Agostinho e a pedra de Mateus 16:18


Em meu último artigo no blog sobre Mateus 16:18, abordei o aspecto do “fundamento da Igreja”, o qual é Cristo, não Pedro (1Co.3:11). Neste presente artigo, buscarei mostrar como que o santo e doutor da Igreja, Agostinho, bispo de Hipona e mais famoso teólogo da era patrística, interpretava a passagem.

Uma nota importante a ser ressaltada aqui: eu não estarei passando a visão de Agostinho simplesmente por ser de Agostinho (como muitos católicos fazem mostrando citações de outros Pais da Igreja), mas sim porque ele é o único a fundamentar a sua posição com base no original grego e em uma exegese aprofundada do texto bíblico – e isso sim é o que nos importa. Portanto, vamos direto aos escritos dele, que diz:

“Mas eu sei que em seguida expus, muito freqüentemente, as palavras de Nosso Senhor: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja’, da forma seguinte: que a Igreja seria edificada sobre Aquele que Pedro confessou, dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo’. Assim Pedro (Petrus) que teria tomado o seu nome desta pedra (Petra), simbolizaria a Igreja que é construída sobre esta pedra e que recebeu as chaves do Reino dos Céus. Com efeito, não lhe foi dito: Tu és a pedra (Petra), mas: Tu és Pedro (Petrus), pois a Pedra (Petra) era o próprio Filho de Deus, Cristo. Simão Pedro, ao confessar Cristo como a Igreja inteira O confessa, foi chamado Petrus (Pedro)”(Retractações, cap. 21)

Agostinho faz aqui uma distinção clara que tenta ser desmentida a qualquer custo pelos sites de apologética católica: a distinção entre Petrus Petra! Sempre costumo perguntar aos católicos que negam tal diferença, se eles sabem mais do que Sto. Agostinho, que usava o grego, falava no grego e escrevia no grego bíblico!

Ou seja: os católicos que negam tal distinção querem dar aula de grego a um doutor de exegese que escrevia em grego e viveu nos primeiros séculos da Igreja, fazendo claramente tal distinção! Pode uma coisa dessas? E depois eles dizem que “seguem os escritos dos Pais”! Será mesmo? O que vemos, a toda hora, é que eles só seguem aquilo que lhes convém seguir.

Agostinho diz que a Igreja estaria edificada sobre aquele que Pedro confessou, e não no próprio Pedro. Quem Pedro confessou? A resposta é clara no próprio contexto de Mateus 16:18 e no escrito de Agostinho: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”! E, para fundamentar a sua posição, ele alega que Pedro é Petrus, que teria tomado o seu nome de uma rocha maior, que é Petra.

Para Agostinho, a diferença entre Petrus Petra lhe mostrava que não se tratavam do mesmo sujeito. Prova disso é que ele diz, logo em seguida, que não foi dito a Pedro que ele era a Petra, mas sim que ele era Petrus, pois a Petra de fundação da Igreja era o próprio Filho de Deus!

Portanto, Petrus é Pedro, mas Petra (que é a pedra sobre a qual a Igreja está edificada) é o próprio Cristo. Se Petra Petrus fossem a mesma coisa, não faria sentido fazer tal distinção claramente evidente, contrastando ambas as sentenças. Ele também escreve:

“E eu te digo…’Tu és Pedro, Rochoso, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus. O que ligares na terra será ligado também nos céus; o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mateus 16:15-19). Em Pedro, Rochoso, nós vemos nossa atenção atraída para a pedra. Agora, o apóstolo Paulo diz sobre o povo, ‘Eles bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo' (1 Coríntios 10:4). Assim, este discípulo é chamado Rochoso à partir da pedra, como cristão à partir de Cristo. Por que eu quis fazer esta pequena introdução? Para te sugerir que em Pedro a Igreja é para ser reconhecida.Cristo, você vê, construiu sua Igreja não sobre um homem, mas sobre a confissão de Pedro. Qual é a confissão de Pedro? ‘Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo'. Lá está a pedra para você, lá está a fundação, lá está onde a Igreja tem sido construída, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer” (The Works of Saint Augustine Sermons, Vol. 6, Sermon 229P.1, p. 327)

Agostinho faz novamente a distinção entre Petrus Petra. A primeira, para ele, significava “rochoso”, enquanto que a segunda era a “rocha”. Ele diz que a nossa atenção é atraída de Petrus (rochoso) para a Petra (rocha) fundamental da Igreja. E para reforçar que essa Petra (rocha) era Cristo, ele apela ao texto de 1ª Coríntios 10:4, que diz que “a pedra (petra) era Cristo” (1Co.10:4).

Então, Pedro é Petrus, enquanto Cristo é a Petra. Assim, Mateus 16:18, diz que “tu és Pedro [Petrus] e sobre esta pedra [petra, que é Cristo] edificarei a minha Igreja”. Ele faz a distinção entre o “rochoso” (petrus) e a “rocha” (petra), dizendo que o primeiro é derivado do segundo, e não o segundo do primeiro. Isso é de fundamental importância, pois mostra-nos que, para Agostinho, havia uma considerável importância maior para Petra do que para Petrus.

Se Petrus vem a partir de Petra, então Petra é superior a Petrus“assim como o cristão a partir de Cristo”. Para Agostinho, Petrus era para com Petra assim como cristão é para com Cristo. Da mesma forma que ninguém contestaria o fato de que há uma superioridade de Cristo em relação aos cristãos (que provém de Cristo), igualmente ninguém discutiria que havia uma superioridade de Petra para comPetrus.

Então, Agostinho diz que a Igreja não está edificada sobre um homem (como arrogam os católicos, colocando Pedro como a pedra fundamental da Igreja a partir de sua má interpretação de Mt.16,18), mas sim sobre a confissão de Pedro que era que Cristo era o Filho do Deus vivo.

Deste modo, ele diz que essa era a Petra“lá está a pedra para você, lá está a fundação, lá está onde a Igreja tem sido construída, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer”. Como vemos, essa pedra, essa fundação sobre a qual a Igreja está edificada, não é um simples homem (Pedro,Petrus), mas sim a Petra que é Cristo, o Filho do Deus vivo. É por isso que Agostinho diz:

“Mas quem dizeis eles que sou? Pedro respondeu, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'. Um de muitos deu a resposta, Unidade em muitos. Então disse-lhe o Senhor, ‘Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas: porque não foi carne e sangue que to revelou, mas Meu Pai, que está nos céus'. Então Ele adicionou, ‘e eu te digo'. Como se Ele tivesse dito, ‘Porque tu tens dito sobre Mim, “Tu és o Cristo o Filho do Deus vivo”; ‘Eu também te digo, “Tu és Pedro”. ‘Porque antes ele era chamado Simão. Agora este nome de Pedro foi lhe dado pelo Senhor, e em uma figura, que ele significaria a Igreja. Porque, visto que Cristo é a pedra (Petra), Pedro é o povo cristão. Porque a pedra (Petra) é o nome original. Então Pedro é assim chamado de pedra; não a pedra de Pedro, como Cristo não é chamado Cristo à partir dos cristãos, mas os Cristãos à partir de Cristo. ‘Então', ele diz, ‘Tu és Pedro, e sobre esta Pedra', que tu tens confessado, sobre esta pedra que tu tens reconhecido, dizendo, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'; isto é, sobre Mim mesmo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'. Eu a edificarei sobre Mim mesmo, não Eu sobre ela (St. Augustin, Sermon XXVI)

Agostinho reitera aqui a superioridade de Petra em relação à Petrus fazendo a mesma analogia de Cristocristãos. Cristo (Petra) era a rocha de fundação da Igreja (cristãos), que estavam sendo representados por Pedro (Petrus) naquela passagem. Assim como Cristo não está edificado sobre os cristãos, mas os cristãos sobre Cristo, Pedro estava edificado sobre Cristo, e não Cristo sobre Pedro, pois Pedro estava como uma figura dos demais cristãos.

Então, vem o principal da passagem, onde Agostinho diz:

“Então', ele diz, ‘Tu és Pedro, e sobre esta Pedra', que tu tens confessado, sobre esta pedra que tu tens reconhecido, dizendo, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'; isto é, sobre Mim mesmo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'. Eu a edificarei sobre Mim mesmo, não Eu sobre ela”

“sobre esta pedra”, que os católicos dizem que se aplica a Pedro, Agostinho dizia que se aplicava à confissão que havia sido dita no verso 16 – que “tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Pedro reconheceu Jesus como sendo o Filho de Deus, e Cristo disse que era sobre esta pedra (Petra) que Pedro (Petrus) havia confessado é que a Igreja estaria construída.

Sendo que essa confissão é que Cristo é o Filho de Deus, a conclusão de Agostinho não podia ser outra:a Igreja estava edificada sobre Cristo, e não sobre Pedro! Era sobre “Cristo, o Filho do Deus vivo”(v.16) que a Igreja estava edificada. Se não fosse assim, Cristo estaria edificado sobre a pedra (Petra) principal da Igreja, e não a Igreja sobre Cristo.

Isso seria inadmissível, tendo em vista que a Igreja não pode estar edificada sobre um simples homem sujeito a falhas, erros e desvios, mas sim sobre alguém que não tem pecado e é o Filho de Deus (Cristo Jesus). Além disso, se fosse Pedro a pedra, então Cristo estaria edificado sobre Pedro, e não Pedro sobre Cristo! Como é que pode o Filho do Deus vivo, sem pecado, imaculado, nosso Senhor e Salvador, estar edificado sobre um homem mortal, falível e pecador?

Isso seria completamente antilógico e de todo incoerente. A Igreja só pode estar edificada sobre uma Rocha inabalável, e essa Rocha chama-se Jesus Cristo. Pedro tinha falhas, Jesus não. Pedro era pecador, Jesus não. Pedro seguia Jesus, e não Jesus a Pedro. Da mesma forma que os cristãos estão edificados sobre Cristo e não Cristo sobre os cristãos, Pedro (Petrus) estava edificado sobre a Petra(Cristo), e não Cristo sobre Pedro. “Eu a edificarei sobre Mim mesmo, não Eu sobre ela”! Foi por isso que Agostinho disse:

“Porque a Pedra (Petra) era Cristo; e sobre este fundamento foi o próprio Pedro edificado. Porque outro fundamento não pode ser lançado além do qual já está posto, que é Cristo Jesus (1Co.3:11)”(Volume VII, St. Augustin, Tractate 124.5)

Agostinho faz uso do mesmo texto bíblico utilizado por mim em meu último artigo – 1ª Coríntios 3:11 – para sustentar a sua tese de que Cristo é o único fundamento, e não Pedro. Pedro, portanto, estava edificado sobre Cristo, e não Cristo sobre Pedro. Sobre o fundamento de Cristo, o próprio Pedro foi edificado!

“Porque, ‘Tu és Pedro (Petrus)' e não ‘Tu és a pedra (Petra)' foi dito a ele. Mas ‘a pedra (Petra) era Cristo', em quem confessando, como também toda a Igreja confessa, Simão foi chamado Pedro” (Saint Augustine, The Retractations Capítulo 20.1)

Finalmente, Agostinho também sustenta a sua tese sob a luz da exegese com base no texto de 1ª Coríntios 1:12, onde ele mostra novamente que a Igreja de Cristo estava edificada sobre Cristo, e não sobre Pedro:

“Porque os homens que desejavam edificar sobre homens, diziam, ‘Eu sou de Paulo; e eu de Apolos; e eu de Cefas', que era Pedro. Mas outros que não desejavam edificar sobre Pedro, mas sobre a Pedra, diziam, ‘Mas eu sou de Cristo'. E quando o Apóstolo Paulo averiguou que ele foi escolhido, e Cristo desprezado, ele disse, ‘Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?' E, como não no nome de Paulo, assim nem também no nome de Pedro; mas no nome de Cristo: que Pedro deveria ser edificado sobre a Pedra, não a Pedra sobre Pedro(St. Augustin, Sermon XXVI.1-4, pp. 340-341)

Os coríntios estavam querendo se edificar sobre Paulo, Apolo ou Pedro. Paulo, porém, assim como Agostinho, diz que a Igreja não deveria estar edificada sobre homens – nem mesmo sobre Pedro – mas sobre Cristo – “eu sou de Cristo” (1Co.1:12)! Agostinho diz que a Igreja não estava edificada nem sobre Paulo, nem sobre Pedro, mas sobre Cristo. Sobre “esta pedra”, que é Cristo, o próprio Pedro estaria edificado. Por diversas vezes o Novo Testamento nos deixa claro que estamos edificados sobre Cristo, não sobre Pedro:

Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, arraigados e EDIFICADOS NELE, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças”(Colossenses 2:6,7)

Paulo nos diz que estamos edificados nele, isto é, no Senhor Jesus Cristo, não em Pedro. Seria muito estranho que Pedro fosse a pedra de fundamento da Igreja, sobre o qual nós estamos edificados, e este fato passasse totalmente despercebido pelos demais apóstolos em suas epístolas, onde não apenas omitiam completamente que Pedro fosse a pedra de edificação da Igreja, como, ainda, diziam que a pedra sobre a qual estamos edificados é Jesus Cristo!

Os católicos tem que se decidir: a pedra sobre a qual nós estamos edificados como Igreja é Pedro ou Cristo? Agostinho diz que é Pedro, os evangélicos dizem que é Pedro, Paulo diz que estamos “arraigados e edificados nele [Jesus]” (Cl.2:7), e ainda diz:

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:11)

Em outras palavras, o que Paulo e Agostinho diziam era nada a menos que o seguinte: é sobre Cristo que nós estamos edificados como Igreja e ninguém mais (nem Pedro) pode ser este fundamento senão o próprio Jesus!

Mas os católicos, séculos depois, começaram a propagar a tese de que Mateus 16:18 aplica a pedra a Pedro, sem analisar o contexto e os versos anteriores, sem analisarem a exegética textual e o original grego e suas concordâncias nominais, sem analisarem doutores em língua bíblica como Agostinho, e ainda por cima aumentam e aumentam o valor dessa frase, como se Pedro não apenas fosse a pedra, como também todos os outros bispos de Roma em sucessão e mais ninguém além deles, e que isso significasse que os papas mandam em todo mundo e ponto final.

Francamente, com uma apologética deste nível nem o próprio Agostinho sonhava em sua época, muito menos o apóstolo Paulo. Devemos apenas orar para que o véu espiritual que cobre e cega a mente dos incrédulos romanos seja desvendado, para que eles passem a enxergar e contemplar a luz do evangelho da glória de Cristo, e não do papa. Porque nós construímos a nossa casa sobre a rocha que é Cristo, e nele é que estamos arraigados e edificados, mas os católicos preferem estar edificados sobre um simples homem, tão pecador quanto eles.

“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda" (Mateus 7:24-27)

Felizmente a nossa rocha é Cristo, e sobre esta rocha o próprio Pedro está edificado, e sobre esta rocha as portas do inferno não prevalecerão.

Paz a todos vocês que estão edificados em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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Comentários

  1. Fazer de Pedro a Rocha, é fazer dele Deus.(Dt 32.15,18,31.Mas como todo católico sabe,Pedro era um simples homem.

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  2. Poucos católicos sabem,mas Agostinho, que outrora admitia que Pedro seria esta Pedra,depois de uma análise minuciosa decidiu expor o seu erro e reconhecer que o texto se referia ao próprio Jesus.Digno de nota é também a tradição dos pais da Igreja,pois num total de 77,apenas 17,ou seja,22% estiveram do lado da teologia papal e 60,isto é,78% sustentaram ponto de vista contrário.O mais interessante é que esses dados são fornecidos por arcebispos católicos. LAUNOY chega a afirmar que esses poucos pais da Igreja (os 17),embora aceitem ser Pedro a pedra,jamais se referem ao bispo de Roma como sucessor de Pedro.O célebre bispo alemão Doellinger,ardoroso em seus combates ao protestantismo e a Lutero,e grande defensor do papado,na última etapa de sua vida reagiu vigorosamente contra a primazia de jurisdição do papa e de sua infalibilidade,e por isso,foi excomungado pelo papa PioIX.Doellinger fez a seguinte afirmação: Quantos padres se ocupam desta passagem!Contudo,nenhum daqueles que possuímos os comentários (Orígenes,Crisóstomo,Hilário,Agostinho,Cirilo,Teodoreto)afirmou sequer uma sílaba sobre o primado de Roma como consequência da missão dada a Pedro e das promessas que recebeu.Fica aí a dica para os irmãos católicos sobre a maioria dos pais da Igreja rejeitarem Pedro como a Pedra.Pois se o catolicismo toma a tradição como fonte superior à Biblia,então tá mais do que na hora de considerá-lo como suporte para a negação dos dogmas católicos.

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  3. Ainda gostaria de saber pq os católicos gostam tanto de divulgar em seus blogs que essas sitações de agostinho são fora de contexto. O que vc diz sobre isso lucas?

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    1. Olá, Emmanuel, a paz. É engraçado ver os católicos dizendo isso, sendo que eu nunca vi alguém "passar o contexto todo" para nós tirarmos as conclusões. Neste mesmo artigo eu citei várias declarações MUITO BEM CONTEXTUALIZADAS de Agostinho, nenhuma desconexa ou fora de contexto, e neste outro artigo refutei as objeções católicas que eles levantam sobre essas citações:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/04/santo-agostinho-e-o-livre-exame.html

      Grande abraço!

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  4. Lucas,vc viu a ''resposta'' desse site ? http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/644-santo-agostinho-e-a-rocha-de-mateus-16-18

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    1. Olá, a paz. Eu já tinha escrito ano passado uma refutação a uma argumentação muito semelhante feita por um outro site católico, que você pode conferir neste link:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/04/santo-agostinho-e-o-livre-exame.html

      A tese de que Agostinho fosse favorável à "ambas as interpretações" é esdrúxula, visto que ele SE OPUNHA explicitamente à que dizia que a pedra era Pedro:

      "Cristo, você vê, construiu sua Igreja não sobre um homem, mas sobre a confissão de Pedro. Qual é a confissão de Pedro? ‘Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo'. Lá está a pedra para você, lá está a fundação, lá está onde a Igreja tem sido construída, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer” (The Works of Saint Augustine Sermons, Vol. 6, Sermon 229P.1, p. 327)

      Agostinho não teria nenhuma razão para refutar a tese de que a pedra era Pedro se ele cresse que as duas interpretações coexistem pacificamente. No entanto, ele escreve um livro chamado RETRATAÇÕES, onde uma das coisas que ele se retrata é justamente da sua interpretação antiga de que Pedro fosse a pedra! Por que ele estaria se retratando de uma interpretação que não fosse errada? Mistério.

      Não adianta nada passar citações de época anterior, onde Agostinho expressava sua opinião antiga, como o Sr. José Miguel Arraiz faz, caçando textos isolados para o seu artigo. O que conta é a opinião final do autor. Pegar opiniões que o próprio autor se retratou mais tarde é pura desonestidade, seria o mesmo que um católico pegasse trechos de Lutero na época em que ele ainda era católico e tentar dizer que esta foi a opinião final de Lutero sobre algum tema. O que deve ser avaliado é a opinião final que um autor tomou após refletir sobre alguma questão, e Agostinho claramente se posicionou contra a tese de que a pedra era Pedro após refletir sobre o tema.

      Abraços.

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  5. Olá, Lucas. Ótimo artigo, como de costume. Gostaria de pedir a você uma bibliografia sobre o pensamento de Santo Agostinho (tanto livros dele quanto bons autores que o interpretam de maneira fiel, não deturpando o seu pensamento). E uma dúvida: qual a melhor editora p se comprar os livros dos Pais da Igreja em geral na nossa língua?

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    1. Infelizmente aqui no Brasil quem tem os direitos autorais é a Paulus, uma editora católica e profundamente tendenciosa. Se você puder, é claro, compare com as traduções em espanhol e em inglês (não estou dizendo que é proibido ler a Paulus, apenas que não deve lê-la acriticamente).

      Sobre Agostinho, o melhor mesmo é ler o que ele próprio escreve de si mesmo. Leia "A Doutrina Cristã", "Cidade de Deus" e "Confissões", que são as três obras mais famosas e populares dele, e assim você pode chegar às suas próprias conclusões.

      Abs!

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    2. Terias a tradução em espanhol não-tendenciosa de tais obras? Tenho mais familiaridade com esta língua. E se você puder dizer (resumidamente, só os nomes) também quais doutrinas romanistas aparecem nas obras de Agostinho, agradeceria.

      Mas, desde já, muito obrigado pela sua atenção! Deus abençoe!
      Abraço.

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    3. Veja aqui:

      http://www.augustinus.it/spagnolo/discorsi/index2.htm

      De doutrinas católicas que você poderá encontrar em Agostinho, eu destaco a intercessão dos santos falecidos, a crença na virgindade perpétua de Maria e em "Maria mãe de Deus", e o batismo infantil. No mais, Agostinho era muito mais próximo do que hoje é uma igreja protestante do que da católica.

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