"Famoso" pastor sueco se converte ao catolicismo romano por preguiça de pensar
Eu
gosto de ler os relatos de “testemunhos” de conversão de protestantes ao
catolicismo, por duas razões principais. Primeiro, porque é muito engraçado
vê-los fazer um estardalhaço escandaloso quando ocorre uma conversão para o
lado deles, sendo que para cada conversão ao catolicismo há pelo menos dez
católicos que se convertem a Jesus Cristo, se tornam evangélicos e ninguém faz
uma única nota para comentar este acontecimento, por tão natural que é. Mas
compreendo que acontecimentos extravagantes e excepcionais sejam dignos de
nota. Está certo.
A
segunda razão pela qual eu gosto muito de ler relatos de conversões ao
catolicismo é bem simples: porque isso fortalece cada vez mais a fé do
evangélico consistente. E a razão pela qual tais “testemunhos” fortalecem a fé
do verdadeiro evangélico é porque nenhuma conversão ao catolicismo é por causa
da Bíblia. Nunca. Jamais. That is impossible.
Um evangélico se tornar católico através da leitura da Bíblia é semelhante
a um ateu se tornar cristão depois de ler “A Bíblia Satânica” de Anton LaVey.
Ou seja: não tem nada a ver. Sempre as razões da conversão são outros fatores
primordiais, os quais já abordei neste
artigo. Seria realmente estranho se a Palavra de Deus levasse alguém para
longe do Deus da Palavra. É por isso que as “conversões” são sempre por outros
meios.
Agora
a última novidade é a conversão de um ex-pastor sueco chamado Ulf Ekman,
publicada em vários sites católicos (o que eu irei abordar especificamente aqui
é a publicação presente neste
site católico). Como já era de se imaginar, o relato começa com um apelo
sensacionalista logo no título: “Famoso pastor pentecostal e sua esposa
se tornam católicos”. Quando eu li a manchete, pensei que quem tivesse
se convertido fosse o Benny Hinn ou o Reinhard Bonnke, mas então descobri que
na verdade se tratava do famosíssimo e ilustre Ulf Ekman, que ninguém que está
lendo isso agora conhecia antes de se tornar manchete pela sua “conversão”.
A
estratégia nunca muda: qualquer que seja o pastor protestante que tenha se
convertido ao catolicismo, ele é imediatamente taxado de “famoso”, mesmo que
tenha uma igreja com não mais de três mil membros (isso é menos do que a igreja
local em que eu congrego). Essa tática serve para impressionar mais, o que
acaba sendo útil para enganar as massas. As
consequências de se transformar um pastor meia-boca em um super-herói católico
são grandes. Os livros de Scott Hahn em defesa do catolicismo são tão
horrivelmente fracos em nível técnico que faz até parecer que o comediante
Paulo Porcão é um intelectual. E o testemunho de Ulf Ekman entra por esta mesma
linha. O artigo em questão, citando Ekman, afirma:
“Acreditar na unidade [dos cristãos] tem consequências práticas,
disse. Seus argumentos neste campo foram expostos na revista ‘Varlden Idag’, em
uma entrevista: ‘Não entendo que se diga que não precisamos de um magistério.
Se temos 5 versículos da Bíblia e 18 comentários sobre estas escrituras, quem
decidirá? Meu intelecto é melhor que o seu, eu li mais, posso convencer melhor
que você… ou existe um magistério que orienta sobre como julgar o assunto’”
Eu
não sei se vocês entenderam a “lógica”. Funciona assim: existem várias
interpretações teológicas possíveis, eu não tenho capacidade para julgar qual
delas é a certa, e então, ao invés de estudar a fundo a questão para descobrir
as respostas, é melhor transferir a tarefa de pensar para o magistério romano,
que é a pior opção de todas. Seria como dizer que existem várias filosofias de
vida possíveis, eu não tenho capacidade para julgar qual delas está certa, então
vou aderir à filosofia de vida do Osama Bin Laden. Ou então dizer que existem vários
partidos políticos e visões políticas, eu não tenho capacidade para julgar qual
é melhor, então na dúvida vou aderir ao PT (eu sei, peguei pesado nessa).
No
fundo, todo esse falatório falacioso não passa de uma coisa comumente conhecida
como preguiça intelectual. Ao invés
do camarada usar sua consciência individual para analisar argumentos e decidir
entre várias opções possíveis de acordo com aquilo que lhe parece mais plausível,
ele prefere terceirizar a tarefa de pensar, deixando que o papa pense no lugar
dele. Ao fazer isso, o sujeito não apenas perde totalmente qualquer resquício
de personalidade e liberdade, mas também se reduz ao papel de papagaio do papa ou
de vaquinha de presépio, como já expliquei neste
artigo.
Com
preguiça de pensar, o sujeito prefere deixar que outra pessoa (ou um magistério,
ou o que quer que seja) pense por ele. Ao invés de chegar às suas próprias
conclusões, se resume ao vergonhoso papel de marionete do papa, sem livre-arbítrio,
sem capacidade crítica, apenas com a mais cruel e sombria submissão passiva e
acrítica. Isso é, obviamente, tudo aquilo que os falsos profetas mais desejam: submissão incondicional. Os
profissionais em lavagem cerebral sempre têm como objetivo principal fazer com
que você abra mão da sua capacidade de pensar criticamente e então deixe que
ele pense no seu lugar. Quando ele consegue isso, ele consegue tudo. Você se
torna um fantoche dele, e estará disposto a aceitar e concordar com qualquer
coisa que saia da boca dele.
Alguns
pastores neopentecostais têm recorrido ao chavão de “não toque no ungido do
Senhor” como um passe-livre para o pastor pregar qualquer aberração em púlpito,
e o pobre fiel se sentir coagido a “dar tudo” sem contestar. A Igreja Romana é
tão descarada que faz mais do que isso: ela proclama oficialmente a “infalibilidade”. E, se ela é infalível, você não
pode contestar. Resta a você se reduzir à sua insignificância e prestar submissão
incondicional ao ditador e tirano espiritual mais conhecido como “papa”.
A
partir de então, qualquer coisa que ele proclame oficialmente tem o mesmo valor
do que seria caso o próprio Deus tivesse pessoalmente decretado isso. E
consequencias terríveis tem ocorrido em função disso: distorções da Bíblia, inquisição,
cruzadas, perseguição, venda de indulgências e de falsas relíquias sagradas, peregrinações
e procissões, superstições e amuletos, medalhinhas, comércio com imagens de
santos, venda de sacramentos, idolatria desenfreada, ladainhas e repetições
vazias, pedofilia dos padres, excessiva riqueza e luxo extravagante, e até
mesmo um país inteiro (Vaticano), estabelecendo um Estado na terra em nome
daquele mesmo que disse que “meu Reino não é deste
mundo” (Jo.18:36), e se tornando a instituição mais rica do planeta em
nome daquele que disse para “não ajuntar tesouros
na terra” (Mt.6:19).
O
povo não contesta, porque ele não é nada para contestar alguém “infalível”. A
maioria já está com a mente tão dominada pela lavagem cerebral que nem vê mal
nenhum nessas coisas. E os poucos que ousam se levantar contra o sistema
(Lutero, Wycliffe, Tyndale, Huss, etc) são imediatamente taxados de hereges satânicos
que estão se subvertendo contra o ditador dos ditadores, que governa este
sistema totalitário romano mais conhecido como “a mãe
de todas as abominações da terra” (Ap.17:5).
A
maior ironia reside justamente no fato de que Ekman não se converteu por causa de uma interpretação bíblica,
mas é o contrário: ele se converteu para
não ter que interpretar a Bíblia. Há uma diferença crucial. O católico que
se torna evangélico é porque tomou coragem para pensar por si mesmo e deixar de
ser marionete nas mãos do papa. Ele então lê as Escrituras com a mente aberta e
percebe o óbvio: que as doutrinas católicas não têm nada a ver com a Bíblia. Já
o evangélico que se torna católico traça o caminho inverso: ele não se torna
católico porque descobriu pela Bíblia que a doutrina católica é a verdadeira,
mas sim porque se sente tão incapaz de interpretá-la que decide então
terceirizar esta função e deixar que o magistério romano pense no lugar dele. Um
se converte por ter encontrado a verdade. O outro se converte porque tem
preguiça de buscá-la.
O
argumento usado por Ekman é também bastante falho do ponto de vista filosófico.
Ele é totalmente uma negação à consciência individual (já tratada neste,
neste,
neste
e neste
artigo). Para ele, a sua consciência individual é pequena demais para conseguir
descobrir a verdade por seu próprio raciocínio através das evidências. Vale
destaque a parte em que ele diz: “Meu intelecto é
melhor que o seu, eu li mais, posso convencer melhor que você… ou existe um
magistério que orienta sobre como julgar o assunto”. O problema com este
pensamento é que, se o aplicarmos às outras coisas no mundo, incorreríamos em
grandes transtornos.
Tome
como exemplo o caso mais amplo e geral sobre a existência de Deus. Nenhum ser
humano pensante do universo acredita que Deus existe pela única razão de que “a
Igreja Católica crê que Deus existe, então Deus existe”. Nem Tomás de Aquino,
nem qualquer outro católico que tentou provar a existência de Deus, argumentou
por esta linha. Em lugar disso, geralmente são apresentados argumentos de ordem
filosófica (argumento ontológico), cosmológica (argumento cosmológico kalam), teleológica
(argumento baseado nas constantes antrópicas) ou moral (argumento da
moralidade). Em suma, os argumentos expostos em meu livro "Deus
é um Delírio?".
O
ponto em questão é que todos estes argumentos são baseados na razão, e nenhum
deles é pressuposto a partir do fato de que “a Igreja Católica disse isso”. Em
outras palavras, se Ekman fosse desafiado a mostrar as razões pelas quais ele
crê na existência de Deus, ele não teria nenhum “magistério que orienta sobre
como julgar o assunto” para ajudá-lo. Ao contrário: ele teria que seguir seu
intelecto e aquilo que ele leu – justamente aquilo que ele critica quando
aplicado aos protestantes! Ora, se a questão mais importante da vida pode ser resolvida na base do intelecto
(consciência individual), por que a questão mais diminuta da interpretação da Bíblia
teria necessariamente que ser resolvida na base de um magistério infalível (e
eu nem estou me referindo ao romano)?
A
coisa complica ainda mais se aplicarmos este mesmo critério ao próprio fato de Ekman
ter se convencido de que a Igreja Católica é a “verdadeira Igreja de Cristo”. Isso
por uma razão simples: não existe nenhum
magistério infalível que nos conduza infalivelmente à crença em um magistério
infalível. Em outras palavras, Ekman se convenceu de que existe um magistério
infalível, não por causa de algum magistério infalível, mas pela sua própria
consciência individual, o que pode ser traduzido precisamente como sendo o seu intelecto e aquilo que ele leu!
Como
é que ele chegou à conclusão de que o intelecto dele não é bom o suficiente? Como
é que ele chegou à conclusão de que nós precisamos de um magistério infalível? Como
é que ele chegou à conclusão de que esse magistério não é nenhum magistério
protestante ou ortodoxo, mas o romano? Como é que ele chegou à conclusão de que
a fé cristã é a verdadeira, e não alguma dentre as outras milhares de religiões
e seus “magistérios”? Nada disso foi por causa de um magistério romano, mas sim
pelo uso da consciência individual. Mas
se a consciência individual é boa o suficiente para chegar a estas conclusões tão
importantes, ela também seria boa o suficiente para chegar a conclusões sobre
textos bíblicos.
Ele
adere ao intelecto para saber que o uso do intelecto não é confiável, mas mesmo
assim chega também a várias outras conclusões importantes sobre o mundo,
puramente pelo intelecto. Se isso não é uma clara e patente contradição de
termos, eu não sei mais o que é. Suprimir a consciência individual após chegar
a esta conclusão por meio de uma consciência individual é uma ideia muito pouco
inteligente, presumo. Querendo ou não, Ekman e os demais católicos têm sim que
tomar decisões importantes pelo próprio intelecto, e decisões essas que tem
milhões de pessoas que pensam o oposto. Ele nunca vai escapar do fato de que,
gostando ou não, é por meio do intelecto que ele chegou a tais conclusões. Se
ele não pode chegar a conclusões apenas por meio do intelecto e daquilo que leu,
só há uma saída: se matar. Ou perguntar lá no Posto Ipiranga (#sqn).
O
relato prossegue dizendo:
“Ekman era um jovem estudante na década de 70 quando, sentado em um
restaurante, sentiu as lágrimas escorrerem e não conseguiu evitar o choro. ‘Tive
uma experiência instantânea de como Jesus sofre porque sua Igreja está dividida. Foi como um relâmpago. Senti: ‘Isso não é
do agrado de Deus’. Jesus chorava por isso. Eu o senti naquele restaurante, na
hora do almoço. Depois isso desapareceu da minha memória. Mas voltou a surgir
nos últimos 10 anos’, recordou”
Se
essa experiência foi verdadeira, ela contradiz toda a doutrina católica. Isso
porque “Jesus” teria dito que a Igreja
dEle está dividida. Mas para os católicos, apenas a Igreja Católica Apostólica
Romana é a “Igreja de Cristo”. Então temos somente duas opções: (a) a Igreja
evangélica é Igreja de Cristo também; ou: (b) a Igreja Romana é que é dividida.
Eu adicionaria uma terceira: (c) o relato é falso e ninguém fala mais nisso.
Ekman
não tem muita moral para falar sobre divisão, pois, segundo o relato, ele se
tornou um católico carismático, e não
um católico “tradicional”. Ele deve estar fazendo culto em línguas estranhas neste
momento. Tomara que ele esteja avisado e bem preparado para enfrentar as legiões
do exército tridentino que odeia mortalmente os carismáticos, mas que mesmo
assim ainda acham a Igreja Católica “una”. Tomara também que ele faça os seus
retiros de libertação, cura interior, batismo no Espírito Santo e quebra de
maldições hereditárias bem longe de um tridentino, mas bem longe mesmo
(#ficadica).
John
Piper é famoso. Paul Wahser é famoso. Norman Geisler é famoso. William Lane Craig é
famoso. Roger Olson é famoso. John MacArthur é famoso. R. C. Sproul é famoso.
Wayne Grudem é famoso. Ravi Zacharias é famoso. Lee Strobel é famoso. John
Lennox é famoso. Alvin Plantinga é famoso. Mas
Ulf Ekman não é famoso. O dia em que a Igreja Católica conseguir converter
evangélicos realmente conscientes e prestigiados no meio, aí sim poderá
estardalhar que um “famoso pastor protestante se tornou católico”. Enquanto
isso, terão que se contentar com testemunhos meia-boca, oriundos de pastores
que sabem nada de teologia protestante nem de lógica elementar, e que sucumbem
diante dos primeiros argumentos tolos e superficiais, que são facilmente refutáveis
por qualquer blogueiro evangélico.
Paz
a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)
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Lucas, não sou famoso, mas o que me afastou do Protestantismo em cujas fileiras permaneci por 7 anos não foi a questão da corrupção e a loucura espiritual, política e financeira de, por exemplo, pastores pentecostais e neopentecostais, até porque a Beatíssima Igreja Católica está cheia de bispos vermelhos da CNBB aqui no Brasil e o Papa Francisco que adora se cercar e apoiar toda a corja da teologia da libertação da América Latina. O que me afastou do Protestantismo foi a questão filosófica de Martinho Lutero apoiar o nominalismo ockhamista que, em termos gerais, diz não haver o que todos percebemos que há que são os gêneros e os universais. Por exemplo, todos percebem que não é normal, que é até chocante um homem ser deformado e alguns até dizem que um homem tão feio assim nem parece humano, não é mesmo? Para Ockham e Lutero essa percepção é impossível. Em suma, Lutero rompeu com a filosofia clássica aristotélico-tomista, isso, então, me afastou do Protestantismo.
ResponderExcluirVocê poderia, Lucas, um dia fazer um post falando de Filosofia e mostrando a contribuição do Protestantismo na Filosofia?
Olá, João. Eu comentei sua postagem com o Vitor Barreto, que conhece mais sobre filosofia tomista e nominalismo do que eu, e postarei aqui a resposta que ele me passou.
ExcluirLutero não era nominalista. Ele chamava os nominalistas de teólogos porcos. Esse papo de que Lutero era nominalista é um espantalho criado pela ICAR e difundido pelo padre Paulo Ricardo. Lutero recebeu uma educação ockamista, mas ela só influênciou ele na primeira fase de sua vida. O livro "Teologia dos Reformadores" de Timothy George fala brevemente sobre isso. Já na segunda fase, ele abandonou o Ockam.
Um nominalista rejeita o realismo filosófico e Lutero não rejeitava. Lutero, inclusive, elogiou Platão, apesar de não gostar de Aristóteles. Lutero, contudo, elogiou brevemente Platão, não como fonte de verdade paralela à Bíblia, como os escolásticos faziam com o Estagirita, mas apenas a teoria das Ideias no mesmo texto de onde retirei a última citação. Aqui está a citação:
"Aristóteles critica e ridiculariza injustamente a filosofia das idéias platônicas, que é melhor do que a sua. A imitação dos números nos objetos é engenhosamente afirmada por Pitágoras, porém mais engenhosa é a participação das idéias nos objetos, afirmada por Platão”
Isso é mais do que suficiente pra refutar as asneiras de quem o acusa de ser adepto do nominalismo. Seus professores occamistas, Usingen e Trutvetter, inclusive, não puderam acompanhá-lo, pois as teses foram, na verdade, um ataque à teologia destes. Nada disso significa, contudo, que Lutero concordasse com verdades básicas defendidas por Aristóteles:
"Nada de infinito existe pelo ato, mas por potência e matéria existe tanto quanto há de feito nas coisas, conforme Aristóteles”
As citações a seguir foram escritas por Lutero em 1917, contra Gabriel Biel, que era nominalista; não confundir com as 95 teses da porta da igreja. Essas são outras. Lutero foi influenciado por Biel, mas quando publicou as 95 teses quando já tinha rompido com o pensamento dele. Para Lutero, os nominalistas eram "teólogos porcos".
Foi exatamente a teologia nominalista que começou a lançar Lutero na angústia. Nessa época, aliás, ele ainda pensava como os católicos romanos pensam a respeito das boas obras como disposição para a Graça. Ele escreveu em 1915:
"Portanto, assim como a lei era uma figura e uma preparação para o povo para perceber a Cristo, também o fazer está em nós (factio quantum in nobis est) dispõe-nos para a graça"
Timothy George escreveu:
"A ruptura de Lutero com os conceitos nominalistas de mérito e graça constituiu um passo fundamental no desenvolvimento de sua doutrina da justificação" (pág. 68)
Depois disso, Lutero recebeu uma influência dos místicos. Ele não acreditava mais nas obras humanas para conseguirem justificação. Mas Lutero rejeitou o misticismo da Theologia Germanica dizendo "o arrebatamento místico não é o caminho para Deus". Ele, contudo, abraçou uma doutrina mística chamada synteresis até meados de 1516. Ele começou a questionar isso quando aumentava a conscientização acerca da completa incapacidade do pecador de salvar-se a si mesmo ou de manter qualquer postura justa diante de Deus.
"Ele começou a entender o pecado como uma rebelião", escreveu Timothy, "a situação do homem diante de Deus (Coram Deo) perante Deus, era de completa nudez”.
Ele mantinha contato com o Agostinho:
"Nossa teologia e de S. Agostinho estão em bom andamento e, graças a Deus, eles predominam em nossa universidade”
Ele só rompeu com Agostinho finalmente por causa de Paulo. Em 1518 ele já disse que "só a fé justifica".
A filosofia do lado protestante infelizmente foi muito influenciada pelo liberalismo. Precisamos entender uma coisa: graças a Tomás de Aquino, a filosofia divorciou-se da teologia. Tomás de Aquino dividiu as duas coisas. Os reformadores voltaram-se para Agostinho, que "interpretava tudo à luz da fé. ("Creio para poder entender", dizia Agostinho). Esse é um dos motes da Reforma, especialmente calvinista. Depois que Guilherme de Ockam mostrou a falsidade da síntese tomista entre filosofia grega e teologia, o Ocidente se dividiu. A Reforma voltou à Escritura e a Agostinho e a filosofia acabou no naturalismo aristotélico.
ExcluirOs católicos exaltam a filosofia tomista, mas ela, pra começar, nem é exatamente tomista, mas uma cristianização do aristotelismo. Esse louvor sustenta-se apenas na propaganda e não subsiste diante das críticas contra o empirismo, porque Tomás era um empirista. Tomás não poderia começar seu argumento do motor imóvel antes que visse uma pedra em movimento.
A filosofia VERDADEIRAMENTE reformada tem ganhado força especialmente dentro da tradição neocalvinista holandesa. O principal nome é Herman Dooyeweerd, considerado por alguns como o Eric Voegelin calvinista. Na Holanda, até um não cristão afirmou que Dooyeweerd era o filósofo holandês mais criativo, acima mesmo de Spinoza. Ele propõe uma reforma em todas as áreas do conhecimento, incluindo matemática, química e biologia.
Além dele, Alvin Plantinga é respeitado na academia e é mais recente. Numa escala menor, Francis Schaeffer foi um bom professor para seu período e continua sendo lido hoje. Rookmaarker era um historiador e crítico de arte. Ele escreveu livros sobre a crise da Modernidade sob a ótica das transformações nos movimentos artísticos e como deve ser uma arte cristã genuína. R. J. Rushdoony segue a linha da filosfia da história iniciada por Herman Dooyweerd e somada por Cornelius Van Til, um pressuposicionalista.
Embora sofra críticas, Gordon Clark deu boas contribuições sobre os pressupostos bíblicos, a lógica e o conhecimento de Deus. Ele é um destruidor de empiristas. Fundou o dogmatismo. Van Til fundou a linha apologética chamada pressuposicionalismo, que mostra os pontos fracos da filosofia moderna e explica porque a filosofia católica romana não é eficaz contra ela. Em oposição, sua apologética é reformada. Thomas Reid, um "pastorzinho" do interior da Escócia que estudou a obra de David Hume por 20 anos e escreveu um livro para refutar o ceticismo moderno. Ele é considerado como um dos alicerces para a fenomonologia. Existem outros, mas esses são os que eu conheço. Bavinck e outros neocalvinistas, mas não são tão bons quanto Herman Dooyweerd.
Eu lhe recomendo a leitura de "Raízes da Cultura Ocidental", de Herman Dooyweerd, "O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno", de Cornelius Van Til e "Uma Visão Cristã dos homens e do mundo" de Gordon Clark. "Arte Moderna e a Morte de uma Cultura", do Rookmaaker é bom também. "Como Viveremos" do Francis Schaeffer também tem informações boas, especialmente pra vacinar nossa cabeça contra os ataques roamnistas. Recomendo também a leitura deste artigo do Rushdoony, que ele traduziu sobre Revolução Civil. Ele é dividido em cinco partes:
PARTE 1:
http://umavisaoreformada.blogspot.com.br/2015/05/a-revolucao-civil-parte-1-por-r.html
PARTE 2:
http://umavisaoreformada.blogspot.com.br/2015/05/a-revolucao-civil-parte-2-por-r.html
PARTE 3:
http://umavisaoreformada.blogspot.com.br/2015/05/a-revolucao-civil-parte-3-por-r.html
PARTE 4:
http://umavisaoreformada.blogspot.com.br/2015/06/a-revolucao-civil-parte-iv-por-r.html
PARTE 5:
http://umavisaoreformada.blogspot.com.br/2015/06/a-revolucao-civil-parte-5-por-r.html
Talvez seja interessante também o meu artigo mais recente, que mostra a importância da Reforma Protestante no desenvolvimento dos países que foram influenciados por ela:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/protestantismo-desenvolvimento.html
Abraços.
Obrigado Lucas pelas informações. Eu gosto muito de Filosofia e como diria Max Weber em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", justamente me interesso pela Filosofia, porque sou católico, se eu fosse protestante seria provavelmente um homem de negócios capitalista.
ExcluirLucas, você sabia que o filósofo que definitivamente cristianizou a Filosofia foi o Beatíssimo João Duns Scotus, segundo Olavo de Carvalho? Para Olavo, Santo Tomás de Aquino corresponde a Platão e Duns Scotus a Aristóteles no amadurecimento cristão da Filosofia.
Quanto ao empirismo, bem, São Paulo parece ser empirista, porque em Romanos 1:20 ele diz que pela coisas criadas podemos chegar a Deus e a seus atributos combatendo um certo vício solo scripturista de caras como Gordon Clark
Olá, João Emiliano. Tudo bem?
ExcluirPra começar, eu começaria a questionar se Olavo de Carvalho sequer pode ser considerado como cristão. Ele tem muitas influências esotéricas, duguinistas e, quando o assunto é Sola Scritptura, bate em espantalhos. Para o Olavo, por exemplo, em vários artigos, ele diz que René Guenon foi um dos homens mais iluminados dos últimos séculos. Só que Guenon era um luciferianista, segundo diversas fontes. Então: você vai levar essa opinião do Olavo a sério também? O Olavo já disse tantas bobagens sobre Cristianismo que nem os católicos levam a sério. Certa vez, disse que não existia doutrina no Novo Testamento, mas apenas fatos que depois serviram para o desenvolvimento doutrinário. A ICAR, como um todo, pensa de modo diferente. E aí? Em quem você vai acreditar?
E Paulo não é empirista coisíssima nenhuma. Essa é uma das afirmações mais bobas que já ouvi, me perdoe por dizer. Você simplesmente não entende o que Paulo quer dizer em Romanos 1. Paulo está dizendo que sim, a glória de Deus está testemunhada na criação, mas se você superar um pouquinho esse senso comum católico e entender o contexto, você verá que ela, em momento algum, é SUFICIENTE PARA QUE OS HOMENS CREIAM. E Paulo não formulou nenhuma teologia natural, ainda que a obra de Aristóteles já fosse conhecida naquele tempo; e Paulo muito provavelmente conhecia ela. Tenho quase certeza de que essa ideia estapafúrdia saiu de alguma aula do Olavo, cujas peripécias são famosas e motivos de riso entre os evangélicos mais experientes. rs
Deixa eu te fazer uma pergunta: Paulo acreditava na vida eterna por empirismo? Ele já viveu a vida eterna pra experimentá-la e saber sequer que existe? Não. Paulo começou a crer em Cristo por empirismo? Como? Paulo JÁ CONHECIA AS ESCRITURAS antes de converter-se. Quando ele converteu-se, reconheceu que Cristo era o Messias que já estava profetizado. Isso aqui é puro dogmatismo ao estilo de Gordon Clark, que eu sei que você nunca leu na vida e que só está repetindo o que o Olavo diz, como papagaio que é. Se você ou o palpiteiro da Virginia entendessem o que dizem, saberiam que sem pressuposições, qualquer evidencialismo em termos de religião validaria todas as religiões que apresentam milagres. Por exemplo, os espíritas. Eles creêm que Jesus fez milagres e ressucitou dos mortos. Mas porque eles não assumem os pressupostos bíblicos, eles simplesmente não acreditam que Cristo é o Filho de Deus. Ora bolas, olhe o próprio Olavo de Carvalho. Ele mesmo, anos atrás, afirmou que a tradição oral era necessária. A tradição oral por acaso é empirismo, filho? Por favor, poupe-nos.
Agora, leia com seus próprios olhos o que Paulo escreveu:
Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Romanos 7:7
Ora, não é isso o que o "Platão" do cristianismo pensava. haha... Tomás de Aquino, através de seu estudo da lei natural, tentou provar que a lei de Deus (ou seja, o que era ou não pecado), poderia ser descoberta através do empirismo. Na prática, ele apenas cristianizou a ética aristotélica de Aristóteles, que é uma ética TELEOLÓGICA e que, como todo método indutivo, não leva a conclusões universais.
Agora, meu amigo, peço encarecidamente a você que abandone essa vaidade, esse ídolo no seu coração, que é tentar ser entendido em filosofia e cristianismo, coisa que você não é. Essa idolatria pelo Olavo na verdade é um reflexo dessa idolatria mais profunda.
Que a Graça de Deus te ilumine.
Lucas, li os links e acho que, apesar das grandes contribuiçoes, há nos neo reformados, um certo ranço anti grego.Tal atitude nao se justifica, como se vê aqui:https://calvinistinternational.com/2014/01/20/blessing-japheth-response-james-b-jordan/
ExcluirCorrigindo: O Olavo não tem influências duguinistas. Eu queria ter escrito Guenonistas. É possível notar esse erro pelo fato de René Guenon ter citado por mim logo em seguida.
ExcluirOs alunos mais experientes do Olavo entendem-no muito mais como um perenialista do que como um católico. E falo dos alunos católicos mesmo.
Anônimo, é uma pena que você faz uso do anonimato para dizer coisas certas, mas uma eu discordo que é dizer que eu idolatro Olavo de Carvalho o que não é verdade até porque o professor Olavo não é nenhum Che Guevara ou Mao Tsé-tung para exigir esse tipo de coisa. Seja católico, seja cristão à moda antiga, meu caro Anônimo, e você descobrirá a verdadeira admiração a que podemos ter pelos seres humanos, pois nós católicos veneramos os santos para quem construimos belas catedrais e fazemos também belas imagens de escultura em nossas igrejas católicas cercados de flores, incenso e destaque para as imagens dos mesmos o que na época das catacumbas eram apenas grafites nas paredes.
ExcluirQuanto ao Beatíssimo João Duns Scotus, o professor Olavo de Carvalho explica muito bem a cristianização definitiva da Filosofia por meio dele, eu na minha ignorância sem mais tamanho fiquei convencido.
Outra coisa, o que há de luciferiano em René Guenón se o mestre francês combateu terríveis idéias satânicas como a teosofia e o espiritismo?
Por fim, eu amo a Filosofia, mas não sou nem de longe um aluno a altura de um mestre como Olavo, Duns Scotus, Santo Tomás ou muitíssimo menos um Aristóteles. Fique com seus negócios capitalistas protestantes enquanto eu fico estudando a Filosofia e quem sabe achando um fim decente para os seu sucesso financeiro.
Só esqueci uma coisa Anônimo, é que a meu ver e essa é a opinião de Santo Tomás, segundo o próprio Vítor Barreto, que São Paulo em Romanos 1:20 mesmo diz que o homem pode conhecer a Deus e por isso SUFICIENTEMENTE CRER, SIM EM DEUS, o que torna esses homens I-NES-CU-SÁ-VEIS, palavras do Apóstolo! Até porque, diz o salmista, que é o insensato diz em seu coração que não há Deus e se é o insensato, logo, é o ignorante, é o homem sem conhecimento, talvez o caso daquele protestante ricaço que prefira muito mais cuidar de seus negócios capitalistas do que filosofar, que diz que não há Deus.
ExcluirJoão Emiliano,
ExcluirÉ só ler os caps 1, 2 e 3 de Romanos. Paulo diz sim que há uma revelação de Deus na natureza que permitiria aos homens conhecer alguns de seus atributos, mas esta revelação não é suficiente para que eles se aproximem de Deus. Isso, ele vai tratar no restante do cap 1 e no 2. O pecado afeta de tal forma a consciência humana que se torna impossível ao homem chegar a Deus apenas através dessa revelação natural. Por isso, apenas é possível aceitar a Cristo através da obra do Espírito Santo, algo que Paulo tratará com detalhes no cap 2 de Efésios.
Eu acho a teologia natural um campo interessante, muito útil quando se trata de dantes com ateus, mas ela por si mesma é manca. Sem a revelação específica de Deus contida que está preservada nas escrituras, homem algum pode atingir comunhão com Cristo. Lembrando que o próprio Paulo afirma também em Romanos "como crerão se não há quem pregue".
Paulo, claramente, cria numa revelação natural, mas não a considerava suficiente.
Bruno, existe a Epístola a Diogneto em que um mestre cristão antigo desmoraliza completamente os filósofos dizendo que só se conhece a Deus pela fé, pela revelação de Jesus Cristo.
ExcluirE é bom lembrar que a Igreja Católica também não acredita que só se pode chegar a Cristo sem a Revelação, sem o Espírito Santo, pois cair-se-ia na heresia do semipelagianismo condenado no Concílio de Orange do ano de 529.
Então, me parece que concordamos que apesar de existir uma revelação natural, ela é insuficiente para salvar, até por que no máximo ela nos permite conceber um Deus genérico, faltariam elementos da revelação específica que nos permitisse chegar à Cristo.
ExcluirSobre Lutero e a filosofia, leiam este interessante artigo:
Excluirhttps://calvinistinternational.com/2013/05/20/the-platonism-of-martin-luther/
Lucas, falando em filosofia, o que voce acha de Rene Girard, quando ele fala dos sacrificios e cristianismo?
ExcluirDo que eu já li a respeito, gostei bastante.
ExcluirJoão Emiliano Martins Neto--- Seus filósofos preferidos (todos aristotélicos tomistas) presto federam a latrina ao bafo de Descartes. Ou não sabes que a megera da magister dixit depois dele já não é? Pior que você é tão cara de pau que embora cite a Bíblia; que insinue crer nela, continue sendo idólatra. Vá plantar batatas seu hipócrita descarado.
Excluiroie lucas tudo bom ? Você poderia fazer um artigo mostrando a cronologia do livro do apocalipse e resumindo todos os eventos igual a você fez com o resumo de história da Igreja ? fazendo a favor...queria ler os fatos em ordem para aprender mais e vc sabe muito sobre o tema...
ResponderExcluirobrigada
Vou escrever, obrigado pela sugestão. Mas ele provavelmente irá ser postado em meu blog direcionado a escatologia, e não neste aqui (de qualquer forma, quando eu fizer o artigo a notificarei por aqui). Abraços.
ExcluirSão dois extremos, ou há conversões ao catolicismo por falta de amor ao que está escrito na Bíblia, ou por amor às sutilezas da filosofia segundo os homens e não segundo a mente de Cristo. De qualquer maneira, qualquer protestante que se converta ao catolicismo tem que ser um verdadeiro "herói" da fé católica, porque saiu da simplicidade de Cristo, exposta nas Escrituras para a sofisticada teologia católica exposta na sua "tradição" e "magistério". Em suma é muito difícil conhecer bem as sagradas letras, que podem nos tornar perfeito para a salvação, e depois desprezá-las em detrimento da "sabedoria" segundo o mundo. Só um "herói" mesmo, ou melhor um insano espiritual.
ResponderExcluirÉ isso mesmo, Jacob. Recomendo também que você leia o comentário abaixo do Bruno, que citou um importante comentário de C. S. Lewis sobre esta questão.
ExcluirJacob Lima, não discordo de você. MAS, sinto sua crítica mui "simplista". Acontece que a coisa é mais séria que a mente humana possa traduzir... A coisa fede a enxofre; vinda diretamente do "Infero"; de Satanás mesmo! Porquanto é impossível, até a um retardado mental, deixar a fonte de águas puras, puríssimas (Bíblia) e enveredar-se pela tão crassa idolatria catolixa. Só Satanás poderá atrair alguém do Mel para o Fel. Enfim, a APOSTASIA é algo mais que abominável, é algo até inexorável: para quem abra tantas brechas para o pai da mentira. Pessoalmente pasmo em meu ser em imaginar alguém ser incapaz de não pressentir entre apostatar e perder a Salvação.
ExcluirQuem lê a Bíblia na razão direta de concluir fidedignamente entre textos e contextos, será, incondicionalmente um "protestante", sendo, jamais poderá tornar-se outra coisa que um CRISTÃO... Sendo um cristão, jamais poderá tornar-se um idólatra ou feiticeiro. A não ser que apostate da Fé que através do Espírito Santo uma vez foi entregue aos santos (separados; crentes). Infelizmente o catolixismo romano é a maior autoridade na prática de ambas as desgraças acima nomeadas: idolatria e feitiçaria (culto ou invocação de mortos). Inquestionavelmente.
ExcluirRealmente, ouvir este relato é um bom motivo para ficar longe do catolicismo. Será que este pastor tem consciência plena do passo que deu? ele realmente conhece a fundo a teologia católica e suas reivindicações?
ResponderExcluirFalo isso por que já convivi de perto com muitos católicos, principalmente carismáticos, e boa parte deles sequer conhecem sua própria religião. Era comum ouvir alguém falar: "o papa é o chefe da Igreja, mas ele não é infalível, ele pode errar" mesmo se tratando de questões de fé já oficializadas como crença obrigatória.
Diante disso, eu só posso citar um dos maiores apologistas cristãos de todos os tempos - C.S Lewis - que respondeu da seguinte forma a alguém que perguntou por que ele não era católico romano:
"A Igreja Romana, onde ela difere da tradição universal e especialmente do cristianismo apostólico, eu rejeito. Assim, a sua teologia sobre a Virgem Maria rejeito porque parece totalmente estranha ao Novo Testamento; onde de fato as palavras "Bem-aventurado o ventre que te gerou" recebem uma tréplica apontando na direção exatamente oposta. Sua papalismo parece igualmente estranho a atitude de São Paulo em direção a São Pedro nas epístolas. A doutrina da transubstanciação insiste numa definição que o Novo Testamento me parece não aprovar. Em outras palavras, todo o set-up do catolicismo moderno me parece ser tanto uma variação provincial do central, antiga tradição como qualquer seita protestante em particular é. Devo, portanto, rejeitar o seu pedido: embora isso, naturalmente, não significa rejeitar determinadas coisas que eles dizem ".
E o argumento principal:
"A verdadeira razão pela qual eu não posso estar em comunhão com você [católicos] não é o meu desacordo com esta ou aquela doutrina romana, mas ter que aceitar sua forma de Igreja, não para aceitar um determinado corpo de doutrina, mas para aceitar com antecedência qualquer doutrina que sua Igreja produzir no futuro. É como ser solicitado a concordar não só com o que um homem tem dito, mas também como o que ele vai dizer."
Isso é o catolicismo romano - uma total submissão do intelecto a uma autoridade humana. Como bem disse C.S Lewis, você não pode olhar para a história da Igreja e dizer: "até então ela não ensinou nenhuma doutrina errada", o que seria um engano para qualquer pessoa que tenha estudado a Bíblia e a história, mas não acaba ai, é sobretudo dizer: "não importa o que a Igreja fará daqui pra frente - ela continuará acertando".
Não por acaso, os apologistas católicos precisam recorrer a falaciosas e absurdas teorias de desenvolvimento da doutrina para contornar o óbvio: a Igreja muda em seu ensino doutrinário. Felizmente hoje temos liberdade de consciência, pelo menos em algumas partes do mundo, algo que a ICAR sempre detestou e lutou contra. Graças a essa liberdade, alguns católicos podem ser sedevacantistas e simplesmente não se submeterem ao papa, por mais incoerente que isso seja.
Muito proveitoso o seu comentário, Bruno. Eu já sabia que o Lewis não era católico, mas não conhecia estas declarações dele. De fato, ele tem toda a razão.
ExcluirLewis era anglicano, e como todos sabem, ele era bem ecumênico, algo que considero ruim. Apesar de que é natural, quando um apologista cristão se especializa em combater o ateísmo, ele tende a menosprezar as diferenças entre as tradições cristãs.
ExcluirSim, acho que ele deve isso ao fato de ele ter sido ateu antes de se converter.
ExcluirO anônimo refutou muito bem o João! 👍👏👏👏
ResponderExcluirPor favor Lucas , pode me citar alguma fonte sobre o apóstata Scott rum , vi seu relato dizendo que ele foi católico , depois virou presbiteriano , aí depois vira católico de novo .
ResponderExcluirPreciso dessa fonte !
E quero parabenizar pelo exposto muito bom mesmo !!
Eu me equivoquei ali. O que deveria ter dito é que a grande maioria desses testemunhos de conversão ao catolicismo vem de pessoas que nasceram católicas, pra isso é só acompanhar esses "tristemunhos" que pipocam na internet e no facebook, conheço casos de pessoas que foram católicas a vida inteira, então viraram protestantes por um ou dois meses, retornaram ao catolicismo e depois passam a ostentar orgulhosamente o rótulo de "ex-protestante", como se isso lhes desse algum crédito a mais para falar do protestantismo. No caso específico de Hahn, embora ele não se diga nascido de família católica, na biografia do seu site alega que "não nasci de uma família cristã forte" (ou seja, era como um irreligioso qualquer). E é verdade que ele se tornou pastor tempos depois, mas nunca foi um pastor "famoso", ninguém o conhecia até se tornar católico e os apologistas católicos o usarem exaustivamente para efeitos de marketing e propagandismo católico proselitista. Pastor famoso mesmo é John Piper, Paul Washer, David Wilkerson, Billy Graham, Reinhard Bonnke e etc, gente dessa estatura eu NUNCA vi se converter ao catolicismo, só quem se torna católico são pastores de meia tigela.
ExcluirAbs.