Cruzadas: Guerra defensiva ou ofensiva?
A principal
justificativa dos católicos para as cruzadas é que elas foram uma “guerra
defensiva”, ou seja, que os cruzados apenas se defenderam dos ataques dos
muçulmanos e “salvaram o ocidente”. Eu já escrevi resumidamente sobre os
horrores das cruzadas em meu artigo
anterior, e estou desenvolvendo um TCC em história e
um livro sobre o assunto, que deverão ficar prontos em breve. Neste artigo,
tratarei apenas do argumento católico da “guerra defensiva”, porque o papista
que solta a pérola de que as cruzadas foram uma guerra defensiva mostra que não
sabe nem o que significa “guerra defensiva” nem o que foram as cruzadas.
Os apologistas
católicos afirmam que os muçulmanos já haviam tomado vários territórios
cristãos desde séculos antes, a partir de Maomé. Essa é a parte verdadeira da
argumentação deles. A parte que o católico não irá contar é que:
1º
Os territórios conquistados eram todos da Igreja Ortodoxa, e não da
Igreja Romana.
2º
Em nenhum momento enquanto estes territórios iam sendo tomados a
Igreja Romana moveu um dedo para ajudar os ortodoxos que estavam perdendo suas
terras.
3º
Quando a Igreja Romana finalmente decidiu “ajudar”, não foi para ajudar o patriarca
bizantino (que havia pedido ajuda) a não perder mais terras, mas sim porque o
papa megalomaníaco queria tomar Jerusalém, a “terra santa”, que já era dos
muçulmanos há quatro séculos.
4º Para fazer isso, os cruzados
assassinaram os próprios ortodoxos junto com os muçulmanos e os judeus, e
tomaram para si territórios que antes pertenciam aos bizantinos, sem mencionar
o saque de Constantinopla. Ou seja: ao invés deles ajudarem os ortodoxos, fizeram
o mesmo que os muçulmanos haviam feito contra eles, só que pior, porque matavam
mais.
Ao invés do papa
ajudar o patriarca ortodoxo enviando alguns soldados para defesa (o que seria
uma guerra defensiva), o que ele fez foi tomar as terras dos próprios
ortodoxos e caminhar até Jerusalém, para atacar os muçulmanos que já eram donos
daquela terra (o que constitui uma guerra ofensiva).
Deixe-me explicar
rapidamente o que é uma guerra defensiva e o que é uma guerra ofensiva, embora
este conceito pareça autoevidente. Uma guerra defensiva é se, por exemplo, a Argentina quisesse conquistar o
território brasileiro do Rio Grande do Sul, e a dona Dilma enviasse tropas para
aquele lugar, a fim de defender o nosso território da invasão estrangeira. Isso
é guerra defensiva, e é totalmente legítima. Se os cruzados tivessem feito
isso, eu daria total apoio a eles. Mas
eles não fizeram.
Uma guerra ofensiva, em contraste, seria como se a
Dilma quisesse tomar Buenos Aires e para isso enviasse o exército brasileiro para
tomar o território deles. Neste caso, seria o exército argentino que estaria
fazendo a “guerra defensiva”, e o brasileiro que estaria jogando ofensivamente,
para o ataque. Se os cruzados apenas ajudassem o patriarca ortodoxo a defender
suas terras da invasão muçulmana, isso seria
uma guerra defensiva. No entanto, Roma ignorou o oriente por séculos, e quando
finalmente decidiu batalhar não foi para defender um território ortodoxo para o
bem dos ortodoxos, mas sim para tomar
para si um território que nunca foi deles.
O patriarca bizantino Aleixo
estava prevendo um ataque dos muçulmanos a Constantinopla, e por isso pediu ao
papa Urbano II um exército de trezentos cavaleiros para ajudar na defesa dos
muros da cidade. Um ano depois, ele viu 60 mil soldados, ou seja, um exército
duzentas vezes maior do que aquele que ele havia pedido. Ao ver tanta gente, o
patriarca ficou apavorado, pois sabia que o exército do papa Urbano não estava
ali para ajudá-lo, mas para um propósito maior. Temendo ser atacado, ele fechou
as portas da cidade, e só as abriu após ter a certeza das intenções dos
cruzados, que prometeram retomar ao patriarca as terras que haviam sido tomadas
dele. Então ele aceitou e os deixou passar.
No entanto, os
cruzados traíram o patriarca bizantino. Por onde passavam e conquistavam, em
vez de cumprir a promessa de devolver os territórios aos ortodoxos, eles
tomavam para si, elegendo príncipes católicos romanos no lugar. E o pior é que
eles tomavam cidades que já eram
governadas pelos ortodoxos, como foi o caso de Edessa, cujo rei ortodoxo
foi assassinado e no lugar colocaram o príncipe católico Balduíno, que era um
dos líderes da primeira cruzada, transformando a cidade ortodoxa em uma cidade
católica-romana. Ou seja: além de não devolverem terra nenhuma aos ortodoxos,
eles ainda roubavam as poucas que tinham sobrado, fazendo igual o que os
muçulmanos tinham feito antes deles.
Como se isso não
bastasse, os cruzados ainda assassinavam ortodoxos sem piedade quando
conquistavam uma cidade com povo misto. Havia muitas cidades com governo
muçulmano onde ortodoxos e muçulmanos conviviam juntos e em paz, como era o
caso de Antioquia, de Ma'arrat e da própria Jerusalém. Em Jerusalém conviviam
muçulmanos, ortodoxos e judeus, e os cruzados mataram todos, indistintamente. O
mesmo se deu em quase todas as outras cidades, as quais eram tomadas à força,
sem se importar se os habitantes dela eram ortodoxos, muçulmanos, judeus ou
tudo misturado. O que importava para os cruzados era a conquista, e para isso
matavam a sangue frio, sem escrúpulos.
A pior chacina foi a
de Ma'arrat, onde os cruzados católicos fizeram um acordo no qual os habitantes
da cidade se entregariam pacificamente e teriam suas vidas poupadas. Os
cidadãos de Ma'arrat aceitaram a proposta, e então os cruzados entraram,
colocaram eles em uma torre e atearam fogo. Os historiadores divergem sobre o
número de assassinados naquela ocasião, que varia entre 20 mil e 100 mil
pessoas, mas concordam que todas morreram. A maioria morreu incendiada, e outras
foram decapitadas. A barbárie de terror ficou conhecida como o Cerco
de Ma'arrat al-Numan. Para piorar, os cruzados
ainda praticaram canibalismo com os corpos dos mortos, para matar a fome. Poucas
vezes se viu um exército tão covarde, sanguinário e desumano na história, que
pudesse se igualar aos cruzados católicos.
A crueldade dos
cruzados era tanta que superava até a dos jihadistas muçulmanos, visto que, em
geral, os muçulmanos ao tomarem as terras dos ortodoxos os mantinham em vida e
conviviam pacificamente um com o outro, sob um governo muçulmano. Os ortodoxos
ainda tinham direito de culto e liberdade de ir e vir. Mas quando os cruzados
tomavam as terras, não queriam nem saber: rolavam a cabeça de jovens, mulheres,
crianças, bebês, idosos ou quem fosse. Jerusalém, enquanto sob domínio
muçulmano, abrigava muçulmanos, judeus e ortodoxos. Quando os cruzados
entraram, assassinaram os três e tomaram a terra santa para si. E quando os
muçulmanos a retomaram sob a liderança de Saladino, não revidaram a chacina,
poupando a vida dos católicos. Isso tudo mostra que os cruzados conseguiam ser
pior do que os jihadistas da época, que já eram monstros.
E isso foi apenas a primeira cruzada. As demais ainda seriam
marcadas por escravidão de crianças, saque de Constantinopla, estupro de judeus
e total fracasso militar, sem falar no enorme dinheiro gasto para financiar
essa insanidade megalomaníaca do papa. Em síntese, os cruzados não estavam fazendo uma guerra defensiva.
Se quisessem fazer uma guerra defensiva, teriam feito como o patriarca Aleixo
havia solicitado, enviando 300 cavaleiros para proteger Constantinopla, e
pronto.
Em vez disso, o papa
se meteu em uma guerra ofensiva que só um louco poderia impregnar, banhando o
sangue de mulheres e crianças inocentes, assassinando judeus e ortodoxos em
todo o percurso, destituindo governos ortodoxos para capturar cidades para si,
e dando todas as evidências incontestáveis necessárias para identificar um
movimento não como uma cruzada de defesa dos ortodoxos oprimidos, mas sim como
uma cruzada ofensiva, insana, aberrante e absolutamente inútil, que só poderia
culminar em fracasso em todos os sentidos da palavra.
Os cruzados não eram
os “heróis” da Idade Média, mas os precursores dos nazistas, fascistas,
comunistas e de todo regime genocida moderno. Só quem jamais estudou as
cruzadas pode ser suficientemente imbecil ao ponto de creditar a ela o sucesso
da civilização ocidental – aí incluídos os revisionistas católicos sempre
dispostos a borrar a história e reescrevê-la de uma forma bela, linda e maravilhosa.
• Leia também: "Se não fosse pelas
cruzadas..."
Paz a todos vocês que
estão em Cristo.
-Meus livros:
- Veja uma lista de livros meus clicando aqui.
- Confira minha página no facebook clicando aqui.
- Acesse meu canal no YouTube clicando aqui.
-Não deixe de acessar meus outros blogs:
- LucasBanzoli.Com (Um compêndio de todos os artigos já escritos por mim)
- Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
- O Cristianismo em Foco (Artigos devocionais e estudos bíblicos)
- Desvendando a Lenda (Refutando a imortalidade da alma)
- Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)
- Fim da Fraude (Refutando as mentiras dos apologistas católicos)
Diga-me: Por quê numa tumba do primeiro século está escrito isso: "Divino Jeová, me levante, me levante" ou "Divino Jeová, me levante até o Lugar Sagrado"
ResponderExcluirSó para constar, não vejo isso: Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Não havia intercessão dos santo. Então era direto a Deus
http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2012/02/29/interna_tecnologia,280595/encontrada-tumba-com-referencia-direta-a-ressurreicao-de-jesus.shtml
Muito bom Lucas,
ResponderExcluirBom saber que está escrevendo sobre temas históricos não apenas doutrinários.
Sugiro que escreva sobre a inquisição. O nível de ignorância e mau caratismo dos apologestas católicos sobre a inquisição é absurdo. O que tem de zumbi tridentino apregoando que a Inquisição era algo bom e moral é revoltante. Você pode abordar a questão doutrinária também. A ICAR ensinava que era correto e cristão usar a força contra a heresia. Hoje, a ICAR mudou seu ensino a respeito, aceitando a liberdade de consciência que outrora suprimiria. Portanto, temos mais uma das inúmeras contradições do suposto magistério infalível romanista.
Olá, Bruno. Pois é, acho que daqui em diante o blog vai tomar mais um aspecto histórico mesmo, porque já não restam muitos temas para abordar biblicamente. Eu pretendo pesquisar e escrever sobre inquisição futuramente, quando terminar minhas pesquisas sobre as cruzadas. Prefiro escrever algo mais sólido no futuro do que escrever algo mais superficial no presente, ainda mais quando já há tantos artigos sobre inquisição na internet.
ExcluirAbs!
Lucas, você poderia comentar sobre historiadores como Henry Kamen e Thomas Woods que são sempre citados pelos apologistas catolicos?
ResponderExcluirNão li nada do Henry Kamen, então vou comentar brevemente sobre o Thomas Woods. O livro dele é completamente desonesto intelectualmente. A tática mais suja e deplorável presente ao longo de TODO o livro é a pretensão de querer tomar uma realização PARTICULAR como sendo um mérito de toda a Igreja. Por exemplo, um cientista “x” descobre a coisa “y”, e como este cientista era católico então o mérito vai para a Igreja. Ou seja, ele tenta o tempo inteiro tomar para a Igreja as conquistas de indivíduos em particular. Seria mais ou menos como se eu descobrisse uma nova teoria científica, e o mérito recaísse sobre a Comunidade Alcance de Curitiba (que não tem nada a ver com a minha descoberta, mas é apenas a igreja em que congrego).
ExcluirParadoxalmente, quando a coisa aperta, a lógica muda completamente. Em um piscar de olhos, quando um papa era imoral, sádico, sodomita, assassino, torturador, estuprador, pedófilo, ganancioso ou tudo isso junto, o problema é só do papa e não da Igreja! Ou seja, se um leigo “x” faz alguma coisa boa, o mérito vai para a Igreja, mas se O PRÓPRIO PAPA “y” faz alguma coisa desgraçadamente horrorosa, o problema é apenas dele, e não meta a Igreja no meio. Se um padre comete pedofilia, é problema do padre apenas, mas se este mesmo padre tivesse descoberto a roda, é mérito da igreja.
Com essa tática de charlatão, é claro que Woods iria conseguir pintar a Igreja da forma que ele bem quisesse, ainda mais quando praticamente todo o mundo ocidental era católico, então QUALQUER COISA que acontecesse seria “mérito da igreja” (mas só se for coisa boa, é claro). Quando os protestantes surgiram, houve muito mais realizações científicas, muito mais universidades, muito mais desenvolvimento, muito mais êxito em todas as áreas do conhecimento, e mesmo assim nós não ficamos dizendo que “o protestantismo construiu a civilização ocidental”, porque não somos embusteiros e nem queremos enganar os incautos. Até mesmo certas “conquistas católicas” (como as universidades) foram aperfeiçoadas pelos protestantes, pois as católicas eram limitadas aos ricos, e as protestantes abriram as portas para o povão, que antes nem ler a Bíblia podia, e mais de 90% era tudo analfabeto.
Vale ressaltar ainda que estas conquistas de indivíduos católicos só se deram a partir da parte final da Idade Média, antes disso a Europa não passava da “favela” do mundo, e eram os povos muçulmanos, por mais irônico que seja, que tinham o desenvolvimento cultural, artístico e científico. É só depois das cruzadas que este quadro começa a se inverter, e principalmente depois que a Reforma Protestante surgiu.
Quanto às alegações de Whoods sobre cruzadas e inquisição, estou preparando um livro sobre cada tema, primeiro sobre cruzadas e depois sobre a inquisição, para colocar essa apologética católica mentirosa no chinelo de uma vez.
Abs.
Fantástico esse comentário seu. Isso merece um artigo. Vou aguardar...
ExcluirJá existe uma refutação ao livro do Woods, que eu vou postar aqui junto com os meus comentários nos próximos dias...
ExcluirObrigada pela resposta Lucas, vou aguardar o próximo artigo. Abraços.
ExcluirÓtimo artigo mais uma vez.Eu vi no facebook um Ateu e um Protestante jogar na cara dos revisionistas católicos,que estão a louvar constantemente as cruzadas esses dias,esse fato sobre as atitudes deles com os ortodoxos.Quando você mostra o saque a Constantinopla entre outras atrocidades cometidas aos não-muçulmanos, eles ficam sem resposta kk e não conseguem dar uma justificativa.
ResponderExcluirAbraços.
A coisa vai ficar mais feia pra eles quando eu terminar de escrever o livro :)
ExcluirMuito bom Lucas , no facebook tem uma pagina chamada Dollynho puritano , um dos administradores diz ser professor de historia e ele defende muito a inquisição catolica , e eu acho que ele é protestante , vc poderia ver os argumentos dele e depois fazer um artigo sobre as defesas da inquisição
ResponderExcluirA "Dollynho Puritano" é mais uma página de humor cristão do que propriamente algum tipo de fonte acadêmica ou qualquer coisa de onde se possa extrair argumentos sérios. Eu vi alguns memes defendendo as cruzadas e a inquisição, alguns deboches e tudo mais, mas nada que constitua propriamente um "argumento" para ser refutado. De qualquer forma, estou lendo muito sobre cruzadas para fazer o livro, e quando terminar acho que não vai ter argumento papista de pé, porque sinceramente não tem como defender essa aberração que foi, a não ser que se tenha a mente cauterizada e o coração dessensibilizado.
ExcluirLucas quem nunca ouviu falar De Cristo Como Certos povos da África Vão ser Salvos
ResponderExcluirEu respondi sobre isso aqui:
Excluirhttp://ateismorefutado.blogspot.com.br/2015/04/o-destino-dos-povos-nao-alcancados.html
Abs.
Bom artigo, Lucas.
ResponderExcluirEu queria saber sobre as cruzadas por causa da dollynho igual o outro Irmão.
Por falar em debates, você já ouviu os debates do Malafaia com os padres?
Eu vi em 2009, logo quando saiu. Por mais que eu tenha meus repúdios a certas posições e comportamentos do Malafaia, tenho que admitir: ELE MASSACROU. Engoliu os padres neste debate. Deu até pena de ver.
ExcluirExistiu Inquisição Calvinista ?
ResponderExcluirNão. O Elisson Freire já escreveu sobre isso aqui:
Excluirhttp://www.resistenciaapologetica.com/2015/02/inquisicao-protestante.html
Lucas, qual sua opinião sobre o escritor espanhol César Vidal ?,acha ele um grande defensor do protestantismo na Espanha ?
ResponderExcluirEu leio pouca literatura em espanhol, então não me sinto apto a comentar algo sobre quem não conheço bem.
ExcluirLucas vi uma pessoa comentando no Facebook dizendo que Maomé e o Islam Foram tudo criação da Igreja Catolica,O que vc acha disso?
ResponderExcluirIsso aí já é pura teoria da conspiração.
ExcluirGuerra defensiva ou nao, o fato eh que os muçulmanos foram os primeiros a agredir o mundo cristao, catolico ou nao. A Peninsula Iberica, territorio cristao, foi agredida e ocupada pelos maometanos muitos seculos antes da Cruzadas. O Egito era territorio cristao e foi invadido pelos maometanos antes das Cruzadas. Isso nao pode negar. Antes das Cruzadas e apos as Cruzadas as agressoes sempre foram muçulmanas em sua expansao pelos territorios cristaos. A tomada de Constantinopla(atual Turquia) que marca o fim da Idade Media ocorreu apos as cruzadas. Lembrando que Bizancio(Constantinopla) era territorio cristao. Ou seja, antes e apos as Cruzadas o mundo cristao foi agredido e ia ficar de braços cruzados? Prove que os cristaos foram os primeiros a agredir o mundo muçulmano e eu levarei fe na sua isençao como historiador. Sem duvida alguma que a Igreja Catolica foi responsavel pela estrutura do cristianismo na Europa, foi o poder centralizador. Houve um tempo que ela foi necessaria, hoje nao eh mais.
ResponderExcluirPrimeiro, quem destruiu Constantinopla realmente foram os cruzados, quando em 1204 atacaram, invadiram e saquearam Constantinopla, retirando dali todo o ouro e toda a riqueza que a cidade possuía, isso sem falar nos estupros e assassinatos cometidos. Constantinopla nunca conseguiu se reerguer dessa desvastação católica e POR ISSO foi superada pelos turcos pouco tempo mais tarde. Antes de ser saqueada pelos católicos, ela havia resistido por UM MILÊNIO das invasões persas e turcas, porque tinha dinheiro para comprar mercenários e defender bem seu território. Portanto, o responsável maior pela ruína bizantina não é outro senão os próprios cruzados, que tornaram Constantinopla incapaz de qualquer reação após ter perdido toda a sua riqueza que a fazia se defender bem.
ExcluirSegundo, tira essa ideia da sua cabeça do mundo bonitinho como nos dias de hoje, onde todo mundo vive em paz dentro do seu próprio território. O MUNDO ANTIGO NÃO ERA ASSIM, entenda isso de uma vez por todas. Os próprios países cristãos lutavam ferozmente entre si para ganhar território, vá estudar sobre as guerras entre França e Inglaterra, vá estudar sobre os torneios medievais, vá estudar sobre as brigas entre os próprios grupos cruzados que não se entendiam entre si, como o rei Filipe da França e o rei Ricardo da Inglaterra. O mundo antigo vivia sob a perspectiva de conquista territorial INDEPENDENTEMENTE DE CONTRA QUEM FOSSE, não existia essa ideia de "respeitar território". A única razão pela qual os muçulmanos tiraram mais território dos cristãos do que vice-versa é porque eles estavam mais organizados e em maior número, só isso.
Terceiro, se as cruzadas fossem mesmo uma guerra defensiva, por que raios o papa não proclamou uma cruzada contra os muçulmanos que estavam invadindo a Península Ibérica, mas foi atacar justamente JERUSALÉM, que NUNCA havia sido território católico-romano, mas uma terra bizantina?
Quarto, se os cruzados estivessem com boas intenções, eles teriam simplesmente DEVOLVIDO as terras cristãs a seus donos originais, ou seja, os bizantinos ortodoxos. Aquela terra NUNCA foi deles. Eles fizeram isso? Não. Prometeram fazer isso a Aleixo I, o imperador bizantino, mas não devolveram NENHUMA terra, tomaram todas para si.
Quarto e último: a razão pela qual as cruzadas foram terrorismo não é apenas pelo objetivo em si, isso é o de menos, mas sim em função DO QUE ELES FIZERAM ao longo das cruzadas. Vá estudar sobre o extermínio das comunidades judaicas, sobre o que os cruzados fizeram em Maara, sobre o que eles fizeram ao conquistar Jerusalém, sobre o que eles fizeram na Cruzada Albigense, sobre o que eles fizeram na Quarta Cruzada, sobre o que eles fizeram no cerco de Antioquia, etc. NÃO EXISTE registro histórico de exército mais canalha e covarde do que o exército cruzado. Isso você já deveria saber, se tivesse estudado qualquer coisa sobre o tema.