O que significa "Igreja"? - Parte 2
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Este artigo é uma continuação a este
artigo
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Já
vimos que a Igreja, em um sentido etimológico e bíblico, não tem nada a ver com
uma instituição religiosa. Por isso, essa instituição não poderia ser nem a
Romana, nem qualquer outra. A argumentação romanista parte de uma premissa
comprovadamente falsa. Mas, mesmo se a Bíblia estivesse errada e a Igreja fosse
mesmo uma instituição, o que é que nos levaria a crer que tal instituição é a
Romana? Esta é mais uma inferência afirmada a
priori pelos católicos, a despeito de qualquer prova ou evidência singular.
Primeiramente,
é necessário dizer que os católicos ortodoxos, que também afirmam possuir
listas de sucessão apostólica, uma tradição preservada ao longo dos séculos,
bispos interpretando a Bíblia em conformidade com a tradição e até mesmo o nome
de “católicos”, também remetem aos primeiros séculos de Cristianismo. Aqui no
Brasil, ao dizermos “católicos” é normal que pensemos em católicos romanos,
porque vivemos no Ocidente, onde o catolicismo romano predomina sobre o
catolicismo ortodoxo. No Oriente, contudo, o catolicismo predominante é o
ortodoxo, que difere do catolicismo romano, mas que sustenta as mesmas
premissas alegadas por Roma, seguindo-se que:
1º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
guardar a tradição apostólica. A ortodoxa diz o mesmo.
2º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
possuir dois mil anos desde a sua fundação. A ortodoxa diz o mesmo.
3º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
possuir sucessão apostólica. A ortodoxa diz o mesmo.
4º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
ser descendente de Pedro. A ortodoxa diz o mesmo.
5º A Igreja Católica
Romana não é a única que
alega possuir uma liderança máxima na terra que pastoreia a Igreja. A ortodoxa
diz o mesmo.
6º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
que a Igreja de Cristo é uma instituição religiosa. A ortodoxa diz o mesmo.
7º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
que foi fundada por Jesus Cristo. A ortodoxa diz o mesmo.
8º A Igreja Católica
Romana não é a única que se
diz “una”. A ortodoxa diz o mesmo.
9º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
guardar a ortodoxia cristã desde os tempos apostólicos. A ortodoxa diz o mesmo.
10º A Igreja Católica
Romana não é a única que diz
ser a Igreja dos Pais da Igreja. A ortodoxa diz o mesmo.
O
ponto em disputa, então, é como que um católico romano pode
convencer um católico ortodoxo de que os romanos são os “verdadeiros católicos”
e membros da “única Igreja de Cristo”, se tudo o que os romanos afirmam em seu
favor é igualmente sustentado pelos ortodoxos, com provas e dados históricos. A
verdade é que ele não pode. A simples afirmação de um católico romano de que um
católico ortodoxo caiu na apostasia prova que apenas o fato de possuir sucessão
apostólica, dizer guardar uma tradição e possuir um patriarca ou papa não
garante a perseverança na fé. E é exatamente isso o que os evangélicos afirmam
dos católicos, sejam eles romanos ou ortodoxos.
Os
Pais da Igreja sempre falavam da “Igreja Católica” (termo este que analisaremos
mais atentamente a seguir), mas nunca usaram
o termo “Igreja Católica Romana”. Em todos os escritos de todos os Pais e em
todos os Concílios a menção era à “Igreja Católica”, no sentido de “universal”,
que é o significado do termo, nunca em
sentido particular, como “Católica Romana”. A Igreja Católica da época não era
uma Igreja Romana. Era uma comunidade universal de cristãos que incluía os romanos, mas não era
particular nem jurisdicionalmente administrada pelos romanos.
Que
o bispo romano não tinha qualquer primazia sobre os demais bispos cristãos
daquela época, isso pode ser visto em centenas de testemunhos de dezenas de
Pais da Igreja, os quais eu mencionei em meu livro sobre “A História não
Contada de Pedro”. Afirmar que o bispo romano era o primaz e que exercia
jurisdição universal é desonestidade intelectual ou uma profunda ignorância
histórica, cegueira essa rejeitada tanto por estudiosos ortodoxos como por
estudiosos evangélicos, através do cuidadoso exame dos escritos dos Pais, que
muitas vezes se opuseram a Roma e rejeitaram explicitamente os títulos hoje
naturalmente concedidos ao bispo romano[1] pelos próprios romanos.
Até
mesmo o argumento de que Pedro teria sido bispo de Roma é contraposto pela
Igreja Ortodoxa Siríaca, que alega exatamente a mesma coisa: de que é
descendente de Pedro por sucessão, que teria sido bispo dali antes de visitar
Roma. Eusébio de Cesareia (256-339) confirma que Pedro era bispo de Antioquia[2]. E, mesmo que fosse
admitido o “primado de Pedro”, tão sonhado pelos romanos, toda a sua pretensão
morre na análise de Calvino:
“Agora lhes farei outra concessão, a qual jamais obterão dos
homens de mente sã – isto é, que a primazia da Igreja foi fixada em Pedro, com
vista a permanecer para sempre por sucessão perpétua. Contudo, como convencerão
que sua sé foi colocada em Roma, que quem quer que fosse bispo dessa cidade
presidiria ao mundo inteiro? Com que direito vinculam a um lugar esta dignidade
que foi dada sem menção de lugar? Dizem que Pedro viveu em Roma e aí morreu.
Que dizer do próprio Cristo? Porventura não exerceu em Jerusalém o episcopado,
enquanto lá viveu, e ao morrer aí não consumou o ofício de seu sacerdócio? O
Príncipe dos pastores, o Bispo Supremo, a Cabeça da Igreja não pôde adquirir
essa honra para um lugar; Pedro, muito inferior a ele, o adquiriu? Porventura
tais sandices não são mais que pueris? Cristo conferiu a Pedro a honra do primado;
Pedro sediou-se em Roma; logo, aí estabeleceu a sede do primado. Seguramente,
com este arrazoado, os israelitas de outrora devem constituir a sede do primado
no deserto, onde Moisés, mestre supremo e príncipe dos profetas, exercera seu
ministério e morreu [Dt 34.5]”[3]
Em
resumo, ainda que a Igreja fosse uma instituição religiosa, os católicos
romanos nunca conseguirão provar que essa instituição é a Romana, e não a
Ortodoxa, para citar apenas um exemplo. Seus argumentos são débeis, para não
dizer risíveis, como expôs Calvino. Os ortodoxos possuem todos os requisitos
que os romanos alegam para si, e sempre estiveram incluídos dentro do termo
“Igreja” utilizado pelos Pais, que jamais foram a favor de um primado do bispo
romano, no sentido expresso pelos romanistas hoje. Um site católico ortodoxo
expõe:
“A Igreja Ortodoxa foi fundada por Cristo sobre a fé de seus
doze apóstolos, a Igreja Ortodoxa nasceu no ano 33 da era cristã, dia de
Pentecostes, quando o Espírito Santo apareceu aos apóstolos reunidos no Cenáculo
como línguas de fogo. A Igreja Cristã Ortodoxa nasceu com Cristo e seus
Apóstolos e não com Fócio no ano 858, nem com Miguel Cerulário, em 1054, como
equivocada e erroneamente alguns propagam. A Igreja Ortodoxa surgiu na
Palestina com Jesus Cristo, expandiu-se com os apóstolos e edificou-se sobre o
sangue dos mártires. Não teve a sua origem na Grécia ou noutra região ou país
que não seja a Palestina”[4]
Segundo
eles, foi a igreja deles que foi
“fundada por Cristo” e “perseguida por dois mil anos”:
“Ela não morre, porque vive e descansa em Cristo e tem a
promessa divina de que existirá até o fim dos séculos. Em vão os seus inimigos
e todos os corifeus da impiedade tentaram destruí-la, negá-la, persegui-la. À
semelhança de seu Divino Mestre e fundador Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja
Ortodoxa, desde o seu nascimento, tem padecido e sofrido terríveis perseguições
debaixo do jugo do Império romano, passando pelo muçulmano e turco, até nossos
dias. O sangue de uma infinidade de mártires tem selado e provado ao mundo a
sublimidade do seu amor, a perfeição e a veracidade da sua doutrina divina.
Apesar de todas as campanhas, sempre subsistiu e triunfou. Vive e viverá
eternamente em Cristo e, confiante, seguirá com Suas palavras: ‘Eu estarei
convosco até a consumação dos séculos, e as portas do inferno não prevalecerão
contra Ela’ (Mat. 16,18)”[5]
A
união entre romanos e ortodoxos morreu em 1054 d.C, quando, de acordo com outro
site ortodoxo:
“Toda esta divergência de pontos de vista entre Roma,
considerando-se única detentora da verdade e da autoridade, e as restantes
Igrejas Irmãs, que desejavam manter-se fiéis ao espírito da Tradição herdada
dos Apóstolos, acabou por resultar nos trágicos acontecimentos de 1054 e 1204 -
no dia 16 de julho de 1054, os legados do Papa de Roma entraram na Catedral de
Santa (em Constantinopla, capital do Império), um pouco antes de começar a
Sagrada Liturgia, e depositaram em cima do altar uma bula que excomungava o
Patriarca de Constantinopla e todos os seus fiéis. Esta separação oficial, decidida pela Igreja Romana, teria sua
confirmação em 1204, quando os cruzados, que se intitulavam cristãos,
assaltaram Constantinopla, saquearam e pilharam, fizeram entrar as prostitutas
que traziam consigo para dentro do santuário de Santa, sentaram uma delas no
trono do Patriarca, destruíram a iconostase e o altar, que eram de prata. E o
mesmo aconteceu em todas as igrejas de Constantinopla”[6]
E
também:
“Ao contrário do que alguns historiadores afirmam, o cisma é realmente ‘do Ocidente’, visto
que foi a Igreja Romana quem se separou da comunhão de Fé das Igrejas Irmãs
(...) De fato, a Igreja de Roma, graças a fatores essencialmente políticos, de
ambição do poder temporal, desenvolveu a partir da Idade Média, a doutrina da
primazia do Papa (título, aliás, dado aos Patriarcas de Roma e de Alexandria)
como último e, depois, como único recurso em matéria de Fé. Ora, isto era, é e
será, completamente estranho à Tradição da Igreja dos Apóstolos, dos Mártires,
dos Santos e dos Sete Concílios Ecumênicos”[7]
Ou
seja: exatamente os mesmos argumentos que são utilizados pelos católicos
romanos para a veracidade da igreja deles são também utilizados igualmente
pelos católicos ortodoxos para a veracidade da igreja deles também. Como não
podem ambos ser verdadeiros ao mesmo tempo sustentando tantas crenças
divergentes entre si, só podemos concluir que o fato de uma igreja ser bem
antiga e dizer possuir sucessão apostólica, tradição apostólica e de alegar ter
sido fundada por Jesus Cristo não significa que essa igreja é realmente a
Igreja do Nosso Senhor!
Na
verdade, isso só demonstra que estes critérios jamais podem ser racionalmente
utilizados na identificação da “igreja verdadeira”, ou senão teríamos, pelo
menos, duas “igrejas verdadeiras” pregando doutrinas divergentes e ambas
alegando possuir todos os pré-requisitos necessários para ser a instituição
religiosa na qual os apóstolos faziam parte.
Pedro,
segundo a tradição, teria sido bispo de Antioquia antes de chegar a Roma, e, no
entanto, a Igreja Ortodoxa não reconhece o Concílio de Calcedônia (451 d.C) nem
a união hipostática entre natureza humana e natureza divina no Cristo, que é
crida firmemente pela Igreja Romana. Se ambas são fundadas por Cristo,
descendentes de Pedro por sucessão, e guardam a mesma tradição apostólica,
deveríamos esperar que fossem unânimes a este respeito, mas pelo menos uma
delas não preservou a verdadeira fé.
Diante
deste quadro, Gyordano Montenegro afirmou:
“Portanto, depreende-se, por consequência lógica, que, já que
existem divergências doutrinárias entre a Igreja de Roma e as Igrejas
Ortodoxas, ao menos uma delas deve ser reformada em seu corpo doutrinário.
Entenda-se ‘reformada’ como ‘renovada’, isto é, ao menos uma dessas Igrejas
deve, por consequência lógica, remover de sua doutrina aquilo que foi
adicionado ao longo da História, retornando à crença mais primitiva. É evidente
que o devoto católico romano crê que é a Igreja Ortodoxa quem deve se renovar;
esquece-se, porém, que o devoto ortodoxo grego pensa o oposto”[8]
Mas
não para por aqui. Existem outras inúmeras doutrinas divergentes entre ambas as
igrejas que dizem “guardar a tradição e remeter aos apóstolos por sucessão”, e
que alegam ser “a única Igreja fundada por Cristo sobre a qual as portas do
inferno não prevalecerão”. A lista abaixo é fornecida por um site da Igreja
Ortodoxa e por um da Igreja Romana, e mostra inúmeras doutrinas contraditórias
entre ambas.
A
diferença fundamental é a questão da infalibilidade papal e a pretensa
supremacia universal da jurisdição de Roma, que a Igreja Ortodoxa não admite,
pois ferem frontalmente a Sagrada Escritura e a Santa Tradição.
Existem,
ainda, outras distinções, abaixo relacionadas em dois grupos básicos:
a) diferenças
gerais;
b) diferenças
especiais.
São
dogmáticas, litúrgicas e disciplinares.
•
A Igreja Ortodoxa só admite sete Concílios, enquanto a Romana adota vinte.
•
A Igreja Ortodoxa discorda da procedência do Espírito Santo do Pai e do Filho;
unicamente do Pai é que admite.
•
A Sagrada Escritura e a Santa Tradição representam o mesmo valor como fonte de
Revelação, segundo a Igreja Ortodoxa. A Romana, no entanto, considera a
Tradição mais importante que a Sagrada Escritura.
•
A consagração do pão e do vinho, durante a missa, no Corpo e no Sangue de Nosso
Senhor Jesus Cristo, efetua-se pelo Prefácio, Palavra do Senhor e Epíclese, e não
pelas expressões proferidas por Cristo na Última Ceia, como ensina a Igreja
Romana.
•
Em nenhuma circunstância, a Igreja Ortodoxa admite a infalibilidade do Bispo de
Roma. Considera a infalibilidade uma prerrogativa de toda a Igreja e não de uma
só pessoa.
•
A Igreja Ortodoxa entende que as decisões de um Concílio Ecumênico são
superiores às decisões do Papa de Roma ou de quaisquer hierarcas eclesiásticos.
•
A Igreja Ortodoxa não concorda com a supremacia universal do direito do Bispo
de Roma sobre toda a Igreja Cristã, pois considera todos os bispos iguais.
Somente reconhece uma primazia de honra ou uma supremacia de fato (primus inter
pares).
•
A Virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado
original. A Igreja Romana, por definição do papa Pio IX, no ano de 1854,
proclamou como "dogma" de fé a Imaculada Concepção.
•
A Igreja Ortodoxa rejeita a agregação do "Filioque," aprovado pela
Igreja de Roma, no Símbolo Niceno-Constantinopolitano.
•
A Igreja Ortodoxa nega a existência do limbo e do purgatório.
•
A Igreja Ortodoxa não admite a existência de um Juízo Particular para apreciar
o destino das almas, logo após a morte, mas um só Juízo Universal.
•
O Sacramento da Santa Unção pode ser ministrado várias vezes aos fiéis em caso
de enfermidade corporal ou espiritual, e não somente nos momentos de agonia ou
perigo de morte, como é praticado na Igreja Romana.
•
Na Igreja Ortodoxa, o ministro habitual do Sacramento do Crisma é o Padre; na
Igreja Romana, o Bispo, e só extraordinariamente, o Padre.
•
A Igreja Ortodoxa não admite a existência de indulgências.
•
No Sacramento do Matrimônio, o Ministro é o Padre e não os contraentes.
•
Em casos excepcionais, ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa acolhe a solução
do divórcio admitindo um segundo ou terceiro casamento penitencial.
•
São distintas as concepções teológicas sobre religião, Igreja, Encarnação,
Graça, imagens, escatologia, Sacramentos, culto dos Santos, infalibilidade,
Estado religioso, etc.
Além
disso, subsistem algumas diferenças disciplinares ou litúrgicas que não
transferem dogma à doutrina. São, nomeadamente, as seguintes:
•
Nos templos da Igreja Ortodoxa só se permitem ícones.
•
Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o casamento.
•
O batismo é por imersão.
•
No Sacrifício Eucarístico, na Igreja Ortodoxa, usa-se pão com levedura; na
Romana, sem levedura.
•
Os calendários ortodoxo e romano são diferentes, especialmente, quanto à Páscoa
da Ressurreição.
•
A comunhão dos fiéis é efetuada com pão e vinho; na Romana, somente com pão.
•
Na Igreja Ortodoxa, não existem as devoções ao Sagrado Coração de Jesus, Corpus
Christi, Via Crucis, Rosário, Cristo-Rei, Imaculado Coração de Maria e outras
comemorações análogas.
•
O processo da canonização de um santo é diferente na Igreja Ortodoxa; nele, a
maior parte do povo participa no reconhecimento do seu estado de santidade.
•
Existem, três ordens menores na Igreja Ortodoxa: leitor, acólito e sub-diácono;
na Romana: ostiário, leitor e acólito.
•
O Santo Mirão e a Comunhão na Igreja Ortodoxa efetuam-se imediatamente após o
Batismo.
•
Na fórmula da absolvição dos pecados no Sacramento da Confissão, o sacerdote
ortodoxo absolve não em seu próprio nome, mas em nome de Deus - "Deus te
absolve de teus pecados"; na Romana, o sacerdote absolve em seu próprio
nome, como representante de Deus - "Ego absolvo a peccatis tuis...."
•
A Ortodoxia não admite o poder temporal da Igreja; na Romana, é um dogma de fé
tal doutrina.
• Fonte ortodoxa: <http://p035454545.planetaclix.pt/bartholomeo.html>
•Fonte romana: <http://www.tradicaoemfococomroma.com/2012/10/a-igreja-ortodoxa-e-o-culto-seus-santos.html>
Além
disso, acrescento que os ortodoxos estão sob o anátema dos romanos, pois o
Terceiro Catecismo Católico chama de “hereges” aqueles que não creem na
imaculada conceição de Maria[9], e o Concílio de Trento
lança um “anátema” (maldição) sobre aqueles que não aceitam o celibato
obrigatório do clero[10]. Portanto, aos olhos de
Roma os católicos ortodoxos estão excomungados, amaldiçoados e taxados de
hereges.
Tudo
isso nos prova duas coisas. Primeiro,
que mesmo se a Igreja fosse uma instituição (o que já vimos que não é), isso
não implica que seja a Romana. Na verdade, está longe disso. Segundo, que o fato de uma igreja
possuir “requisitos” como sucessão apostólica, tradição, antiguidade, liderança
terrena visível ou unidade não significa que ela não possa cair em
apostasia. Os ortodoxos têm tudo isso, mas os romanos os acusam de apostasia.
Os romanos têm tudo isso, mas os ortodoxos os acusam de apostasia. Pelo menos um dos dois caiu, e isso
prova que estes requisitos não ajudam a identificar a “instituição verdadeira”,
que eles erroneamente chamam de “Igreja”.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
-Extraído de meu livro: "Em Defesa da Sola Scriptura"
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[1]
Como foi mostrado em “A História não Contada de Pedro”, Gregório Magno, bispo
romano do século VI, rejeitou explicitamente o título de bispo universal,
dizendo: “Agora eu digo com confiança que todo aquele que chama a si mesmo, ou
deseja ser chamado, Sacerdote Universal, é em sua exaltação o precursor do
Anticristo, porque ele orgulhosamente se coloca acima de todos. E pelo orgulho
ele é levado ao erro, pois como perverso deseja aparecer acima de todos os
homens. Por isso, todo aquele que ambiciona ser chamado único sacerdote,
exalta-se acima de todos os outros sacerdotes” (Papa Gregório Magno, a
Maurícius Augustus).
[2]
História Eclesiástica, Livro III, 36:2.
[3]
Institutas, Livro IV, 6:11.
[4]
Disponível em: <http://p035454545.planetaclix.pt/bartholomeo.html>
[5]
Ibid.
[6]
Disponível em:
<http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/igreja_ortodoxa/o_cristianismo_ortodoxo_em_perguntas_e_respostas.html>
[7]
Ibid.
[8]
BRASILINO, Gyordano Montenegro. Igreja de
Cristo: Católica? Disponível em:
<http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2009/09/igreja-de-cristo-catolica.html>
[9]
"É de fé que a santíssima foi concebida sem pecado original, porque esta
verdade foi solenemente definida pelo Sumo Pontífice Pio IX em 8 de dezembro de
1854 e quem não quiser crer, será herege" (Terceiro Catecismo, Editora
Vozes, p. 190)
Lucas , no facwbook eu vi algumas paginas de apologética administradas por protestantes que defendem a igreja catolica dizendo que ela matou pouco na inquisição , ajudou a ciencia , " construiu a civilização ocidental " , oque vc tem a dizer sobre isso e sobre os argumentos historicos
ResponderExcluirOtávio, eu não tenho nenhum problema em reconhecer os pontos históricos positivos da Igreja Católica quando assim ocorre, e no meu livro "Deus é um Delírio?" você me verá enaltecendo muitas vezes esses pontos. Todas as religiões do mundo tem alguma coisa de produção científica ou moral a oferecer, umas mais, outras menos. Em minha opinião, a utilidade histórica do catolicismo supera a de qualquer outra religião exceto a do protestantismo. Na Idade Média, antes do protestantismo, a esmagadora maioria dos cientistas do mundo eram católicos. A superioridade do catolicismo sobre vertentes não cristãs (ex: islamismo) é notável e incontestável, porque embora o catolicismo seja uma mistura de Cristianismo com paganismo, ainda resta algo de Cristianismo ali, diferentemente das outras religiões. Mas o protestantismo supera o catolicismo até mesmo nestes pontos, porque é bem mais próximo do Cristianismo original do que o catolicismo romano. Por isso que depois da Reforma Protestante em diante a maioria dos cientistas eram protestantes, por isso que a maioria esmagadora dos cientistas que nos deram a ciência moderna eram reformados, por isso que a maioria das universidades famosas que existem até hoje foram fundadas por protestantes, por isso que todos os sete países mais desenvolvidos no mundo hoje são países que historicamente aderiram à Reforma, etc. Em outras palavras, o catolicismo no aspecto histórico é bom, mas somente quando comparado com as religiões não-cristãs. Quando comparado a uma religião mais cristã do que eles, eles perdem miseravelmente em qualquer área de estudo (mesmo estando em bem maior número do que nós!).
ExcluirSobre as mortes da inquisição, creio que eles estão relativizando com o total de mortos produzidos por sistemas como ateísmo e comunismo, que de fato mataram pelo menos vinte vezes mais, totalizando mais de cem milhões de mortes. Mas novamente, se você comparar o tanto de vítimas do catolicismo (aproximadamente 5 milhões) com o número de vítimas do protestantismo (praticamente inexistente), mais uma vez o protestantismo se supera moralmente. É muito fácil dizer que a Igreja Romana "construiu a civilização ocidental" quando na época as outras religiões cristãs eram perseguidas ao fio da espada e seus adeptos não tinham absolutamente nenhum poder político para fazer algo. Mas quando o catolicismo é comparado lado a lado com o protestantismo, a partir do momento em que este surge e com poder político, o quadro se inverte, e o protestantismo passa a ser absolutamente predominante (basta ver que o país mais historicamente protestante do mundo é a maior de todas as potências atuais, e que os países mais católicos são verdadeiras lástimas).
Abraços.