As provas incontestáveis do terceiro Tiago
O TERCEIRO TIAGO
(Alon Franco)
Nota 1: Eu
estive de viagem nos últimos dias e por isso não pude publicar novos artigos
nem aprovar os novos comentários. Agora os comentários postados na última
semana já foram publicados, e artigos novos serão postados três vezes por
semana.
Nota 2: Vários
artigos já foram publicados sobre o terceiro Tiago (os anteriores você pode
conferir aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui
e aqui),
mas esta é a versão mais completa e atualizada, que o Alon Franco publicou
originalmente em seu blog A Grande Cidade.
O terceiro Tiago é simplesmente a kriptonita da crença na virgindade perpétua
de Maria, a prova de que a mãe de Jesus teve pelo menos mais um filho, chamado
Tiago, o qual se distingue dos outros dois apóstolos de Jesus com o mesmo nome.
Apreciem.
Aqueles que estão
engajados no combate à doutrina católica sabem o esforço que seus apologistas
fazem para manter de pé o dogma da virgindade perpétua da mãe de Jesus mesmo
diante de tantas evidências contrárias aos seus argumentos. O terceiro Tiago é
mais uma das evidências contra este dogma. E lhe garanto caro amigo leitor, não
é uma simples ou mesmo pequena evidência, mas um testemunho fortíssimo e amplo
que se manifesta para derrubar definitivamente toda artimanha contra a
dogmática católica que sem temor algum sequestrou de Maria os seus próprios
filhos.
Marcos 6:3 nos diz que
Jesus tinha quatro irmãos e algumas irmãs, obviamente filhos e filhas de Maria
e José. Os nomes das irmãs não foram preservados, mas o dos irmãos sim. Eram
eles: Tiago,
José, Simão e Judas.
O nome dos irmãos de
nosso Senhor tem causado dúvidas porque, naquela época, o de muitos era igual,
destacando-se o dos parentes. Por não levar em consideração esse importante
detalhe, o Catolicismo Romano interpreta que dois dentre os citados acima foram
contados entre os doze: Tiago e Judas.
Nos tempos de Jesus
usava-se um único nome e, em vista dos homônimos, mais um apelido, o acréscimo
do nome do pai, da cidade de nascimento ou até o nome em dois idiomas. Assim,
vemos Simão ser chamado por Simão Pedro, Simão Barjonas e Cefas. Um José foi
conhecido como José de “de Arimatéia”, outro ficou conhecido como José,
chamado Barsabás (Atos 1:21), ainda outro como José, cognominado pelos
apóstolos, Barnabé (Atos 4:36) e o José irmão de Jesus (Mateus 13:55). Havia
Maria Madalena (da vila de Magdala) e também havia Maria, mãe de
Jesus, Maria, irmã de Lázaro (João 11:19) e Maria, mãe de João Marcos (Atos
12:12).
O Novo Testamento
mostra várias pessoas com o nome de Simão, além de Simão, filho de Jonas: Simão
curtidor (Atos 9:43), Simão o Zelote (Mateus 10:4), Simão cireneu, pai de
Alexandre e de Rufo (Marcos 15:21), Simão, o leproso (Mateus 26:6) e Simão,
irmão de Jesus (Mateus 13:55). Também havia mais de um Tiago – pelo menos três:
um identificado por “filho de Alfeu” [Cleofas] (At 1.13,14); outro por
“filho de Zebedeu” (Mt 4.21; Mc 1.19) e um outro por “o irmão do Senhor”
(Gálatas 1:19).
Vamos ver a lista dos
doze discípulos apresentada por Mateus: “Ora,
os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André,
seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e
Tadeu; Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu”,
Mateus 10:2-4. Esse Tadeu é mais conhecido como Judas Tadeu.
“Tiago,
filho de Alfeu”, registra Mateus. Porém, o
mesmo Mateus, em 13:55, diz que o Tiago ali citado pertence a família de Jesus:
“Não é este o filho do carpinteiro?
e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas, e não
estão entre nós todas as suas irmãs?”.
A expressão
“seus irmãos” ocorre nove vezes nos relatos dos Evangelhos e uma vez em Atos.
Em todos os casos (exceto em João 7:3,5,10), os irmãos são mencionados em
conexão imediata com sua mãe, Maria. Nenhuma indicação linguística está
presente no texto para inferir que “seus irmãos” deve ser entendido em qualquer
sentido menos literal que “sua mãe”. Da mesma forma, os judeus contemporâneos
de Jesus interpretaram os termos “irmãos” e “irmãs” em seu sentido
comum.
Além disso, se os
“irmãos e irmãs” na frase significam “primos”, como exige o Catolicismo, então
estes “primos” eram os sobrinhos e sobrinhas de Maria. Mas, por que as pessoas
da cidade de Nazaré conectaram os sobrinhos e sobrinhas de Maria com José? “Não é este o filho do carpinteiro
não se chama… seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas, e não estão entre nós
todas as suas irmãs?”.
Não faz sentido algum
alterar os termos irmãos e irmãs para primos e primas. Nada poderia ficar mais
ridículo do que isso: “Não
é este o filho do carpinteiro não se chama… seus primos Tiago, José, Simão, e
Judas, e não estão entre nós todas as suas primas?”.
Isso denuncia a
mentira!
Por outro lado,
deve-se questionar os apologistas do catolicismo sobre as “primas” de
Jesus. Se eles garantem que os homens são primos, filhos de uma certa irmã da
mãe de Jesus com o mesmo nome, devem também concordar que as citadas como irmãs
do Senhor não são filhas de Maria e José. Quem sabe elas tem
como pai e mãe um outro casal, parentes de Maria, mãe de Jesus? Ou será que
eles ousariam dizer que elas também são filhas de Maria de Cleofas?
Por que as pessoas da
cidade mencionaram sobrinhos e sobrinhas omitindo outros
parentes da família? O cenário assume que essas pessoas fazem
alusão à imediata família de Jesus. José, Maria e seus filhos foram
reconhecidos como uma típica família de Nazaré. Aqui, eles simplesmente
perguntaram se Ele não era um membro desta família ao
mencionar o nome de quase todos os integrantes. Essa é a justa
interpretação do texto.
No entanto, a Igreja
Católica ensina que o Tiago e Judas que aparecem entre os doze discípulos são
os mesmos Tiago e Judas citados em Mateus 13:55. Seriam eles filhos de certa
Maria, esposa de um estranho e suspeito homem de nome Cleofas. O catolicismo
ensina que esta Maria é irmã da mãe do Senhor. Assim, eles não poderiam ser
irmãos de Jesus, mas sim primos dele. Um site católico afirma:
“Maria de Cleofas, segundo pesquisadores é considerada a tia de Jesus,
irmã de Maria (mãe de Jesus) e casada com Cleófas. Segundo a tradição católica
ela também é considerada uma santa. Segundo o que nos dizem os três primeiros
evangelhos, sabemos que entre aquelas mulheres que seguiram a Jesus desde a
Galiléia, e presenciaram no Calvário a crucificação, estava Maria, mãe de Tiago,
o menor, e de José”
“Entre
elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos
filhos de Zebedeu“ – Mateus 27:56
“Entre
elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos
filhos de Zebedeu“ –
Marcos 15:40
“Achavam-se
ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé“ –
Lucas 24:10
Essa mulher é quase certamente a mesma Maria que é
chamada Maria, mulher de Cleofas:
João 19:25 – “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria,
mulher de Cléofas, e Maria Madalena“.
Atente para um detalhe
na citação do site católico quando tenta identificar Maria de Cleofas. Ele diz
que “… entre aquelas mulheres que seguiram
a Jesus desde a Galileia, e presenciaram no Calvário a crucificação, estava
Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José”.
De fato, a mulher
citada como mãe de Tiago e José em alguns textos, também citada
como mãe de Tiago em outros textos (Mar 16:1 e Lucas 24:10), e em outro como
mãe de José (Mar 15:47) é a mesma Maria. Ela, porém, é natural da Galileia e
não de Emaús como se crê que é a mulher de Cleofas. Eis aí o problema
principal: As mulheres que seguiram Jesus desde a Galileia eram da Galileia.
Maria de Cleofas residia em Emaús. A única Maria da Galileia que tinha filhos
chamados Tiago e José era Maria, mãe de Jesus. Porém, isso é assunto para outro
artigo, que por sinal já está em andamento.
Irmãos
incrédulos
Havia incrédulos na
família de Jesus – estes não eram seus primos. O Senhor denuncia que eles
estavam dentro da sua própria casa:
“E
Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus
parentes, e na sua casa“. Marcos 6:4
O texto revela que os
opositores de Jesus estão ligados a ele por laços familiares muito fortes
quando declara que ele “não
tinha honra na sua própria casa”.
O registro em Marcos
entrou na pátria de Jesus e passou por todos os seus parentes – primos,
sobrinhos, tios e etc., e foi parar dentro de sua casa. Quem eram os
incrédulos ali, Maria e José? Se José havia morrido, então era Maria!
Possivelmente não. João esclarece quando confirma: “nem seus irmãos
criam nele”, João 7:5.
Essa é uma situação
bem conhecida; os vizinhos tudo bem… primos até que dá para entender, o mesmo
acontece com os estranhos, mas parece que João está surpreso com outro tipo de
incrédulo quando dispara, “nem mesmo os irmãos (?)”. A
sentença destaca o absurdo, pois declarava a incredulidade de membros da
própria família que não reconheciam Jesus como o Messias enviado. O contexto
encontra-se em João 7:1-5
“E
DEPOIS disto Jesus andava pela Galileia, e já não queria andar pela Judéia,
pois os judeus procuravam matá-lo. E estava próxima a festa dos judeus, a dos
tabernáculos. Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia,
para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há
ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes
estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele”.
João não daria ênfase
à incredulidade se tivesse registrando que “nem
mesmo seus primos criam nele”.
Porém, pelo fato de serem mais próximos, então o alarde foi exposto para
demonstrar o absurdo da descrença. Os incrédulos eram sem dúvida, irmãos de
Jesus. Note a evidência irrefutável: “Por
que NEM MESMO seus irmãos criam nele”.
Não há dúvida que a
descrença envolvia todos os quatro: Tiago, José, Simão e Judas. Não fosse
assim a Escritura deixaria registrado que os incrédulos eram apenas
dois deles se o Tiago e o Judas citados em Mateus 13:55, dentro da
família do carpinteiro, fossem os mesmos Tiago e Judas contados entre os doze
discípulos. Os escritores dos fatos teriam por obrigação e compromisso com a
verdade fazer separação destes dois com os outros dois descrentes, os
quais supostamente seriam José e Simão, mas não fizeram.
Sem dar consideração
alguma, o contexto de João 7:1-5 esclarece que Jesus tinha irmãos incrédulos
deixando subentendido que todos eles estão envolvidos no diálogo com o Senhor.
Diálogo este que revela a impossibilidade de se crer que algum deles
fosse seu discípulo. Primos com certeza não eram, pois fica extremamente
estranho que filhos de outro casal pudessem ter essa autoridade dentro de
um domicilio que não fosse o deles: “Sai
daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras
que fazes”. Os judeus queriam assassinar o
Senhor Jesus e eles empurravam o próprio irmão para o matadouro.
Portanto, podemos
excluir o Tiago e o Judas discípulos de estarem entre os citados irmãos
descrentes de Jesus por vários motivos, sendo que dois dos mais importantes
encontra-se em duas referências nas Escrituras: na pequena epístola de Judas e
em João capítulo seis. A segunda referência está apenas alguns versículos antes
do encontro entre Jesus e seus irmãos incrédulos. A primeira está na pequena
epístola de Judas. Esse Judas que se declara irmão de Tiago diz claramente
que não estava entre os doze:
“Mas
vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; Os
quais vos diziam que nos últimos tempos
haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências“,
Judas 17,18.
Quanto a João seis,
podemos ver dois milagres de Jesus: A multiplicação dos pães e a ocasião em que
ele anda sobre as águas. O resultado desses acontecimentos na vida dos
discípulos foi muito marcante. Depois do milagre da multiplicação dos pães, e
depois de deixar doze cestos cheios para os apóstolos, eles confessam: “… Este
é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”, v 14.
Simão Pedro fecha o
capítulo da seguinte forma: “… nós [os doze] temos crido e
conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente“, vv 68,69.
Portanto, é
inadmissível aceitar que algum desses discípulos crentes do dialogo final no
capítulo seis pudessem estar presentes entre os irmãos incrédulos de Jesus
apenas sete versículos depois. No entanto, o cenário de incrédulos no inicio do
capítulo sete de João exige um Tiago e, coincidência ou não, tem um Tiago
citado entre os familiares de Jesus como foi confirmado em Mateus 13:55. O
evangelista registra que ele está entre outros três – são “seus [de Jesus] irmãos, Tiago,
José, Simão e Judas”.
Repetindo: João e
Marcos confirmam que havia incrédulos na família do Senhor – que seriam exatamente
seus irmãos: “Nem mesmo seus irmãos criam nele”, diz
João. E Marcos declara que nem na sua casa Jesus tinha honra (Marcos 6:4).
Marcos não diria isso se os opositores de Jesus não fossem irmãos de
sangue. Por isso a declaração envolve, exatamente, pessoas nascidas da mesma
mãe quando diz que ele “não tinha honra na sua própria casa”.
Além disso,
descobrimos um registro de Paulo mostrando que Jesus aparece ressuscitado para
certo Tiago (1ª Coríntios 15:7). Notável é, que após essa aparição de
Jesus para esse cidadão que tem o nome de Tiago nós encontramos os chamados,
irmãos de Jesus, outrora incrédulos, orando no cenáculo com Maria e os outros
discípulos em Atos 1;13,14: “E,
entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe
e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas
Tadeu. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as
mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus
irmãos”.
Mais
evidências
É preciso
enfatizar que em todos os contextos sobre as aparições de Jesus depois da sua
morte encontramos evidências de que as manifestações foram necessárias para
desfazer dúvidas com relação a sua ressurreição. Não foi diferente com esse
Tiago como veremos mais adiante. É evidente que Jesus apareceu redivivo para
ele com o intuito de testificar da sua ressurreição. Além do mais, há outra
prova irrefutável que revela que o Tiago de Alfeu, que é um dos doze, não é o
mesmo Tiago conhecido como irmão do Senhor – este Tiago discípulo nunca foi
chamado para fazer parte do grupo íntimo de Jesus.
Se a dogmática
católica afirma que os Tiagos são um só, tendo sido ele um dos doze, e tendo
ele permanecido por longo tempo muito próximo da “virgem” Maria, por que
jamais foi escolhido para o grupo íntimo do Senhor, mas o Tiago ali citado nas
ocasiões especiais foi o irmão de João? Pedro, Tiago e João foram os
únicos que viram a ressurreição da filha de Jairo (Mat. 9:23-26) e a
transfiguração de Jesus (Marc. 9:2), e que estiveram com Jesus no Getsêmani
(Marc. 14:33).
Imagine você caro
amigo leitor: o primo de Jesus, como deseja o catolicismo, que seria bispo em
Jerusalém, o qual sempre foi visto acompanhando a virgem Maria não conseguiu um
lugar de destaque no grupo particular de Jesus. É inacreditável que nem a
influência da figura mariana fosse capaz de chamar a atenção do filho para que
este pudesse fazer deste Tiago – parente tão próximo da família – um quarto
participante do seu grupo intimo. Na verdade, o Tiago citado como irmão
do Senhor em Mateus 13:55 nunca entrou no grupo particular de Jesus por dois
motivos: era incrédulo quanto ao ministério do irmão e não fazia parte dos doze
apesar de ser um judeu que acreditava no Deus de Israel.
Jesus
apareceu para qual Tiago?
Jesus apareceu a certo
Tiago – se nos baseamos na tese católica devemos concordar que esse Tiago era
um dos doze. No entanto, por que Jesus deveria aparecer para esse sumido,
quieto, silencioso e inofensivo Tiago em particular depois dele ter presenciado
duas aparições do Senhor Jesus ressuscitado junto com os discípulos? Por que um
encontro entre Jesus e o filho de Alfeu separado dos outros?
Insisto, pois é muito
séria a situação: Por que deveria este “inexpressivo” Tiago exigir de Jesus uma
atenção especial ao ponto de ele se manifestar
ao discípulo uma terceira vez, e em particular? Jesus já havia aparecido para o
filho de Alfeu duas vezes em duas ocasiões, no mesmo lugar: quando este
estava trancado junto com os outros dentro de uma casa em Jerusalém com
medo dos judeus.
Vamos saber o que
realmente aconteceu…
Leia atentamente I
Coríntios 15:3-7:
“Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao
terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze.
Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda
a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois
por todos os apóstolos”.
Paulo registra cinco
aparições de Jesus. Apesar de não estar explícito no contexto, quando ele cita
“aos doze”, ele pode estar fazendo alusão a segunda das três vezes em que a
Bíblia registra as aparições tradicionais de Jesus aos discípulos. De qualquer
forma, em uma das vezes, a primeira, Tomé não se fazia presente.
Um comentário aqui
sobre o numeral doze é necessário. Se Paulo, depois de tantos anos, registra o
fato contando com Matias, temos doze discípulos realmente. Alguns estudiosos do
texto bíblico concordam que Paulo apenas tentou manter o colegiado adicionando
doze como simbolismo para preservar a instituição apostólica, o que não deixa
de ser uma excelente explicação. Outros acreditam que Paulo ou algum copista
posterior cometeu um erro.
Porém, há um problema
para essa teoria dos doze, e ela se encontra em João 20:24 onde o apóstolo
também registra doze no contexto da ressurreição. Ele diz que depois de
uma das aparições de Jesus aos discípulos “Tomé, um
dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles…”. Com eles quem,
OS OUTROS ONZE originais? Isso é assunto para outro artigo, onde vamos
descobrir exatamente quando Judas cometeu suicídio. E garanto que vai
surpreender a muitos.
O que devemos
considerar é que, os relatos de Paulo sobre o Jesus ressuscitado se
manifestando aos discípulos coincidem com alguns relatos dos evangelistas.
Devemos lembrar que na primeira aparição citada, o Tiago de Alfeu estava
presente, pois ele era um dos discípulos. E posteriormente, quando o
Senhor se revela a Tomé o mesmo Tiago obviamente também estava entre eles. O
problema é que apesar do texto deixar explícito que Jesus já havia se
manifestado para este Tiago, acontece algo que parece inexplicável e é um
problema enorme para a apologética católica romana: Paulo simplesmente registra
que o Senhor “… apareceu a Tiago”, verso 7.
Numa das vezes – a
primeira – que o Senhor se revela ressuscitado aos discípulos a Escritura
esclarece que “estando as portas cerradas onde os discípulos, com medo dos
judeus, se tinham ajuntado chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz
seja convosco” (João 20:19). O verso 24 diz que o único
ausente era Tomé, o que nos permite inferir que o Tiago de Alfeu foi um dos que
viu o Senhor e se alegrou junto com os outros quando este “mostrou-lhes as suas
mãos e o lado”, João 20:20.
Oito dias depois da
primeira aparição o relato bíblico atesta que Jesus voltou a vê-los; nessa
ocasião Tomé se encontrava no grupo e “chegou Jesus, estando as portas
fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco”,
v 26.
Um detalhe curioso
pode chamar a atenção nessas narrativas: Parece que os discípulos não deixaram
o lugar em que estavam entre uma aparição e outra. Eles estavam escondidos com
medo dos judeus atrás de portas cerradas:
Leia novamente os dois
textos já citados: “Chegada,
pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os
discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco”, João 20:20.
Jesus lhes aparece
outra vez uma semana depois e pelo que consta no relato eles não mudaram de
local:
“E
oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro,
e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e
apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco“,
v 24.
A aparição para Tiago
não pode estar nesses dois registros de forma alguma e, possivelmente não está
também entre eles, em algum ponto no espaço de oito dias. Parece que
Paulo localiza a manifestação para “todos os Apóstolos” quando Jesus foi
visto pela última vez, ao ar livre, imediatamente antes de sua ascensão,
aparecendo para Tiago pouco antes dessa ocasião. Faça sua própria análise: “[Jesus] apareceu a Cefas, e
depois aos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos
quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por
Tiago, depois por todos os apóstolos”.
Afinal de contas,
quando Jesus apareceu redivivo para Tiago? É fato que o Senhor se manifesta
para ele em ocasião distinta daquelas que aparece para os Apóstolos. Ele se mostra
ressuscitado a primeira vez sem Tomé. O detalhe importante no verso acima é que
Paulo diz que Jesus aparece para Cefas (Pedro?) antes de aparecer aos
discípulos. No entanto, Pedro jamais viu o Senhor ressurreto antes dele se
manifestar aos discípulos pela primeira vez.
Lucas diz que quando
Pedro foi ao sepulcro, depois de ser avisado pelas mulheres, apenas viu as
vestes de Jesus (Lucas 24:12). No verso 24, na conversa com Jesus após a
ressurreição, um dos discípulos de Emaús deixa claro que Pedro não viu Jesus
nessa ocasião: “E alguns dos que estavam conosco
foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não
o viram”. Isso aconteceu antes da primeira aparição
do Senhor aos discípulos, aquela sem Tomé. E entre a primeira e a segunda
manifestação de Jesus aos discípulos, Jesus também não apareceu a Pedro em
particular.
Jesus lhes aparece
mais uma vez estando alguns deles no mar da Galileia (João 21:1-14). O verso catorze
esclarece que aquela “já
era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter
ressuscitado dentre os mortos”. Somente aqui nessa
ocasião é que ele tem um diálogo com Pedro (vv.15-19).
Quando foi que Jesus
apareceu a Pedro em particular? Quem é esse Cefas que Paulo menciona? É certo
que Paulo não está registrando em sequência todas as aparições do Senhor aos
discípulos. Ele fala em doze discípulos estando presentes na primeira
depois que cita ter Jesus aparecido a Cefas e, para todos os Apóstolos, logo
depois de dizer que Jesus apareceu para Tiago. Veja: “Jesus
apareceu a Cefas e depois aos doze, depois a mais de quinhentos irmãos, depois
a Tiago e depois a todos os Apóstolos”.
A interpretação
tradicional exige que o versículo seja redigido da seguinte forma: “Jesus apareceu a Pedro, depois
apareceu aos discípulos pela primeira vez estando eles trancados numa casa,
depois apareceu a mais de quinhentos irmãos, depois apareceu a Tiago e depois
aparece novamente aos discípulos no mesmo lugar anterior”.
Tradição é difícil de se quebrar, principalmente quando reforçada por histórias
e filmes que resumem as aparições de Jesus aos discípulos em duas: quando estes
estavam trancafiados numa residência em Jerusalém.
Vale notar que Paulo
omite essa aparição citada acima por João em 21:1-14 que ocorreu no mar da
Galileia – os discípulos estavam apenas em sete, não mais que isso. E vale
lembrar que as duas primeiras manifestações do Senhor ressuscitado ocorreram em
Jerusalém, não na Galileia, onde ele aparece aos discípulos mais vezes.
Nas duas primeiras vezes em que ele aparece aos discípulos, notamos que
algumas mulheres e dois deles correram ao sepulcro e voltaram para casa. Isso
indica que eles não podiam estar na Galileia, mas sim em Jerusalém.
O que isso tudo
implica? Implica em problemas enormes para a dogmática católica resolver, pois
é também possível estabelecer que apenas depois das manifestações do Jesus
ressurreto em Jerusalém para os discípulos é que o Senhor aparece para Tiago.
Isso é muito significativo – mostra ainda mais a impossibilidade de o Tiago
citado ser o mesmo Tiago discípulo. Se este último já havia visto o Senhor
Jesus por, pelo menos, duas vezes, ter se alegrado com os outros vendo suas
marcas, que necessidade haveria de Jesus se revelar a ele uma terceira vez?
Veja Paulo novamente
na última parte do versículo: “Jesus
apareceu… a Tiago e depois a todos os Apóstolos”.
Essa última pode ter
sido aos discípulos numa montanha na Galileia quando Jesus lhes aparece e
comanda que eles batizem em seu nome e também façam discípulos em todos os
povos (a chamada Grande Comissão – Mateus 28:18-20). Não devemos esquecer
que em Atos temos um registro geral das aparições do Senhor aos discípulos,
acrescentando que após a sua morte ele ainda fica com os seus por quarenta dias
antes de ascender aos céus.
“… FIZ
o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a
fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter
dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; Aos quais
também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis
provas, sendo
visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que
esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes”,
Atos 1:1-4.
Um detalhe no contexto
revela que Jesus esteve com eles, e foi visto por eles, durante quase dois
meses antes de ir para o Pai. Os evangelhos não registram que Jesus lhes
aparece apenas três vezes, mas diz sobre certa ocasião que “já
era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter
ressuscitado dentre os mortos”, João 21:14.
Isso é revelador, pois
indica que ele foi visto mais vezes ao dizer que ele esteve com os discípulos
por quarenta dias. Significa que ele lhes apareceu mais vezes do que se
registra nas Escrituras. E entre todas as aparições, Paulo destaca aquela em
que Jesus se manifesta a Tiago simplesmente porque este não é o discípulo, mas
sim irmão de Jesus.
Podemos concluir sem
dúvidas que as circunstâncias da narrativa indicam fortemente que o Tiago que
esteve em companhia de Jesus por quase dois meses – tempo que deve ser contado da
primeira manifestação dele ressuscitado até a última – não é o mesmo
Tiago conhecido como seu irmão. Este só o viu ressuscitado depois, sendo
impossível ter estado entre aqueles aos quais Jesus “… se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias…”.
O que Lucas diz –
aquele Lucas que procurou estar certo das coisas antes de escrever – é que da
primeira manifestação de Jesus até a última temos um total de quarenta dias. E
Paulo esclarece que um Tiago só viu Jesus ressuscitado semanas depois de ele
aparecer para os discípulos: “… foi
visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de
quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem
também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos”.
O incrédulo irmão de
Jesus não podia estar presente desde a primeira aparição, entre aqueles que o
viram “por um espaço de quarenta dias”.
Ele não era um dos doze, por isso o Senhor se manifesta a ele fora da
presença dos outros discípulos.
Nos relatos de Paulo e
João há um cuidado em esclarecer que Jesus aparece aos discípulos.
Veja novamente Paulo quando diz que Jesus apareceu “a
Cefas, e depois aos doze”, I Coríntios
15: 3-5. João também descreve os discípulos quando fala de uma das
aparições em João 20:20: “Chegada,
pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana… chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco“. Depois
disso Paulo diz que Jesus “apareceu
a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas
alguns já dormiram”.
E, por fim, Paulo
afirma que Jesus “Depois foi visto por Tiago, depois
por todos os apóstolos", v 7.
O detalhe
importantíssimo é que, tanto Paulo como João deixaram registradas as aparições
de Jesus citando os discípulos, mas apenas Paulo relata o encontro entre Jesus
e Tiago sem dizer que os outros estavam juntos. O ponto principal
no contexto é que podemos observar sem complicações e tradições que Jesus e
Tiago não estavam no mesmo local em que ocorreram as outras aparições do
Senhor aos discípulos. Primeiro Jesus aparece para Cefas e depois aos
discípulos, depois para mais de quinhentos irmãos, depois para
Tiago e depois para todos os apóstolos.
Insisto: não há
possibilidade alguma do fato ter ocorrido no local original onde se
encontravam os outros Apóstolos às portas trancadas, pois além deles não serem
mencionados, há outras evidências citadas que não nos permite aceitar a
proposta católica romana.
Jesus apareceu para
este Tiago em outro lugar pelo simples fato de tratar-se do seu irmão incrédulo
e não do Tiago filho de Alfeu, discípulo contado entre os doze. Jesus se
manifesta para o filho de sua mãe, tendo como pai, José. Percebe-se claramente
que o relato acompanha uma sequencia exigida por necessidade de comprovação da
ressurreição. Alguém estava precisando de uma comprovação maior, e seu nome era
Tiago, mas não o filho de Alfeu contado entre os doze.
Adiciono aqui um
comentário bem oportuno:
«Na verdade, quando
analisamos o texto dentro do seu contexto, torna-se até difícil imaginar que o
Tiago ali citado fosse mesmo um dos doze. Pense comigo. Jesus aparece primeiro
a Pedro. Depois aparece aos doze discípulos (Tiago ali incluído,
obviamente). Depois aos quinhentos irmãos e depois a Tiago novamente. E
depois volta a aparecer a Tiago de novo, já que Jesus apareceu depois a “todos
os apóstolos”. Então, o que o Macabeus quer nos fazer acreditar é
que Jesus apareceu a Tiago três vezes!
Somente Pedro recebe a
visita do Senhor três vezes, mas isso por uma boa razão: ele havia negado Jesus
três vezes e se arrependido amargamente, debruçando-se em lágrimas (Lc.
22:62). Pedro necessitava de um reencontro particular com Cristo,
para se retratar pessoalmente com o Mestre. Mas o que levaria Jesus a fazer o
mesmo com Tiago, se este Tiago não é aquele mesmo irmão de Jesus que antes
disso era incrédulo, e que, portanto precisava tanto de uma aparição pessoal do
Cristo ressurreto quanto Pedro precisava?
Se este Tiago era um
dos doze, não haveria nenhuma razão para Jesus abrir exceção a ele, como fez a
Pedro. Não há nada nos evangelhos que enfatize um dos dois Tiagos que eram
discípulos de Jesus. Não há nenhuma negação pública, nenhum acontecimento,
nenhuma coisa que pedisse uma intervenção sobrenatural para um encontro
particular entre esse Tiago e Jesus. Bastaria a aparição geral de Cristo, como
ocorreu duas vezes na presença de todos os
apóstolos. Isso simplesmente não faz lógica na perspectiva de que esse Tiago
fosse um dos doze.
Mas é totalmente
lógico na perspectiva de que esse Tiago fosse justamente o antes incrédulo
irmão de Jesus. Ele precisava de um encontro pessoal que o
tirasse da incredulidade e que lhe desse a oportunidade de concertar as coisas
com Cristo em particular, assim como Jesus fez com Pedro. E isso também explica
por que esse Tiago aparece com tanta notoriedade no Novo Testamento dali
em diante. Ele lidera o Concílio de Jerusalém de Atos 15. Este Tiago era
tão conhecido e importante que Judas precisou apenas se identificar como
o “irmão de Tiago” (Jd.1) em sua
epístola, e Pedro ao ser liberto fez questão de pedir que Tiago fosse
notificado disso (At.12:17).
Se este Tiago com uma
autoridade tão proeminente não era o irmão de Jesus, então quem era? O Tiago
irmão de João já tinha morrido há muito tempo (At.12:2),
e o outro Tiago discípulo era irrelevante e sem notoriedade entre os doze,
tanto é que só aparece nos evangelhos quando é listado junto aos outros doze.
Esse importante Tiago, que surge subitamente exercendo grande liderança
justamente a partir da ressurreição de Jesus, só poderia ser o terceiro Tiago, o irmão
de Jesus, que passou a exercer essa liderança após sua conversão ao se
encontrar com o Cristo ressurreto» (1).
(1) BANZOLI, Lucas – As aberrações de Cris Macabeus e a volta do terceiro
Tiago
“Sua mãe
está lá fora com Tiago”
Parece que a situação
de Jesus com seus familiares não estava favorável a ele. Havia algumas
diferenças, e de tão absurdas eram essas diferenças, que Marcos nos deixa
um registro onde podemos ver seus irmãos e sua mãe saindo para prendê-lo, pois
acreditavam que Jesus estava fora de si. Veja a passagem, que além de revelar o
descaso de sua família, também mostra mais uma vez os discípulos separados dos
irmãos dele.
Marcos diz que Jesus “subiu ao monte, e chamou para si os
que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e
os mandasse a pregar, e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e
expulsar os demônios: A Simão, a quem pôs o nome de Pedro, e a Tiago,
filho de Zebedeu, e a João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges,
que significa: Filhos do trovão; e
a André, e a Filipe, e a Bartolomeu, e a Mateus, e a Tomé, e a Tiago,
filho de Alfeu, e a Tadeu, e a Simão o Zelote, e a Judas Iscariotes, o que
o entregou”.
O versículo imediato
revela que todos eles entraram numa casa: “E
foram para uma casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem
sequer podiam comer pão”, Marcos 3:13-20.
O verso 21 nos diz que
sua família foi atrás dele: “E,
quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de
si”.
O grego aqui para “os
seus”, é “par autou”, que significa “os pertencentes a ele”, ou seja: membros
da sua família. O verso 31 finalmente nos revela quem eram esses da família: “Chegaram, então, seus
irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar”.
Claramente podemos ver
os irmãos do Senhor do lado de fora da casa, enquanto lá dentro com Jesus
estavam seus doze discípulos e, é claro, entre eles se encontravam, Tiago,
filho de Alfeu e Judas.
Mais um texto que fala
por si só, também não havendo necessidade de mais comentários se não fosse por
um fato curioso. Observem o que acontece nos versos seguintes:
“E
a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e
teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo:
Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam
assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha
irmã, e minha mãe”, vv 32-35
Por que Jesus evitou
sua família retrucando que verdadeiramente sua mãe e seus irmãos são aqueles
que fazem vontade de Deus? Não seria por que, além dos judeus, seus familiares
não estavam fazendo a vontade de Deus?
O próprio Deus é quem
sabe…
Falando
para os irmãos e para os discípulos
No diálogo entre Jesus
e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas em João 7:6,7, encontramos algo
surpreendente:
“Disse-lhes,
pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está
pronto. O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto
dele testifico que as suas obras são más”.
Note que temos aqui
mais uma pista nos revelando que Jesus não dialogava com nenhum discípulo
quando estava diante dos seus irmãos. Veja novamente o que Jesus diz a eles “… O
mundo não vos pode odiar”.
Agora veja o que Jesus
diz aos discípulos oito capítulos depois:
“...o mundo vos odeia” (João
15:19)
Portanto, o que temos
aqui é o seguinte: O que Jesus diz aos seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas,
que eram incrédulos nessa ocasião, é: “O mundo não vos pode odiar”. No entanto,
para os discípulos, e dentre eles outro Tiago e outro Judas, ele diz, “o mundo
vos odeia”.
Evidente que Tiago,
irmão do Senhor e o Tiago discípulo não eram os mesmos. Jesus apareceu redivivo
para seu irmão Tiago, um dos incrédulos de João 7, que atraído pela ocasião
começou a mostrar sua fé se juntando aos onze discípulos em oração. Vemos
isso em Atos 1:13, 14. Ali é dito claramente que os que estavam no cenáculo
eram: Pedro e
João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de
Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
Essa tradução
reconhece esse Judas como filho de um Tiago e não como irmão dele. No entanto,
outra tradução baseada em melhores manuscritos o chama apenas de Judas Tiago e
algumas outras o denomina de Judas Tadeu. O certo é que ele não tem parentesco
algum com o Tiago filho de Alfeu.
Observem que no verso
treze nós já vemos listados os nomes de onze apóstolos. Entre eles podem ser
vistos Tiago de Alfeu e Judas. O problema, que não é dos menores, está no texto
imediato, que registra: “Todos estes [onze] perseveravam unanimemente em oração, com as
mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele…”.
Simplesmente
irrefutável essa situação onde presenciamos de forma explícita os irmãos de
Jesus sendo citados separados dos discípulos. O nome deles? Sim, aqui
estão: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria,
e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?” (Mateus
13:55).
Os detalhes
importantes são: “Sua”, quando identifica a mãe e, “Seus”, quando identificam
os irmãos – isso significa que todos estão entrelaçados como família de sangue.
Observe que temos
listado quatro nomes aqui: Tiago,
José, Simão, e Judas. Antes dos nomes se lê claramente: “Sua mãe e seus irmãos…”.
Vemos a mesma formação textual em João 2:12, “sua mãe, seus irmãos”, quando
nos voltamos um pouco mais no ministério de Jesus: “Depois disso desceu
a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus
discípulos; e ficaram ali não muitos dias”.
Atente para estes
detalhes: Mateus mostra “… sua mãe… seus irmãos…”, onde são listados os
nomes destes.
João apresenta “… sua mãe, seus
irmãos…”. Aqui está sem nomes.
Pelo fato dos nomes
estarem registrados em apenas duas passagens dos Evangelhos – Mateus e Marcos –
não significa que nas referências sem nomes – trazendo apenas os termos “seus
irmãos” – não sejam as mesmas pessoas. Muito pelo
contrário; por serem as mesmas pessoas citadas nominalmente em um
contexto não houve necessidade de que os evangelistas repetissem seus
nomes nas outras ocasiões.
Podemos encontrar
relatos semelhantes no Velho Testamento com José e “seus irmãos”
e com Davi e “seus irmãos”.
Algumas poucas passagens trazem os nomes dos irmãos de Davi e José, mas a
maioria das outras referências aos mesmos, apenas dizem: “seus irmãos”.
Portanto, o que temos,
por exemplo, em João 2:12 e Atos 1:13,14 poderia ser , de forma
extremamente escancarada, o seguinte: “Depois
disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos [Tiago, José, Simão e Judas], e seus discípulos; e
ficaram ali não muitos dias”.
“E,
entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André,
Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e
Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e
súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos [Tiago,
José, Simão e Judas ]”.
Aí está o terceiro
Tiago, caminhando ao lado dos outros discípulos. Agora, sendo mudado de
forma tão extraordinária ao ponto de, mais tarde, se referir ao seu irmão
como “nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor
da glória” (Tiago
2:1). Ele era filho de José com Maria, provavelmente mais velho que
os outros três irmãos, porém, mais novo que Jesus, que foi o primogênito:
“E
José… não a conheceu até que deu à luz seu filho, o
primogênito…”,
Mateus 1:25, que para
desespero de muitos a tradução da NTLH e a NVI vertem o verso como seguem,
“Mas
não teve relações com ela enquanto ela
não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus”.
“Porém
não teve relações com ela até que a
criança nasceu. E José pôs no menino o nome de Jesus”.
O uso da palavra
“conhecer” é um eufemismo comum para relação sexual. O “até que”
deve significar que José e Maria se abstiveram de relações sexuais antes
do nascimento de Jesus. Aqui, neste contexto, o “até que” não implica que
eles jamais tiveram relações sexuais, mas confirma o fato de que,
onde a frase seguida de um negativo ocorre, indica que a ação negada teve lugar
mais tarde. O coito subsequente foi inevitável, pois
acompanhava necessariamente o curso natural da relação entre marido
e mulher.
Conclusão
Portanto, depois do
que foi aqui explanado, podemos firmemente concluir que o Jesus ressuscitado
apareceu mesmo foi para um de seus irmãos incrédulos, Tiago, mas não o
discípulo e filho de Alfeu e sim seu irmão legítimo, filho de sua
mãe, o qual o salmista já profetizava como alguém que estaria nas fileiras
daqueles que por algum tempo duvidariam do ministério do Senhor: “Tenho-me tornado um
estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha
mãe”, Salmos 69:8.
As duas sentenças
foram registradas para não deixar nenhuma dúvida: “Meus
irmãos… FILHOS da MINHA mãe…”. O texto não faz
alusão a Davi. O Salmo 69 e um salmo messiânico. Um dos vários que incluem
palavras proféticas sobre o filho de Deus. Preste atenção em outro verso do
mesmo salmo: “Deram-me fel por mantimento, e na
minha sede me deram a beber vinagre”, v 22.
Os textos falam por si
só não havendo necessidade de interpretação.
Deus seja louvado!
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Lucas, você e esse herege do Alon Franco continuam amigos?
ResponderExcluirSim.
ExcluirJá tinha lido, excelentes artigos, parabéns!
ResponderExcluirLucas, venha para a verdadeira igreja: Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).
ResponderExcluirAbraço.
Acho que o Lucas nunca aceitaria nem metade do que os luteranos acreditam.
ExcluirNão exagere, eu concordo com muita coisa dos luteranos.
ExcluirLucas, mas com certeza não pode ser luterano, já que o que você considera que concorda não é suficiente para isso.
ExcluirSim, verdade.
ExcluirLucas, a verdadeira igreja de Cristo é católica, e mantém uma liturgia tradicional. É por isso que nós, Luteranos, conservamos a liturgia tradicional até hoje. Infelizmente, a igreja Romana apostatou. Venha para a nossa igreja. Você será muito bem recebido.
ExcluirEsse cara de cima não sabe de nada. Na real, a verdadeira igreja é a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Faça-nos uma visita, Lucas :)
ExcluirHahaha :)
ExcluirVocês estão todos errados. A igreja verdadeira é a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Nós guardamos o sábado como a bíblia manda, e como Jesus guardou. Visite-nos, Lucas.
ExcluirVou visitar todo mundo =)
ExcluirIgreja Adventista do Sétimo Dia é uma seita! Ellen White foi uma falsa profeta! A verdadeira igreja é a Batista do Sétimo Dia. Nós guardamos o sábado, não temos falsos profetas (Ellen White), somos mais antigos que os adventistas. Nós somos a verdadeira igreja, que remonta ao tempo dos apóstolos!
ExcluirVisite a Igreja Católica Apostólica Romana.
ExcluirEngraçado, foi aqui que aprendi sobre a VERDADEIRA igreja - "A Igreja, à luz da Bíblia, tem um conceito básico muito simples: a reunião de todos os VERDADEIROS cristãos, em todas as partes do mundo. Juntos, eles formam aquilo que é conhecido como “corpo de Cristo”." E ainda estou procurando NA BIBLIA alguma citação de uma igreja de pedras e tijolos que seja "verdadeira"
ExcluirRicardo Soares
Falou tudo, Ricardo!
ExcluirLucas, o que você acha sobre a visão que a Emily Rose teve com Maria antes de ser possuída? Já deu uma olhada nisso? Seria legal que além de vc comentar sobre esse caso vc fizesse um artigo sobre os exorcismos da Igreja Católica
ResponderExcluirAbraços!
Eu não acredito em nenhum desses "exorcismos" católicos, pra mim são exatamente iguais aqueles exorcismos dos filhos de Ceva (At.19:14), pura encenação do demônio. No momento eu tenho outras pautas como prioridade para artigos no blog, mas agradeço a sugestão e vou acrescentar à lista um sobre exorcismos na ICAR, ainda preciso estudar mais a este respeito. Abs!
ExcluirSaindo dos "exorcismos" em latin, o que você acha daquelas "entrevista" com o demônio em igrejas como a Universal e outras? Na sua opinião Lucas, aquilo lá tá mais pra golpe pra atrair fiéis? Ou estratégia do demônio pra fazer de tolas aquelas pessoas?
ExcluirSei lá, acho errado ficar expondo a pessoa, entrevistando as trevas nela e fazendo disso um evento como tem acontecido hoje em dia....
Quanto aquilo de Maria no caso de Emily Rose, a cheguei ao ponto de crer naquilo quanto católica..... Ô passado negro! Kk
Mas é @anonimo, se Maria está morta e mortos não sabem de nada, já sabe quem estava por trás disso né?!
O Diabo não vai dividir o reino dele vai? Logo, usando de Maria ele dá um strike após o outro. Satanas sabe que o único nome que pode contra ele não é dela e de ninguém senão do próprio Cristo Jesus.
Em relação especificamente aos exorcismos da Universal eu creio que é tudo armação, mas eu creio sim que os demônios podem se manifestar daquele jeito em ambientes mais sérios...
ExcluirLucas, acerca da Universal, há expulsão de demônios, nela sim; porquanto (se) forem feitos no nome de Jesus; por pessoas sinceras que operem nela. Porem, todo o sistema Universal, em si mesmo, está PODRE... Paradoxalmente não cremos que o Macedo seja um filho de Seva. Mas algo ainda pior. Seja: um filho de SATANÁS
ExcluirExcelente o trabalho desse rapaz. Parabéns
ResponderExcluirLucas , eu to vendo muitas meninas cristãs sendo ou gostando do feminismo, o que vc tem a dizer sobre isso ?
ResponderExcluirEsse é o resultado da Igreja se omitir a este respeito, nós não ensinamos o certo nos cultos e aí elas se tornam presa fácil da doutrinação esquerdista dos professores nas salas de aula. Se elas já fossem ensinadas corretamente na Igreja nada disso iria acontecer, elas já estariam vacinadas contra essa ideologia nas escolas.
Excluir