Sobre a minha crença na mortalidade da alma - Parte 2


SOBRE A MINHA CRENÇA NA MORTALIDADE DA ALMA
(Parte 2 de 3)

Para o inimigo, bastou inventar a mentira de que “certamente não morrerás” (Gn.3:4), que o homem rapidamente deixou de lado, arquivado em algum lugar, a sua crença numa ressurreição vindoura. Bastou ensinar que a alma não morre para trazer junto consigo todas as outras heresias que vemos hoje: oração pelos mortos, culto aos mortos, intercessão dos santos falecidos, reencarnação, consulta aos mortos, purgatório, limbo, dentre outras inúmeras heresias perpetuadas não apenas pela Igreja Romana, mas por todas as outras seitas.

O que vemos, na verdade, é que todas as heresias tem como fundamento a crença de que a alma sobrevive após a morte. Sem ela, nenhuma das maiores heresias citadas acima existiria. Sem ela, Satanás não teria um pretexto para fazer com que o povo incrédulo ascenda velas aos mortos, beije imagens deles, se prostre diante de imagens de pau e de pedra, reze a alguém que já faleceu, ore por eles ou os consulte.

A imortalidade da alma foi a primeira mentira inventada por Satanás na história da humanidade (Gn.3:4), porque ela é a base e o fundamento de todas as demais mentiras. Na verdade, a maioria dos evangélicos perdem tempo enquanto refutam a crença no purgatório, intercessão dos santos, imagens, idolatria, culto aos santos, dentre tantas outras heresias, pois elas são apenas a consequência, e não a causa de existirem.

Todas elas são consequencias da crença na imortalidade da alma. Destruindo essa maior mentira, todas as outras mentiras caem por terra, sem fazer qualquer esforço, como em um efeito dominó. Enquanto os evangélicos apenas atacarem essas doutrinas em si mesmas, não estarão fazendo qualquer progresso. Só conseguirão quando perceberem que o mal só é cortado se for pela raiz: quando destruirmos a base e o fundamento de todas essas heresias, que é precisamente a imortalidade da alma.

Em resumo, aqui escreve alguém que sempre foi doutrinado com os ensinos de imortalidade da alma e tormento eterno, que sempre frequentou igrejas que criam e creem nisso, que sempre ouviu isso a vida inteira, aí veio a Bíblia e mudou tudo. Como é que isso ocorre? Somente quando estamos com a mente aberta para a verdade. O curioso é que eu já havia lido 1ª Coríntios 15 diversas vezes antes daquele dia. Por que nunca havia notado nada “diferente”? Porque estava com a mente fechada para a verdade.

Enquanto eu estava apenas seguindo uma orientação religiosa proveniente de tradições humanas denominacionais de uma igreja X ou Y, eu podia ler mil vezes aquele capítulo, que iria estar como que com um “véu” espiritual me cobrindo. Mas, uma vez que dispus em meu coração o interesse de descobrir a verdade, e nada além da verdade bíblica, eu conheci a verdade, e a verdade me libertou. Todos se deparam com a verdade, mas apenas alguns poucos estão realmente abertos a aceitá-la. Da mesma forma que Cristo bate na porta do coração de cada um de nós, mas só o aceitamos se estivermos dispostos a isso (Ap.3:20), o mesmo acontece com as verdades bíblicas. Certa vez um amigo meu comentou o seguinte:

“Sabe o que acontece, Lucas? O problema é que a gente pode até ampliar alguma coisa sobre isso, mas não vai pegar. Você, e nem eu, ou quem quer que seja, consegue falar tão alto. A coisa talvez até mude, talvez, se quem padronizou o mandamento, no caso a Igreja Católica, reverter o quadro, dizendo que houve um erro. Muitos recebem as mudanças com alegria, satisfação, concordando com tudo, mas em apenas alguns dias elas voltam à crença comum. Pode-se encher isso aqui de textos e mais textos que convençam as pessoas que nada vai resolver. Que se encha isso aqui de argumentos que nos deixem com olhos lacrimejantes de satisfação, com apenas dez dias sem tocar no assunto, as pessoas são novamente empurradas para a crença tradicional ensinada há milênios, no que se refere a esses assuntos”

Essa é a mais pura verdade, e o que eu mais constato nestes tempos em que eu debato sobre isso. A maioria das pessoas não segue a Bíblia, segue uma religião. Não segue Cristo, segue o ensino denominacional mais tradicional. Não falo mal e nem quero desmerecer nenhuma denominação, mas a verdade está somente na Bíblia. Isso vale tanto para católicos, como principalmente para os evangélicos, que dizem seguir a Sola Scriptura.

O que vemos é que muitas pessoas não estão com a mente aberta para decidir pela verdade bíblica. Elas já têm uma verdade pré-estabelecida na mente delas, oriunda da tradição da igreja X, e defendem essa tradição com unhas e dentes, usando a Bíblia não para descobrir a verdade que está nela, mas somente para encontrar pretextos e passagens que possam corroborar com a crença da tradição. Ao invés de fazer um estudo sério e honesto, com a mente totalmente aberta para a verdade, elas já estão com uma verdade pré-concebida na mente delas, e buscam apoio para essa verdade na Bíblia.

Em outras palavras, a Bíblia não é a fonte da verdade para essas pessoas. A fonte da verdade é a tradição denominacional, e a Bíblia é apenas uma fonte para dar pretextos para essa crença. Sendo assim, não me assusta que tantas pessoas leiam 1ª Coríntios 15 a exemplo de como fazem com inúmeras outras passagens bíblicas que desmentem claramente a imortalidade da alma, mas elas continuam batendo nessa mesma tecla.

Enquanto eu estive com a mente fechada, ainda que lesse 1ª Coríntios 15 ou ouvisse falar sobre ressurreição, não a compreendia. Era como os discípulos, que ouviam Jesus falando explicitamente a eles que iria morrer e ressuscitar ao terceiro dia, mas mesmo sendo tão claro, eles mesmo assim não entendiam, pois o seu entendimento estava encoberto (Lc.9:45). Porém, quando estive com a mente aberta para a verdade, a quantidade insuperável de evidências bíblicas era tão grande que precisei fazer um livro sobre isso.

Com 17 anos eu escrevi durante oito meses um livro com mais de 1 milhão de caracteres sobre este tema, no qual expus mais de 2 mil passagens bíblicas, com 206 provas contra a imortalidade da alma, no Antigo e Novo Testamento, isso sem falar da história judaica e dos Pais da Igreja. Confesso que quando eu comecei a escrever o livro, não sabia nem de 1% daquilo que eu acabei escrevendo. Eu talvez tenha sido o que mais aprendi nesse processo. Na época, eu lia o Novo Testamento inteiro todas as segundas-feiras, o que dava aproximadamente 16 horas de leitura contínua e ininterrupta.

Com a mente aberta para a verdade bíblica, não foi difícil achar uma riqueza bíblica que eu jamais teria descoberto se não me lançasse nas Escrituras e mergulhasse nelas. Jamais teria descoberto tudo isso se não fosse por estar com a mente aberta para a verdade bíblica. É claro que a ajuda de apologistas experientes me ajudaram bastante neste processo. Tenho que ser grato a Azenilto Brito (que gentilmente me cedeu uma síntese do livro de Bacchiocchi e que me ajudou muito com os seus brilhantes artigos sobre o tema), ao Samuele Bacchiocchi (já falecido), a Leandro Quadros, a Oscar Cullmann e a tantos outros.

Porém, acima de tudo tenho que ser agradecido a Deus, pois, sem querer de forma alguma me ensoberbecer, o material presente no livro vai muito além de qualquer coisa que eu tenha lido antes sobre o tema. É puramente Bíblia, Bíblia e Bíblia, do início ao fim. E para tudo isso não precisou cair um anjo do Céu me trazendo todas as revelações. Diferentemente de muitos, eu não fui “arrebatado” para ter visões extraordinárias do Céu ou do inferno para escrever o livro.

Eu não tive nenhum sonho, nenhuma revelação, não vi Deus, não tive contato com um anjo poderoso com uma espada na mão, não fui alvo de uma profecia e nem fui arrebatado ao terceiro céu. Tudo isso que eu descobri não foi de forma extraordinária: foi somente lendo a Bíblia. Algo tão simples, mas tão pouco praticado por muitos. Não digo que todos os imortalistas não leem a Bíblia, mas muitos deles leem com a mentalidade fechada e com os princípios das tradições, que já mostrei acima.

Fico imensamente agradecido ao Senhor por ter me dado a honra de militar por essa doutrina tão abandonada de nossas igrejas nos dias de hoje, chamada ressurreição dos mortos, e poder combater a raiz de todas as heresias e primeira de todas as mentiras, chamada imortalidade da alma. É claro que isso me custou caro. Muito caro. Já fui chamado de “herege” por causa disso não poucas vezes. Muitos outros evangélicos perdem o prestígio e consideração que tem por mim por verem que eu prego uma coisa que vai contra a tradição da Igreja deles. Já sabia desse risco desde o início.

Se eu quisesse agradar a homens, estaria pregando aquilo que todo mundo gostaria de ouvir. Se eu quisesse agradar a homens, estaria ensinando que “certamente não morrerás”. Se a minha intenção em Cristo fosse de fazer amigos que dessem um tapinha nas costas e me apoiassem em tudo o que eu dissesse, certamente estaria pregando que possuímos uma alma, e não que somos uma (Gn.2:7). Esse é o preço pago por pregar a verdade, e sinto que pagarei esse preço até o fim da minha vida.

Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. E, por essa mesma graça, hoje eu fico muito feliz em ver que tantas pessoas já se libertaram dessa doutrina pagã, e hoje estão livres para pregar a ressurreição e a vida.

Em todos os debates que eu tive sobre este tema depois de ter revisto meu conceito sobre a vida após a morte, apenas serviu para acentuar e confirmar ainda mais firmemente que a imortalidade da alma é uma doutrina antibíblica, fundamentada sobre falácias e argumentos fracos e superficiais, que não resistem a uma exegese séria e criteriosa. Já debati sobre isso com pastores e leigos, com evangélicos e católicos, e a cada debate a verdade prevalece, e cada vez mais pessoas se convencem de que a imortalidade da alma nunca foi uma doutrina bíblica.

Já vi pessoas dizendo que são evangélicas e não adventistas, que criam na imortalidade da alma, mas depois leram aquilo que eu escrevi sobre o tema e abandonaram essa doutrina pagã, mesmo tendo lutado durante um tempo consigo mesmas, pois é difícil rejeitar uma tradição humana quando cremos nela achando que é a verdade. Fico também muito feliz por nunca ter visto em toda a minha vida qualquer testemunho de alguém que aconteceu o inverso: que cria na mortalidade da alma e passou a crer na imortalidade dela.

É claro que um adventista que deixa de ser adventista e torna-se evangélico de alguma outra igreja vai abandonar as crenças adventistas e crer naquilo que a outra igreja diz, da mesma forma que o inverso também ocorre: alguém que era evangélico e passa a ser adventista vai logicamente aderir à mortalidade da alma por associação. Por isso, não estou incluindo tais pessoas. Estou falando daquelas que, mesmo não tendo qualquer rigor religioso que o prenda a uma certa denominação, e mesmo sendo de igrejas evangélicas que ensinam a imortalidade da alma, tornam-se mortalistas sem se tornarem adventistas.

Ou seja, eu nunca vi em toda a minha vida algum caso de alguém que era mortalista, leu a Bíblia honestamente e passou a ser imortalista. Isso nunca ocorreu, e eu desafio qualquer um a mostrar o exemplo de qualquer pessoa que seja. Mas o inverso existe aos montões: cada vez mais pessoas estão abandonando a imortalidade da alma e o dualismo para se tornarem mortalistas e holistas, mesmo sem serem adventistas! Isso não ocorreu apenas comigo, isso ocorre com um percentual gigantesco de pessoas.


-Continua na
parte 3, não perca!




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Comentários

  1. Lucas, faço parte do grupo que aderiu a crença bíblica mortalista.
    Como eu já comentei, assim já o cria antes porém com dúvidas devido à tradição. É imensa a quantidade de igrejas evangélicas que pregam a imortalidade da alma!
    É bem o que você mencionou, precisamos analisar as escrituras com a mente aberta para descobrirmos as verdades bíblicas.

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