Agostinho e a justificação pela fé
Há poucos dias o Bruno Lima, do
blog Respostas Cristãs,
escreveu dois artigos sobre os Pais da Igreja e a Justificação pela Fé, os
quais recomendo entusiasticamente, e podem ser conferidos clicando aqui
e aqui.
Nesses artigos ele cita Pais como Clemente romano, Inácio, Policarpo, a
Epístola a Diogneto, Justino Mártir, Tertuliano, Vitorino, Hilário, Dídimo,
Basílio, Gregório de Nissa, Jerônimo, Ambrósio, João Crisóstomo, Cirilo de
Alexandria, João Damasceno, Beda, dentre vários outros. Mas não cita Agostinho,
razão pela qual acrescentarei aqui algumas citações do bispo de Hipona, como
suporte ao excelente artigo dele.
As citações se encontram no Sermão 2 de Agostinho. É bem provável
que haja mais citações do tipo nos outros sermões, mas foquemos neste aqui por
hora. Agostinho cita o exemplo de Abraão, que foi justificado pela fé:
“Abraão,
nosso pai, era um homem fiel daqueles tempos, crente em Deus, justificado pela
fé, como afirma a Escritura, tanto a Antiga como a Nova [os dois Testamentos]”
(Sermão 2, 7)
Em seguida, o bispo de Hipona dá
o exemplo de alguém que morre sem ter realizado obra alguma, mas crendo em
Cristo. Tal pessoa que apenas creu sem realizar obras seria salva ou não?
Agostinho responde positivamente, citando como exemplo o ladrão da cruz, que
foi salvo sem ter realizado nenhuma boa obra:
“Certa
pessoa crê, recebe os sacramentos da fé no leito e morre; lhe faltou tempo para
realizar obras. Que diremos? Que ficou justificado? Abertamente afirmamos que foi justificado, ao crer naquele que
justifica ao ímpio. Assim, pois, essa pessoa foi justificada sem haver realizado obras, e cumpre a sentença do
apóstolo que disse: Cremos que o homem se justifica pela fé sem as obras da lei. O bandido que foi crucificado com o
Senhor creu no coração para a justiça, e com a boca confessou para a salvação”
(Sermão 2, 9)
Agostinho cria na necessidade
das obras, não como causa da salvação, mas em decorrência dela:
“O
apóstolo, ao anunciar a fé aos gentios, via que os que tinham acesso ao Senhor
recebiam a justificação pela fé, de modo que os que já haviam crido realizavam
obras corretamente, sem que houvessem
merecido crer por haverem realizado boas obras. Por isso, cheio de
segurança, exclamou e disse: Pois o
homem pode ser justificado pela fé sem as obras” (Sermão 2, 9)
Assim, vemos que o famoso bispo
de Hipona sustentava a mesma visão que pautou Lutero e os demais Reformadores
no século XVI: o homem é justificado somente pela fé, e as obras são uma
consequência desta fé genuína que salva o homem. Lembremos que a justificação
pela fé foi o principal pilar dos Reformadores, a bandeira pela qual a Reforma
triunfou.
Não deixem de ler os artigos do
Bruno para conferir as outras citações (dos demais Pais).
Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
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LUCAS O QUE VOCE ACHA DESTES DOIS SITES ANTI-HERESIAS BLOGSPOT.COM.BR BEREIANOS BLOGSPOT.COM.BR
ResponderExcluirSão bons blogs, mas eles se direcionam mais a refutar heresias "evangélicas", enquanto este blog é voltado especificamente às heresias do catolicismo romano.
ExcluirPor que "evangélicas", com aspas? Não existem heresias evangélicas?
ExcluirDepende. Se "evangélico" está no sentido de denominações protestantes, é claro que existem. Mas se estiver no seu sentido legítimo, ou seja, de uma pessoa que segue o evangelho, não pode existir.
ExcluirLucas, o sermão 2,9 não poderia acabar se tornando um tiro no pé, já que menciona os sacramentos?
ResponderExcluirNão, porque Agostinho não via o recebimento dos sacramentos como uma "boa obra" por parte da pessoa, tanto é diz que tal pessoa foi justificada "pela fé sem obras". E o exemplo que ele deu, do ladrão da cruz, exclui a possibilidade de que os próprios sacramentos sejam estritamente necessários para a salvação, visto que o ladrão da cruz não recebeu sacramento nenhum, mas ainda assim recebeu a garantia da salvação.
ExcluirFalando em sacramentos, digamos que um católico não idolatre qualquer ídolo católico,do jeito mais xiita,o que é muito difícil, visto que na missa é rezado ave Maria que se configura um ato idolatra. Mesmo que ele reze apenas por fazer, e não seja devoto de ninguém (meu caso quando católica),o fato dele se apoiar nessas obras para ser salvar, não é uma negação á Cristo? Mesmo que o mesmo o "confesse" como seu salvador? Não ficaria isso configurado como uma "fé morta" e naquela fé que satanás tambem tem segundo Tiago e no que diz aquela palavra de Mateus 15: 8;9 ?
ExcluirImpossibilitando essa pessoa de ser realmente salva?
Também acho, Isaías diz que nossas melhores obras são como trapo de imundície diante de Deus, porque só a fé em Cristo é que justifica. Abs!
ExcluirLucas, Agostinho não fala em penitência?
ExcluirPenitência na época de Agostinho não tinha nada a ver com o conceito romanista tardio que se tornou depois:
Excluirhttp://cristianismopuro.blogspot.com.br/2014/12/a-importancia-da-traducao-correta-das.html
Agostinho era calvinista?
ResponderExcluirNo final da vida ele passou a crer em eleição incondicional e graça irresistível, mas não ainda não esboçou a ideia de uma expiação limitada. Portanto ele seria "praticamente" um calvinista, mas não totalmente.
ExcluirLucas o que voce acha da ordenação pastoral feminina ?
ResponderExcluirEscrevi sobre isso aqui:
Excluirhttp://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2015/08/o-pastorado-feminino-e-correto.html
A primeira citação de Agostinho: "Abraham pater noster homo erat illis temporibus fidelis, credens deo, iustificatus ex fide, sicut scriptura dicit, et uetus et noua."
ResponderExcluirA segunda citação de Agostinho: "credit aliquis, percipit fidei sacramenta in lecto, et mortuus est. defuit illi operandi tempus. quid dicimus? quia non est iustificatus? plane dicimus iustificatum, credentem [in eum qui iustificat impium]. ergo iste iustificatus est, et operatus non est. et impletur sententia dicentis apostoli: [arbitramur iustificari hominem per fidem sine operibus legis]. latro qui cum domino crucifixus est, [corde] credidit [ad iustitiam, ore] confessus est [ad salutem]."
A terceira citação de Agostinho: "apostolus autem praedicans fidem gentibus, cum eos qui accedebant ad dominum uideret iustificatos ex fide, ut iam qui crediderant bene operarentur, non quia bene operati sunt credere mererentur, exclamauit securus et ait quia potest iustificari homo ex fide sine operibus legis"
No protestantismo, é correto caracterizar uma igreja como "santa e pecadora"? Ou na realidade, a igreja é santa e seus membros que são pecadores?
ResponderExcluirAnonimo, igreja biblicamente falando nao é pedra e concreto. Pra exemplificar: o conjunto de abelhas se chama enxame, o de cristãos é igreja. Portanto não tem essa de igreja santa/pecadora no sentido que é imposto por uma seita aí.. Somos todos pecadores porém chamados de santos pois somos lavados pelo sangue do Senhor e chamados a se santificar sempre.
ExcluirA Nataly tirou as palavras da minha boca.
ExcluirOlá Nataly
ExcluirBom dia
A Igreja é Santa pois é O Corpo de Cristo, o que faz de um crente membro da Santa Igreja é a presença do Espirito SAnto(100% Santo) nos crentes, Jesus ser a Cabeça e Jesus(100% Santo)Santo e Deus(100% Santo) deseja ver a Santa Igreja imaculada conforme II Pedro 3:14 e Efésios 5:27. Então veja a Santíssima Trindadde agindo na Igreja.
Sim, somos pecadores mas enquanto estando em Cristo somos membros da Santa Igreja e santos e santas na comunhão dos santos em Cristo.
Em última análise a definição de Igreja é Corpo Espiritual ( Igreja Invísivel)conforme I Corintios 12:27 que se manifesta de forma visível nos membros.
A Bíblia usa também a a palavra ekklesia mas a palavra ekkleisa não aponta em última analise para o que efetivamente é a Igreja mas sim indica uma manifestação visível dos crentes no mundo. Isso pode ser visto em Atos 8:1 onde igreja( ekklesia) ai são as pessoas ou seja manifestação visível do Corpo Espiritual e em I Corintios 14:28 em que significa ekklesia significa reunião ou seja reunião( Igreja) de membros( Igreja) em um espaço físico(lugar) que pode ser chamada de Igreja então em última análise se templo naõ é Igreja os membros e a reunião também não são Igreja mas sim manifestações visíveis da Igreja.
Agora uma pergunta: Jesus no Céu agora está com o Sangue dEle ou não?
Um abraço
Luiz
Tá. E?
ExcluirNataly, um conselho de amigo, é melhor desistir de tentar entender a lógica de pensamento do Luiz.
ExcluirAgostinho era calvinista?
ResponderExcluirCalvino era agostiniano?
Vou copiar a resposta que dei há pouco a um outro leitor:
ExcluirNo final da vida Agostinho passou a crer em eleição incondicional e graça irresistível, mas não ainda não esboçou a ideia de uma expiação limitada. Portanto ele seria "praticamente" um calvinista, mas não totalmente.
Calvino era um grande admirador de Agostinho, tanto é que o cita diretamente quatrocentas vezes nas Institutas, em comparação com muita pouca citação dos outros Pais. Mas eles não concordavam em absolutamente tudo.
Lucas Deus está acima da verdade ou de igual a ela?
ResponderExcluirIgual.
ExcluirComo assim? Que pergunta é essa? Eu acredito que toda virtude plena, imaterial, é representada em Deus. Deus é a verdade. Deus é a perfeita justiça, etc.
ExcluirVocê é contra a clonagem humana?
ResponderExcluirSim.
ExcluirLucas vc poderia fazer uma resenha sobre o livro "A inquisição em seu mundo"?
ResponderExcluirSim, já é um dos capítulos do meu livro sobre a Inquisição que estará pronto no final do mês que vem.
ExcluirOlá a todos e a todas
ResponderExcluirFé e obras devem andar juntas se as obras são consequências da salvação do crente então um crente que está em Cristo perseverando consequentemente gera boas obras então se o mesmo não gerar boas obras isso então não evidenciaria a salvação e então o crente não estaria salvo.
É aquele raciocino que o crente no Senhor não é salvo por fazer boas obras mas faz boas obras porque está salvo, então se a consequência da salvação são as boas obras então as mesmas são necessárias pois imagina um crente que aceitou Jesus tem a Graça e a fé e não produz boas obras?como fica? Seria uma fé morta que não teria capacidade de produzir obras.
Pode-se argumentar que até as boas obras vem de Deus mas aí então é que as boas obras são essenciais pois se vem de Deus faz parte do processo de salvação.
Luiz
Mas boas obras são inerentes à salvação.
ExcluirPor que como alguém poderá dizer que ama a Deus, se não ama a seu próximo?
Logo, as boas obras são uma decorrência lógica de uma salvação genuína.
Inclusive, a mudança de vida é vista como uma boa obra. Posto que o contexto da época em que foi escrita a epístola, demonstra que muitos, sob o pretexto da salvação pela graça, achavam que bastava confessar a Cristo como Senhor e Salvador que seriam salvos e poderiam continuar vivendo no adultério ou explorando os outros.
Mas o resultado já é esperado, pois segundo o Lucas pode-se afirmar que esse livro Inquisição em seu mundo não serve pra nada!.
ResponderExcluirServe sim; serve pra ser desmascarado e mostrar que o autor é um picareta da pior espécie.
ExcluirOlá Nataly
ResponderExcluirMinha definição de Santa Igreja está corretíssima e é totalmente biblica.
Luiz
A igreja não é santa, pois nenhuma instituição humana é santa. A Igreja, a noiva, o corpo de Cristo, que estará na vida eterna, essa sim é santa. A ICAR não é santa, a Universal não é santa, a presbiteriana não é santa. Isso é autobajulação ridícula e herege.
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