O que é a marca da besta?

Alguns católicos preteristas arriscam que a marca da besta é o sinal com as mãos que os romanos faziam antigamente, o “Ave César”, que era a forma de saudação dentro do Império Romano entre aqueles que seguiam e aceitavam as suas ideologias. Essa interpretação, que por si só já é um completo fracasso, tem sido um dos alvos de maior rejeição pelos críticos do preterismo (e pelos próprios preteristas!).  

Em primeiro lugar, é necessário deixar claro uma coisa: 

-A marca da besta era uma marca NAS mãos, e não COM as mãos! 

Essa distinção, que a primeira vista parece pequena, é de crucial importância para rejeitarmos tal interpretação. Vejamos o que João nos diz no Apocalipse: 

“E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal nasua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome”(Apocalipse 13:16-17) 

Note que o sinal era na mão ou na testa, e não com as mãos. O “Ave César” não era um sinal “nas” mãos (não havia nada em suas mãos), mas sim “com” as mãos (em seu gesto de saudação corrente entre os romanos). Logo, tal interpretação preterista carece de fundamentação bíblica sólida ou consistente. 

Em segundo lugar, o sinal seria posto nas mãos OU na testa. Este “ou” faz toda a diferença, pois mostra que seria uma opção da própria pessoa se este sinal seria colocado na mão direita ou se tal pessoa prefere que seja colocado na testa. De qualquer forma, o fato é que não era um sinal nas mãos e nas testas, mas sim um sinal nas mãos ou na testa. Em outras palavras, ou era na mão e não era na testa, ou era na testa e não era na mão. Essa evidência o preterismo também não consegue escapar, pois, para eles, tudo se resumiria somente à mesma coisa: a saudação do “Ave César”, feita com as mãos.  

Primeiro, não há nada na saudação do “Ave César” que ligue algum sinal na testa; segundo, não haveria nenhuma forma de distinguir se seria nas mãos ou na testa, pois todas as saudações eram iguais e eram praticadas da mesma forma, todas com a mão, e nenhuma delas que não usasse a mão direita. Portanto, não haveria nenhuma forma de ser na mão “ou” na testa, pois tudo seria resumido à mesma forma de saudação, e sempre somente com a mão. 

Em terceiro lugar, não há nada que indique que sem fazer o “Ave César” ninguém podia comprar nem vender nada. Em qual livro de História os preteristas descobriram que sem fazer esta saudação com as mãos não podia comprar nem vender nada? Por acaso quando alguém ia comprar alguma coisa o vendedor pedia primeiramente que fizesse a saudação do “Ave César”? Claro que não.  

Então, ainda que o “Ave César” identificasse os que eram do império romano, não é verdade que sem praticá-lo fosse proibido de comprar ou vender algo. Se fosse assim, então os discípulos de Cristo, todos os cristãos e o próprio Senhor Jesus nunca teriam comprado nem vendido coisa nenhuma, pois eles também não faziam o “Ave César”! 

Será, então, que Jesus ou seus discípulos morreram de fome por causa disso? Onde está na Bíblia ou na História Cristã qualquer relato de qualquer cristão que tenha sido proibido de comprar algo por ter rejeitado fazer esta saudação? Como que os discípulos de Jesus e o próprio Cristo conseguiram viver sem nunca terem comprado nada de ninguém e nem vendido coisa alguma, se eles não faziam o “Ave César” e, segundo os preteristas, quem não fazia isso não podia comprar nem vender nada?  

Em quarto lugar, como se tudo isso não fosse suficiente para desmoronar essa interpretação falida do preterismo, vemos que Barnabé vendeu um campo, e depositou o preço aos pés dos apóstolos (Atos 4:37). Como ele conseguiu fazer isso, se os preteristas dizem que sem fazer o “Ave César” ninguém podia vender nada?  

Se foi somente tempos mais tarde que começou a ser proibido comprar coisas sem fazer este sinal, onde é registrado na História (e eu permito que os preteristas consultem TODOS os livros de História já escritos até hoje desde o início da humanidade) que começou a ser proibido comprar e vender sem fazer essa saudação?  

A verdade é que nunca foi proibido, na época de Jesus os cristãos não faziam o “Ave César”, mas mesmo assim compravam e vendiam naturalmente, e não há absolutamente nada, nem uma linha, nem um única afirmação histórica que nos diga que isso mudou depois, e que os romanos começaram a proibir de comprar coisas sem fazer este sinal!

Em quinto lugar, o fato é que os próprios preteristas perceberam como que essa tese é alucinante, e começaram a unir essa “explicação” com outra ainda pior: que a ordem de não poder comprar nem vender nada provém do fato de que havia inscrições nas moedas do imperador romano, e por isso ninguém poderia comprar nem vender nada, pois aquelas moedas seriam praticamente “satânicas”! Uau! Então isso quer dizer que nenhum cristão fazia comércio com a “moeda de César”? Então como devemos entender o que Cristo disse, sobre dar a César o que é de César? 

“Dize-nos, pois, o que te parece: É permitido ou não pagar o imposto a César? Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto! Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”(Mateus 22:17-21) 

Em outras palavras, Jesus não era contra fazer comércio com a moeda de César. Ele mandou que dessem o imposto devido fazendo uso exatamente desta moeda com a inscrição de César, então por que ele não iria permitir que comprassem alguma coisa com ela? Será que Barnabé vendeu o seu campo sem receber as “moedas de César”? É claro que não.  

Ele tanto recebeu que a Bíblia afirma que ele depositou essas moedas [com as inscrições de César] aos pés dos apóstolos (At.4:37). Ademais, vemos Jesus contanto diversas parábolas dando como exemplo o denário da época, que tinha a inscrição de César (Mt.10:29; 20:2; 22:19; 20:10; 20:13), e ele não iria usar como exemplo algo que fosse proibido!  

Em momento algum vemos Jesus proibindo que se fizessem uso do denário; ao contrário, vemos muitas vezes na Bíblia os próprios cristãos comprando e vendendo com essa moeda, vemos parábolas de Cristo onde quem representava Deus pagava os seus trabalhadores com essa moeda, vemos Barnabé deixando essas moedas aos pés dos apóstolos, vemos Judas recebendo trinta dessas moedas para entregar Cristo, vemos que os discípulos possuíam uma bolsa onde guardavam as moedas ali dentro (Jo.12:6), vemos que eles muitas vezes faziam uso dessas moedas para comprarem o que era necessário para a festa ou para dar algo aos pobres (Jo.13:29); enfim, vemos em toda a Escritura os cristãos comprando e vendendo com a moeda que tinha a inscrição de César!  

Portanto, embora a moeda realmente tivesse a inscrição de César, que era cultuado como um deus na época, isso nunca, jamais, e em circunstância nenhuma foi qualquer impedimento aos cristãos fazerem comércio com ela, comprarem coisas com ela ou venderem propriedades recebendo essas moedas! Sendo assim, chegamos à conclusão óbvia e inequívoca que a marca da besta não era o “Ave César”, e muito menos a moeda com a inscrição do imperador era o que João diz sobre não poder comprar nem vender nada.  

Então, por mais que os preteristas se esforcem muito em seus malabarismos teológicos para tentarem “explicar” o que era a marca da besta sem admitir que seja uma evidência futurista (e tenho que confessar que eles se esforçam muito, pois eu mesmo não teria tanta criatividade assim para inventar uma coisa dessas), a verdade é que a marca da besta não era o “Ave César”, muito menos a moeda corrente na época.  

Essas explicações mirabolantes às vezes servem para enganar ingênuos, principiantes de Bíblia, amadores, mas não estudiosos da Palavra, que logo de cara descobrem que essa não passa de mais uma furada das grandes, difícil até de acreditar que alguém pôde chegar a tal nível de “explicação”.  

Eu, se fosse preterista, poderia pensar em alguma explicação melhor: talvez que a marca da besta fosse Nero (afinal, tudo de ruim cai em Nero para eles!), ou que fossem os navios que partiam de Társis, o símbolo do Sport Club Corinthians Paulista e seus seguidores, ou alguma marca famosa como o Mc Donald’s – estão aí algumas novas ideias para que as mentes brilhantes e criativas dos preteristas inventem alguma desculpa que não seja tão ridiculamente refutável. 

Do jeito que está, eu não duvido de mais nada. 

Paz a todos vocês que estão em Cristo. 

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

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Comentários

  1. Cara, muito bom seu comentário. eu me diverti e e também instrutivo. Estou fazendo um estudo sobre o apocalipse e entendo que de certa forma a profecia tinha sentido e cumprimento na época de João o Apostolo e também um aviso para os cristão atuais. A paz!

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