A Cruzada Albigense - O Massacre dos Cátaros


O papa Inocêncio III tinha razões mais do que suficientes para estar feliz. Acabara de conquistar a grande cidade grega de Constantinopla (1204), arrancando-a dos cristãos ortodoxos orientais em meio a um enorme saque regalado a estupros e a diversos assassinatos. Ele escreve várias cartas nas quais manifesta sua alegria pela grande conquista e se regozija com ela, como relatado detalhadamente em meu livro anterior sobre as Cruzadas[1]. Mas enquanto os cruzados destronavam Constantinopla no outro lado do mundo, havia cristãos não-católicos no “quintal” do papa, ao sul da França. Tais eram os cátaros ou albigenses, como também eram chamados.

O papa ficou escandalizado. Como pode haver em seu próprio território pessoas que ousam manifestar pensamento contrário à Igreja e a não se dobrar diante da espada papal? Não pensou duas vezes: logo comunicou o conde responsável pela região, Raimundo VI, de Tolosa, ordenando-lhe que “limpasse seu território”, o que significava em linguagem papal medieval que exterminasse todos os “inimigos da Igreja”, estes malvados que não aceitam se submeter a Roma e que decidem viver uma vida de pobreza. Como Franco diz, “a Igreja não poderia aceitar a existência de um grupo que contestava seu poder, sua riqueza e até mesmo sua condição de instituição cristã”[2].

O que o papa definitivamente não esperava era que o conde de Tolosa, então considerado um católico fiel, se recusasse a seguir suas ordens insanas de exterminar toda a sua própria população “herética”. O conde fica do lado do povo e não vê motivos que justifiquem uma chacina. Em Albi, onde os cátaros ganhavam cada vez mais espaço, os albigenses viviam em harmonia com os católicos, e os sacerdotes de ambas as religiões se respeitavam mutuamente. Uma estranha e incomum tolerância para a mentalidade da época, regida pela mão de ferro da Igreja papal.

Ao ver que o conde de Tolosa se recusa a matar seu próprio povo, o papa se irrita ainda mais. O excomunga, o que naquela época significava que o povo estava livre da sua submissão como magistrado. O conde parece voltar atrás, pede tempo, mas não leva nada a efeito. O papa, furioso, decide convocar as Cruzadas. Não mais uma Cruzada para o outro lado do mundo combater os muçulmanos, que já se tornara improdutiva e obsoleta, mas uma cruzada contra os próprios cristãos, em seu próprio território. O objetivo era “limpar a área da mancha herética”.

Depois da Quarta Cruzada e o Saque de Constantinopla (1204), o papa se acostumara a matar cristãos e pegou gosto pela coisa. Neste caso em particular, “a proximidade era tentadora: nem havia a necessidade de atravessar os mares, oferecendo-se o paraíso a quem, na terra, pilhasse os ricos campos e as opulentas cidades do Languedoc”[3]. Assim, o papa escreve em carta aos senhores do reino da França:

Despojai os hereges das suas terras. A fé desapareceu, a paz morreu, a peste herética e a cólera guerreira cobraram novo alento. Prometo-vos a remissão dos vossos pecados se puserdes limite a tão grandes perigos. Ponde todo o vosso empenho em destruir a heresia por todos os meios que Deus vos inspirará. Com mais firmeza ainda que com os sarracenos, pois são mais perigosos, combatei os hereges com mão dura.

Agora convocaremos contra vós chefes e prelados que, ai de mim, se reunirão contra esta terra... e farão com que muita gente pereça pela espada, arruinarão vossas torres, derrubarão e destruirão vossas muralhas, e vos reduzirão a todos à servidão... a força da vara prevalecerá onde a doçura e as bênçãos não conseguirão realizar nada.[4]

A mesma promessa de indulgência plenária feita aos que combatiam na Terra Santa é feita também aos que matassem um cristão não-católico: o perdão de todos os pecados. É irônico que um papa megalomaníaco prometa o perdão dos pecados através de mais pecados cometidos, especialmente através do assassinato. Uma Igreja que já não reflete mais nada do evangelho original transforma a piedade em pecado, e o assassinato em indulgência. Inocêncio mostra que valia qualquer coisa para consolidar e aumentar o seu poder: desde investidas contra os muçulmanos na Terra Santa, até saquear e conquistar Constantinopla dos cristãos ortodoxos e exterminar os cátaros na França. O inimigo pouco importava. Ele podia ser qualquer um que não se submetesse a Roma.

A convocação da Cruzada é, como sempre, atendida com grande apoio popular, e o papa consegue prontamente reunir um exército de 20.000 cavaleiros armados e de mais de 200 mil vilões e camponeses, sem considerar o clero e os burgueses[5]. Parece covardia, para quem pretende atacar uma cidade insignificante a fim de aniquilar alguns milhares de “hereges”. Não parece covardia, é covardia. O papa não se interessa por este pequeno detalhe; para ele, quanto maior o exército convocado, mais certa será a vitória e o massacre. Assim, o exército cruzado chega a Béziers (1209), onde pratica uma das piores chacinas que o mundo da época já tinha visto.

O conde Raimundo VI, até então “protetor” dos cátaros, ao ver um número tão imensurável de soldados chegando, decide mudar de lado de última hora, e se entrega ao exército cruzado. Ele se apressou em pedir perdão, ao apresentar-se com o peito nu à igreja de Saint-Gilles e ajoelhado, açoitado, arrependido, e se comprometeu em capitanear ele mesmo a guerra santa”[6]. Desta forma, a cidade abriu as suas portas, em rendição, ao exército cruzado. Se eles tivessem aprendido a lição do cerco de Maara, onde os cruzados assassinaram 20 mil habitantes entre mulheres e crianças após terem prometido um salvo-conduto, não teriam confiado. Como sempre, os cruzados não respeitam salvo-condutos e se lançam para cima de uma cidade indefesa e já rendida, exterminando a tudo e a todos que vissem pela frente. Foi uma carnificina.

Entrementes, o que mais marcou para a história foi o fato de que o exército cruzado, tão apressado e desesperado em saquear a cidade e fazer o maior número possível de vítimas, não esperou sequer para distinguir e poupar os católicos da região. Quando perguntaram a Arnald-Amaury como distinguir os hereges dos católicos leais e devotos, o legado papal respondeu com uma das mais infames declarações de toda a história da Igreja: “Matai todos eles. Deus reconhecerá os Seus”[7]. Até os padres da região, que se opunham à “limpeza” do território, eram mortos em suas igrejas. Arnald-Amaury escreveria ao papa, em tom triunfante, que “não se poupara idade, sexo ou status”[8]. Era tudo o que o papa queria.

Só numa igreja em que mulheres, crianças e velhos haviam se refugiado, sete mil deles foram assassinados[9]. Tornell diz que “se perpetuaram matanças coletivas sem distinção de crenças religiosas”[10]. Este era só o começo, pois no resto da cidade os cruzados continuam com os saques, e aprofundaram a carnificina com um incêndio em toda a região, começando pela catedral. No total, Plínio Bastos calcula em 60.000 o número de mortos[11], enquanto outros calculam que foram 38 mil, conquanto o legado pontifico só admitisse 15 mil[12].

Mais isso não foi tudo. Depois do massacre de Béziers, outros confrontos ocorreram onde as forças papais esmagaram os “heréticos”, como em Muret, em 1218, que deixou poucos sobreviventes[13]. Na campanha de 1229, “mais de cinco mil vítimas foram queimadas, e inúmeras outras submetidas a prisão, exílio ou outros castigos”[14]. Os últimos cátaros, refugiados no castelo de Montsegur, foram massacrados no ano 1244, sendo condenados à fogueira 200 deles[15].

Não era à toa que Inocêncio III usava a tríplice coroa, que significava o domínio sobre a cidade (Roma), sobre a Itália e sobre o mundo[16]. Para ele, era a obrigação do mundo todo estar sujeito ao seu domínio, como se estivesse sujeito a Cristo. Era isso o que significava ser o seu “vigário”. Sua teoria era o de que todos os reinos da terra lhe pertenciam, em virtude de direito divino. Um papa com tão poucas pretensões só poderia ter de apelar para o fogo e o ferro a fim de manter a unidade da doutrina, no que Ivan Lins chama de “aberração injustificável”[17].

Estudar a Cruzada Albigense e sua mentalidade de “submissão total ao papa ou morte” é de fundamental importância para compreender o funcionamento do Santo Ofício, ainda mais quando a Inquisição é criada justamente no período em que a Cruzada ainda existia. Assim, em 1229 ocorre o Concílio de Tolosa, o qual “encarregou aos bispos a instrução dos processos e o ditado das sentenças que tinha que aplicar, e que podia acabar com uma admoestação, com a confiscação dos bens ou com a morte na fogueira”[18]. Jacques Le Goff escreve ainda:

O cânon 3 do Concílio de Latrão de 1215, que obrigava aos fieis denunciar os suspeitos, marca uma etapa, em realidade o apoio que Frederico II concede ao papa para terminar com a heresia, depois de sua coroação em 1220. Inaugura a colaboração da Igreja e os poderes públicos (o “braço secular”), que será essencial para o funcionamento da Inquisição; Gregório IX, em 1231, codifica o procedimento inquisitorial e, em 1252, Inocêncio IV o resume e o agrava na bula Ad extirpanda, que instaura a tortura.[19]

O que ocorre é a institucionalização da mentalidade preconceituosa e intolerante que já havia desde a época das Cruzadas, mentalidade na qual o papa atua como um rei supremo e soberano sobre o poder espiritual e temporal, e qualquer ato que não se alinhe a seus ideais é visto como um crime que deve ser combatido de todas as formas, e a todo custo. As fileiras de soldados cruzados convocados para o genocídio foram substituídas pelo Tribunal do Santo Ofício, não menos violento, e ainda mais eficaz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

- Extraído do meu livro: "A Lenda Branca da Inquisição".

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[2] FRANCO, Hilário. As Cruzadas. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 65.
[3] LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 395.
[4] Apud BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 35.
[5] FALBEL, Nachman. Heresias Medievais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977, p. 50.
[6] DUCHÉ, Jean. Historia de la Humanidad II – El Fuego de Dios. 1ª ed. Madrid: Ediciones Guadarrama, 1964, p. 522.
[7] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 29.
[8] Apud Sumption. The Albigensian Crusade, p. 93.
[9] LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. 1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 236-237.
[10] TORNELL, Ricardo Vera. Historia de la Civilización – Tomo I. 1ª ed. Barcelona: Editorial Ramón Sopena, 1958, p. 593.
[11] BASTOS, Plínio. História do Mundo - Da pré-história aos nossos dias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1983, p. 96.
[12] LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 395.
[13] FRANCO, Hilário. As Cruzadas. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 65.
[14] BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 58.
[15] VARA, Julián Donado; ARSUAGA, Ana Echevarría. La Edad Media: Siglos V-XII. 1ª ed. Madrid: Editorial universitaria Ramón Areces, 2010, p. 266.
[16] BROM, Juan. Esbozo de historia universal. 21ª ed. México: Grijalbo, 2004, p. 101.
[17] LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, p. 393.
[18] VARA, Julián Donado; ARSUAGA, Ana Echevarría. La Edad Media: Siglos V-XII. 1ª ed. Madrid: Editorial universitaria Ramón Areces, 2010, p. 266.
[19] LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. 1ª ed. Madrid: Siglo XXI, 1971, p. 238.

Comentários

  1. Lucas, quantas pessoas foram mortas na Inquisição? Eu estive avaliando os registros que sobreviveram e andei pensando muito sobre as mortes (em torno de mil, parece) e lembrei da parte que você disse antes sobre o Revisionismo do Regime do Franco. É possível que os fascistas e a Igreja tenham propositalmente destruído boa parte dos documentos inquisitoriais? Por que se você parar para ver, a Inquisição Portuguesa, que foi com certeza mais leve q a Espanhola, tem mais que o dobro de taxa de condenações (cerca de 4% dos julgamentos), embora a maioria dos registros estejam incompletos ou não tenham sido analisados. Nem sequer temos números da Francesa (que foi grande) e de outros bastiões como a Áustria Habsburga, da Itália ou a Alemanha em si. Você acredita em algo como uma queima de arquivo?

    Aliás, onde compro seu livro?

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    1. Sim, muitos documentos foram perdidos, muitos mesmo, nem todos propositalmente, vários se perdiam por causa do tempo ou por rebeliões populares. Vou trazer alguns depoimentos dos livros que eu li:

      “O caso da Inquisições espanhola apresenta também problemas espinhosos. No âmbito dos tribunais de distrito, a maior parte foi saqueada pelas tropas de Napoleão em 1806-12 ou pela população durante a revolução liberal de 1820. Os fundos conservados representam mais ou menos um terço dos fundos existentes antes desses acontecimentos. Os arquivos centrais, mais bem conservados, também não são completos, quer por causa do saque pontual, quer por causa de problemas burocráticos de manutenção da estrutura de informação e de correspondência pela própria instituição” (BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 305)

      “Os primeiros sessenta anos de funcionamento, provavelmente os mais ‘produtivos’, não estão documentados, bem como a maior parte do período de 1700 a 1820; as décadas entre 1540 e 1570 são bastante lacunares, tal como as últimas décadas do século XVII. Mesmo para o período em que a série é mais abundante, entre 1540 e 1700, Contreras e Henningsen calculam que os dados completos deveriam atingir 84 mil processos, embora tenham recolhido informações sobre apenas 44 mil” (BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 305)

      “É necessário acrescentar a revolta de Roma, em 1559, quando o palácio da Inquisição foi saqueado, os arquivos, queimados, e os presos, soltos” (BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 361)

      “Na verdade, um grande número morreram na prisão durante a Inquisição, e estes são omitidos das estatísticas habituais” [http://www.cs.unc.edu/~plaisted/estimates.doc]

      “Um monte de registros foram perdidos” [http://www.huffingtonpost.com/cullen-murphy/10-questions-about-the-inquisition_b_1224406.html]

      “As descrições dos autos da fé pelos historiadores são frequentemente contraditórias e incompletas; há inúmeras insuficiências quanto às estatísticas; as datas citadas por um e outro nem sempre coincidem. Se é difícil para um homem evocar com precisão suas atividades do dia anterior, o que se diria de cerimônias codificadas há quase cinco séculos?” (NAZÁRIO, Luiz. Diversão e Terror: Dos autos-de-fé ao cinema nazista. In: Ensaios sobre a intolerância: inquisição, marranismo e anti-semitismo (ed. GORENSTEIN, Lina; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci), 2ª ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005, p. 379)

      “Os documentos dessa época de misérias desapareceram em grande parte e não mais é possível hoje levantar estatísticas” (GONZAGA, João Bernardino Garcia. A inquisição em seu mundo. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 137)

      “Em 1820, o povo de cidades como Barcelona e Valencia saqueou as instalações da Inquisição e roubou seus arquivos” (BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, p. 99-100)

      “Levantado o inventário dos tesouros e objetos de uso e tortura do Tribunal e transferidos aos cofres reais mais de setenta mil pesos, abriu-se ao povo ou este o invadiu por conta própria, para conhecer os meandros daquele horrendo claustro: seja por indignação, seja por achar presa legítima aquele amontoado de usurpações, os visitantes arremessaram-se de improviso sobre os livros, móveis e instrumentos de suplício. A verdade é que, a pretexto de conhecer os edifícios, saquearam a maior parte do que neles existia” (PALMA, Ricardo. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Giordano, 1992, p. 116)

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    2. “O povo saqueou o cárcere e o arquivo, cuja maior parte, principalmente os processos das vítimas, foi impossível de recuperar depois” (PALMA, Ricardo. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Giordano, 1992, p. 121)

      “A maior parte da documentação produzida pela Inquisição de Goa foi provavelmente destruída no século XIX” (TAVARES, Célia Cristina da Silva. Jesuítas e Inquisidores em Goa: A cristandade insular (1540-1682). Lisboa: Roma Editora, 2004, p. 149)

      O único documento significativo que busca chegar ao número total de vítimas mediante estimativas é este:

      http://www.cs.unc.edu/~plaisted/estimates.doc

      No entanto ele faz uma abordagem de todas as mortes causadas pela ICAR em toda a sua história, e não apenas da Inquisição. Para a Inquisição Espanhola Llorente, que teve acesso aos arquivos do Tribunal em sua época, disse que 32.000 pessoas morreram e outras 300.000 sofreram danos de alguma maneira (tortura, confisco de bens, açoites, penitência, etc). Mas nem em relação a estes números há certeza de estarem completos, sem falar que ele desconsidera toda a Inquisição medieval, a portuguesa, a romana, etc. E a maioria dos que foram mortos, não foram mortos nos autos da fé, eram mortos pelo Estado a mando da Igreja em qualquer lugar em que eles encontrassem. Sobre isso eu também vou abordar no meu livro. Não está pronto ainda, eu estou postando no blog à medida em que vou escrevendo, quando eu terminar eu publico aqui sem falta.

      Abs.

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    3. Entendo, muito obrigado por toda essa explicação. Aliás, eu tinha lido na Enclypaedia Britannica Online que só no governo Torquemada as mortes são estimadas em torno de 2.000; eu tinha cavado esses números e achei a fonte dele (parece ser de um contemporâneo) junto desses 32 mil que você mencionou.

      Obrigado

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  2. Sou Pobre queria muito poder ler vários atores cristão principalmente CS Lewis mas n tenho dinheiro vc pode me ajudar e me dai uma dica do q posso fazer e n adianta falar pra eu ir trabalhar pois só tenho 14 Anos

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    1. mas isso é pirataria E pirataria e Crime logo e Pecado

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    2. Depende, existem livros antigos que já não tem mais direitos autorais, e livros nos quais o próprio autor disponibiliza (ex: os meus).

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  3. Os católicos vão marginalizar os Cátaros para justificar a matança. Só
    Não sei o que vão fazer com os católicos que foram mortos nesse meio.

    E lembrando aqui que os católicos apologistas costumam dizer que em todas as muitas matanças inquisitórias a igreja nada teve a ver, mas que foi obra obra do estado. O problema é explicar porque o estado exigia que os infieis torturados abandonassem suas crenças e abraçassem a fé católica Kkkkkkkkkk

    Agora, aqui nesse artigo, estamos vendo a ação direta de um papa na ordenação de um massacre terrível, que inclui entre os mortos os próprios católicos romanos.

    Qual vai ser a desculpa esfarrapada da apologética católica dessa vez?

    O melhor tópico sobre cruzadas que ja li.

    Parabéns Banzoli

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    Respostas
    1. Eles demonizam os cátaros mesmo, até não poderem mais. É por isso que amanhã mesmo vou postar aqui um artigo expondo e refutando esta técnica de demonização católica.

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  4. Banzoli

    Velho, como sempre seus artigos são esclarecedores e didáticos. Li outros artigos aqui do site e me senti edificado, e com entendimento (do assunto lido no artigo) suficiente para rebater qualquer falácia dos romanistas.

    Porém, ao ler esse artigo senti um peso enorme, até tristeza. Como pode alguém que se diz representante de Jesus Cristo cometer tantas barbaridades durante a história sem sentir arrependimento depois? Pelo menos na história da igreja romana ( que no fundo não poderia ser chamada de igreja, afinal tantos massacres como esse mostram que nem de longe são o corpo de Cristo espalhado pela Terra) não existe registro de arrependimento desses atos, nem por eles que cometeram nem de seus sucessores, pelo menos não que eu saiba.

    Senti tristeza ao ler esses fatos, imaginei os cristãos sendo mortos. Imagine o que Espírito Santo sentiu ao ver tais atos sendo cometidos? Tenho uma impressão que Hitler e outros ditadores aprenderam com os papistas como dizimarem pessoas sem dó nem piedade.

    Uma coisa que me deixa curioso é porque os papas posteriores e outros líderes nunca falaram nada a respeito disso. Eles até vão a mídia e pedem tolerância, respeito e blá blá blá... mas não admitem essas barbaridades. Sinceramente, qualquer romanista que toma conhecimento dessas fatos históricos e não “muda de lado” quer ficar no erro. Já diz o ditado: pior cego é o que não quer ver!

    Fora isso, me bateu uma certa revolta ao ver muitos cristãos (evangélicos) que ficam querendo botar pano quente em cima desses fatos, dizendo pra respeitar os romanistas e mi mi mi... Respeitar pessoas por escolherem ser dessa ou daquela religião é uma coisa, agora ouvir um papista dizer que a igreja romanista é a verdadeira e não contestar usando esses fatos históricos chega a ser tolice. Enfim, que o Espírito de Deus nos guie e nos ajude nesses dias tão difíceis. Foi só um desabafo, rsrs.

    Deus te abençoe,

    Abraço,
    Abraão.

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    1. Olá, Abraão, a paz de Cristo.

      Realmente, Hitler, Stalin e os ditadores do século XX tomaram emprestado MUITA coisa da Inquisição. Esse é justamente o tema da minha Tese de Doutorado em História - "A Inquisição como Base dos Totalitarismos Contemporâneos". Quando ficar pronto eu posto aqui.

      Abs!

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    2. Banzoli

      Bom saber que alguém irá publicar um artigo acadêmico a respeito disso. Espero que daqui pra frente outras pessoas do ramo de "humanas" também tenham essa mesma atitude sua e passem a expor temas como facismo,comunismo...

      Esperando pra ler essa postagem.

      Abraço,
      Abraão.

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  5. Existem alguns católicos que infelizmente têm orgulho de colocar nas suas redes sociais e em perfis do Google imagens/símbolos, referentes as cruzadas. Isso só evidencia que eles não conhecem a história das cruzadas... Pois se conheceste, teriam vergonha de usar tais símbolos.

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    1. O pior não são os ignorantes que não conhecem a história, mas sim aqueles que a conhecem perfeitamente bem, e tem orgulho daquelas atrocidades (o mesmo que fazem com a Inquisição e com outros massacres).

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