Refutando astronauta católico (III): Justino cria na imortalidade da alma e tormento eterno?



Introdução

Chegamos agora à terceira parte da nossa refutação ao astronauta católico, desta vez para refutar os devaneios e delírios do mesmo em torno de Justino Mártir (100-165). Se você ainda não leu as outras duas partes da refutação, clique aqui e aqui e leia. Antes de iniciarmos a contra-argumentação em si, é necessário explicarmos brevemente quem foi Justino. Para quem não sabe, Justino não nasceu cristão, nem de família cristã. Ele não foi doutrinado desde a infância por professores cristãos. Em vez disso, ele era um filósofo platônico (admirador e seguidor da filosofia grega de Platão), que, como todo mundo sabe, foi a mais forte propulsora da doutrina da imortalidade da alma no mundo antigo, pois a “alma imortal” era o motor por detrás de toda a filosofia de Platão.

Em outras palavras, Justino era um ferrenho defensor da doutrina da imortalidade da alma antes de se converter, e é essa a razão pela qual ainda vemos alguns vestígios desta doutrina em seu primeiro trabalho como cristão (a 1ª Apologia), quando ele ainda não tinha toda a maturidade e conhecimento de todas as doutrinas cristãs, mas ainda conservava alguns dos seus conceitos platônicos que tinha antes. Depois da 1ª Apologia, Justino mostrou uma evolução e compreensão muito maior da doutrina cristã, e dali em diante ele não apenas não ensinou imortalidade da alma em lugar nenhum, como também passou a combatê-la em todas as suas obras. A 2ª Apologia e o Diálogo com Trifão, em especial, estão cheios de citações sobre a dissolução da alma entre a morte e a ressurreição, sobre a vida eterna ser apenas após a ressurreição e sobre o aniquilacionismo final dos ímpios, e é com estas obras que trabalharemos aqui.


Justino cria no tormento eterno?

Assim como fez com Inácio, o astronauta católico copiou e colou uma série de trechos onde Justino usa a terminologia de “fogo eterno”, como se isso por si mesmo já fosse o bastante para sugerir que Justino cria em um “tormento eterno”. Não perderei nem tempo com essa baboseira, porque tal insânia já foi refutada em meu artigo anterior sobre Inácio (clique aqui e leia). Como vimos anteriormente, mortalistas também usam naturalmente a linguagem de “fogo eterno” sem absolutamente conotação nenhuma de “tormento eterno”, e a Bíblia está repleta de citações onde um fogo “eterno” ou “inextinguível” não existe para sempre, mas é somente uma figura de aniquilacionismo com efeitos eternos (irreversíveis). Em outras palavras, significa apenas que o fogo consome a pessoa de uma vez para sempre – uma morte eterna, sem volta.

Há ainda várias evidências nos escritos de Justino de que ele não interpretava o “fogo eterno” da maneira com a qual os imortalistas o interpretam. Em seu Diálogo com Trifão, por exemplo, ele escreveu:

“Mas Deus poderosamente as tirará de nós, quando ressuscitar a todos, tornando uns incorruptíveis, imortais, isentos de dor e colocando-os em seu reino eterno e indestrutível, e enviando outros para o suplício do fogo eterno”[1]

Note que Justine disse que os ímpios irão para o fogo eterno, entretanto:

(a) Isso só ocorrerá depois da ressurreição!

(b) Eles não serão imortais, pois “imortais” Justino diz que somente os justos serão!

Portanto, a visão de Justino do “fogo eterno” não era a visão imortalista, onde os ímpios já estão agora mesmo (antes da ressurreição) queimando no fogo, e onde eles ficarão ali para sempre sem morrer (sendo imortais). Ao contrário: Justino cria que os ímpios seriam lançados no fogo somente depois que ressuscitarem, e esse tormento no fogo não poderia ser eterno, pois tanto a incorruptibilidade quanto a isenção de dor e a imortalidade eram atributos exclusivos dos salvos. É claro que o astronauta católico não observa nada disso, porque na infantilidade e amadorismo dele basta a expressão “fogo eterno” para sair alardeando por aí que Justino era um “imortalista”. Puro amadorismo.

Em sua 2ª Apologia, Justino mostra o mesmo parecer de que os ímpios não estão atualmente no fogo eterno, mas ainda serão (no futuro) lançados nele. Por exemplo, ele diz que o fogo eterno está “preparado” para os ímpios:

“Todavia, logo que conheceu os ensinamentos de Cristo, não só se tornou casta, como procurava também persuadir seu marido à castidade, referindo-lhe os mesmos ensinamentos e anunciando-lhe o castigo do fogo eterno, preparado para os que não vivem castamente e conforme a reta razão”[2]

É óbvio: se o fogo eterno está “preparado” para o momento em que os ímpios serão lançados ali, é porque eles não “estão” ali agora. Qualquer principiante com meia dúzia de aulas de português sabe disso. A punição é algo que os ímpios “devem sofrer”, não algo que eles “estão sofrendo”:

“E não se oponham a que costumam dizer os que se têm por filósofos, que não são mais que apenas ruído e espantalhos o que afirmamos sobre a punição que os ímpios devem sofrer no fogo eterno”[3]

Há apenas um lugar em que Justino fala do “fogo eterno” como algo presente, e mesmo assim o sentido é tão claramente figurado que para ele até os demônios estão neste “fogo eterno”!

“No princípio, Deus criou livres tanto os anjos como o gênero humano e, por isso, receberam com justiça o castigo de seus pecados no fogo eterno”[4]

Veja que Justino diz “receberam”, no plural, referindo-se tanto aos homens maus quanto também aos anjos maus. Mas até o mais néscio dos cristãos sabe que os demônios não estão queimando agora em algum “fogo eterno”, mas estão soltos, “nos ares” (Ef.6:12), “bramando como um leão, procurando a quem possa tragar” (1Pe.5:8). A citação de Justino pode significar que eles já receberam o castigo divino do fogo eterno no sentido do fogo eterno já ter sido preparado por Deus para eles (ou seja, que Deus já decidiu e definiu a condenação deles). É assim que Justino alude um pouco adiante, ao falar novamente do destino do diabo:

“Eles [os demônios] receberam merecido tormento e castigo, aprisionados no fogo eterno. Se eles agora são vencidos pelos homens em nome de Jesus Cristo, isso é aviso do futuro castigo no fogo eterno que os espera, juntamente com aqueles que os servem. Todos os profetas anunciaram isso de antemão e isso também nos ensinou o nosso mestre Jesus”[5]

Perceba que Justino inicia o verso dizendo que os demônios “receberam” o “merecido tormento” e que já estão no “fogo eterno”, mas logo depois diz que isso é apenas um “aviso do futuro”, do “fogo eterno” que ainda os espera. Será que ele estava se contradizendo tão gritantemente dentro de tão poucas linhas? É claro que não. Na primeira parte, estar no “fogo eterno” sendo “castigado” para Justino era uma alegoria para o fato de que os demônios “são agora vencidos pelos homens em nome de Jesus Cristo”, e o castigo de fato, em sentido literal, ocorreria no futuro, quando os demônios e os homens serão lançados no “fogo eterno”. O astronauta católico, como era de se esperar, também não observou nada disso, porque o desespero dele era somente em correr para catar o máximo de citações possíveis onde o termo “fogo eterno” aparece em Justino, sem nem sequer ler os textos que cita. Amadorismo total.

O destino futuro dos ímpios, para Justino, era claramente a cessação da existência, a destruição completa. Ele primeiro diz que os demônios serão destruídos:

“Sim, com efeito, como já dissemos, o Verbo se fez homem por desígnio de Deus Pai e nasceu para a salvação dos que crêem e destruição dos demônios[6]

Essa destruição é também equiparada à morte:

“Por meio de quem [Cristo] Deus destrói tanto a serpente quanto os anjos e homens que estão com ela, mas liberta da morte aqueles que se arrependem de suas iniquidades e creem nEle”[7]

Depois, Justino é ainda mais claro e enfático ao dizer que Deus porá um “fim” nos ímpios, e para deixar claro que este “fim” é a destruição total e não o tormento eterno, ele complementa dizendo que é “do mesmo modo como não deixou ninguém vivo antes do dilúvio”:

“Assim, Deus também adia pôr um fim à confusão e destruição do universo, por causa da semente dos cristãos, recém-espalhada pelo mundo, que ele sabe ser a causa da conservação da natureza. De fato, se assim não fosse, vós não teríeis poder para fazer nada daquilo que faz eis conosco, nem seríeis manejados pelos demônios, como instrumentos de sua ação; mas descendo o fogo de julgamento, já teria separado tudo sem exceção, do mesmo modo como não deixou vivo ninguém antes do dilúvio, a não ser aquele que nós chamamos Noé, juntamente com os seus, e que vós chamais Deucalião, do qual nasceu de novo numerosa multidão de homens, uns maus, outros bons”[8]

A lógica de Justino era precisa: Deus vai destruir os ímpios dando um fim à existência deles, e só não fez isso ainda por misericórdia dos cristãos. Pedro disse que “Deus não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe.3:9). Em outras palavras, o momento da destruição final dos ímpios só não chegou ainda porque Deus quer estender o tempo de oportunidade de arrependimento para cada cristão, dando oportunidade para que o máximo número de pessoas se salve. Então chegará a “destruição do universo” que Justino afirma em conformidade com Hebreus 1:10-12, quando Deus fará “novos céus e nova terra” (Ap.21:1), recomeçando tudo de novo, somente com os salvos.

Que Justino não cria que este “fim” e “destruição” fossem meros símbolos para um “tormento eterno” do qual ele jamais disse, isso fica claro pela comparação que ele faz com o dilúvio: no dilúvio, apenas Noé e sua família se salvaram, e todos os ímpios deixaram de existir. Em outras palavras, quando Deus criar “novas todas as coisas” (Ap.21:5), o destino dos ímpios não será uma existência eterna, mas uma destruição total e cessação de existência, assim como os ímpios que foram completamente destruídos pelo dilúvio e deixaram de viver.  

No Diálogo com Trifão, o velho cristão afirma:

“As almas que se manifestaram dignas de Deus não morrem; as outras são castigadas enquanto Deus quiser que existam e sejam castigadas”[9]

Perceba que é só as almas dos justos que “não morrem”. Se apenas as almas dos justos é que não morrem, então é óbvio que as almas dos ímpios morrem. É por isso que o texto prossegue dizendo que as outras almas [as dos ímpios] são castigadas pelo tempo que Deus quiser que elas existam e sejam castigadas (uma declaração explícita do castigo temporário e proporcional, que os mortalistas sempre afirmaram), ao invés de dizer que elas existirão “para sempre”. Le Roy Edwin Froom comenta que “Justino afirma, por antítese, que os ímpios finalmente deixarão de existir após o castigo, quando Deus determinar”[10].

E para acabar de uma vez com todo e qualquer resquício de probabilidade de Justino ser um imortalista, ele diz com todas as letras que os demônios e os anjos devem deixar de existir:

“Deus atrasou a confusão e destruição de todo o mundo, pelo qual os anjos maus e os demônios e os homens devem deixar de existir[11]

Se existe alguma forma mais clara e evidente de pregar o aniquilacionismo do que a expressão “deixar de existir”, sinceramente, eu não sei qual é. Vou deixar que o astronauta católico me indique. Se nem o termo “deixar de existir” implica em “deixar de existir” (mas sim em um “tormento eterno”), então acho que eu também sou imortalista (risos).

As evidências de que Justino era aniquilacionista são tão esmagadoras que hoje em dia qualquer estudioso patrístico honesto admite isso. Teólogos das mais diferentes religiões têm reconhecido que Justino foi um típico mortalista. Le Roy Edwin Froom, em seu excepcional trabalho intitulado “The Conditionalist faith of Our fathers”, que para quem não sabe são dois volumes gigantes que totalizam 2.500 páginas apenas para provar a mortalidade da alma nos escritos dos primeiros Pais (seria bom que o astronauta os lesse para deixar de ser tão ignorante), cita vários teólogos imortalistas que reconhecem que Justino era aniquilacionista. Entre eles:

• Kitto: “Justino cria que as punições iriam cessar em algum momento”[12].

• Richard Rothe: “Justino Mártir pensava que Deus aniquilaria o perdido”[13].

• K. R. Hagenbach: “Justino afirmou que a alma era mortal, parecida com o corpo, e que a imortalidade era como uma recompensa que teria que ser adquirida”[14].

• Hosea Ballou: “Justino defendia que os ímpios serão, eventualmente, aniquilados”[15].

• Beecher: “Justino mantinha e ensinava o aniquilacionismo final dos ímpios, como a maioria dos eminentes estudiosos admite”[16].

• John C. L. Gieseler: “Justino dizia que as almas dos ímpios seriam, em algum momento, totalmente aniquiladas”[17].

• Alger: “Justino não acreditava em tormento sem fim, mas no aniquilacionismo final dos ímpios”[18].

• Constable: “Justino cria na destruição total da existência no inferno”[19].

Mas embora todos os estudiosos de respeito sejam suficientemente honestos para admitir o óbvio (que Justino era aniquilacionista), o astronauta católico vai continuar ensinando aos seus leitores burros e desinformados que Justino era “um imortalista”, primeiro porque ele não é estudioso de nada, e segundo porque não tem honestidade suficiente para admitir o óbvio, quando esse óbvio é contrário a uma doutrina pagã da igreja pagã a que ele serve.


Justino cria no estado intermediário?

Já vimos que Justino não cria no fantasioso e monstruoso “tormento eterno” da Igreja Católica, mas será que ele cria no tal do “estado intermediário”? É lógico que não. Justino cria que a vida eterna seria herdada somente após a ressurreição, e não antes dela:

“Ele [Josué] não apenas teve o seu nome alterado, como também foi sucessor de Moisés, sendo o único de seus contemporâneos que saiu do Egito, ele levou os sobreviventes para a Terra Santa e foi ele, e não Moisés, que conduziu as pessoas para a Terra Santa, e assim como ela foi distribuída por sorteio para os que entraram junto com ele, assim também Jesus Cristo virá novamente e distribuirá a boa terra para cada um, embora não da mesma maneira. Pois o primeiro [Josué] deu-lhes uma herança temporária, visto que ele não era nem Cristo, que é Deus, nem o Filho de Deus; mas este último [Jesus], após a santa ressurreição, nos dará a posse eterna[20]

Os homens de todas as épocas que creram em Cristo e que viveram de acordo com a Palavra de Deus “estarão” {futuro} naquela terra, e “herdarão” {futuro} o eterno e incorruptível bem:

“E, portanto, todos os homens em todos os lugares, quer escravos ou livres, que creem em Cristo, e reconheceram a verdade em suas próprias palavras e dos Seus profetas, sabemos que eles estarão com ele naquela terra, e herdarão o eterno e incorruptível bem[21]

Se Justino cresse que herdamos a vida eterna antes da ressurreição (no momento em que a alma “voa” para o Céu após a morte), então ele teria dito que os que já morreram já estão naquela terra prometida por Deus, e que já herdaram o eterno e incorruptível bem. O fato de ele colocar tudo no tempo futuro nos mostra mais uma vez que ele não cria que os que morreram já estão no Céu. A posse da vida eterna era vista como um acontecimento depois da ressurreição dos mortos, e não antes:

“E a Palavra, sendo o Seu Filho, veio até nós, tendo sido manifestado em carne, revelando tanto si mesmo como também o Pai, dando-nos a ressurreição dos mortos e, depois, a vida eterna[22]

O Dr. Dustin Smith concluiu que “Justino diz muitas coisas para mostrar que ele não acredita que a alma seja imortal. Ele cita também trechos da Bíblia que mostram que as almas podem morrer e que a verdadeira esperança dum crente está no futuro cumprimento do Reino de Deus”[23].

Nada disso o astronauta católico refutou em seu artigo medíocre. Em vez disso, ele só esboçou uma “refutação” à minha abordagem sobre o diálogo entre Justino e o homem velho. Para o nosso amigo astronauta católico, Justino não contradizia a imortalidade da alma “cristã”, mas apenas a imortalidade da alma “platônica” (como se houvesse muita diferença). Segundo ele, Justino era um imortalista convencional que apenas não cria na pré-existência das almas (ensinada por Platão), ou seja, Justino cria que Deus criou a alma naturalmente imortal, e não que a alma é imortal por si mesma (sem Deus).

Contudo, qualquer principiante que leia o Diálogo com Trifão percebe que Justino não estava contrapondo apenas a imortalidade da alma platônica, pois para ele essa era a única forma lógica da alma ser “imortal” (na concepção de Justino, se alma fosse gerada, então ela não podia ser imortal). Em outras palavras, Justino segue a linha filosófica de que se a alma não é gerada então ela é imortal, e se a alma é gerada então ela não é imortal (não existia “meio termo” para ele!). Essa ideia de alma “gerada e ao mesmo tempo imortal” simplesmente não existia no mundo antigo, nem tampouco nos primeiros Pais da Igreja.

O astronauta católico, com sua desonestidade típica, cita como “prova” que Justino era imortalista a primeira parte da sua conversa com o velho cristão, onde Justino responde:

Velho cristão – Qual é a nossa semelhança com Deus? Será que a alma é divina e imortal, uma partícula daquela soberana inteligência, e como aquela vê a Deus, também é possível para a nossa compreender a divindade e gozar a felicidade que dela provém?

Justino – Sem dúvida nenhuma.

O astronauta tira então do contexto essa primeira parte, para enganar seus leitores néscios e fazê-los pensar que Justino enquanto cristão era um imortalista. O que o malandro esqueceu de mencionar por razões óbvias é que este é um relato de Justino sobre a sua conversão, ou seja, ele ainda era pagão quando começou a conversar com o homem velho. Foi o homem velho quem o convenceu por meio dos argumentos de que Justino estava errado, e no decorrer da conversa isso vai ficando cada vez mais claro, pois o velho vai convencendo Justino de que a alma não é imortal coisa nenhuma. Aí o astronauta espertalhão tira do contexto essa parte inicial em que Justino como pagão respondia que a alma era imortal e tenta aplicar isso para quando Justino já era cristão! A quem esse malandro pensa que engana?

Vamos continuar o relato da conversa de Justino com o velho cristão que o converteu, para vermos se Justino manteve essa posição ou não:

Velho cristão – E todas as almas dos seres vivos têm a mesma capacidade? Ou a alma dos homens é diferente da alma de um cavalo ou de um jumento?

Justino – Não há nenhuma diferença. Elas são as mesmas em todos.

Velho cristão – Logo, os cavalos e os asnos também vêem a Deus ou já o terão visto!

Justino – Não. Nem mesmo muitos homens o vêem. Para isso, é preciso que se viva com retidão, depois de se purificar com a justiça e todas as outras virtudes.

Velho cristão – Então o homem não vê a Deus por causa de sua semelhança com ele, nem porque tem inteligência, mas porque é sensato e justo.

Justino – Exatamente. E porque tem capacidade para entender a Deus.

Velho cristão – Muito bem. Será que as cabras e ovelhas cometem injustiça contra alguém?

Justino – De modo nenhum.

Velho cristão – Então, segundo o teu raciocínio, também esses animais verão a Deus.

Justino – Não. Porque o corpo deles, segundo a sua natureza, os impede.

Velho cristão – Se esses animais recebessem voz, talvez com muito maior razão prorromperiam em injúrias contra o nosso corpo. Todavia, deixemos esse assunto e aceitemos o que dizes. Dize-me apenas uma coisa: a alma vê a Deus enquanto está no corpo ou quando está separada dele?

Justino – É possível para ela, mesmo estando na forma humana, chegar a isso por meio da inteligência. Contudo, desligada do corpo e tornada ela mesma, é aí então que ela alcança tudo aquilo que almejou durante todo o tempo.

Até aqui o velho começa a pressionar Justino. Veja que depois de Justino dizer que a alma era imortal (conforme ele cria até então no platonismo), ele começa a pressioná-lo com perguntas difíceis, como as que vimos (se os animais também tem alma, etc). Justino vai levando o debate até este ponto (ele ainda não abriu mão de suas premissas platônicas), mas o velho o continua encurralando, colocando ele contra a parede:

Velho cristão – E ela se lembra disso quando volta outra vez ao homem?

Justino – Penso que não.

Veja que aqui Justino já começa a fraquejar. Ele já não responde com a mesma convicção do início, mas apenas “acha” que não. Mas o velho continua:

Velho cristão – Então, que proveito ela tira de vê-lo, ou que vantagem tem aquele que viu sobre aquele que não viu, uma vez que disso não permanece nenhuma lembrança?

Justino – Não se o que te responder.

Agora o velho consegue colocar Justino em xeque. Justino já não sabe mais o que responder. Tudo o que ele aprendeu do platonismo (imortalidade da alma) está sendo destruído. E o velho continua:

Velho cristão – E que castigo sofrem aquelas julgadas indignas dessa visão?

Justino – Vivem acorrentadas no corpo de feras, e esse é o castigo delas.

Velho cristão – E elas sabem que vivem nesses corpos por essa causa, como castigo de algum pecado?

Justino – Penso que não.

Velho cristão – Portanto, nem essas tiram proveito algum de seu castigo. E eu diria ainda que nem castigo sofrem, uma vez que não têm consciência do castigo.

Justino – Sim, de fato.

Velho cristão – Portanto, nem essas tiram proveito algum de seu castigo. E eu diria ainda que nem castigo sofrem, uma vez que não têm consciência do castigo.

Justino – Sim, de fato.

Velho cristão – Portanto, nem as almas veem a Deus, nem transmigram para outros corpos, pois dessa forma elas saberiam que esse é o seu castigo e temeriam cometer o mais leve pecado no corpo sucessivo. Contudo, também concordo que elas sejam capazes de entender que Deus existe e que a justiça e a piedade são um bem.

Justino – Falaste corretamente.

Note que nos trechos acima o velho ataca e derruba a outra tese platônica de Justino, a transmigração das almas. Ele vai colocando Justino contra a parede até ele admitir que estava errado, e dissesse: “falaste corretamente”. Então o velho dispara pesado:

Velho cristão – Portanto, esses filósofos nada sabem sobre essas questões, pois não são capazes de dizer sequer o que é a alma.

Justino – Parece que não sabem.

Aqui Justino já começa a abrir mão do seu platonismo. Depois de ser encurralado pelo velho e de ter que admitir que ele estava certo, o velho conclui que esses filósofos platônicos não sabem do que estão falando, e Justino concorda. Pela primeira vez, Justino está deixando de lado a sua filosofia platônica e dando ouvidos para o que aquele velho cristão estava dizendo. E o velho prossegue:

Velho cristão – Tampouco, se pode dizer que ela seja imortal, porque, se é imortal, é claro que deva ser incriada.

Justino – De fato alguns, chamados platônicos, a consideram incriada e imortal.

Velho cristão – Tu também consideras o mundo incriado?

Justino – Alguns dizem isso, mas eu não tenho a mesma opinião.

Esta é a parte em que o velho ataca a doutrina da imortalidade da alma em cheio. Você lembra que quando o diálogo começou, era exatamente este o ponto em que o velho queria chegar. Ele perguntou se Justino cria na imortalidade da alma, e Justino, como filósofo platônico, obviamente respondeu que “sim, sem dúvida nenhuma” (como qualquer filósofo platônico faria). Mas depois que o velho destruiu a filosofia platônica de Justino, ele voltou a fazer a mesma pergunta, e Justino admitiu que embora os platônicos dissessem que a alma era imortal, ele agora já não tinha a mesma opinião!

Velho cristão – Fazes muito bem. Com efeito, por qual motivo um corpo tão sólido, resistente, composto e variável e que a cada dia morre e nasce, procederia de algum princípio? Todavia, se o mundo é criado, forçosamente as almas também o serão e haverá um momento em que elas não existirão. De fato, foram feitas por causa dos homens e dos outros seres vivos, ainda que digas que elas foram criadas completamente separadas e não junto com seus próprios corpos.

Justino – Parece que é exatamente assim.

Velho cristão – Então são imortais?

Justino – Não, uma vez que o mundo se manifesta como criado.

Xeque-mate! O velho cristão o colocou numa cilada: ou o mundo é incriado e as almas são imortais, ou o mundo é criado e as almas são mortais. Justino concorda com a premissa e é obrigado a aceitar a conclusão lógica que se segue: a alma é mortal!

Então vem a parte que o astronauta católico tira do contexto, que é quando o velho diz:

Velho cristão – Contudo, eu não afirmo que todas as almas morram. Isso seria uma verdadeira sorte para os maus. Digo, então, que as almas dos justos permanecem num lugar melhor e as injustas e más ficam em outro lugar, esperando o tempo do julgamento. Desse modo, as que se manifestaram dignas de Deus não morrem; as outras são castigadas enquanto Deus quiser que existam e sejam castigadas.

O velho não estava se contradizendo com o que ele próprio havia dito sobre a alma ser mortal, e nem com aquilo que ele disse um pouco adiante, quando afirmou que a alma deixa de existir quando ocorre a morte corporal. Se ela deixa de existir, então é óbvio que ele não estava falando do estado intermediário aqui, mas do estado final (i.e, depois da ressurreição). A palavra aqui traduzida por “julgamento” no grego é krima, que é a mesma palavra grega usada para “condenação”[24]. Em outras palavras, o velho não estava dizendo que as almas dos bons ficam em um estado intermediário “do bem” e as almas dos maus ficam em um estado intermediário “do mau”, mas sim que depois da ressurreição (que é quando a alma volta à existência) as almas dos justos estarão em um lugar bom e não morrerão, enquanto as almas dos ímpios estarão em um lugar ruim (castigo no geena) e então morrerão (que é a condenação em questão). Isso é exatamente o que os mortalistas afirmam desde sempre.

O velho não estava refutando nada do mortalismo bíblico, mas sim da filosofia estóica, que cria que a morte é a cessação total de existência para sempre (ou seja, que não existe vida após a morte). É claro que os cristãos não creem nisso. Nós cremos que existe vida após a morte (através da ressurreição) e também cremos que haverá castigo para os maus no geena (se não houvesse castigo, seria “uma verdadeira sorte para os maus”). Dito em termos simples, o velho já havia detonado com a imortalidade da alma, mas agora ele faz um adendo, para mostrar a Justino que ele não ia para o outro extremo dos epicureus (que criam que “morreu acabou”), mas que ele cria em vida eterna para os bons e castigo temporário para os maus (antes da morte deles).

É assim também que Paul Vicent Spade, o tradutor para o inglês do texto em grego do Diálogo com Trifão, entende esta passagem. Ele comentou nas notas de rodapé do texto:

“A teoria, então, é que apesar de todas as almas serem naturalmente propensas a serem destruídas, as boas almas são preservadas por Deus, enquanto as más almas são punidas por um tempo, e depois são destruídas”[25]

Portanto, diferente do que o astronauta católico alega, o velho não cria em estado intermediário porcaria nenhuma. Mas continuemos com o Diálogo:

Justino – Por acaso, estás dizendo o mesmo que Platão sugere no Timeu a respeito do mundo, isto é, que em si mesmo, enquanto foi criado, ele também é corruptível, mas não se dissolverá, nem terá parte na morte por vontade de Deus? Pensas o mesmo também a respeito da alma e, em geral, a respeito de todo o resto?

Velho cristão – Com efeito, além de Deus, tudo o que existe ou há de existir possui natureza corruptível e sujeita a desaparecer e deixar de existir. Apenas Deus é incriado e incorruptível e, por isso, ele é Deus; mas, além dele, todo o resto é criado e corruptível. Por esse motivo, as almas morrem e são castigadas. De fato, se fossem incriadas, elas não pecariam, nem estariam cheias de insensatez, nem seriam covardes ou temerárias, nem passariam voluntariamente para os corpos de porcos, serpentes ou cães, nem seria lícito obrigá-las a isso, caso fossem incriadas. De fato, o incriado é semelhante ao incriado e não apenas semelhante, mas igual e idêntico, sem que seja possível um ultrapassar o outro em poder ou em honra. Daí se conclui que não é possível existir dois seres incriados. De fato, se neles houvesse alguma diferença, jamais poderíamos encontrar a causa dela, por mais que a procurássemos; pelo contrário, remontando com o pensamento até o infinito, teríamos que parar, vencidos, num só incriado, e dizer que ele é a causa de todo o mais.

O astronauta católico tira do contexto apenas a parte que diz que “está sujeita a desaparecer e deixar de existir”, mas o espertalhão embusteiro ignora propositalmente a continuação que diz que por esse motivo, as almas morrem e são castigadas”. Em outras palavras, para o velho cristão as almas não apenas podem morrer, mas elas morrem efetivamente. O fato de a alma estar “sujeita” à morte era somente uma premissa necessária para o fato de ela morrer efetivamente, que era a crença do velho cristão.

E então vem a parte em que o astronauta embusteiro comete a maior pérola de todo o seu lixo de artigo:

Justino – Por acaso, tudo isso passou distraído a Platão e Pitágoras, homens sábios, que se tornaram para nós como a muralha e fortaleza da filosofia?

Velho cristão – Não me importo com Platão ou Pitágoras ou qualquer outra pessoa que tenha sustentado essas opiniões. De fato, a verdade é esta e podes compreendê-la com o seguinte raciocínio: a alma ou é vida ou tem vida. Se ela é vida, terá que fazer viver outra coisa e não a si mesma, da mesma forma que o movimento move outra coisa mais do que a si mesmo. Ninguém poderá contradizer o fato de que a alma viva. Portanto, se ela vive, ela não vive por ser vida, mas porque participa da vida. Uma coisa é aquilo que participa e outra aquilo do qual participa. Se a alma participa da vida é porque Deus quer que ela viva. Portanto, da mesma forma, um dia ela deixará de participar, quando Deus quiser que ela não viva. De fato, o viver não é próprio dela como o é de Deus. Como o homem não subsiste sempre e a alma não está sempre unida ao corpo, mas quando chega o momento de se desfazer essa harmonia, a alma abandona o corpo e o homem deixa de existir. De modo semelhante, chegando o momento em que a alma tenha que deixar de existir, o espírito vivificante se afasta dela e a alma deixa de existir, voltando novamente para o lugar de onde tinha sido tomada.

Aqui o velho diz explicitamente, com todas as letras, sem mais nem menos, que a alma deixa de existir. Como foi que o astronauta bobão respondeu a isso? Morram de rir com este print:

(Clique na imagem para ampliar)

Sim, na cabeça do embusteiro desonesto, a frase é de Trifão!

Depois dessa, eu fecharia aquele site de astronautas e pediria perdão ao público por tanta desonestidade e enganação. A mentira é tão descarada que basta ir ao “New Advent” (site católico que reproduz os escritos dos Pais) para ver de quem é a frase em questão:

(Clique na imagem para ampliar)

Sim, a frase era do Velho Cristão, e não de Trifão, que nem sequer estava conversando com Justino naquele momento! Justino só volta a falar com Trifão no capítulo 8!

A safadeza do cidadão é tão gigante que até mesmo a tradução ao português feita pela Editora Paulus (católica), que ele usa, diz que foi o velho que falou (veja aqui). Então não é por ignorância, é por desonestidade mesmo. Ele pensa que seus leitores católicos tridentinos são tão burros que não vão se dar ao trabalho de conferir na obra (e são mesmo). E para piorar ainda mais as coisas, Trifão não era mortalista (como ele disse), ele era um judeu do grupo dos fariseus, que naquela época criam na imortalidade da alma (veja Josefo, História dos Hebreus, Livro X, c. 2). Não tem escapatória: quem disse que a alma morre foi o velho cristão, que estava convertendo e doutrinando Justino.

Será que esse astronauta embusteiro vai finalmente admitir que só copia bobagens e mente, ou será que vai manter aquele artigo ridículo e mentiroso no site dele? É o que veremos...

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1] Diálogo Com Trifão, c. 117.
[2] 2ª Apologia 2:2.
[3] 2ª Apologia 9:1.
[4] 2ª Apologia 6:4.
[5] 2ª Apologia 7:4-5.
[6] 2ª Apologia 5:4.
[7] Diálogo com Trifão, c. 100.
[8] 2ª Apologia 6:1-2.
[9] Diálogo com Trifão, 5:2.
[10] Le Roy Edwin Froom, The Conditionalist faith of Our fathers, vol. 1, p. 828.
[11] Other Fragments From Lost Writings of Justin, No. 11, in ANF, vol. 1, p. 301;
[12] Kitto, Cyclopedia of Biblical Literature, art., “Soul”.
[13] Richard Rothe, Dogmatik, vol. 3, p. 158.
[14] K. R. Hagenbach, Compendium of the History o f Doctrines, vol. 1, pp. 162-164, art. “Immortality”.
[15] Hosea Ballou, 2d, Ancient History of Universalism, p. 58.
[16] Beecher, op. cit., pp. 211, 212. C. F. Hudson (Debt and Grace, p. 315) lista Grotius, Huet, Rössler, Du Pin, Doederlein, Münscher, Munter, Daniel, Hase, Starck, Kern, Otto, Ritter, J. Pye Smith, Bloomfield e Gieseler confirmando o mesmo.
[17] John C. L. Gieseler, A Textbook of Church History, sec. 45.
[18] Alger, The Destiny of the Soul, p. 195.
[19] Constable, Duration and Nature of Future Punishment, p . 178.
[20] Diálogo com Trifão, c. 113.
[21] Diálogo com Trifão, c. 139.
[22] Tratado sobre a Ressurreição, 1.
[23] Dustin Smith, Justin Martyr, p. 9.
[24] De acordo com a Concordância de Strong, 2917.
[25] An Early Christian Philosopher: Justin Martyr’s Dialogue with Trypho, Chapters One to Nine, (“Philosophia patrum,” vol. 1); Leiden: E. J. Brill, 1971.

Comentários

  1. Lucas, como explicar essas passagens mais usadas pelos imortalista:

    - Isaias: 14,12-15
    - Provérbios 7,27
    - Provérbios 9,18
    - Isaias: 5,14

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    Respostas
    1. Realmente não entendi o que Isaías 4:12-15 tem a ver com "imortalidade da alma". O texto em questão diz:

      "Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você que dizia no seu coração: 'Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo'. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo!" (Isaías 14:12-15)

      Este texto é geralmente entendido como sendo uma referência à queda de Satanás, mas independentemente de ser ou não ser, ela não tem nada a ver com uma "alma imortal".

      Provérbios 7:27:

      "A casa dela é um caminho que desce para a sepultura, para as moradas da morte" (Provérbios 7:27)

      Também não entendi o que este texto tem a ver com imortalidade da alma. O texto está apenas dizendo que seguir a mulher imoral é um caminho de morte (aí entra a figura da sepultura).

      "Mas eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos, que os seus convidados estão nas profundezas da sepultura" (Provérbios 9:18)

      Para entender este texto é preciso analisar todo o contexto, desde o verso 1, que diz que a SABEDORIA construiu uma casa e ergueu sete colunas, e depois é a mesma "sabedoria" que fala, usando toda uma linguagem figurada. O verso 18 diz que "ALI" estão os espíritos dos mortos, ali onde? Basta ler os versos anteriores para descobrir:

      "Aos que não têm bom senso ela diz: A água roubada é doce, e o pão que se come escondido é saboroso!' Mas eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos" (Provérbios 9:16-18)

      Ou seja, está falando de ROUBO, do "pão que se come escondido", e é "ALI" que estão os "espíritos dos mortos", ou seja, é apenas uma metáfora para dizer que a prática do roubo incorre em morte espiritual. Em sentido literal, os espíritos dos mortos NÃO estão na sepultura (e isso até os imortalistas concordam conosco), mas VOLTA PARA DEUS (Eclesiastes 12:7), então é óbvio que o autor não estava falando em termos literais ali, pois Deus não está na "sepultura".

      Vamos para o último texto:

      "Por isso o Sheol aumenta o seu apetite e escancara a sua boca. Para dentro dele descerão o esplendor da cidade e a sua riqueza, o seu barulho e os que se divertem" (Isaías 5:14)

      Mais um texto que eu não entendo o que está fazendo na lista de "textos imortalistas". O texto não fala que almas imortais incorpóreas descem ao Sheol, mas sim que A CIDADE e AS RIQUEZAS desceriam ao Sheol, é óbvio que isso não é literal pois nem o imortalista mais maluco da face da terra acredita mesmo que cidades inteiras e riquezas "descem" literalmente a este "mundo espiritual dos mortos". O Sheol aqui é mais uma vez uma figura da morte, ou seja, que toda aquela riqueza e esplendor da cidade teria um FIM, ou seja, seria totalmente destruída por Deus (e não que continuaria existindo literalmente dentro de um "outro mundo"!). É por isso que o verso seguinte diz:

      "Por isso o homem será abatido, a humanidade se curvará, e os arrogantes terão que baixar os olhos" (Isaías 5:15)

      Abraços.

      Excluir
  2. Lucas se a Bíblia é a única regra de fé dos cristãos, me responda as seguintes perguntas que os evangélicos não conseguem responder :

    1º ) Em Atos 20,35 diz: "Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e LEMBRAR-SE das palavras do Senhor Jesus, porquanto Ele mesmo disse: "É maior felicidade dar que receber."

    Mostre-me o versículo no qual Jesus disse estas palavras nos evangelhos?

    2º ) Em Mateus 2,23 diz: "E Ele veio habitar na cidade de Nazaré para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno."

    Em qual versículo os profetas dizem isto?qual profeta disse isso?

    3º) Em Judas 1,9 diz: "Ora, quando o arcanjo Miguel discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés..."

    Onde podemos encontrar esta "disputa" na Sagrada Escritura?

    4º) Em Judas 1,14 diz: "Também Enoc, que foi o oitavo patriarca depois de Adão, profetizou a respeito deles, dizendo: "Eis que veio o Senhor entre milhares de Seus santos.'"

    Onde está esta profecia na Escritura? Onde está a referência?

    5º) Em Mateus 23,2 diz: "Os Escribas e os Fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés."

    Onde é que a Escritura se refere a esta "cadeira de Moisés"?
    .
    .
    Obrigado... (Regis Santin)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mais um católico-zumbi que não entende absolutamente nada do significado de “Sola Scriptura” entre os protestantes e vem vomitar esse desconhecimento aqui. Desde quando a Sola Scriptura proíbe a existência de verdades históricas fora da Bíblia???

      Se você lesse a Confissão de Fé de Westminster (que você nem sabe o que é), saberia que a Sola Scriptura não é o princípio de que “tudo” tem que estar na Bíblia, e sim que tudo o que está na Bíblia é suficiente para a nossa salvação:

      “Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser deduzido dela” (Confissão de Fé de Westminster, 1:6)

      A Sola Scriptura não é o princípio de que “TUDO” tem que estar na Bíblia, mas sim que todas as DOUTRINAS têm que estar em harmonia com as Escrituras. A Sola Scriptura não é o princípio de que devemos rejeitar qualquer coisa que estiver fora da Bíblia, mas sim que essas outras coisas estão sujeitas à autoridade suprema da Escritura. Infelizmente os católicos atacam um espantalho tosco ao invés de refutar a doutrina verdadeira da Sola Scriptura.

      Se você estudasse pelo menos este site, veria que eu cito por todas as partes um monte de autoridades (livros, historiadores, exegetas, doutores, Pais da Igreja, etc), e eu creio na Sola Scriptura. Reconhecer que existem verdades em outros campos fora da Bíblia NÃO É militar contra o conceito de Sola Scriptura, pois a Escritura permanece sendo a autoridade máxima. Jesus e os apóstolos também citaram como verdade coisas provenientes de outras fontes, e daí? Qualquer protestante reformado crente na Sola Scriptura faz o mesmo. Isso não tem nada a ver com não crer na Sola Scriptura, porque a Sola Scriptura permite a existência de fatos históricos que não são mencionados na Bíblia (se assim não fosse, o trabalho dos historiadores teria que se limitar apenas à Bíblia!).

      Em suma, estude mais sobre os concílios da Reforma, busque se aprofundar em conhecimento, pelo menos CONHEÇA aquilo que o outro lado propõe, antes de vir atacar um espantalho mostrando que não entende absolutamente nada daquilo que está tentando “refutar”. Suas perguntas apenas fazem um evangélico sério ter vergonha do nível da apologética católica.

      Excluir
  3. Entendi seu ponto de vista....mas como o senhor vai responder cada uma das cinco perguntas que eu fiz aqui...Aliás, a primeira pergunta já mostra que tem um ensino que Jesus disse que não está nos evangelhos...ou seja, ele passou de boca em boca atraves da tradição oral e foi registrado por Lucas que nunca esteve com Jesus... E esse ensino por um acaso não é doutrina para nossa salvação ?
    Aguardo sua resposta
    Regis Santin

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    Respostas
    1. Nenhuma das suas perguntas precisa ser respondida, porque não há discordância nenhuma entre elas e a Sola Scriptura, neste falso dilema que você quer criar. É como se você estivesse perguntando:

      “1+1=2, refute isso!”

      Eu não preciso refutar isso, porque eu também concordo que 1+1=2!

      É claro que Jesus disse coisas que não foram escritas nos evangelhos, eeeeeeeee daí? Você tem aí uma lista dessas coisas que não foram escritas? Tem as provas cabais de que elas foram passadas de boca em boca de forma incorruptível até os dias de hoje? Se tem, me mostre aqui a lista dessas coisas, junto com as provas de que elas existiram mesmo historicamente por meio de tradição oral doutrinária extra-bíblica, e que essas coisas eram cridas em todas as épocas por todos os cristãos de todos os lugares, e então eu terei todo o prazer em crer nelas.

      Mas se você não tiver, seu ataque à Sola Scriptura não passa de um espantalho, pois estaria provando que a única forma segura de sabermos HOJE aquilo que Jesus disse NAQUELA ÉPOCA é por meio daquilo que foi conservado por ESCRITO, ou seja, nas Sagradas Escrituras. ISSO é Sola Scriptura.

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    2. Prezado Regis,

      Você comete erros lógicos elementares. Como você pode querer refutar a Sola Scriptura usando a autoridade da escritura para chancelar ensinamentos que estão na Escritura?

      Outro erro elementar que você comete por talvez desconhecer esta doutrina - nenhum defensor da Sola Scritpura nega que havia um corpo de doutrinas ensinados oralmente por Jesus e pelos Apóstolos. A questão é, onde esses ensinos foram registrados e preservados? Nós temos boas evidências de que eles foram registrados e preservados nas Escrituras. Por outro lado, não temos evidência positiva alguma de alguma doutrina apostólica necessária para a salvação preservada por uma suposta tradição oral incorruptível mantida por uma Igreja Infalível.

      Se deseja seriamente refutar a Sola Scriptura, prove que existe outra autoridade infalível além dela, como o magistério da Igreja Romana. E também, prove que existem doutrinas de origem apostólica que todo cristão deve necessariamente crer para a sua salvação que não estão implicitamente ou explicitamente nas Escrituras.

      Deveria ser óbvio para você que usar o texto da Escritura para dizer que existem outras doutrinas fora da escritura é um erro lógico crasso.

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