Pedro disse que a Escritura não pode ser interpretada individualmente?


Um texto bastante utilizado de forma isolada e deturpada por católicos romanos na tentativa de impugnar o livre exame da Bíblia é o que diz:

“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal” (2ª Pedro 1:20 – Versão Ave-Maria)

Os papistas pegam a parte que diz que “nenhuma... Escritura é de interpretação pessoal”, e imediatamente concluem que o que Pedro estava querendo dizer com isso é que existe um magistério infalível em Roma que interpreta a Bíblia infalivelmente, sendo ele próprio o papa responsável por essa interpretação.

Linha 1
Linha 2
Nenhuma parte da Escritura pode ser interpretada individualmente
Nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação particular

Este é mais um caso crônico, onde pessoas desesperadas em buscar fundamentação teórica para um engano teológico encontram na distorção de versos isolados a solução para suas doutrinas heréticas. O que Pedro realmente estava dizendo, em seu contexto, era isso:

“Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações. Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2ª Pedro 1:19-21 – NVI)

Diante do contexto, o sentido obviamente não é de que ninguém pode interpretar a Bíblia por si mesmo, e sim que os profetas do Antigo Testamento não profetizaram por si próprios, mas sim pela vontade de Deus. É este o assunto abordado no verso 19, sempre omitido pelos apologistas católicos. Pedro não estava falando nada sobre quem pode e quem não pode interpretar a Bíblia, mas sim sobre a palavra dos profetas, que falaram nos tempos do Antigo Testamento. O verso 20 não muda o foco para se centrar no intérprete, mas continua dizendo que as profecias da Escritura não provêm de interpretação pessoal do profeta.

O verso 21 confirma este sentido, afirmando que a profecia não teve origem na “vontade humana”, mas que veio de Deus, isto é, que os profetas falaram “impelidos pelo Espírito Santo”. Em outras palavras, tudo o que o texto está dizendo é somente aquilo que os evangélicos já sabem desde sempre: que nenhum profeta disse nada por conta própria, mas impelido pelo Espírito Santo, sob a inspiração divina. Desde o verso 16 o foco era a origem da mensagem, e não no intérprete moderno. Pedro diz:

“De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2ª Pedro 1:16)

Ou seja, Pedro ressaltava que os cristãos não seguiam fábulas inventadas pela mente fértil do homem; ao contrário, eles seguiam aquilo que os profetas falaram, não por si mesmos, mas por inspiração do Espírito Santo. O foco sempre esteve centrado no fato de que a Escritura não é uma invenção humana, mas é de origem divina. Chega a ser criminoso tirar do texto o verso 20 para fazer supor que Pedro estava dizendo que evangélicos não podem interpretar a Bíblia, e que o sentido do texto é que a interpretação da Bíblia está a encargo do papa romano!

Se Pedro tivesse falado o que os apologistas católicos querem que ele tenha dito, em primeiro lugar, ele não teria se referido aos profetas, mas à Escritura como um todo, porque para os católicos nenhuma Escritura é de interpretação pessoal. Ele se referiu somente à profecia, porque o foco não estava naquilo que o intérprete do século I ou do século XXI poderia ou não interpretar, mas sim no fato de que o profeta do Antigo Testamento não interpretava algo de si mesmo, mas recebia a palavra de Deus, direto da fonte.

Em segundo lugar, se Pedro quisesse dizer aquilo que os papistas inferem que ele disse, seria absolutamente imprescindível que a continuação do verso dissesse que a tarefa de interpretação recaía apenas sobre ele ou sobre os bispos romanos. Mas ele não disse nada disso. Ao contrário, a continuação do verso reforça a interpretação protestante, uma vez que foca na origem da profecia, ressaltando que “jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (v.21). O que Pedro estava querendo dizer não é que “ninguém pode interpretar a Bíblia, exceto eu”, mas sim que os profetas não inventaram uma mensagem da cabeça deles, mas falaram por inspiração do Espírito Santo.

Se o contexto imediato dá suporte total à interpretação protestante, o contexto geral lança ainda mais luz, pois por toda a Escritura o conceito de livre exame é bastante claro. Quando Jesus se referiu a uma profecia de Daniel, ele diz “quem lê, entenda”, ao invés de dizer que a interpretação daquela profecia recaía apenas sobre os ombros de bispos romanos investidos de um poderoso magistério infalível:

“Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no lugar santo – quem lê, entenda (Mateus 24:15)

O apóstolo João é ainda mais claro, quando disse que os que estão em Cristo tem a unção dEle, e por isso não tem a necessidade de que alguém os ensine:

"E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei” (1ª João 2:27)

Aos efésios, o apóstolo Paulo afirmou:

"Pelo que, quando ledes, podeis entender a minha compreensão do mistério de Cristo" (Efésios 3:4)

O apóstolo não disse que eles quando lessem não poderiam entender, exceto se buscassem a interpretação excelsa e sublime do magistério da igreja de Roma, mas sim que ao ler já podia entender.

A muito conhecida passagem de Atos 17:11 deixa nítido o conceito positivo sobre o livre exame, quando Lucas elogia os bereanos por não aceitarem tudo sem questionar, mas examinarem tudo na Escritura a fim de confirmar a mensagem:

"Ora, os de Bereia eram mais nobres do que os de tessalônica, porque examinavam diariamente nas Escrituras para ver se o que Paulo dizia era mesmo assim" (Atos 17:11)

Esse exame diário nas Escrituras certamente era desprovido de um magistério romano infalível, o qual sequer existia em Bereia. Mesmo se a autoridade do magistério romano estivesse ali na pessoa de Paulo, o texto é bastante claro em dizer que os bereanos não aceitavam o que Paulo dizia sem antes analisarem por si mesmos a Bíblia. E este livre exame praticado pessoalmente pelos bereanos não foi repudiado pelo escritor bíblico, mas elogiado, inclusive chamando-lhes de mais nobres do que os de tessalônica. Portanto, sem dúvida o livre exame é prescrito e apoiado pela própria Escritura.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Comentários

  1. Boa noite Lucas, mais uma vez o parabenizo pelo excelente artigo. Eu postei o link do seu artigo no facebook e um católico fez algumas considerações sobre seu artigo:

    1 - A Escritura não endossa a Sola Scriptura - Só isso já é um fatality.

    2 - Pedro adverte que as cartas de Paulo estavam sendo lidas sem que fossem entendidas, e isso causava a ruína dos leitores;

    3 - O eunuco, que lia o profeta Isaías, é interrogado por Felipe se estava compreendendo. Ele respondeu: "como vou compreender se não tenho quem me explique?"

    4 - Paulo diz que a Fé vem pelo ouvir e não pelo ler.

    5 - Paulo diz que ninguém deve receber um evangelho diferente do que "vos temos anunciado". O " vos" aqui é referente aos Apóstolos, que pregavam. Inclusive Paulo, depois da conversão, foi ter com Pedro.

    6 - O livre exame é caótico. Cada pastor pensa uma coisa, todos eles se contradizem e ainda se consideram todos inspirados pelo Espírito Santo. Isso é inclusive uma blasfêmia.

    7 - Se a Bíblia está escrita em linguagem humana, é óbvio que ela pode ser compreendida de formas diferentes. E é óbvio que Deus não é irresponsável. Se deu um escrito, haveria de dar uma autoridade que ensinasse o modo correto de interpretá-la e combatesse os erros.

    Que o Senhor continue te abençoando, abraços!!

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    1. Olá, Thiago, a paz. Vamos lá:

      1º É claro que a Escritura endossa a Sola Scriptura. Escrevi sobre isso neste artigo:

      http://apologiacrista.com/sola-scriptura

      2º Pedro não disse que todas as cartas de Paulo não estavam sendo entendidas, ou que cada ponto delas não era entendido, mas sim que havia ALGUMAS coisas que não eram entendidas:

      “Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm ALGUMAS coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2ª Pedro 3:16)

      Ou seja: enquanto para o católico NADA pode ser entendido (sem o magistério romano), para Pedro apenas ALGUMAS coisas não podiam ser entendidas por todos (e nessas coisas difíceis nós não fundamentamos doutrinas, ou as condicionamos aos ensinos mais claros sobre o mesmo tema). E mesmo assim, Pedro em NENHUM momento diz que este problema se soluciona com um magistério romano infalível ou com um papa. O problema existe, mas a solução NÃO ERA a que os romanos propõem para o caso. A solução não era um intérprete infalível da Bíblia. Isso nunca foi proposto, nem sequer sugerido.

      3º É claro, porque o eunuco era um DESCRENTE. Quanto aos crentes, João disse o seguinte:

      "E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei” (1ª João 2:27)

      E os protestantes também têm “intérpretes” ou “professores”, só que não os considera infalíveis, porque não são. O ideal seria que todos crescessem espiritualmente ao ponto de chegar ao nível em que João disse.

      4º Hahahahahahaha eu ri demais quando vi esse “argumento” pela primeira vez. A fé vem pelo “ouvir”, então Paulo estava falando da tradição oral papista e não da Bíblia!!! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk você tem que tomar um print quando vê alguém com um argumento desses ;p

      Só pra constar: a continuação do texto diz que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a PALAVRA DE DEUS, e não qualquer outra coisa (como uma tradição humana de Roma).

      5º Sim, e daí? A doutrina que nós ensinamos é exatamente a doutrina dos apóstolos. Onde a doutrina dos apóstolos pode ser encontrada hoje? Nas Escrituras, é claro. E Paulo só foi ver Pedro CATORZE ANOS DEPOIS DE SUA CONVERSÃO (Gl.2:1). Se é necessário consultar a interpretação de um “papa infalível”, por que ele demorou tanto tempo? Por que não foi logo de cara procurar Pedro?

      6º O argumento da divisão já foi refutado aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/09/o-protestantismo-e-do-diabo-porque-e.html

      7º Se nós precisamos de uma instituição infalível para chegar infalivelmente ao conhecimento das verdades bíblicas, então qual instituição infalível nos levaria ao entendimento de que existe uma instituição infalível? Se é a própria instituição infalível que fornece base a si mesma, então o argumento é circular e evidentemente falacioso. Se é algum outro, então não é o magistério romano. Se não é o magistério romano, então qual é?

      Escrevi mais sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/05/como-desmascarar-e-destruir-o-argumento.html

      Abraços.

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  2. Bom dia lucas, a Paz do senhor esteja contigo !!! vejo varia postagem suas, acho super bacana o seu esforço e dedicação em querer passar a palavra de DEUS para os seus leitores, mas eu acho que aqui deveria ser abordada a verdade que esta escrito não o que você acha. Eu e você sabemos muito bem que a expressão de livre interpretação da bíblia quem apresentou isso foi Lutero fundador da sua religião, quando apresentou um documento com diversas interpretações diferente das quis seguiam a igreja católica apostólica seguimos aquilo que o próprio CRISTO seguiu e seus apóstolos, e Lutero começou a pregar as interpretações que ele achava que era certas, Como você mesmo disse em sua citação ai daquele que alterar o que esta escrito, "logico que você disse com outras palavras" nós não alteramos nada tanto que ao longo dos anos os evangélicos utilizavam a mesma Bíblia que os católicos utilizam, onde foi parar os sete livros que faltam na bíblia que vocês utilizam ? o próprio Lutero publicava os 7 livros nas suas edições, onde foi parar os livros quem alterou a palavra de DEUS ? os evangélicos acusam os católicos de idolatria, responde para os leitores o que representa a capa do seu Facebook a imagem com 3 Cruz ? te lembra algo ? qual diferença de um ícone católico que lembra a historia dela ? o que você realmente defende ?

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    1. Quanta ignorância, tudo o que você trouxe aqui são embustes criados pela mente doentia dos apologistas católicos militantes contra a verdade, parece um discurso de papagaio ou robô pré-programado para sempre repetirem as mesmas mentiras o tempo todo, que só funcionam contra outros zumbis e catoleigos já fanatizados e incultos. O engraçado é que vocês nem consultam uns aos outros para definirem melhor as calúnias, porque uns acusam Lutero de “tirar sete livros da Bíblia”, enquanto outros (como você) dizem que Lutero adotava os apócrifos e os protestantes posteriores que retiraram. Puxa vida, será que não dá nem pra vocês combinarem melhor entre si qual calúnia vão usar, para não entrarem em contradição uns com os outros?

      O fato de Lutero ter deixado os apócrifos na sua versão da Bíblia não tem nada a ver com ele considerar esses livros canônicos, o próprio Jerônimo incluiu esses livros na Vulgata mesmo dizendo EXPLICITAMENTE que estes livros não eram canônicos e nem podiam fundamentar doutrina nenhuma:

      "E assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite, Tobias e Macabeus (no culto público) MAS NÃO OS RECEBE ENTRE AS ESCRITURAS CANÔNICAS, assim também sejam estes dois livros [Sabedoria e Eclesiástico] úteis para a edificação do povo, MAS NÃO PARA ESTABELECER AS DOUTRINAS DA IGREJA" (Prefácio dos Livros de Salomão)

      "Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de forma que nós podemos garantir que o que não é encontrado em nossa lista DEVE SER COLOCADO ENTRE OS ESCRITOS APÓCRIFOS. Portanto, A SABEDORIA COMUMENTE CHAMADA DE SALOMÃO, O LIVRO DE JESUS, FILHO DE SIRAQUE [ECLESIÁSTICO], E JUDITE E TOBIAS e o Pastor [supõe-se que seja o Pastor de Hermas], NÃO FAZEM PARTE DO CÂNON. O primeiro livro dos Macabeus eu não encontrei em hebraico, o segundo é grego, como pode ser provado de seu próprio estilo" (Prologus Galeatus)

      “Que [Paula] EVITE TODOS OS ESCRITOS APÓCRIFOS, e se ela for levada a lê-los não pela verdade das doutrinas que contêm mas por respeito aos milagres contidos neles, que ela entenda que não são escritos por aqueles a quem são atribuídos, que muitos elementos defeituosos se introduziram neles, e que REQUER UMA PERÍCIA INFINITA ACHAR OURO NO MEIO DA SUJEIRA” (Epístola 107:12 - Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, vol. 6, p. 194)

      Como está óbvio, Jerônimo incluiu os apócrifos na Vulgata pela mesma razão que Lutero os incluiu na sua Bíblia: NÃO porque fossem inspirados ou canônicos, mas simplesmente porque podiam servir de edificação pessoal. Por essa mesma razão muitas versões protestantes mais antigas também tinham HINÁRIOS no final da Bíblia, será que eles consideravam os hinos inspirados e canônicos também? kkkkkkkkkk

      Os próprios códices mais antigos da Bíblia, do século IV e V, como o Códice Vaticano, o Sinaítico e o Alexandrino (que você nem sabe o que são) também costumavam incluir livros não-canônicos como o Pastor de Hermas, a Epístola de Barnabé, 3ª e 4ª Macabeus, 2ª Esdras, Salmo 151, Oração de Manassés, etc. Será que isso significa que eles consideravam todos estes livros como canônicos e como parte da Sagrada Escritura? É claro que não. Mas picaretas da apologética católica, como você, fazem uso desse ridículo argumento para acusar Lutero de crer na canonicidade de tais livros pelo simples fato de tê-los incluído em sua versão alemã da Bíblia. É embuste que não acaba mais!

      Para o seu conhecimento, a GRANDE MAIORIA dos doutores da Igreja Católica da época de Lutero e de antes NÃO CRIA na canonicidade dos apócrifos, tinham a mesma opinião de Jerônimo, e a Igreja Romana só veio a aprová-los em definitivo (ou seja, dogmaticamente) no Concílio de Trento, em resposta à Reforma Protestante, por necessidade, e por uma margem bem pequena de votos. Por isso que eu digo: católico que estuda não tem como continuar sendo católico, a não ser que queira continuar na burrice e na ignorância invencível.

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    2. Falar da foto do Facebook com três cruzes e comparar isso com as imagens de gesso do catolicismo, me desculpa, mas é coisa de gente que não tem o que fazer mesmo. Uma foto, pintura ou desenho não tem NADA a ver com imagens de escultura moldadas pela mão do homem e criadas com a finalidade de se colocar em templos religiosos para serem cultuadas, para se prostrarem diante delas e elevar preces. Comparar uma coisa com a outra só pode ser demência. Vá ler Êxodo 20:4 para ver que tipo de imagem que Deus proíbe.

      Mas de todas as asneiras que você disse, a pior de todas foi dizer que Lutero quem inventou o livre exame. Já está mais do que provado que o livre exame é BÍBLICO, como eu mostrei neste artigo que você não leu:

      http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/08/o-livre-exame-apoiado-pela-biblia.html

      E todos os Pais da Igreja adotavam o mesmo princípio do livre exame, muitos e muitos séculos antes de Lutero sair ensinando o mesmo. Justino disse que tinha a graça de Deus para compreender as Escrituras, mesmo ele não sendo bispo de Roma e mesmo sem fazer parte do clero da Igreja:

      “Eu tenho o propósito de citar para vocês as Escrituras, não porque eu esteja ansioso em fazer apenas uma exposição artística de palavras, pois eu não possuo tal faculdade, MAS PORQUE TENHO DE DEUS A GRAÇA A MIM CONCEDIDA PARA A COMPREENSÃO DE SUAS ESCRITURAS” (Diálogo com Trifão, Cap. 58)

      Orígenes cria da mesma forma, e disse que as pessoas inteligentes e estudiosas da Bíblia podem descobrir o seu significado por si mesmas:

      “As pessoas de inteligência que desejam estudar a Escritura também podem descobrir o seu significado POR SI MESMAS” (Contra Celso, Livro VII, 11)

      Ele também disse que qualquer pessoa pode esquadrinhar as Escrituras e descobrir as verdades mais profundas delas:

      “As verdades mais profundas são descobertas por aqueles que sabem como ascender de uma fé simples e investigar o significado que subjaz nas Escrituras divinas, conforme as admoestações de Jesus, que disse ‘Esquadrinhai as Escrituras’, e o desejo de Paulo, que ensinou que ‘devemos saber como responder a todo o homem’, sim, e também de quem disse ‘estai sempre preparados para dar um resposta a todo aquele que vos pedir a razão da fé que há em vós’” (Contra Celso III, 33)

      Eusébio também demonstrou seguir o princípio reformado ao dizer que até mesmo desconhecidos eram capazes de interpretar a Bíblia corretamente:

      ”Mas chegaram também até nós tratados de muitos outros, dos quais não é possível catalogar os nomes, autores ortodoxos e eclesiásticos, como certamente demonstram as CORRETAS INTERPRETAÇÕES DA ESCRITURA DIVINA. Mesmo assim, são para nós DESCONHECIDOS porque não se dá o nome de seus autores” (História Eclesiástica, Livro V, 27:1)

      Para os Pais, até mesmo os hereges poderiam por si mesmos aprender com detalhes os textos das Escrituras, contanto que aplicassem sua mente no estudo da Bíblia. Foi assim que Atanásio disse:

      “Se você lançar luz sobre o texto da Escritura, por realmente aplicar sua mente a ela, vai aprender com ela de forma mais completa e clara o detalhe exato do que temos dito” (A Encarnação do Verbo, 56)

      Basílio foi ainda mais enfático e categórico ao dizer que, como possuímos a Escrituras, não necessitamos da ajuda de ninguém, além do conselho todo-suficiente do Espírito Santo para levar ao que é certo:

      "Como você usufrui das Escrituras, não necessita nem de minha ajuda, nem da de ninguém para ajudá-lo a compreender o seu dever. Você tem o conselho TODO-SUFICIENTE e orientação do Espírito Santo para levá-lo ao que é certo" (Epístola 283)

      Excluir
    3. Agostinho disse a Valentino que ele poderia examinar a Escritura por si mesmo:

      “Portanto, eu tenho nesta carta, que chegou a você, mostrado por passagens da SAGRADA ESCRITURA, QUE VOCÊ PODE EXAMINAR POR SI MESMO, que nossas boas obras e piedosas orações não poderiam existir em nós, a menos que tenhamos recebido tudo a partir dele” (Letter 214, 4)

      Ele também diz que os intérpretes eram os que leem, e não um magistério romano:

      “Daí provém que a divina Escritura, a qual socorre a tão grandes males da vontade humana, tendo sido originada de uma só língua que lhe permitia propagar-se oportunamente pelo orbe da terra, foi divulgada por toda a parte, em diversidade de línguas, CONFORME OS INTÉRPRETES. OS QUE A LEEM não desejam encontrar nela mais do que o pensamento e a vontade dos que a escreveram e desse modo chegar a conhecer a vontade de Deus, segundo a qual creem que esses homens compuseram” (A Doutrina Cristã, Livro II – Sobre os sinais a serem interpretados nas Escrituras, 6)

      Para ele, toda pessoa que escruta os oráculos divinos deve se esforçar por si mesmo para chegar ao pensamento do autor, através do Espírito Santo:

      “Quem escruta os divinos oráculos deve esforçar-se por chegar ao pensamento do autor, por cujo intermédio o Espírito Santo redigiu a Escritura” (A Doutrina Cristã, Livro III – Sobre as dificuldades a serem dissipadas nas Escrituras, 38)

      Ao invés de dizer que os textos bíblicos só podem ser interpretados por algum magistério, ele diz que nós devemos orar para entender os textos da Bíblia, que é exatamente o mesmo que era pregado pelos reformadores:

      “Agora, quem é que se submete a divina Escritura, se não aquele que a lê ou ouve piamente, submetendo a ela como de autoridade suprema; de modo que o que ele entende ele não rejeita por causa disso, sentindo que ela seja contrária aos seus pecados, mas ama sendo repreendido por ela, e se alegra de que seus males não são poupados até que sejam curados; e por isso que, mesmo em relação ao que lhe parece obscuro ou absurdo, ele, portanto, não levanta contradições ou controversas, MAS ORA PARA QUE ELE POSSA ENTENDER, entretanto lembrando que a boa vontade e reverência há de se manifestar no sentido de uma tão grande autoridade?” (Do Sermão do Monte, Livro I, 11)

      Para Agostinho, a Bíblia era o intérprete da própria Bíblia, no sentido de que as passagens mais claras lançam luz às mais obscuras, ao invés de ser um magistério romano que lançasse luz a essas passagens obscuras:

      “Agora, apesar de eu mesmo não ser capaz de refutar os argumentos desses homens, eu ainda vejo o quanto é necessário aderir estreitamente para com as claras afirmações das Escrituras, a fim de que as passagens obscuras possam ser explicadas com a ajuda dessas” (On Merit and the Forgiveness of Sins, and the Baptism of Infants, Livro III, 7)

      Por isso, ele diz que não existia grande dificuldade em chegar pelas Escrituras às coisas necessárias à salvação:

      “Pois tal é a profundidade das Escrituras cristãs, que mesmo se eu fosse tentar estudá-las e nada mais fizesse desde a infância até a velhice, com o máximo de tempo livre, e com o mais incansável zelo e talentos maiores do que eu tenho, eu ainda estaria diariamente progredindo em descobrir seus tesouros. NÃO QUE EXISTA GRANDE DIFICULDADE EM CHEGAR NELAS PARA SABER AS COISAS NECESSÁRIAS À SALVAÇÃO, mas quando alguém aceita essas verdades com a fé que é indispensável para uma vida de piedade e retidão, então muitas coisas que estão veladas sob múltiplas sombras de mistério restam a serem investigadas por aqueles que estão avançando no estudo” (Letter 137, 1)

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    4. Agostinho examinava a Bíblia livremente e encontrava nela tudo o que era necessário para a sua salvação:

      “Essas e coisas semelhantes que eu deveria ou ter dito a eles ou considerado comigo mesmo, pois até então, suplicando a Deus com todas as minhas entranhas, por assim dizer, e EXAMINANDO AS ESCRITURAS TÃO ATENTAMENTE QUANTO POSSÍVEL, eu deveria talvez ter sido capaz, ou de dizer tais coisas ou pensá-las, tanto quanto era necessário para a minha salvação” (Of Two Souls, 8)

      Quando ele fala da interpretação da Bíblia, ele não diz que ela está confiada a um magistério infalível, mas que “o leitor” (incluindo os leigos) poderiam interpretar a Bíblia de acordo com os métodos exegéticos mostrados por ele:

      “Quanto aos princípios que devem ser seguidos na interpretação das Sagradas Escrituras, são demonstrados no livro que eu escrevi, e em todas as introduções aos livros divinos que eu tenho na minha edição prefixado para cada um; basta remeter ao prudente leitor” (Letter 75, 6)

      Ele não negava o fato de que existem certas passagens bíblicas obscuras e de difícil interpretação, mas dizia que nunca surgiu um ponto tão obscuro em que, por causa dele, alguém poderia perder a salvação:

      “Pois sempre que surge uma pergunta sobre um assunto extraordinariamente obscuro, no qual nenhum auxílio pode ser prestado por claras e certas provas da Sagrada Escritura, a presunção do homem deve conter-se; nem deve tentar qualquer coisa definitiva, inclinando-se para os lados. MESMO ASSIM, NA SAGRADA ESCRITURA, QUE É A MAIS CLARA AUTORIDADE, NUNCA SURGIU UM PONTO EM QUE ALGUM HOMEM PODERIA SER IGNORANTE AO PONTO DE PÔR EM RISCO A SALVAÇÃO QUE FOI PROMETIDA A ELE” (On Merit and the Forgiveness of Sins, and the Baptism of Infants, Livro II, 59)

      Para ele, a Bíblia é suficientemente clara em todos os pontos necessários para a salvação, e os pontos de difícil interpretação não influenciam na perda da salvação, mas são detalhes que podem ser solucionados através das passagens mais claras sobre o mesmo assunto:

      “O Espírito Santo dispôs a Escritura Sagrada de uma forma tão magnificente e proveitosa que, por meio das claras passagens, ele sacia a fome, e por meio das passagens obscuras ele evita a aversão. PORQUE DIFICILMENTE ALGUMA COISA PROVÉM DAS PASSAGENS OBSCURAS, MAS O QUE É AFIRMADO EM OUTRA PARTE É MAIS CLARO”

      Tudo isso nos mostra claramente que os Pais desconheciam por completo a teologia que diz que os textos da Bíblia só podem ser corretamente interpretados por um magistério romano. Para Agostinho, era o leitor que devia examinar por si mesmo e decidir qual lado está com a razão, como quando ele diz que "o leitor decida qual dessas interpretações é aquela que lhe parece a mais provável" (Sermão 295).

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    5. É como Gregório Nazianzeno disse:

      “O conhecimento das Sagradas Escrituras é livremente colocado ao alcance de todos, e nada é proibido ou escondido de qualquer um daqueles que optam por participar da instrução divina” (Against Eunomius, Livro III, 1)

      Hilário também afirma que a razão pela qual os hereges caem em erro não é por ignorar a existência de um magistério infalível, mas sim pela imperícia na interpretação da Bíblia:

      “A ignorância da dicção profética e imperícia na interpretação das Escrituras levou-os para uma perversão do ponto e do significado da passagem” (A Trindade, Livro I, 35)

      Os hereges, como os teólogos romanos, “não adaptam a sua própria vida à compreensão do significado da Escritura, mas fazem o sentido da Escritura se curvar aos desejos de seu próprio desejo, tentando fazê-la corresponder a seus próprios pontos de vista” (Institutes, Livro VI, 16). É isso o que o magistério romano sempre fez desde que foi inventado pelo homem, séculos mais tarde, para seu próprio benefício, com a única finalidade de distorcer o significado claro dos textos da Bíblia que antes era livremente examinada pelo leitor.

      Como disse Hans von Campenhausen, um dos maiores eruditos em patrística do século XX, “eles [os pais da Igreja] se consideram pregadores da verdade que foi revelada, e a Bíblia, livremente interpretada, é seu único firme apoio” (Hans von Campenhausen, Os Pais da Igreja, p. 41).

      Eu lhe recomendo fortemente que ESTUDE antes de postar novos comentários aqui, pois geralmente não tenho tanto tempo para desperdiçar ensinando coisas simples que qualquer leitor meu já conhece. A Igreja Romana não mantém o “ensinamento de Cristo e dos apóstolos”, ela PERVERTEU a doutrina ensinada originalmente, não passando de mais uma “sinagoga de Satanás” (Ap.2:9), uma igreja adúltera, apóstata, perversa, assassina, cheia de sangue nas mãos e a “mãe das prostituições e abominações da terra” (Ap.17:5). Caia fora dessa Babilônia maligna antes que lhe seja tarde demais.

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  3. Eu acredito que é mais facil de explicar a confusão católica.
    O particular do texto é a profecia em relação a outras profecias e não a profecia em relação a quem interpreta.

    5) NENHUMA ESCRITURA PODE SER INTERPRETADA DESTRUINDO AS OUTRAS 2Pd 1:20. “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”

    http://solascriptura-tt.org/Ide/ComoInterpretarABiblia-Helio.htm


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  4. Sem querer me entrometer mas me entrometendo, no 1° mandamento Católico diz mais resumidamente (sendo q essa compilação não foi preciso ter feito isso) que devemos amar a Deus sobrw todas as coisas, amar também é confiar, e depois de ver esse artigo todo eu preferiria largar essa hipicrisia de católicos e confiar só em Deus porq maldito é o homem que confia no homem, srm dúvida eu preferiria sentir o amor e o ardor de ter vontade de me ajoelhar perante Deus e pedir sabedoria ao invés de esperar o papa ensinar alguma coisa, sendo que o amor por Deus deveria ser tão grande que levaria a pessoa em investigar mais o assunto e confiar no Deus INFALÍVEL de joelhos em oração ao inves de ser hipócrita o bastante pra achar que o ensio de um papa é suficiente pra levar a vida, se é que vocês me entendem

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