Você bebeu? O que tem a ver o princípio da Sola Scriptura não ser auto-refutante com o fato de ser uma "invenção"?
ExcluirAlon, não adianta mostrar a verdade bíblica pra eles, são cegos guiando cegos. O que esperar de alguém que é guiado pelo Paulo Porcão?
ExcluirSó uma coisa: este site não aceita control c + control v de retardados sem cérebro e personalidade, que na falta de argumentos preferem copiar e colar aqui textos quilométricos de sites católicos ridículos que já foram refutados por mim há dez anos aqui:
Excluirhttp://lucasbanzoli.no.comunidades.net/index.php?pagina=1084794748
Quer debater? Então use seus próprios argumentos e deixe de ser um papagaio falante. Tem animal adestrado que pensa que vai convencer aqui colando lixo tirado do site do Paulo Porcão ou de outros piores. Vai nessa.
Como o NT pode ter sido dado pela Igreja se havia tantos erros assim ? Como conciliar uma coisa com outra se a tradição foi falha como você disse. sendo que a tradição que deu o NT ao povo...Se os homens erraram assim como eles podem ter dado os livros certos e selecionados eles ? Fica estranho isso
ResponderExcluirVocê comete um erro primário, que é partir do pressuposto de que a Igreja (seja ela qual for) determinou quais livros eram inspirados (canônicos) e quais não eram (não-canônicos), quando na verdade o papel da Igreja foi apenas de reconhecer quais livros já eram inspirados e quais não eram. Nenhum livro se tornou canônico a partir do momento em que um concílio ou Pai da Igreja decretou que este tal livro seria canônico. E isso também não tem absolutamente nada a ver com "tradição oral", que é a transmissão oral de doutrinas que não necessariamente se encontram na Bíblia, até porque o cânon não é doutrina. Nada do que você argumentou responde a qualquer um dos questionamentos e fatos históricos que eu demonstrei aqui.
ExcluirEntão como vc sabe que o NT tem 27 livros ? quem te disse isso ? qual igreja ?...a Bíblia foi formada por homens que são os pais da igreja...se a tradição é falha então corremos o risco de estarmos com livros errados ja que havia varios outros livros que não entraram no canon... tem que ter uma tradição 100% correta nisso tudo pois do contrario estamos perdidos e o cristianismo pode cair...é claro que alguns pais da igreja se divergiam entre sim, mas quem dá a palavra final e bate o martelo em qq questão é o papa...
ResponderExcluirVou repetir de novo: a Igreja não decretou cânon nenhum, mas apenas RECONHECEU o cânon. É difícil entender isso? A questão do cânon NÃO É de tradição oral, mas de REVELAÇÃO. Você está misturando alhos com bugalhos. E o cânon não é doutrina, nem foi transmitido oralmente "incorruptamente". E os Pais que o reconheceram também não eram católicos-romanos. E quem decidia não era o papa, ou senão Agostinho não teria escrito:
Excluir“Na questão das Escrituras canônicas, ele deve seguir a autoridade do maior número de igrejas católicas, entre as quais estão aquelas que merecem ocupar assentos apostólicos e receber epístolas. Ele observará essa regra a respeito das Escrituras canônicas: preferirá aqueles pontos aceitos por todas as igrejas católicas, e não as que alguns não aceitam; entre aqueles que não são aceitos por todos, ele deve preferir aqueles que são aceitos pelo maior número de igrejas importantes, em vez de apoiados por poucas igrejas pequenas de autoridade inferior. Se ele descobrir que alguns são mantidos pela maioria das igrejas, outros pelas igrejas de autoridade com maior peso, ainda que esta condição não seja plausível, deve manter para que haja igual valor” (On Christian Doctrine, Livro 2, seção VIII)
Agostinho diz para seguir o consenso geral DA MAIORIA, e você diz para simplesmente perguntar ao papa e seguir o que ele tem a dizer. Quem está certo? Por que Agostinho não disse simplesmente para ver a questão com o "papa" romano para dar um ponto final a toda e qualquer discussão?
Lucas, o que dizer de protestantes como Thomas Oden ou Phillip Schaff que usaram e muito, a ideia do consenso patristico ? Não seria uma segunda fonte de autoridade, junto da escritura ?
ResponderExcluirA ideia é que, se certa doutrina foi considerada verdadeira unanimemente pelos Pais, então ela é com toda probabilidade verdadeira. Isso não confronta o princípio da Sola Scriptura; ao contrário, se uma doutrina é crida com tanta aceitação geral então é claro que ela provém da Escritura (por exemplo, todos os Pais defenderam a ressurreição dos mortos, que é uma doutrina indiscutivelmente bíblica). Os Pais são vistos como intérpretes da Escritura e não como uma "outra Bíblia". Seguir o consenso deles significa meramente seguir o que a esmagadora maioria dos intérpretes originais tinham a dizer sobre a questão determinada. Eu também não creio em nada que seja contra o consenso unânime, e nem por isso sou contra a Sola Scriptura.
ExcluirAo anônimo,
ExcluirAcho que você comete um equívoco muito comum em relação à Sola Scriptura. Sola Scriptura não quer dizer que a Bíblia é a única autoridade, mas que ela é a única autoridade INFALÍVEL e FINAL. Isto quer dizer que os Pais da Igreja e a própria Igreja tem sim autoridade, porém apenas a Bíblia é infalível e última instância de recurso em qualquer controvérsia doutrinária.
Portanto, é saudável e prudente ouvir os pais da igreja, sempre submetendo-os ao crivo bíblico.
Já os católicos seguem a Sola Ecclesia - a autoridade final e infalível é a Igreja. Por isso, por mais que uma doutrina católica seja irracional, antibíblica e ausente na tradição apostólica dos primeiros séculos, o católico deve crer, sob risco de estar cometendo pecado mortal e ir para o inferno.
Impressionante como os católicos repetem essa argumentação falaciosa.....
Excluir1) Como eu sei que os 27 livros do NT são os certos?
R: Através de evidências internas (presentes nos próprios escritos) e evidências externas (testemunho dos pais da igreja, testemunhos de autores não cristãos, provas arqueológicas, provas históricas e até mesmo informações geográficas) - Podemos a partir disto provar que estes livros foram escritos por apóstolos ou pessoas autorizadas por apóstolos, que eles são escritos do primeiro século e não do segundo século e que eles apresentam a ortodoxia correta a partir da comparação com outros escritos cuja autoria apostólica é inquestionável (ex: as cartas de Paulo). Todos os outros livros candidatos ao Canon do NT não satisfazem a esses requisitos. E todos esses requisitos são consistentes com a mensagem da própria Escritura, uma vez que a Bíblia afirma a autoridade apostólica para levar a mensagem correta de Cristo. Perceba que não precisamos tratar os Pais da Igreja como infalíveis ou corretos a priori, o que fazemos é submetê-los ao crivo da história e assim determinar se as suas tradições são corretas a respeito do cânon. Existem vários pesquisadores cristãos que dedicam suas vidas a isso, eles não se satisfazem com um simples “por que o Papa disse”. Se você considera um ser pensante e racional, deveria fazer o mesmo e submeter as doutrinas da sua denominação ao crivo bíblico e histórico.
2) Qual Igreja?
R: A Igreja Católica Antiga. Dizer que esta Igreja era Católica Romana é uma alegação falsa. Eles não criam numa série de doutrinas que um católico romano precisa crer para ser considerado como tal.
Esta Igreja não cria:
- O Bispo de Roma exercia primazia jurisdicional sobre a Igreja Universal;
- Imaculada Conceição de Maria;
- Magistério Infalível encabeçado por um Bispo Infalível;
- Assunção corpórea de Maria;
- Confissão auricular como modernamente pratica a Igreja Romana;
- Purgatório (exceção de alguns pais que criam num tipo de purificação pós-morte, mas ainda assim com diferenças em relação ao romanismo)
- Muitos dos pais que reconheceram o cânon não criam em: transubstanciação, sacrifício da missa, justificação por obras, preterismo, amilenismo, virgindade perpétua de maria, intercessão dos santos, batismo infantil, títulos de maria como co-redentora e advogada e muitas outras.
Alguém pode ser católico romano sem acreditar em tudo isso. Se você leva a sério os concílio e documentos papais, deveria considerar os pais da igreja hereges.
3) “se a tradição é falha então corremos o risco de estarmos com livros errados já que havia vários outros livros que não entraram no cânon... tem que ter uma tradição 100% correta nisso tudo pois do contrario estamos perdidos e o cristianismo pode cair”
ExcluirR – Errado, seu post é auto-refutante. Pois afirma que teria que haver uma tradição 100% correta e diz que os pais divergiam entre si. Você mesmo reconhece a falibilidade dos Pais da Igreja, mas também afirma que foram eles que nos deram a bíblia. Como disse acima, não precisamos partir do pressuposto que a tradição deles é correta para afirmar o cânon bíblico. Basta utilizarmos como evidência e submetermos esta evidência ao crivo da história. Não dependemos apenas deles para determinar o cânon bíblico, temos outros tipos de evidências já citadas para estabelecer a veracidade do seu testemunho.
Você afirma que vários outros livros não entraram no cânon – isto é verdade, mas disso não se segue que precisamos de uma tradição 100% correta para os descartamos como canônicos. As próprias evidências internas destes livros já são suficientes para descarta-los como canônicos – o testemunho dos Pais da Igreja só irá reforçar isto. Lembremos que muitos pais adotaram alguns poucos livros não inspirados como canônicos.
4) “mas quem dá a palavra final e bate o martelo em qq questão é o papa”
R – Acho que esta afirmação deve resumir toda a sua posição. Você acredita que os livros são os certos por que o papa disse. Nós já pensamos diferente, adotamos estes livros por que temos boas evidências de que eles são os corretos. A sua posição nada mais é do que um falácia conhecida como raciocínio circular. Você acredita que a Igreja está certa por que ela disse que está. Todo o castelo de cartas do romanismo se baseia nesta falácia.
Há outros artigos neste blog que tratam do papado, você os deveria ler. Por hora, lhe digo que sua afirmação é refutada pela Bíblia e pela história. Não só é contrário às escrituras, como não eram crido pela Igreja dos primeiros séculos que o Bispo de Roma tinha esta prerrogativa e era infalível.
Importa destacar, como já mostrado pelo Lucas, que o cânon bíblico não foi objeto de decisão final pelo Bispo Romano. O reconhecimento do Cânon foi um processo resultante da análise de vários autores cristãos, que nunca apelaram à autoridade do Bispo de Roma para decidir quais os livros eram canônicos, até por que eles não davam a ele toda esta autoridade.
Admiro a sua paciência e meticulosidade, Bruno :)
ExcluirSó um detalhe,
ResponderExcluirAgostinho não cria na imaculada conceição de Maria - esta doutrina é totalmente ausente do período patrístico.
Os Romanistas usam a citação abaixo a favor da imaculada conceição:
Em seguida, ele enumera aqueles "que não só viveram sem pecados, mas são descritos como tendo levado uma vida santa, - Abel, Enoque, Melquisedeque, Abraão, Isaque, Jacó, Josué, filho de Nun, Finéias, Samuel, Natã, Elias, Jose, Eliseu, Miquéias, Daniel, Ananias, Azarias, Misael, Mordecai, Simão, José - aquele que desposou a Virgem Maria, João "E acrescenta os nomes de algumas mulheres, - Deborah, Anna, a mãe de Samuel, Judith, Esther, a outra Anna, filha de Fanuel, Elisabeth, e também a mãe de nosso Senhor e Salvador, sobre ela", diz ele," temos que admitir que por sua piedade, ela não tinha pecado. "Devemos excetuar a Santa Virgem Maria, em cujo caso, em respeito ao Senhor, não quero que haja qualquer outra questão, na medida em que o pecado está em discussão, uma vez que podemos saber que grande abundância da graça foi conferida a Ela para vencer o pecado em todos os sentidos, vendo que ela mereceu conceber e dar a luz àquele que certamente não cometeu pecado algum (Agostinho, sobre a natureza e a graça – Capítulo 42, contra Pelágio).
Agostinho estava respondendo ao argumento de Pelágio, segundo o qual, muitos homens da bíblia conseguiram viver sem pecados. Agostinho responde excetuando apenas Maria, afirmando que ela não pecou. Mas disso se segue que Maria foi livre do pecado original? Não, Agostinho não colocou Maria como exceção neste caso. Observe a citação abaixo:
É, portanto, um fato observado e estabelecido, que nenhum homem nascido de homem e mulher, isto é, por meio de união corporal, pode ser livre do pecado. Todo aquele que, de fato, está livre do pecado, é também livre de uma concepção e nascimento deste tipo. Além disso, conforme exposto no Evangelho segundo Lucas, ele diz: Não foi a coabitação com um marido que abriu os segredos do útero da Virgem; uma vez que foi o Espírito Santo que infundiu a semente imaculada em seu ventre não violado. Pois dos que nasceram de mulher, somente o Senhor Jesus é santo, na medida em que Ele não experimentou contato com a corrupção terrena, devido à novidade do Seu nascimento imaculado; Não, ele repeliu-o por sua majestade celestial (Agostinho, sobre a graça de Cristo e sobre o pecado original – capítulo 47).
Ou seja, para Agostinho, nenhuma pessoa nascida de procriação natural - o caso de Maria - poderia ser livre do Pecado natural. Apenas Jesus estava livre, pois ele foi concebido pelo Espírito Santo. Vários escolásticos seguindo Agostinho defendiam posição parecida, maria viveu sem pecados, mas não foi livre do pecado original. Alguns Pais da Igreja mais tardios também defenderam que Maria não pecou, mas que ela foi santificada após o nascimento, antes de gerar Jesus Cristo. Porém, o testemunho patrístico majoritário é que Maria de fato cometeu pecados durante a vida, apenas de sempre te-la como um mulher exemplar.
Não há como afirmar que Hipólito cria nesta doutrina também. A citação usada para isto é de caráter duvidoso, muitos estudiosos questionam a sua veracidade.
Bem colocado. Não tinha percebido esse detalhe. De fato, há diferença entre ser livre do pecado em vida e de ser livre do pecado original. Muito obrigado pelo comentário!
ExcluirEsse dogma da imaculada conceição não foi oficializada quando a Bernadette teve uma visão onde Maria teria revelado a ela com a frase: Eu sou a imaculada conceição? Um amigo meu disse algo pra mim que me deixou perplexo. Disse que Maria teria revelado em Jacareí ou sei lá onde foi a tal visão que ela foi feita a, vejam: Quarta pessoa na trindade, que passaria a ser quarteto! Até onde vai a apostasia, a blasfêmia contra o Deus de Maria? Absurdo!
ResponderExcluirA imaculada conceição foi definida como dogma em 8 de Dezembro de 1854, ou seja, eles demoraram 18 séculos para concluir que a imaculada conceição é um ponto fundamental e indiscutível da fé (que surpresa). Quarta pessoa da trindade, co-redentora junto com Jesus, onipotente e superior a tudo e a todos, eles não se cansam de blasfemar contra Deus.
ExcluirPronto, Lucas. Eu acho que com isso, deu para dar um jeito no Conde. https://plus.google.com/+RodrigoSilvaBarros/posts/43AeSkxepQq
ResponderExcluirHahahahaha você deu uma surra naquele conde retardado. Admiro a sua paciência em lidar com aquele animal :)
ExcluirKKKK, o conde maluco levou o que merecia.
ExcluirLucas, gostaria de perguntar o que você acha do livro "The shape of sola scriptura." Desde já, agradeço.
O livro é muito bom, mas eu discordo da colocação dele de que a "Tradição 2" passou a surgir com Agostinho e Basílio (ainda que ele tenha asseverado que ela só começou a ser usada mais significativamente no século XII), porque há muitíssimos textos tanto em Agostinho quanto em Basílio que provam que eles também criam na "Tradição 1" (eu citei dezenas deles em meu livro sobre o tema):
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/06/novo-livro-em-defesa-da-sola-scriptura.html
Abraços!
não sei quem me entrou neste tipo de blog deve ser talvez algum mau inimigo do Leste tenta ver para executar ele eu tinha pensado eu tivesse de abrir-lo
ResponderExcluirE como eu faço para escapar deste "mau inimigo do Leste"? Fujo para as colinas?
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