Paulo reconhecia Pedro como um Sumo Pontífice?
Será
que o próprio apóstolo Paulo, escritor de pelo menos 13 epístolas
neotestamentárias de enorme importância, reconhecia a autoridade de Pedro como
acima da dele, ou ao menos admitia a existência de um “príncipe dos apóstolos”,
como diz a Igreja Católica? A isso ele responde em 2ª Coríntios 11:5, dizendo:
“Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes
apóstolos” (2ª Coríntios 11:5)
Paulo
não iria ter dito isso caso existisse um “chefe dos apóstolos” em Roma, em
posição de autoridade superior a de todos eles. Ele não se colocava em posição
de inferioridade em relação a nenhum deles, nem mesmo aos “mais excelentes”.
Nem mesmo a Pedro, supõe-se.
Aos
coríntios, Paulo escreve sobre a autoridade dele, de Pedro e de Apolo naquela
comunidade. E diz:
“Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há
divisões entre vocês. Com isso quero dizer que cada um de vocês afirma: ‘Eu sou
de Paulo’; ‘eu de Apolo’; ‘eu de Pedro’; e ‘eu de Cristo’. Acaso Cristo está
dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em
nome de Paulo?” (1ª Coríntios 1:11-13)
“Pois quando alguém diz: ‘Eu sou de Paulo’, e outro: ‘Eu sou de
Apolo’, não estão sendo mundanos? Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo?
Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que
o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fazia
crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas
unicamente Deus, que efetua o crescimento” (1ª Coríntios 3:4-7)
Nestes
dois textos que Paulo diz na mesma epístola aos coríntios, ele mostra que
aquela igreja local estava tendo divisões, porque estavam olhando muito para os
homens e pouco para Jesus. Colocavam-se debaixo da autoridade de Paulo, de Apolo
e de Pedro, mas não de Cristo. Paulo corrige esse equívoco e diz várias coisas
que nos passam claramente a noção de que ele não cria num primado jurisdicional
de Pedro sobre todos os cristãos.
Primeiro,
porque a Igreja de Corinto parecia não fazer diferença entre a autoridade de
Paulo, Apolo e Pedro. De fato, o texto deixa claro que a opinião daquela igreja
estava dividida sobre a quem servir, ou seja, sobre qual destes três detém
maior autoridade na Igreja. Se estivesse tão claro que o maior destes três era
Pedro, não haveria discussões a este respeito. Seria o mesmo de um católico
atual discutir sobre quem tem mais autoridade, se é o papa Francisco, o cardeal
Odilo Scherer ou o padre Paulo Ricardo. Pois, para os católicos, seria
exatamente assim: Pedro seria o Sumo Pontífice, Paulo seria um apóstolo e Apolo
nem isso.
Assim
sendo, estaria tão clara a primazia de Pedro que não haveria qualquer discussão
entre eles sobre qual destes três nomes era maior, porque já estaria óbvio que
era Pedro. Além disso, ao invés de Paulo dizer que o maior era Pedro, ele
aponta para Cristo como sendo a única autoridade superior! Ele não faz qualquer
diferença entre ele, Apolo e Pedro, pois estavam no mesmo patamar de autoridade
na Igreja, o único que ele realça é Jesus Cristo, porque, como vimos, Cristo
é o nosso único Sumo Pontífice.
Mais
do que isso, ele ainda diz que eles são apenas servos por meio dos quais os
coríntios vieram a crer (1Co.3:5), de modo que “nem
o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus”
(1Co.3:7). Isso entra em direto contraste com o catecismo católico, que afirma
que o papa “possui na Igreja poder pleno, supremo e
universal, e ele pode exercer sempre livremente este seu poder”[1].
Outro
texto que corrobora com isso é quando Paulo passa a argumentar a favor da
validade de seu verdadeiro apostolado, que estava sendo contestado por alguns,
porque Paulo não tinha estado com Jesus para ser apóstolo como os outros doze
eram. Então, Paulo passou a defender a veracidade de seu apostolado. Para um
católico, seria muito fácil ele provar que era apóstolo de verdade. Bastava que
ele dissesse que tinha o reconhecimento
do papa Pedro, e essa questão estaria decidida. Mas como é que Paulo
defende seu ministério? Ele responde isso em 1ª Coríntios 9:1-3:
“Não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor?
Não são vocês resultado do meu trabalho no Senhor? Ainda que eu não seja
apóstolo para outros, certamente o sou para vocês! Pois vocês são o selo do meu
apostolado no Senhor. Esta é minha defesa diante daqueles que me julgam” (1ª
Coríntios 9:1-3)
Em
outras palavras, ao invés de Paulo se fundamentar no fato de ser reconhecido
por algum Sumo Pontífice terreno, ele nada fala sobre isso, mas defende a
autoridade de seu ministério com base no fato de ter visto o Senhor Jesus (em
Damasco) e de ter os frutos de seu trabalho, que eram os próprios coríntios,
que foram ganhos a Cristo por Paulo. É marcante que em momento nenhum, nem aqui
e nem em qualquer outro lugar onde ele defendeu a veracidade de seu apostolado,
ele disse que tinha o reconhecimento do papa, porque isso nunca foi critério na Igreja primitiva.
Se
um católico é “cardeal” nos dias de hoje e algumas pessoas contestam se ele é
cardeal mesmo, ele irá usar como argumento para a veracidade de seu ministério
eclesiástico o fato de ser reconhecido pelo papa e ordenado pelo Vaticano. Mas
Paulo em momento nenhum fez isso, simplesmente porque não existia nenhum papa naquela época. Por isso, ele sempre se
defendia com argumentos lógicos e racionais, com o fruto do seu ministério e
com o fato de ter visto a Cristo. Não por alguma autoridade ou Magistério
humano!
Por
fim, devemos pensar racionalmente: se existisse mesmo um Sumo Pontífice terreno
na Igreja primitiva, por que Paulo nunca
fez menção a tal autoridade humana em suas epístolas? Seria normal um católico
escrever várias cartas doutrinárias e de admoestação à fé para as igrejas e nunca citar a autoridade papal, nem
sequer uma única vez? Uma análise mais cuidadosa nos escritos de Paulo nos
mostra que ele nunca reconheceu Pedro
como uma autoridade infalível e suprema dentre os apóstolos.
Paulo
citou Pedro em seus escritos somente em duas cartas, citando quatro vezes o
nome de Pedro aos coríntios (1Co.1:12; 3:22; 9:5; 15:5) e seis vezes aos
gálatas (Gl.1:18; 2:7; 2:8; 2:9; 2:11; 2:14). Uma leitura de todas essas
passagens nos mostra que em nenhuma
delas Paulo se refere a Pedro como a uma autoridade acima dele ou de todos os
demais, muito pelo contrário. O contexto de 1ª Coríntios 1:12 e 3:22, como
acabamos de ver, mostra muito mais um mesmo nível de autoridade entre Paulo,
Apolo e Pedro. O texto de 1ª Coríntios 9:5 mostra que Pedro era casado,
diferente dos papas atuais que não podem se casar, e o de 1ª Coríntios 15:5
somente diz que Jesus apareceu a Pedro após ressuscitar, do mesmo modo que
apareceu também a Tiago (1Co.15:7) e a todos os apóstolos (1Co.15:5).
Da
mesma forma, o que ele disse sobre Pedro aos gálatas prova muito mais
fortemente que ele não via Pedro como uma autoridade máxima na Igreja. Em
Gálatas 1:18 Paulo diz que conheceu Pedro e Tiago em Jerusalém, mas somente
depois de três anos (Gl.1:18,19), pois diz que, ao se converter, “não subi para ver os que já eram apóstolos antes de mim,
mas de imediato parti para a Arábia, e tornei a voltar a Damasco”
(Gl.1:17). Isso nos mostra que Paulo tinha um ministério independente, e não
dependente da aprovação ou autoridade dos demais apóstolos.
Em
Gálatas 2:7-8, ele fala de Pedro num contexto em que este é enviado por Deus
aos judeus e ele é enviado por Deus aos gentios. Mais uma vez, não há qualquer
sinal de uma jurisdição universal de Pedro, mas de um ministério local, assim
como o de Paulo. Ele não diz que Deus levantou Pedro para exercer um primado
universal e ele para exercer um ministério menor, mas mostra igualdade. Em
Gálatas 2:9, vemos Pedro como sendo a segunda coluna da Igreja, atrás de Tiago,
e, finalmente, em Gálatas 2:11-14 vemos ele repreendendo a Pedro por sua
atitude condenável. E nada mais é dito
por Paulo sobre Pedro em nenhuma de todas as suas outras epístolas.
Isso
nos mostra que Paulo citou Pedro poucas vezes, e, quando citou, nunca fez qualquer alusão a um primado
universal que este supostamente exercia, mas, ao contrário, o repreende, o
coloca no mesmo nível dele e de Apolo, o situa atrás de Tiago como coluna da
Igreja junto também ao apóstolo João e diz que ele era casado. Se Paulo
reconhecia uma autoridade infalível e suprema de Pedro, como chefe dos
apóstolos, bispo dos bispos e Sumo Pontífice, ele deve ter tido bastante
cuidado para esconder isso de todos.
Paz
a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu
Reino,
Lucas Banzoli
(apologiacrista.com)
-Extraído de meu livro:
"A
História não contada de Pedro"
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Lendo este estudo bíblico, fico admirado em como os protestantes se esforçam em querer desacreditar a Igreja. Ninguém precisa dizer que Pedro era o primeiro dos apóstolos, pois Jesus mesmo já o havia encumbido de tal missão. Foi a Pedro que Jesus disse: Apascenta meus cordeiros ... ovelhas (Jo 21,15-17). Jesus disse também que sobre Pedro seria edificado a Igreja de Cristo (Mt 16,18). Pedro como líder dos apóstolos fala em pentecostes At 2. Veja também a eleição de Matias para assumir o apostolado no lugar de Judas! Não há como negar a autoridade de Pedro, pois ela foi dada a ele pelo próprio Cristo.
ResponderExcluirLendo este seu comentário antibíblico, fico admirado em como os catoleigos se esforçam em querer desacreditar a Bíblia. Jesus nunca disse para Pedro pastorear pastores (bispo de bispos, como ensina a Igreja Romana). O que ele disse é para pastorear OVELHAS, que é a mesma missão de TODOS os bispos e não só de Pedro:
Excluir"Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para PASTOREAREM a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue" (Atos 20:28)
Sim, Pedro falou em Atos 2. Eeeeeeeeeee daí? Tiago não apenas falou, mas LIDEROU o Concílio de Jerusalém (Atos 15), e nem por isso você acha que Tiago era "papa"! Veja:
http://apologiacrista.com/o-concilio-liderado-por-tiago
Pedro é a pedra de Mateus 16:18? Você vai ter que passar por cima destes artigos primeiro:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/05/respostas-um-catolico-sobre-mateus-1618.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/estudo-exegetico-completo-sobre-mateus.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/06/o-aramaico-e-mateus-1618.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/05/quem-e-pedra-de-mateus-1618.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/09/diferenca-entre-petrus-e-petra.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/08/agostinho-e-pedra-de-mateus-1618.html
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2012/08/mateus-1618-e-o-fundamento-da-igreja.html
Desculpa dizer isso, mas esses textos isolados e decorados pelos catoleigos através do papai Paulo Ricardo não funcionam aqui. Vá ler a Bíblia de verdade, que você ganha mais. Muito mais.
Shhh, não estraga a história da "igreja". =(
ResponderExcluirVocê não sabia que Pedro era papa secretamente em Roma?!
hauauhhuahau Lindo artigo <3
Deus te abençoe!
kkkkkkk
ExcluirObrigado, Deus lhe abençoe tbm!
O fato é que os católicos não lêem nada que não seja do círculo vicioso deles, principalmente tudo o que padre Paulo fala e escreve... Por isso andam em círculos feito loucos e ignorantes. Lamentável
ResponderExcluirA fonte deles são dois Paulos: o Leitão e o Ricardo. É uma pena que não leem nada do outro Paulo, o apóstolo.
ExcluirLucas, queria te perguntar sobre o texto de 2ª Coríntios 11:5. O contexto está fazendo referência aos Apóstolos verdadeiros ou a falsos apóstolos? O comentário na minha bíblia diz que são falsos apóstolos. E, se forem, o argumento não é válido. O que você diz?
ResponderExcluirLéo Torres aqui.
Quando Paulo estava defendendo o seu ministério, ele costumava se comparar com os apóstolos para mostrar sua legitimidade como apóstolo também. Por exemplo, ele disse que trabalhou mais do que todos os apóstolos (1Co.15:10), em um contexto que não permite outra interpretação senão a de que ele estava se comparando com os 12 apóstolos mesmo. Eu entendo que o mesmo ocorre aqui em 2ª Coríntios 11:5: Paulo estava defendendo seu ministério na carta, e para isso se compara com os apóstolos reconhecidos, dizendo não se julgar inferior a nenhum deles. Particularmente, penso que o argumento de Paulo em defesa do seu ministério autêntico teria pouco peso se ele estivesse se comparando com pessoas que nem mesmo eram apóstolos de verdade. Neste caso, não ser inferior a um apóstolo fake não implicaria em ser um apóstolo verdadeiro.
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