A defesa do réu na Inquisição
Outro aspecto relevante do modus operandi da Inquisição e que
também ajuda a sepultar a lenda de que os tribunais modernos seguem o modelo
instaurado pelo Santo Ofício é que os réus não tinham praticamente nenhum
direito de defesa. Nas leis jurídicas modernas, todo mundo é inocente até que
se prove o contrário. Na lei da Igreja, todo mundo era culpado até que se
provasse o contrário. Era o réu que tinha que provar sua inocência, não os
inquisidores que tinham que provar sua culpa. O ônus da prova estava todo com o
réu, que já entrava no processo com a presunção de culpa, e por causa disso os
inquisidores sentiam-se livres para torturá-lo e para lançar mão de todas as
técnicas mais desprezíveis a fim de que o réu confessasse o que ele já era considerado, ou seja, um culpado.
A aberração deste princípio pode
ser resumida com um exemplo ilustrativo. Imagine se alguém te prendesse sob a
acusação de que você escondeu uma bomba em algum lugar de São Paulo. Mas não
são eles que têm a necessidade de fornecer evidências de que você escondeu a
bomba, mas sim você que tem que provar que não escondeu. Como você provaria que
não escondeu a bomba? Não tem como. Para piorar, os inquiridores te torturam
vez após vez até que você admita logo que escondeu a bomba. Nestas
circunstâncias, mesmo que você não tenha escondido bomba nenhuma, você
“confessa” que é um terrorista. Era assim que funcionava a Inquisição, com a
diferença de que, em vez de bombas (um mal concreto), lidavam com “heresias”
(um mal imaginário).
Todo este conceito que condenava
o réu a priori está muito bem documentado
no Manual dos Inquisidores. Eymerich afirma expressamente que “a suspeita grave por si só é o bastante para condenar,
não se admitindo nenhum tipo de defesa nesse caso”[1].
E nunca é tarde para lembrar que, nas regras da Inquisição, bastavam duas
testemunhas com boatos para constituir uma “suspeita grave”. O inquisidor
Francisco Peña, amparado por numerosos documentos jurídicos eclesiásticos,
explicava que bastava a existência de duas testemunhas para provar nem mesmo
uma “forte suspeita”, mas a certeza da acusação:
Gui Foucoi foi o primeiro, que eu
saiba (Consultationes ad inquisitores
haereticae pravitatis, pergunta 15, c. 18), a estabelecer o princípio de
que duas testemunhas dignas de fé bastam
para fundamentar uma certeza. Todos os especialistas aprovaram, depois,
este princípio, ponto por ponto, de acordo com a normal vulgar e comum do
Direito humano e divino, segundo o qual in
ore duorum vel trium stat omne verbum (“dois ou três depoimentos são
irrefutáveis”).[2]
Isso tudo resultava que o réu,
fosse ele inocente ou culpado, estava lascado. Eymerich ainda faz questão de
acrescentar que “a acusação vale por si mesma em
qualquer situação: basta que uma pessoa seja publicamente apontada, para
receber uma pena canônica, ou ser expulsa da Igreja, se recusá-la”[3].
A obsessão da Igreja pela
condenação do réu era tanta que ela conclamava a literalmente qualquer um,
mesmo que fosse um bandido, para testemunhar, desde que fosse contra o réu, nunca a seu favor.
Respondendo à pergunta que diz: “Os difamados e criminosos podem testemunhar? E
os servos podem testemunhar contra seus senhores?”, Eymerich responde: “Sim. O crime de heresia é de uma tal gravidade, que
mesmo os criminosos e difamados podem testemunhar”[4].
E quando a pergunta era: “O inquisidor poderá aceitar depoimentos – contra ou a
favor – da mulher, do filho ou de parentes do acusado de heresia?”, a resposta
era: “Poderá aceitar testemunhos contra, mas não a
favor”[5].
Para piorar, o conceito
inquisitorial de “parentesco” ia muito além daquilo que nós entendemos hoje.
Incluía até mesmo os criados, servos, colonos, libertos, empregados e
mercenários do réu. Nenhum deles podia testemunhar a favor, apenas contra, como
comenta Peña:
Entende-se por “parentes” do acusado
apenas o cônjuge, os filhos e os parentes mais próximos (porque todos têm
interesse em escapar da vergonha que lhes atingirá, caso o réu seja condenado),
mas também todos aqueles que, de alguma maneira, compartilham do pão e do vinho
do acusado: criados, servos, colonos, libertos, empregados, mercenários. Nenhum
deles pode testemunhar a favor do acusado.[6]
Assim, você já deve imaginar a
dificuldade que o réu tinha para encontrar qualquer testemunha que prestasse
depoimento em seu favor. O seu círculo de convivência não podia ser usado como
testemunha favorável, e o testemunho das pessoas de fora não seria suficiente,
visto que elas não conheciam direito o réu ao ponto de servir como prova de que
sempre foi um bom católico. Se praticamente todo mundo que ele conhecia e com
quem convivia não podia testemunhar a seu favor (embora pudesse testemunhar
contra), quem poderia defendê-lo para provar que era um bom católico? O
Chapolin Colorado, talvez.
Falbel acrescenta ainda que “mulheres, escravos ou crianças podiam servir de testemunhas da
acusação, mas nunca da defesa”[7].
Como se isso tudo não bastasse, as eventuais testemunhas de defesa ainda
eram torturadas pelos inquisidores até que se arrancasse da boca delas a
“verdade” sobre o réu que defendiam:
Os cúmplices – ou testemunhas
eventuais – chamados para depor devem prestar juramento como testemunhas
normais. Mas o cúmplice chamado a depor deve prestar juramento? Lógico, porque
quando presta o depoimento ele o faz na qualidade de testemunha, e não de
acusado. E é como testemunha que é ouvido. Entretanto, o cúmplice nunca
testemunha com facilidade. Por isso, independentemente da sua condição, pode-se
torturá-lo para arrancar-lhe a verdade.[8]
Reflita um pouco sobre isso. Além
da defesa do réu ser praticamente nula, as poucas testemunhas que teria a seu
favor ainda eram torturadas até que se extraísse delas a confissão de culpa do
réu. Quem, em sã consciência, iria testemunhar a favor de um réu da Inquisição
nestas condições? Obviamente, ninguém. Os inquisidores eram tão satânicos que
mesmo com as testemunhas a favor do réu eles conseguiam arranjar um jeito de culpar o próprio réu, nem que para isso
fosse necessária a tortura. A confissão de culpa tinha que vir de qualquer
jeito, e através de qualquer um. Tudo o que importava era declarar aquilo que o
réu já era considerado desde o início: culpado.
Nos primeiros tempos da
Inquisição, o réu não tinha direito sequer a um advogado – algo comum e
imprescindível nos tribunais civis. Eymerich escreve:
Vamos esclarecer logo que, nas
questões de fé, o procedimento deve ser sumário, simples, sem complicações e
tumultos, nem ostentação de advogados e
juízes. Não se pode mostrar os autos de acusação ao acusado nem
discuti-los. Não se admitem pedidos de adiamento nem coisas do gênero.[9]
Mais tarde, passaram a admitir a
existência de advogados, mas, curiosamente, continuaram vetando a amostra dos
autos de acusação mesmo para os advogados. Como Toby Green afirma, “os advogados não tinham autorização para ver as provas
contra os acusados”[10].
Ou seja, o advogado não podia fazer nada para salvar seu cliente. Por que,
então, um advogado estava ali? Simplesmente como mais uma tática de pressão da
Inquisição para forçar o réu a confessar. Os “advogados”, escolhidos a dedo
pela própria Inquisição, estavam ali apenas e exclusivamente para convencer o
réu a confessar sua própria culpa. Green desmascara mais este embuste da
Inquisição quando diz:
Conselhos de defesa passaram a ser
convocados segundo os critérios dos inquisidores, com base em uma comissão
designada por eles. Esses advogados escolhidos a dedo não deviam fazer nenhuma
sugestão ao cliente, a não ser aconselhá-lo a confessar; a única obrigação do
advogado era abandonar uma pessoa considerada pertinaz ou herege teimosa – isto
é, alguém que não confessava –, e exortar o cristão a dizer a verdade.[11]
Mesmo se tratando de mais uma
manobra sorrateira da Inquisição, ainda hoje apologistas católicos fraudulentos
e impostores continuam usando o “argumento dos advogados” para passar a falsa
noção de que a Inquisição favorecia a defesa do réu. São embusteiros até não
ter mais como.
Outro aspecto curioso do Santo
Ofício que denuncia a presunção de culpa do réu desde o início é o fato de que
eles recorriam à tortura justamente nos casos em que eles não tinham como
provar a culpa do réu. Peña diz que “não se deve
recorrer à tortura nos delitos manifestos, mas somente nos delitos ocultos, que
são mais difíceis de comprovar”[12].
A razão pela qual eles não torturavam nos “delitos manifestos” era óbvia: como
estava claro que o réu se tratava mesmo de um “herege”, era enviado logo ao
auto da fé para ser executado ou penitenciado.
Mas o que chama a atenção é que
os réus que não tinham nenhuma prova contra eles, em vez de serem soltos em
função disso, eram torturados até que
se conseguisse extrair uma confissão de “culpa” pela sua própria boca. Ou seja,
o réu era considerado culpado desde o início, e essa culpa a priori teria que ser manifesta de um jeito ou do outro –
geralmente, do outro. Para piorar,
todos os que fossem suspeitos de reincidência na heresia não eram nem sequer
processados para dar início às investigações que descobririam se as acusações
eram verdadeiras ou falsas – eles simplesmente eram mandados à fogueira sem
processo algum.
É sobre isso que Eymerich se
referia quando escreveu:
Quem deve morrer, quem deve escapar
com vida? Se nos restringirmos às Bulas Ad
abolendam e Excommunicamus, todos
os reincidentes têm que ser entregues ao braço secular, sem processo nenhum.[13]
Todos eles [os relapsos], solicitando
ou não o perdão sacramental, serão entregues ao braço secular, sem nenhum tipo
de processo.[14]
Por tudo isso, Lina Gorenstein
estava coberta de razão quando disse que, “da
maneira como estava construída a máquina inquisitorial, o réu era sempre culpado.
Devia assumir a culpa, pedir misericórdia e tinha que confessar o que os
inquisidores queriam ouvir: que cometera o crime. Assim, milhares foram
condenados inocentemente”[15].
Essa realidade é tão marcante e insofismável que até mesmo apologistas católicos
que em geral mentem sobre a Inquisição para defendê-la admitem isso. João
Gonzaga, por exemplo, assumiu em seu livro:
No moderno Direito vigora o princípio
de que o réu deve ser presumido inocente, enquanto não houver sentença
condenatória. Outrora, vigia o princípio inverso: a mera circunstância de se
achar alguém submetido a processo criminal induzia a presumir sua culpa. Nenhum
empecilho de consciência havia, portanto, para infligir a tortura a um acusado.[16]
Os tribunais eclesiásticos... partiam
do pressuposto de ser verdadeira essa imputação [de culpa]. Logo, ficava mais
fácil admitir que esse homem podia ser levado à tortura.[17]
Walker concorda quando diz que “a Inquisição
papal-dominicana rapidamente se desenvolveu em um órgão dos mais formidáveis e
terríveis. Seus procedimentos eram secretos, e os nomes dos acusadores não eram
fornecidos aos acusados, os quais, mediante uma bula de Inocêncio IV de 1252,
eram passíveis de tortura”[18].
Nazario complementa que “o réu é considerado culpado a priori, já que é preciso ‘ter por culpado o acusado para arrancar
sua culpa’. Ao acusado só resta confessar tudo, sem conhecimento de nada”[19].
E Malucelli enfatiza que, “diante dos tribunais da
Inquisição, um suspeito era considerado culpado, a menos que conseguisse provar
a própria inocência”[20].
Frédéric Max acrescenta que a
Inquisição se resumia a:
Tribunais secretos, com julgamentos
arbitrários e sem recurso, baseados em depoimentos de testemunhas sem rosto,
encarniçados em destruir vidas humanas para castigar pretensos crimes, quase
sempre de essência religiosa, e dos quais cabia frequentemente ao acusado
adivinhar e definir ele próprio a natureza.[21]
O processo penal da Inquisição
só não era tão ruim quanto o de sua época porque era pior. Bethencourt compara
o processo penal inquisitorial com o dos tribunais civis da época e conclui:
O que distingue mais claramente o
processo inquisitorial das práticas processuais da época: os acusados não
podiam conhecer os nomes de seus denunciantes ou das testemunhas de acusação,
nem sequer as circunstâncias de tempo e lugar dos crimes imputados. O efeito
perverso desse sistema, e, sobretudo, sua “rentabilidade” no âmbito das novas
denúncias extorquidas, foi regularmente denunciado pelos cristãos-novos nas
petições apresentadas ao papa e ao rei.[22]
Malucelli diz também:
O réu não tinha direito de saber quem
o acusava nem de confrontar os acusadores ou ler todos os atos que lhe diziam
respeito. Eventuais testemunhas de defesa corriam o risco de, por sua vez,
serem acusadas de cumplicidade. Aqueles que colaboravam com os inquisidores,
ajudando-os a pegar um suspeito, por exemplo, obtinham, em compensação, as
mesmas indulgências que os peregrinos que iam à Terra Santa.[23]
Os inquisidores eram, ao mesmo tempo,
policiais, carcereiros, acusadores e juízes. Qualquer besteira já era
suficiente para acabar em suas garras: um boato, uma carta anônima, um
comportamento ligeiramente diferente do normal. Até ser devoto demais era considerado
comportamento duvidoso. O suspeito era considerado culpado se não conseguisse
provar a própria inocência. E quem testemunhava em favor de um suposto herege
podia, por sua vez, tornar-se suspeito e sofrer um processo.[24]
E Assis confirma:
A Inquisição contava com o segredo da
denúncia. Aos acusados não era permitido saber a acusação sofrida ou o nome de
seus acusadores. A estratégia levava o denunciado a se comprometer mais, sendo
incentivado a confessar todos os atos heréticos que houvesse praticado durante
a vida.[25]
Com isso acabavam, não raro, falando
mais do que deviam, além de envolver outros indivíduos. Uma habilíssima rede de
denúncias alimentada pelas próprias vítimas no desespero de descobrir os
delitos de que foram denunciados e provar sua inocência.[26]
O viajante católico François
Pyrard de Laval (1578–1623), que viveu na época da Inquisição e conhecia bem a
diferença entre esta e a justiça do poder civil, testemunhou que “é esta justiça a
mais cruel e impiedosa coisa do mundo; porque a menor suspeita, a mais leve
palavra, seja de uma criança ou de um escravo que quer ser molesto a seu
senhor, fazem logo condenar um homem à pena última; e dá-se ali crédito a
qualquer criança por mui pequena que seja, contanto que saiba falar”[27].
Ou seja, mesmo os católicos da época sabiam que a Inquisição era a coisa mais
cruel e impiedosa do mundo, pior do que a própria justiça do poder civil da
época, que também era aberrante.
O mesmo autor diz
ainda que “é horrível e espantosa coisa ser alguma
vez ali preso; porque não há nem procurador, nem advogado que fale pelo pobre
encarcerado; mas os ministros daquele tribunal são juízes e partes ao mesmo
tempo”[28].
Sem dúvida, uma justiça monstruosa e inferior aos próprios padrões de sua
época. A visão abominável e desumana de imputação de culpa a priori por parte da Igreja era tão assombrosa e patente que o inquisidor
Conrad Tors, no século XIII, não tinha vergonha de afirmar abertamente que “eu queimaria
cem inocentes, se houvesse um culpado entre eles”[29].
Portanto, não foi sem razão que,
após ter sido processado pela Inquisição em Goa, o francês Charles Dellon
observou, no final do século XVII, que “os juízes
[da Inquisição] praticam um sistema de jurisprudência desconhecido em outros
tribunais”[30]. O sistema penal
da Inquisição não somente não ajudou a formar nada do processo penal moderno,
como ainda conseguiu ser mais hediondo e repugnante que os próprios tribunais
civis de sua época.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
- Extraído do meu livro: "A Lenda Branca da Inquisição".
Por Cristo e por Seu Reino,
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[1] EYMERICH,
Nicolau; PEÑA, Francisco. Manual dos
Inquisidores. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993, p. 78.
[2]
ibid, p. 220.
[3]
ibid, p. 82.
[4]
ibid, p. 217.
[5]
ibid, p. 219.
[6]
ibid, p. 219.
[7] FALBEL,
Nachman. Heresias Medievais. São
Paulo: Editora Perspectiva, 1977, p. 17.
[8] EYMERICH,
Nicolau; PEÑA, Francisco. Manual dos
Inquisidores. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993, p. 216.
[9]
ibid, p. 110.
[10] GREEN,
Toby. Inquisição: O Reinado do Medo.
Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda, 2007.
[11]
ibid.
[12] EYMERICH,
Nicolau; PEÑA, Francisco. Manual dos
Inquisidores. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993, p. 210.
[13]
ibid, p. 84.
[14]
ibid, p. 83.
[15] GORENSTEIN,
Lina; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Ensaios
sobre a intolerância: inquisição, marranismo e anti-semitismo. 2ª ed. São
Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005, p. 17.
[16] GONZAGA,
João Bernardino Garcia. A inquisição em
seu mundo. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 49.
[17]
ibid, p. 90.
[18] WALKER,
Wiliston. História da Igreja Cristã.
3ª ed. São Paulo: ASTE, 2006, p. 359.
[19] NAZARIO,
Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de
massa. São Paulo: Associação Editorial Humanitas: Fapesp, 2005, p. 79.
[20] MALUCELLI,
Laura; FO, Jacopo; TOMAT Sergio. O livro
negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2007.
[21]
Apud GONZAGA, João Bernardino Garcia. A
inquisição em seu mundo. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 102.
[22] BETHENCOURT,
Francisco. História das Inquisições:
Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000, p. 340.
[23] MALUCELLI,
Laura; FO, Jacopo; TOMAT Sergio. O livro
negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2007.
[24]
ibid.
[25] ASSIS,
Angelo Adriano Faria de. Intolerância em
nome da Fé. São Paulo: 2006, p. 19.
[26]
ibid, p. 20.
[27] Pyrard de
Laval. Viagem de Francisco Pyrard de
Laval contendo a notícia de sua navegação às Índias Orientais. Ed. Joaquim
Helidoro da Cunha Rivara. Porto: Livraria Civilização, 1944, v. 2, p. 73.
[28]
ibid.
[29]
Apud LEA, Henry Charles. A History of the
Inquisition of the Middle Ages, II, p. 334.
[30] GREEN,
Toby. Inquisição: O Reinado do Medo.
Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda, 2007.
Anti-First!
ResponderExcluirLucas será que vc poderia responder sobre o artigo do site fiel católico,que fala sobre os versículos que eu não lia quando eu era protestante?
ResponderExcluirRespondi abaixo.
ExcluirLucas,peço que comente cada resposta deste artigo. Pois este site diz calúnia contra o protestantismo. Eu sei que têm muitas refutação,mas gostaria que comentasse sobre este artigo.
ResponderExcluirAntes de mais nada, é importante dizer que este blog já possui três artigos relacionados a conversões ao catolicismo, que eu recomendo que você (e os demais) leiam. O primeiro é uma análise sobre os casos de conversões à ICAR:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.in/2014/01/analisando-os-casos-de-ao-catolicismo.html
O segundo é o mais importante, que mostra o porquê que os católicos estão tão desesperados em noticiar “conversões” – porque estão perdendo fieis em um ritmo alucinante no mundo todo, principalmente para o protestantismo:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/02/noticia-bombastica-mais-um-evangelico.html
O terceiro é uma análise da conversão de um pastor em específico:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/06/famoso-pastor-sueco-se-converte-ao.html
Tendo dito isso, é necessário deixar claro que a Bíblia é o livro que mais libertou gente do catolicismo romano em toda a história. Nenhum outro livro jamais chegou perto da Bíblia. Nem livros escritos por Calvino, nem por Lutero, nem por protestante algum, jamais conseguiu chegar perto do poder que a Escritura Sagrada tem para libertar milhões da seita romana ao longo dos séculos. Essa é a razão pela qual a Igreja de Roma escondeu e proibiu a leitura da Bíblia em língua vernácula por séculos, apenas permitindo quando a sua proibição já era impossível. Por séculos e mais séculos ninguém podia ler a Bíblia exceto os sacerdotes, e o pouco que se lia na missa era no latim, idioma que ninguém do povo conhecia.
Sempre que algum reformador ou pré-reformador como Pedro Valdo, John Wycliffe ou Martinho Lutero percebiam que a Igreja Romana estava errada, procuravam ao máximo traduzir as Escrituras e disponibilizá-las para a língua do povo, pois tinham consciência do efeito que ela teria nas massas se tão simplesmente elas as lessem. Enquanto uma igreja proibia e escondia a Bíblia do povo, pois sabia que este livro era um “inimigo”, a outra dava a Bíblia para o povo ler, pois sabia que bastava que o povo conhecesse a verdade, para que a verdade o libertasse. Dito e feito.
Sobre aquele ex-pastor em especial, ele nunca pode ser considerado um evangélico legítimo alguma vez na vida. A obrigação de todo evangélico é ler a Bíblia toda várias vezes na vida, e se ele não conhecia aqueles versos, ainda mais sendo pastor, é sinal de que nunca foi evangélico de fato. Era apenas joio no meio do trigo, que depois se tornou presa fácil de qualquer apologista meia-boca como Scott Hahn. Se ele nunca tinha visto aqueles versículos, é porque ele era qualquer coisa, MENOS UM EVANGÉLICO, e ainda menos um “pastor”.
No mais, todos os versículos por ele ressaltados já foram amplamente comentados e explicados neste blog. Por exemplo, sobre a Igreja (que não sei da onde ele descobriu que era a “Romana”) ser a coluna e sustentáculo da verdade, escrevi sobre isso aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/06/a-igreja-e-coluna-e-sustentaculo-da.html
Sobre 2ª Timóteo 3:14-17 provar ou não a Sola Scriptura, eu tenho o maior estudo exegético sobre a passagem de toda a internet, que você pode conferir aqui:
http://apologiacrista.com/a-sola-scriptura-p3
A versão bem mais resumida você pode ler aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/09/2-timoteo-314-17-e-sola-scriptura.html
Sobre o texto de 2ª Tessalonicenses 2:15, o Alon tem um estudo bastante completo que eu publiquei aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2015/09/paulo-e-as-tradicoes-do-catolicismo.html
Sobre Mateus 16:18, eu também sou o autor do maior estudo exegético disponível na internet acerca deste texto, que você pode conferir aqui:
Excluirhttp://heresiascatolicas.blogspot.in/2014/01/estudo-exegetico-completo-sobre-mateus.html
Sobre Apocalipse 14:13, chega a ser ridículo usar uma passagem dessas para dizer que as obras salvam. Tudo o que o texto está dizendo é que seremos recompensados de acordo com as nossas obras, este é o nosso galardão, não a nossa JUSTIFICAÇÃO, que é pela fé. Sobre isso há uma quantidade esmagadora de versículos que você pode ler aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2014/01/a-sola-fide-na-biblia-justificacao.html
Sobre João 6:56, tenho uma série de artigos sobre ele e todo o seu contexto que você pode conferir abaixo:
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/08/joao-6-e-transubstanciacao-parte-1.html
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/08/joao-6-e-transubstanciacao-parte-2.html
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/08/joao-6-e-transubstanciacao-parte-3.html
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/08/joao-6-e-transubstanciacao-parte-4.html
http://heresiascatolicas.blogspot.in/2012/09/joao-6-e-transubstanciacao-parte-5-final.html
Sobre Maria ser bem-aventurada, isso nenhum protestante na história da Igreja jamais contestou. Se ele contestava, é mais uma prova de que nunca foi pastor de verdade. Mas isso não significa que devamos idolatrar Maria: foi o próprio Senhor Jesus que disse que os que ouvem a palavra de Deus e a guarda são bem-aventurados antes que Maria:
"E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: ANTES bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guarda" (Lucas 11:27-28)
Em síntese, se esse tal “ex-pastor”, se é que chegou a ser evangélico alguma vez, se converteu ao catolicismo por meio desses versículos, é porque não tinha absolutamente nenhum preparo bíblico e muito menos conhecimento apologético. A interpretação católica não é a melhor para nenhum deles; são apenas distorções grotescas que se opõem ao sentido natural dos textos. Prova disso é aquele final pitoresco onde ele pega a passagem em que Jesus entrega Maria aos cuidados de um discípulo específico, João, e descaradamente aplica este versículo em um sentido espiritual oculto a todos os cristãos de todas as eras, sendo todos eles “filhos de Maria”. Se isso não é picaretagem de quem tem prazer em distorcer, cuspir e pisar em cima das Escrituras, eu não sei mais o que é.
Abs.
vlw Lucas. Ótimo artigo. O livro MANUAL DOS INQUISIDORES tá traduzido no português? onde vc comprou?
ResponderExcluirEu peguei emprestado na biblioteca da UFPR e depois fiz um Xerox do livro, já que você não encontra ele à venda em nenhuma livraria. Talvez seja possível comprá-lo pela internet, se já não estiver esgotado e se você julgar confiável. De uma forma ou de outra, eu recomendo fortemente que você encontre um jeito de ler este livro a fim de entender melhor a Inquisição. Abs!
ExcluirOs protestantes dizem que a salvação é somente pela fé, não pelas obras.
ResponderExcluirMas a fé é uma obra.
Pronto, refutei toda a teologia protestante com menos de 20 palavras.
O Lucas provavelmente não vai responder o meu comentário, porque eu refutei toda a teologia protestante, e, por consequência, esse bloguezinho xexelento dele.
TREMAM DIANTE DE MIM TODOS OS APOLOGISTAS PROTESTANTES! EU SOU AQUELE QUE REFUTA O PROTESTANTISMO DE FORMA MUITO FÁCIL! O LUCAS BANZOLI TEM MEDO DE DEBATER COMIGO
KKKKKKKKKKKKKKKKK, SEU ARREGÃO
Nossa cara, como você é bom, acabou de refutar toda a teologia protestante com um texto que parece redigido por uma criança de segunda série do fundamental, estou impressionado!!! Lutero ficaria em prantos se na época dele encontrasse um gênio como você! Todos os teólogos protestantes com PhD destes últimos cinco séculos estão se revirando no túmulo neste momento! Que honra poder ter um "refutador" comentando neste humilde blog protestante!
ExcluirAgora falando sério: eu não faço a menor ideia se você escreveu este texto na seriedade (pensando realmente estar refutando alguma coisa) ou se está só brincando comigo fazendo piadinhas. Tenho quase certeza que é piadinha de bebezão escrevendo durante o recreio, mas dada a ínfima possibilidade de você ser "sério", me vejo na obrigação de responder com isso:
“Pois vocês são salvos pela graça, POR MEIO DA FÉ, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; NÃO POR OBRAS, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9)
“Mas aquele que SEM OBRA ALGUMA crê naquele que justifica o ímpio, a SUA FÉ lhe é imputada em conta de justiça” (Romanos 4:5)
Note que Paulo contrasta fé e obras, e diz com respeito ao que tem fé que sua fé seria imputada como justiça SEM OBRA ALGUMA, ou seja, deitando por terra a tese retardada de que a fé seja uma obra. Paulo jamais colocaria fé e obras em oposição se a própria fé fosse uma obra. Em Efésios 2:8-9, ele diz que a salvação é de graça, pela fé, e NÃO POR OBRAS, porque obviamente a fé não é uma obra. Obra é algo que você FAZ, que você coloca em prática, e crer não é fazer nada, é apenas uma decisão intelectual.
Mais textos que destroem sua tese fracassada:
“Mas SE É POR GRAÇA, JÁ NÃO É PELAS OBRAS; DE OUTRA MANEIRA, A GRAÇA JÁ NÃO É GRAÇA. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra” (Romanos 11:6)
Não preciso nem comentar nada. Mais um:
“Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, ÀQUELE QUE FAZ QUALQUER OBRA NÃO LHE É IMPUTADO O GALARDÃO SEGUNDO A GRAÇA, MAS SEGUNDO A DÍVIDA. MAS, ÀQUELE QUE NÃO PRATICA, MAS CRÊ NAQUELE QUE JUSTIFICA O ÍMPIO, A SUA FÉ LHE É IMPUTADA COMO JUSTIÇA. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos” (Romanos 4:1-7)
“Aquele que NÃO PRATICA”, ou seja, que não tem obras, “mas CRÊ”, ou seja, que tem fé. Veja como é óbvio para Paulo que crer (ter fé) não tinha nada a ver com praticar algo (fazer obras).
Só volte aqui quando tiver o texto bíblico que diga explicitamente que a fé em si mesma é uma obra. Se não tiver o texto, suma deste blog e volte para o recreio.
SEU HEREGE, FILHO DE UMA SERPENTE!!!!
ExcluirNÃO SABE QUE NÓS CATÓLICOS NÃO ACREDITAMOS NA BÍBLIA?
NÓS ACREDITAMOS NO MAGISTÉRIO ROMANO!!!!
QUANDO VOCÊ MOSTRAR QUE A SUA INTERPRETAÇÃO É CORRETA DE ACORDO COM O MAGISTÉRIO ROMANO, OU SEJA, DE ACORDO COM AQUILO QUE UM DOUTOR DA IGREJA (VÁRIOS SE DOUTORAM TODOS OS ANOS EM TODAS AS PONTIFÍCIAS UNIVERSIDADES CATÓLICAS DO PAÍS), AÍ SIM EU LHE DAREI ALGUM CRÉDITO.
MORRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
ESTAMOS PREPARANDO NOSSO EXÉRCITO, E INVADIREMOS SUA PÁGINA PESSOAL NO FACEBOOK. ROLARÃO XINGAMENTOS, PROFANAÇÃO, TUDO QUE VOCÊ POSSA IMAGINAR. TEMOS MAIS DE 50 SOLDADOS PREPARADOS PARA ESTE FIM, E ESTAMOS CONTRATANDO. ESTEJA AVISADO.
ExcluirOk, estou avisado.
ExcluirLucas, não sou católico, sou mórmon, mas vou refutar o seu texto. Estou elaborando.
ExcluirMórmon é pior que católico. Um politeísta e poligâmico que crê que Deus nem sempre foi Deus mas era um ser humano que “evoluiu” até chegar a ser um dos inúmeros deuses no Universo, que mora perto de uma estrela misteriosa chamada Kolob com várias de suas esposas, que tem carne e osso como os seres humanos, que Jesus se casou nas bodas de Caná e tinha várias mulheres, que Deus teve relações sexuais com Maria para gerar Jesus, que todos nós poderemos ser deuses igual Elohim no futuro, que Jesus e Lúcifer são irmãos, que Cristo veio pregar nas Américas antes de subir aos céus, que um homem que teve 40 mulheres (Joseph Smith) era um profeta super inspirado por Deus, cujos escritos são elevados ao patamar de Escritura, e que crê que só os mórmons serão salvos... que capacidade mental terá para fazer um texto sobre INQUISIÇÃO?
ExcluirMas eu faço questão que você elabore um texto, embora obviamente ninguém vá ler, porque é sempre bom ter algo com que se possa rir. Eu nem exijo que o seu texto tenha dezenas e dezenas de referências bibliográficas entre fontes primárias, fontes acadêmicas e livros de historiadores reconhecidos como os meus artigos possuem, basta copiar qualquer baboseira de blogs católicos de esquina que já tá valendo. Depois de terminar sua obra prima, não se esqueça de mandar o link da “refutação”, eu faço mesmo questão de rir um pouco, afinal vai ser super divertido ver você se embrulhando todo para contradizer todas as fontes primárias e todos os historiadores de renome que eu citei em cada um dos parágrafos do meu humilde texto. Eu pago pra ver.
Fatality hehehehehehe! Deus te abençoe Lucas.
ResponderExcluirDeus lhe abençoe igualmente :)
ExcluirLucas , esta pensando em comprar as "institutas da religião cristãs" , e vc acha que vake a pena, é um bom livro? Quais que esse livro fala ?
ResponderExcluirÉ bom sim, é a primeira espécie de "Teologia Sistemática" (em quatro volumes) da Reforma (escrita por João Calvino). De tudo o que ele argumenta nos quatro volumes, eu só não concordo com o determinismo (que toma boa parte do segundo volume, se não estou enganado) e com a defesa do batismo infantil. Isso não significa que o livro não deva ser lido por causa dessas coisas que eu particularmente considero erros, apenas que é recomendável comparar a argumentação dele com a argumentação oposta de outros autores que pensam o contrário, em vez de comprar todos os argumentos de forma acrítica ou inquestionável.
ExcluirOutra coisa: por se tratar de um livro antigo, a linguagem é meio "arcaica", não é tão leve quanto os livros modernos e pode dificultar a leitura para algumas pessoas. Não sei se você particularmente tem problemas com isso, tem gente que consegue ler livros antigos numa boa e tem outros que acham uma leitura mais chata de se ler por causa do estilo (embora Calvino compense isso com a qualidade da argumentação).
Lucas, pq o Rafael Rodrigues não refuta seus textos sobre inquisição?
ResponderExcluirSerá que ele está se cagando?
Ele não sabe nada sobre o tema, nunca deve ter lido um livro sobre isso na vida, tanto é que nunca escreveu nada de próprio punho, apenas copia e cola textos de católicos americanos no blog dele. A última vez que ele postou algo sobre a Inquisição foi um artigo onde UM suposto historiador (católico, obviamente) defendia a Inquisição, então logo no dia seguinte eu publiquei aqui um artigo sobre o que DEZ historiadores conceituados (das mais diversas vertentes religiosas) tinham a dizer sobre a Inquisição, e ele nunca mais voltou a publicar nada do gênero. Se voltar a escrever algo será até melhor, mais material para ser refutado e enriquecer o livro.
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