O Apocalipse e o tormento eterno - Parte 2



Vamos, então, para o outro texto apocalíptico utilizado pelos imortalistas para sustentar essa doutrina:

“E o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 20:10)

Em primeiro lugar, uma importante observação deve ser feita sobre este versículo, que o difere essencialmente dos demais: nele, não está presente os ímpios como pessoas, mas apenas o diabo, a besta e o falso profeta. Ou seja, no limite máximo este texto até poderia provar o tormento eterno do dibao, mas não o tormento eterno de todos os humanos que foram condenados.

Em segundo lugar, temos que ressaltar aqui a amplitude do termo grego “aion” (aplicado em Apocalipse 20:10), que é traduzido por “eterno” ou “séculos dos séculos”, mas na realidade também significa um período de tempo, idade, geração”[2]. Ou seja: não necessariamente eterno!

Por exemplo, vemos que Davi descreve no Salmo 23:6 que “habitarei na casa do Senhor para sempre. Em linguagem semelhante, Jonas afirma: “Desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre, contudo fizestes subir da sepultura a minha vida” (Jn.2:6). Contudo, este “para sempre” não poderia ser mais breve: durou apenas três dias!

Também vemos que a lepra que atingiu a Geazi (servo do profeta Eliseu) “se pegará a ti e à tua descendência para sempre (2Rs.5:27). Será que nos dias de hoje existem leprosos sofrendo de tal enfermidade pelo fato de serem descendentes do problemático servo do profeta? Se a lepra alcançaria “a ti... para sempre”, será que após 2900 anos Geazi continua leproso?

Ana relata ao seu marido Elcana: “Depois que o menino for desmamado, eu o levarei e o apresentarei ao Senhor, e ele morará ali para sempre (1Sm.1:22). Contudo, o “para sempre” aqui duraria até o tempo de sua dedicação, ou seja, até o término de vida dele. O Novo Testamento segue a mesma linha do Velho, já que a palavra grega usada, “aionios”, não significa “eterno” no sentido absoluto da palavra, mas sim “perdurado por um tempo”, tendo assim um sentido de tempo indeterminado, e não de eternidade sem fim. Pode ser eterno, mas não necessariamente.

Por isso, torna-se constante o uso do “aion” onde, de fato, existe um fim. O erudito bíblico Henry Feyerabend faz as seguintes ponderações sobre o “aion” e suas durações:

“51 vezes no Novo Testamento, aionios se aplica à eterna alegria dos redimidos, o que, é claro, não possui limitação de tempo. Pelo menos 70 vezes na Bíblia, essa palavra qualifica objetos de uma natureza limitada e temporária; assim, indica apenas uma duração indeterminada. Quando lemos que Deus é ‘eterno’, isso é verdadeiramente eterno, como entendemos o termo. Quando lemos que as montanhas são ‘perpétuas’, significa que duram tanto quanto possível durar uma montanha” [3]

Isso porque a Bíblia fala sobre “colinas eternas” (Gn.49:26), de “outeiros eternos” (Dt.33;15), e de “montes perpétuos” (Hc.3:6). Evidentemente, as colinas, outeiros e montes terrenos tem um fim de suas existências, não são absolutamente eternos. Igualmente, o aspergir do sangue na festa da páscoa era “ordenança eterna” (Êx.12:24), tanto quanto era a herança de Calebe (Js.14:9), a lepra de Geazi (2Rs.5:27), e a duração do serviço de um escravo (Êx.29:9; 40:15; Lv.3:17). Todas essas coisas tinham, naturalmente, um fim temporal.

A Bíblia diz que Arão devia “queimar incenso diante do Senhor, para o servir e para dar a bênção em seu nome, eternamente (1Cr.23:13). Este “eternamente”, contudo, durou menos de 123 anos (período de vida de Arão). Igualmente, o templo construído por Salomão seria uma “eterna habitação” (1Rs.8:12,13) para Deus, que, contudo, durou apenas alguns séculosantes de ser destruído pelos babilônicos.

Davi relata que Deus o escolheu para que eternamente fosse eu rei sobre Israel”(1Cr.28:4). Aqui, o “aion” equivale a um período de quarenta anos(1Rs.2:10,11). Jonas afirma, como já vimos, que “ferrolhos se correram sobre mim, para sempre(Jn.2:6), em tratar-se de linguagem figurada para quando esteve engolido por um grande peixe e estava na barriga dele. Mas será que Jonas esteve eternamente na barriga do peixe? É claro que não. Aqui o “aion” equivale a somente três dias e três noites (Jn.1:17).

O apóstolo Paulo refere-se ao escravo Onésimo que este deveria voltar a servir a seu senhor “a fim de que o possuísseis para sempre (Fm.15,16). Mas esse “para sempre” significava até o fim da vida do escravo!  Da mesma maneira, o “para sempre” empregado no sentido apocalíptico é até serem consumidos os seus corpos, fato este descrito no verso anterior (v.9). Por isso mesmo, a designação de Apocalipse 20:10 com relação ao destino de Satanás deve ser analisado dentro do sentido apocalíptico e, principalmente, dentro de seu devido contexto textual.

Logo no verso anterior, é nos dito que o fogo os consumiu: “E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os consumiu (Ap.20:9). Nisso fica nítido que o período “eterno” aqui mencionado diz respeito até o momento em que seus corpos fossem completamente consumidos pelo efeito da destruição do fogo.

No texto grego, a duração do “aion” deve sempre ser determinado relacionado à natureza da pessoa ou coisa na qual se aplica. Por exemplo, as montanhas e outeiros seriam “eternos” até o momento em que eles perecerão(Hb.1:11) junto com a terra. De igual modo, alguém seria escravo “para sempre” de outro até que ele morresse. Nestes dois últimos exemplos (e em muitos outros) há um fim temporal àquilo que foi designado “eterno-aion”. Em outras palavras, elas são eternas na perspectiva em que se aplica um outro acontecimento.

Elas são eternas “até que”... se dê um outro acontecimento. No caso de Apocalipse, o “eterno-aion” vai “até que”... sejam criados novos céus e nova terra, e “o mar já não existe”(Ap.21:1) – nem o “lago de fogo”! Isso nos mostra claramente que, aqui, o “aion” equivale até ao momento em que os seus corpos (que não são incorruptíveis como os dos justos – Gl.6:8; Rm.2:7) pereçam completamente até ao ponto de virar cinzas (Ml.4:1-3; 2Pe.2:6).

E isso pode realmente acontecer? Embora na nossa língua possa parecer esquisito que exista um “para sempre... até que” ocorra alguma outra coisa, isso não é incomum quando tratamos de língua grega e hebraica: “O palácio será abandonado; a cidade populosa ficará deserta; Ofel e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, até quese derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e o pomar será tido por bosque” (Is.32:14,15).

Aqui vemos o "para sempre" sendo imediatamente sucedido pelo "até que", em contexto imediato. Ora, no português algo que é "para sempre" não pode ser estipulado apenas até quando se der certo fato. Contudo, embora em nossa língua isso não faça qualquer sentido, no hebraico e grego bíblico sim!

Portanto, aion, no grego, pode ter um fim, dependendo do contexto em que está inserido, e vimos que Apocalipse 20:10 está em um contexto hiperbólico. Hipérbole significa uma “figura de retórica no qual o significado da expressão é exagerado”. Quanto tratamos de Bíblia, o livro mais hiperbólico que existe (i.e, mais repleto de hipérboles do início ao fim) é o Apocalipse. Isso está longe de significar que o Apocalipse “não vale nada”, pois ele tem um profundo valor, inclusive em aplicações teológicas.

Porém, nunca podemos nos esquecer do conteúdo essencialmente enigmático, metafórico e hiperbólico do livro. O autor, o apóstolo João, escreve por meio de figuras de linguagem que por vezes aumenta ou exagera aquilo que poderíamos considerar como sendo “o literal”. Portanto, basear a crença no tormento eterno em cima de uma hipérbole apocalíptica que em si mesma não implica necessariamente em algo eterno, que o contexto anterior descreve aniquilamento e não prosseguimento eterno de vida, e onde o autor frequentemente emprega figuras de linguagem, é no mínimo querer ser incoerente com a exegese.

Não foi a toa que Gilson Xavier de Azevedo empregou dez pontos sobre a exegese apocalíptica que devemos prestar atenção[4]. São elas:

1. Procurar a intenção original do autor (João).

2. Estar aberto à possibilidade de um sentido secundário, por ser profético, não percebido por seu autor ou leitores.

3. Não abusar da “analogia da escritura”. Isto é, não usar outros textos bíblicos abusivamente como chave para a interpretação do Apocalipse.

4. Ser sensível ao pano de fundo da composição do livro.

5. Observar os vários tipos de linguagem figurada do apocalipse.

6. Observar quando o próprio João define as suas figuras de linguagem servindo de partida para a compreensão das outras.

7. Ver as visões como um todo e não forçar alegoricamente todos os pormenores.

8. Lembrar-se que as narrativas apocalípticas raras vezes pretendem oferecer uma narrativa detalhada e cronológica do futuro. A preocupação de João é revelar que, apesar das aparências, Deus está no controle da história e da Igreja.

9. Aprender que os quadros acerca do futuro são exatamente isso - quadros, não sendo confundidos com a realidade (exemplo: as trombetas).

10. Levar em consideração que, às vezes, a literatura escatológica somente será esclarecida quando os fatos ocorrerem.

Coloquei em negrito algumas observações do Dr. Xavier (que, por sinal, não é adventista) que nos mostram de forma clara que é um equívoco fundamentar doutrina onde o texto pode estar claramente sendo uma hipérbole, ainda mais se tratando do Apocalipse. Além disso, vimos também que o verso anterior contesta essa interpretação de existência eterna (Ap.20:9), e vimos também que o aion não necessariamente é algo sem fim.

Portanto, somente alguém muito desesperado que, à luz de todas essas evidências, iria mesmo assim querer fundamentar doutrina em cima dessa única passagem bíblica que, por sinal, nem dos homens pecadores está falando, mas apenas do destino do diabo!

O que podemos inferir dos acontecimentos relatados por João no capítulo 20 e em seu contexto é que:

Os ímpios serão ressuscitados no último dia (Ap.20:5).

O diabo irá reunir todos eles na marcha contra o Cordeiro e os Seus santos (Ap.20:7,8).

Irá cair fogo do Céu até consumi-los completamente (Ap.20:9).

Os efeitos dessa destruição duram eternamente (Ap.20:10).

O tormento como um processo dura até que Deus crie novos céus e nova terra (Ap.21:1).

Nessa nova terra não haverá o “inferno” (lago de fogo), porque na nova criação de Deus não mais haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, porque essas são coisas da criação passada (Ap.21:4).

Portanto, se não há morte, não pode haver um processo eterno de pecadores sofrendo morte eterna consciente; se não há tristeza, não há parentes e amigos nossos que estão ardendo literalmente em um lago de fogo e enxofre, o que nos causaria no mínimo tristeza; se não há choro, então o local de choro e ranger de dentes já chegou ao fim; e, se não há dor, então não há pessoas queimando de dor para sempre em um lago de fogo.

Tudo isso são promessas de Deus para a Sua nova criação, em contraste direto com a “antiga ordem” (Ap.21:4), isto é, a ordem presente. A promessa de Deus é que nessa nova criação, diferentemente desta criação atual, não haverá mais nada disso! Mas se existisse inferno eterno, pecadores pecando eternamente, criaturas murmurando e blasfemando contra Deus para todo o sempre, choro e ranger de dentes sem fim, tristeza e angústia da parte daqueles que veem os seus amigos e parentes sendo torturados sem perdão e das próprias pessoas que estão sofrendo horrivelmente... então nada de diferente em relação a essa ordem presente seria feito na prática.

Para sempre haveria um ponto negro no universo: para sempre haveria o mal,  o pecado, os pecadores, o diabo, a blasfêmia, a morte, a dor, o pranto, a tristeza, o sofrimento,  o inferno. A única forma de destruir o mal para estabelecer uma nova ordem que seja totalmente diferente da atual é eliminando os que praticam o mal. Só assim teríamos uma nova ordem repleta de paz e de harmonia. Só assim a natureza teria a gloriosa revelação dos filhos de Deus. Só assim o bem terá uma vitória definitiva e conclusiva sobre o mal. Só assim que o mal e o pecado serão definitivamente e eternamente extintos da criação de Deus.

Portanto, concluo essa refutação dizendo que Apocalipse 20:10 está em um contexto hiperbólico, onde aion não é algo eterno em seu processo, senão em seus efeitos (como repetidamente acontece em todo o Novo Testamento), e que dura até a criação da nova ordem de Deus, com novos céus e nova terra, onde o mar (e o lago de fogo) já não existe, mas apenas os justos brilhando no Reino de Deus.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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[1] John Stott e David L. Edwards, Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue.

[2] Concordância de Strong, 165.

[3] “Um Evangelista Responde as 101 Perguntas Mais Freqüentes”.

[4] Retirado do livro: “Manual de Exegese Bíblica”, de Gilson Xavier de Azevedo.

Comentários

  1. Paz irmão Lucas,

    Primeiramente reconheço que o irmão é um herói da apologética cristã evangélica. Sou fã dos excelentes artigos do irmão. Parabéns, que Deus continue lhe dando este entusiasmo santo pela verdade evangélica.

    Irmão, como neste ponto eu ainda não tenho certeza de fé, gostaria que tivesse paciência comigo, pois sou leigo. Por favor me corrija nos seguintes pontos:
    Em relação à citação do texto inicial:

    “E o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 20:10).

    Quando o irmão argumenta que ele prova no máximo o tormento do diabo da besta e do falso profeta e não das pessoas ímpias, a besta e o falso profeta não são pessoas ímpias também? E, ainda que não sejam pessoas ímpias, a passagem seguinte não diz que o destino final das pessoas ímpias não será o mesmo do diabo?

    "Mas o Rei ordenará aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos! Apartai-vos de mim. Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos."

    Creio que podemos concordar que o destino de todos estes grupos será o mesmo, correto? Diabo, demônios, besta, falso profeta, pessoas ímpias, todos sofrerão (de alguma forma) o castigo eterno!

    Quanto à questão da fumaça e do fogo, sendo que aquela "sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso algum, nem de dia, nem de noite" (Apocalipse 14:11), dá a entender que a fumaça é conseqüência do fogo, já extinto. Este fogo já teria apagado, ou seja, cumprido o seu propósito de extinguir as almas pecadoras? Neste caso, como fica o entendimento do "Geena", onde o verme não morre e o fogo não apaga, que Jesus utilizou para comparar ao castigo eterno?

    “E, se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a, pois é melhor entrares para a Vida mutilado do que, possuindo as duas mãos, ires para o inferno, onde o fogo que arde jamais arrefece. Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam. E, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, pois é melhor entrares para a Vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno. Onde o teu verme não morre, e o fogo é inextinguível. E ainda, se um dos teus olhos te levar a pecar, arranca-o. É melhor entrares no Reino de Deus com apenas um dos teus olhos do que, possuindo os dois olhos, seres atirado no inferno. Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam." (Marcos 9:43-48)

    Por fim, quanto ao argumento do irmão de determinada palavra ou expressão, neste caso, “para sempre”, “eternamente’, etc, ter significado diferente em outras partes da bíblia parece que descontextualiza a interpretação da palavra no texto principal. Neste caso, o irmão não teria deixado de observar o “Não abusar da “analogia da escritura”. Isto é, não usar outros textos bíblicos abusivamente como chave para a interpretação do Apocalipse.”?

    Sei que o irmão me corrigirá o raciocínio e possivelmente me convencerá de que a doutrina do "castigo eterno" significa somente "aniquilamento eterno" e não "sofrimento eterno".

    Muito obrigado, perdoe qualquer erro e fique na Paz de Cristo. Jacob Lima

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    1. Oi, Jacob, a paz.

      Creio que toda essa discussão está diretamente relacionada com o tipo de interpretação que se toma do Apocalipse. Você o interpreta de maneira mais literal, e eu concordo que com os livros bíblicos em geral esta seja a forma mais correta de se interpretar, mas isto não vale de forma nenhuma para o Apocalipse, que é um livro totalmente distinto e completamente à parte dos demais livros, e por sua vez exige um método distinto de interpretação. No Apocalipse a verdade não está “escancarada”, ou seja, ela não está presente na superfície. O que está na superfície é somente uma metáfora, uma hipérbole ou uma alegoria de algo mais profundo e misterioso que está por detrás desta superfície. É assim que podemos entender, por exemplo, as seguintes passagens apocalípticas claramente não-literais, tais como:

      (1) Cristo no Céu em forma de cordeiro ensanguentado (cf. Ap.5:6).

      (2) Criaturas dentro do mar falando e louvando a Deus (cf. Ap.5:13).

      (3) Várias estrelas caindo sobre a terra (cf. Ap.6:13). Sabe-se que o tamanho das estrelas é maior do que o do nosso planeta e se caíssem estrelas sobre a Terra esta acabaria no mesmo instante e o Apocalipse teria fim.

      (4) Cavalos com cabeças de leão (cf. Ap.9:17).

      (5) Cavalos que soltavam de sua boca fogo e enxofre (cf. Ap.9:17).

      (6) Gafanhotos com coroa de ouro e rosto humano, cabelos como de mulher e dentes como de leão (cf. Ap.9:7,8).

      (7) Um dragão perseguindo uma mulher grávida no deserto (cf. Ap.12:13).

      (8) A mulher grávida no deserto tem asas e voa (cf. Ap.12:14).

      (9) A terra abre a boca engolindo um rio que um dragão soltou com a sua boca (cf. Ap.12:15,16).

      (10) Os trovões falam (cf. Ap.10:3).

      (11) O altar fala (cf. Ap.16:7).

      (12) Jesus tem sete chifres e sete olhos (cf. Ap.5:6).

      (13) Duas oliveiras e dois candelabros soltam fogo devorador de suas bocas (cf. Ap.11:4,5).

      Estes são somente alguns exemplos. No Apocalipse a verdade não está na superfície, está embaixo da superfície. ALGUMAS VEZES João explica o que está embaixo da superfície, mas na maioria das vezes ele não explica, e somos deixados ao mistério. Vejamos um exemplo de quando João explica:

      “Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu fulgor” (Apocalipse 1:16)

      Aqui é o que está “na superfície”. Analisando pela superfície, poderíamos concluir que Jesus tem literalmente sete estrelas em sua mão direita. Mas isso não é verdade, ou seja, não é literal. Neste caso temos a sorte de João nos explicar melhor o que está ABAIXO da superfície, ou seja, qual o significado das sete estrelas, que na verdade são sete ANJOS:

      “Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas” (Apocalipse 1:20)

      Um outro exemplo do caso superfície/profundidade está na questão do “lago de fogo”. João primeiro nos fala de um “lago de fogo”, mas não diz o que este lago de fogo é. Então se analisarmos pela superfície podemos pensar que realmente se trata de um lago pegando fogo mesmo, com chamas subindo, etc. Mas neste caso também temos a sorte de João nos explicar o que está abaixo da superfície (i.e, a profundidade), pois ele nos diz O QUE É esse lago de fogo, que representa meramente a segunda morte, ou seja, a morte definitiva, final:

      Excluir
    2. “Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O LAGO DE FOGO É A SEGUNDA MORTE” (Apocalipse 20:14)

      Estes são apenas dois exemplos aleatórios de um todo muito maior de exemplos na base do “superfície/profundidade”. João diz que existem sete estrelas, mas depois explica que na verdade estas sete estrelas são sete anjos. João diz que existe um lago de fogo, mas depois explica que na verdade este lago de fogo é a segunda morte. Existem muitas coisas que João infelizmente não explicou, e que para nós ainda é um mistério. Mas o que podemos ter certeza é que a interpretação literalista do Apocalipse é uma forma deturpada de interpretação de texto, em se tratando da natureza do livro.

      Não existe um método infalível e universal de interpretação, pois cada interpretação depende da NATUREZA do livro em questão. É por isso que ninguém interpreta uma obra histórica da mesma forma que interpreta uma obra de humor, e que ninguém interpreta uma parábola da mesma forma que interpreta uma lei civil. Por isso em livros de natureza doutrinária (as epístolas, por exemplo) interpretamos literalmente, mas não fazemos o mesmo com um livro DECLARADAMENTE ALEGÓRICO, onde a verdade está por detrás da superfície, e não na própria superfície. Tal é o caso do Apocalipse.

      É a mesma coisa que ocorre nos exemplos que você citou do livro. Eu tinha apenas dito que SE USÁSSEMOS APENAS AQUELE TEXTO o máximo que poderíamos concluir é que o diabo, a besta e o falso profeta seriam atormentados para sempre, mas nunca disse que eu creio nisso, porque está claro que este texto também está na superfície, cujo significado é mais oculto ao mesmo. Eu não posso declarar infalivelmente o que é a besta e o que é o falso profeta, mas com toda probabilidade NÃO se trata de seres humanos como eu ou você, mas de SISTEMAS, e aí podemos conjecturar o sistema papal, o comunismo, o extremismo islâmico, e assim por diante, há muitas possibilidades que se encaixam na profecia, mas é muito difícil que se trate de uma pessoa em específico.

      Então, ao meu ver, tudo o que o texto está dizendo aí é que este sistema (seja ele qual for) nunca mais subsistirá, ou seja, será eliminado do mundo para todo o sempre, e é aí que entra a figura do lago de fogo, que, como vimos, se trata apenas da segunda morte, o que nos ajuda muito na compreensão desta verdade. O Apocalipse é como um quebra-cabeças, onde João nos dá algumas pistas, e as outras temos que buscar por nós mesmos e irmos ligando os pontos.

      O mais importante é que a expressão “para sempre” é muitas vezes usada na Bíblia de forma hiperbólica, isso SEM estar num contexto apocalíptico. Se isso ocorre À PARTE do Apocalipse, ou seja, se em textos de natureza teoricamente literal MESMO ASSIM há o emprego da hipérbole, então QUANTO MAIS em um contexto apocalíptico, cuja natureza do mesmo está repleta de dezenas e dezenas de hipérboles do mesmo tipo, ao longo de todo o livro. Essa só seria MAIS UMA hipérbole no meio de tantas outras. É por isso que a regra geral da exegese é que OS OUTROS livros que explicam o Apocalipse, e não que o Apocalipse explique os outros livros. Nós interpretamos o Apocalipse à luz dos livros mais literais, e não os livros mais literais à luz do Apocalipse. E se o resto da Bíblia inteira apresenta nada a menos que 152 passagens que falam do aniquilamento dos ímpios (veja aqui: http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/152-versiculos-biblicos-de.html), então o Apocalipse deve ser interpretado à luz desta nossa compreensão extraída dos livros literais.

      Você ainda citou outros textos bíblicos que já foram analisados em outros artigos, vou citá-los aqui:

      1) Sobre o “fogo eterno”:
      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2012/12/o-inferno-e-o-fogo-eterno.html

      2) Sobre o “bicho que não morre”:
      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/o-que-e-o-bicho-que-nao-morre.html

      Grande abraço!

      Excluir
    3. Muito obrigado irmão.

      Erudito como sempre, nunca econômico, microscópico ou minimalista como os que não possuem bom fundamento.

      Com certeza vou ler estes seus artigos, bem como todos os demais possíveis para que eu também possa ter certeza de todas estas coisas, as quais são interessantíssimas para quem gosta das Escrituras.

      Mais uma vez, muito obrigado! Fica na Paz.

      Excluir
    4. Lucas,
      O texto de Joao 17:12 parece nos revelar que o apóstolo Judas Iscariotes morreu em uma condição espiritual perdida.
      Outrossim, em Mateus 26:24, està dito que, para o traidor de Jesus Cristo, seria melhor que nao tivesse nascido, ou seja, que sua condiçao pòs-morte seria pior do que antes dele ter nascido.
      Antes de Judas ter nascido, qual era a sua condiçao? Sua condiçao era de não conhecer nada, pois nao tinha nascido, ou seja, uma condiçao semelhante à de uma pessoa que aniquilada (sem consciencia).
      Por isso, segundo o Senhor Jesus, a aniquilaçao nao parece ser o estado pòs-morte de Judas e dos outros iníquos, pois suas condiçoes serao pior do que antes de terem nascido.
      Agora, se na Jerusalem celestial nao entrarà tristeza (Ap 21:4), è muito provavel que naquela cidade ninguem tenha lembrança dos condenados, pois, se houvesse, muitos salvos ficariam tristes ao se lembrarem daqueles que amaram durante suas vidas e que nao se salvaram.
      Por isso, a afirmaçao de que haverà uma pena de vergonha e desprezo eterno (Dn 12:2) parece perder totalmente o seu sentido, se tal pena estiver relacionado aos santos, pois provavelmente eles nao se lembrarao das coisas passadas (Is 65:17).
      Assim sendo, parece mais razoavel entender que a pena de vergonha e desprezo eterno estao relacionadas àqueles que foram condenados, os quais necessariamente terao que estar conscientes para que possam sofrer tal dano por toda a eternidade.
      O que achas, nobre Lucas?
      Deus te abençoe!!!

      Excluir
    5. Discordo totalmente.

      Você está argumentando na base do non sequitur, que é quando uma conclusão não segue as premissas. O fato de que Judas depois da morte estaria em pior situação do que antes de nascer NÃO implica necessariamente em sofrimento eterno, mas apenas em algum tanto de sofrimento, pois até um segundo de dor seria pior do que o estado em que esteve antes de nascer. Dado o fato de que os aniquilacionistas em suma maioria (incluindo eu mesmo) creem em um período de sofrimento temporário e proporcional aos pecados de cada pecador no geena (período este que precede a aniquilação), isso é totalmente compatível com Mateus 26:24. Não implica em "tormento eterno", que é uma expressão antibíblica que JAMAIS é empregada para seres humanos de qualquer tipo.

      Quanto ao argumento de Daniel 12:2, é non sequitur de novo. Do fato da morte eterna ser um estado de "vergonha eterna" para os ímpios NÃO se conclui necessariamente que exista um "tormento eterno". Hitler e outras pessoas que cometaram o mal são motivos de vergonha até hoje, mesmo já tendo morrido e voltado ao pó da terra. O fato de estar separado eternamente de Deus e privado da vida eterna é a "vergonha eterna" que os ímpios sofrerão no futuro. Não tem nada a ver com sofrer conscientemente em um lago de fogo.

      Sobre a tese da amnésia celestial, eu considero este ensino absurdo e antibíblico. Não preciso me alongar neste ponto porque o Gyordano Montenegro (que é imortalista) já fez uma excelente refutação neste artigo:

      http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2013/08/amnesia-celestial.html

      A razão pela qual não haverá tristeza na eternidade NÃO é porque os salvos no futuro terão amnésia dos acontecimentos terrenos, mas sim porque não haverá nenhum amigo ou familiar "queimando para todo o sempre" para que possa se incomodar com isso. E isso está de acordo com os mais de 150 versículos bíblicos explicitamente aniquilacionistas, contra zero textos do outro lado:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/152-versiculos-biblicos-de.html

      Recomendo estudar o assunto do aniquilacionismo com mais profundidade, em vez de se embasar apenas nas refutações superficiais que os imortalistas fazem por aí na internet. Se puder, leia os meus dois livros sobre o assunto, que totalizam mais de 1.200 páginas, que na minha opinião é a literatura básica para qualquer um que queira compreender o mortalismo/aniquilacionismo (tem links de download do e-book completo):

      http://apologiacrista.com/a-lenda-da-imortalidade-da-alma

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/08/meu-novo-livro-os-pais-da-igreja-contra.html

      Abraços.

      Excluir
  2. Nobre Lucas,
    A besta e o falso profeta parecem ser pessoas que, segundo as Escrituras, serao atormentadas por toda a eternidade (ou nao?).
    Outrossim, Hitler è um exemplo de vergonha até o dia de hoje, mas hà outros homens impios que sao lembrados como cidadaos de bem e até como herois por muitos. Portanto, esse nao è um bom exemplo para explicar vergonha e desprezo eterno (até porque o exemplo de Hitler terà fim, com o fim de todas as coisas).
    Se as consequencias da rebeldia sao eternas, porque nao poderia haver um sofrimento eterno, uma vez que "sofrimento" tambem representa uma das consequencias do pecado? Serà que Deus nao tem poder para proporcionar um sofrimento eterno para os homens, vistos de uma maneira holistica?
    Dizer que isso seria injusto (da parte de Deus), me soa como um juizo de valor temerario, pois, de tal juizo, poderao advir tres consequencias complicadas:
    1 - Diminuiçao do valor da rebeldia do homem (contra Deus), como se nao justificasse uma pena eterna; e, o pior, corremos o risco de passar a por em duvida a justiça de Deus em uma serie de passagens biblicas, como, por exemplo, as cosequencias do pecado de um sò homem para toda a humanidade ("porque tenho que pagar pelo erro de Adao?"). Ou seja, abre-se um precedente para que o homem se lulgue mais justos do que o proprio Senhor.
    2 - Diminuiçao do valor dos sofrimentos e morte de Jesus Cristo, os quais terem sido suficientes e capazes para trazer a vida eterna a muitos, mas nao para trazer uma pena eterna para os rebeldes (como se a morte do Filho de Deus fosse uma morte qualquer).
    3 - Aproximaçao da doutrina do purgatorio, ao defender uma suposta proporcionalidade da pena, com posterior pagamento da mesma (pela aniquilaçao).
    Por isso, possivelmente a doutrina da aniquilaçao parece ser uma forma do homem se livrar, inconscientemente, da ideia de uma condenaçao sem fim, algo assustador e muito mais terrivel do que a aniquilaçao, mas que è biblico (pelo menos para o diabo, a besta e o falso profeta).
    Assim sendo, submeto à sua analise.

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  3. Esqueci de dizer-lhe que tambem sou mortalista.
    Deus te abençoe!!!

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    1. Olá, Marcelo. É estranho um mortalista não ser aniquilacionista, mas tudo bem.

      Eu não entendo que a besta seja um indivíduo, mas um sistema. Escrevi sobre isso neste artigo:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/02/quem-e-o-anticristo-e-besta-do.html

      Se a besta é um sistema, como eu e muitos teólogos creem, então o tormento eterno ali é apenas uma metáfora, uma hipérbole ou uma figura de linguagem - todos elementos bastante típicos da linguagem apocalíptica, como este próprio artigo em que você comenta demonstra. É por isso que o erudito F. F. Bruce, mundialmente respeitado e considerado até o "fundador" da apologética moderna, comenta sobre Ap.20:10:

      "Os dois prisioneiros anteriores evidentemente ainda estão aí, pois, junto com seu novo companheiro, serão atormentados dia e noite, para todo o sempre. Visto que a besta e o falso profeta são figuras representativas de sistemas, e não de indivíduos, está em vista aqui evidentemente a destruição definitiva do mal" (Comentário Bíblico NVI, F. F. Bruce, sobre Apocalipse 20:10, pág. 2255)

      Mesmo se a besta for um indivíduo (como alguns creem, que se trata da mesma pessoa do "anticristo" mencionada por Paulo), o apóstolo escreve que Jesus ANIQUILARÁ o anticristo por ocasião de Sua vinda (2Ts.2:8), ou seja, o anticristo não irá para um "sofrimento eterno". Então sendo uma pessoa ou um sistema, é inevitável a conclusão de que não há um tormento eterno literal para a tal besta. O problema é que as pessoas tentam interpretar Paulo à luz do Apocalipse, quando deveria ser o contrário. Como Paulo costumava ser literal e o Apocalipse é tipicamente alegórico, são as colocações apocalípticas alegóricas que devem ser lidas à luz do que Paulo escreveu literalmente, e não o oposto. E se Paulo escreveu que o anticristo e os ímpios serão destruídos e aniquilados, então é isso o que o "lago de fogo" significa. Vale ressaltar que o próprio João disse no final que o lago de fogo era a "SEGUNDA MORTE" (Ap.20:14).

      Voltando à questão de Daniel 10:2, o meu exemplo de Hitler foi apenas um exemplo do mundo natural, de alguém que é motivo de vergonha até hoje, mesmo não estando mais vivo (o que mostra que isso é possível). Mas é claro que na eternidade o que importará é o aspecto espiritual e não o natural, ou seja, mesmo que uma pessoa tenha "feito o bem" aqui na terra e tenha sido um ateu e seja condenado, ainda assim ela será motivo de "vergonha eterna", porque ela cometeu o maior mal de todos, que é negar a Deus. Ou seja, espiritualmente falando, até aqueles que parecem "bons" são "maus", se não são transformados e regenerados pelo poder vivificador do Espírito Santo. E eu entendo que é neste sentido que Daniel fala, uma vez que qualquer pessoa afastada eternamente de Deus por tê-lo negado com suas obras durante a vida está fadada a um tempo eterno de vergonha que é a sua separação de Deus, resultado da morte eterna.

      Você pergunta:

      "Se as consequencias da rebeldia sao eternas, porque nao poderia haver um sofrimento eterno?"

      Poder, pode. O problema não é que não "pode", mas sim que não "é". O problema do tormento eterno é bem simples: a Bíblia não ensina isso em lugar nenhum. Enquanto há mais de 150 passagens de aniquilacionismo, há zero de tormento eterno. Mesmo se você quiser considerar em termos literais Apocalipse 20:10 (que acabei de considerar inicialmente), ainda assim o texto fala somente da besta e do falso profeta, não fala nada da multidão dos não-salvos, então nem ele bastaria para fundamentar esta posição, e ele é o único em toda a Bíblia que poderia ser usado. Todas as outras passagens ou não dizem que o tormento é eterno, ou não usam o termo tormento ou derivados.

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    2. Você disse que a punição pelo pecado é eterna, e sim, é eterna, e por isso mesmo existe a MORTE eterna. Mas o termo "tormento eterno" não é bíblico, simplesmente não existe em lugar nenhum, este é o problema. Não há como ser imortalista na questão do inferno e ser bíblico. A punição eterna pelo pecado é a morte, e esta morte sucede um período temporário de castigo proporcional aos pecados de cada um. Então a questão não é se "Deus tem poder" para proporcionar um tormento eterno, porque ele tem poder para fazer isso ou para aniquilar eternamente. A questão é qual das duas coisas que ele EFETIVAMENTE faz, e não há nada que diga que ele traga sofrimento eterno aos não-salvos.

      Sobre a questão da injustiça, embora eu não tenha tratado deste assunto aqui, foi importante você ter ressaltado, porque certamente não há sentido em um tormento ETERNO, pois seria sem propósito. É irracional crer que Deus faz alguém sofrer terrivelmente em um lago de fogo literal por causa de dez, vinte ou cinquenta anos de pecado na terra, com um tormento que não acaba nunca. Alguns podem negar, mas é praticamente unânime a concepção de que este conceito em nossa mente parece injusto, no sentido de ser desproporcional. E é mesmo. E se formos começar a relativizar os conceitos morais, sequer saberíamos o que é certo e o que é errado, e cairíamos no relativismo moral onde qualquer coisa pode ser certa ou errada, ou pior, onde não há certo e errado!

      No meu livro "Calvinismo ou Arminianismo?" eu escrevo uma refutação a um ponto do hipercalvinismo que defende que conceitos morais como "amor" não podem ser aplicados a Deus por um ser humano; ou seja, que Deus pode determinar todos os pecados e maldades do mundo, e que mesmo assim seria "amor". Mas como, se isso transfigura tudo aquilo que entendemos em nossa mente como sendo "amor"? Se for assim, então não há qualquer sentido em falarmos de "amor" em relação a qualquer coisa que seja, e TODAS as nossas concepções de certo e errado, de justo e de injusto, e de moral e amoral, poderiam estar todas elas contaminadas e não deveríamos fazer juízo algum sobre coisa alguma. Se fazemos juízo de valor, é porque existem padrões definidos em nossa mente. E se um destes padrões repudia o tormento eterno, eu repudio também (embora a causa de eu não crer no tormento eterno é porque a Bíblia ensina o contrário, e não meramente porque a razão ou a moralidade me instiga a isso).

      Sobre o segundo ponto, eu francamente não entendi o argumento. Ficou estranho do jeito que você colocou. Pelo o que eu pude entender, você quis dizer que Jesus veio para trazer tormento eterno aos descrentes, e não apenas para trazer vida eterna aos crentes. Mas o que o próprio Cristo disse foi isso:

      "E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo" (João 12:47)

      O propósito de Jesus em vir ao mundo não era o julgamento propriamente dito, mas a salvação daqueles que de outra forma estariam perdidos sem ele. O juízo e condenação não era o propósito da vinda de Cristo, mas uma mera consequencia do fato de alguns decidirem rejeitá-lo por sua própria vontade (v.48). Se você precisa ver um jogo de futebol mas não tem ingresso, e eu passar e lhe oferecer de graça um ingresso, e você não aceitar este ingresso e ficar de fora do jogo, não sou eu quem fiz com que você ficasse fora do jogo, mas você mesmo. Da mesma forma, Jesus apenas oferece salvação, e quem cai em condenação é o próprio homem ao escolher rejeitá-lo. E a consequencia natural do pecado do homem que caminha para seu próprio rumo não é outro senão a MORTE, que é o salário natural do pecado (Rm.6:23). Texto bíblico nenhum afirma que Jesus veio nos livrar de um "inferno eterno". Isso é crença imortalista diametralmente oposta às Escrituras.

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    3. Quanto ao terceiro ponto, não há ligação alguma entre a doutrina do purgatório e a do castigo proporcional no geena. É preciso antes entender o que é o purgatório. O purgatório da teologia católica é um ESTADO INTERMEDIÁRIO, e não um estado final (pós-ressurreição). O purgatório da teologia católica é um local para SALVOS, e não para condenados (como o geena). O purgatório da teologia católica serve em primeiro lugar para PURIFICAR, e não para punir (como o geena). E o purgatório da teologia católica é um complemento ao que faltou no sacrifício de Cristo para entrar na vida eterna, e é óbvio que este não é o propósito do geena, já que não há nenhum salvo no geena. Portanto a comparação é simplesmente pueril e superficial. Nem no propósito, nem no tempo e nem no tipo eles são semelhantes, exceto unicamente por haver sofrimento em ambos.

      Que a Bíblia descreve a existência de um local de castigo temporário e proporcional (que obviamente não é nem o "inferno eterno" e nem o purgatório católico) isso é bastante óbvio por textos como esses:

      “Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá MUITOS AÇOITES. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá POUCOS AÇOITES” (Lucas 12:47-48)

      “Quando algum de vocês estiver indo com seu adversário para o magistrado, faça tudo para se reconciliar com ele no caminho; para que ele não o arraste ao juiz, o juiz o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça o jogue na prisão. Eu lhe digo que você não sairá de lá ENQUANTO NÃO PAGAR O ÚLTIMO CENTAVO” (Lucas 12:58-59)

      “Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, ATÉ QUE PAGASSE TUDO O QUE DEVIA. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mateus 18:32-35)

      Uma "condenação sem fim", como você diz, só faz sentido se o condenado for condenado de uma vez por todas e esta condenação tiver consequencias eternas. Isso é o aniquilacionismo. Mas não tem sentido se a condenação é eterna pelo processo em si, tornando tal juízo inconclusivo, sem fim e sem finalidade.

      Grande abraço.

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  4. Nobre Lucas,
    Agradeço-lhe imensamente a preocupaçao em me responder as colocaçoes que fiz.
    Salvo erro, ainda faltou a seguinte:

    Partindo do pressuposto que o nobre amigo defende a ideia de que a expressao "destruiçao eterna" indica que haverà um sò ato de destruiçao (dos rebeldes) e que, tal destruiçao, durarà eternamente (uma vez destruida, destruida para sempre), gostaria de fazer duas consideraçoes, uma analise e uma pergunta.
    Consideraçoes:
    1 - Em 2 Ts 1:9, està dito que haverà uma "destruiçao eterna" para os que nao conhecem a Deus e para os que nao obedecem ao Evangelho.
    2 - Em Apocalipse 17: 8, 11, està dito que a besta caminha para a destruiçao.

    Analise:
    Como a Biblia se auto-responde, uma forma de descobrirmos como se cumprirà a sentença de Ap 17:8,11 (a destruiçao da besta), seria encontrarmos para onde a besta caminha.
    Dois capitulos à frente, em Ap 19: 20, a Biblia diz que a besta e o falso profeta serao lançados no LAGO DE FOGO E ENXOFRE, onde serao atormentados para todo o sempre.
    Isso parece nos indicar que o lugar de "destruiçao eterna" nao è outro senao o LAGO DE FOGO E ENXOFRE.

    Pergunta:
    Serà que as Escrituras Sagradas nao confirmam que a penalidade dos rebeldes é exatamente a mesma da besta, ou seja, que a destruiçao eterna representa uma tormenta eterna e nao um sò ato com consequencias eternas?
    Deus te abençoe!!!

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  5. Nobre Lucas,
    Quanto ao fato do nobre amigo nao entender como alguem pode ser mortalista e nao ser aniquilacionista, gostaria de dizer-lhe que, ao contrario da sua posiçao, considero que isso è plenamente possivel, pois, em ambos os casos, enxergo o homem segundo uma visao holistica.
    Como um mortalista, entendo que, ao morrer, cumpre-se, em cada um de nòs, o que està escrito em Ec 12:7, ou seja, o corpo volta para o po' que o deu e espirito (folego de vida) volta a Deus.
    Jà, por ocasiao do juizo eterno, o homem, como um todo, ressuscitarà para comparecer diante do tribunal de Cristo. Dessa maneira, no juizo, cumprir-se-à, entao, para muitos, o que està escrito em Mateus 10:28: "E, não temais os que matam o corpo, mas não têm poder para matar a alma (o ser como um todo, a vida). Temei antes, aquele que pode destruir (=segunda morte) no inferno (lago de fogo e enxofre) tanto a alma como o corpo (a tal destruiçao eterna)".
    Ou seja, tanto no caso da morte fisica como na ressurreiçao fisica, nao vejo o homem como algo dividido (como uma especie de "alma penada" fora do corpo), mas, sim, segundo uma visao holistica, de tal sorte que a segunda morte significaràa a "destruiçao eterna" do ser como um todo.
    Quanto à ressurreiçao fisica dos mortos, a Biblia nos mostra, em 1 Co 15:52, que os mortos ressuscitarao incorruptiveis, ou seja, serao semelhantes ao anjos (com um corpo espiritual), sem, contudo, fazer qualquer distinçao entre a propriedade dos corpos de justos e injustos. A Biblia diz tao somente que, nesse acontecimento, haverà uma completa vitoria de Cristo sobre a morte, tanto para uns quanto para outros ( 1 Co 15: 54 e Ap 20:14).
    Dessa forma, vejo que existe, sim, a possibilidade de haver um sofrimento eterno para algo que nao pode se corromper, nao havendo, nem mesmo, contagem de tempo (Ap 21:23 e Ap 22:5).
    Outrossim, gostaria de pedri-lhe que nao olhasse para as minhas perguntas como um desafio, mas, sim, como uma grande oportunidade de crescermos espiritualmente. Por isso, nao me leve a mal !!!
    Deus te abençoe!!!

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  6. Nobre Lucas,
    Esqueci de dizer-lhe que sou amilenista e entendo que todos os mortos ressuscitarão num só momento, conforme João 5:28-29, que diz: "Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação".
    Por causa disso, citei, no comentário anterior, que entendo que todos os mortos ressuscitarão incorruptíveis (ao mesmo tempo), marcando, assim, a completa vitoria de Cristo sobre a morte física, a qual também será lançada no lago de fogo e enxofre.
    Já a segunda morte, a meu ver, é figurada e representa a destruição de todo o ser vivente (a alma vivente, citada em Gn 2:7).
    Assim sendo, após o juízo final, os justos receberão a gloria divina e entrarão no reino, mas os impios, por sua vez, sofrerão a pena da destruição eterna.
    Deus te abençoe!!!.

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    1. Olá, Marcelo.

      Eu não disse que é impossível ser mortalista e não ser aniquilacionista, o que eu quis dizer é que isso é extremamente incomum. Eu conheço vários aniquilacionistas que não são mortalistas, mas mortalistas que não são aniquilacionistas só conheço você e mais um :)

      Vou começar respondendo a primeira mensagem e depois seguir às demais.

      Você pergunta sobre a questão da "destruição eterna" de 2a Tessalonicenses 1:9, onde Paulo emprega o termo grego "olethros", que sempre remete a algo que é completamente destruído, e NUNCA tem o sentido de "tormento". Se o termo denota aniquilacionismo, então o "eterno" que vem depois só pode denotar os efeitos desta destruição (que é eterna), e não o próprio processo em si, pois é impossível existir uma destruição eterna pelo processo, o que remeteria a uma destruição inconclusiva, ou seja, que nunca termina seu trabalho de "destruir".

      Quanto ao texto do Apocalipse, como foi dito anteriormente em minha última resposta, não há qualquer razão para levar o verso 10 literalmente (ao pé da letra), em função da própria linguagem caracteristicamente hiperbólica e figurada do livro. Note que no verso 9 é dito que o fogo que caiu do céu CONSUMIU as nações de ímpios, em contraste com a tese imortalista de que os ímpios não serão consumidos, mas viverão eternamente em meio ao fogo. Ou seja, eles tomam este verso alegoricamente, mas quando chega no verso seguinte (o verso 10) eles partem para a literalidade. Simplesmente não dá pra entender. Não existe exegese, é o que parece.

      Se é literal o verso 10 que fala do tormento eterno para o diabo, então também é literal o verso 9 que fala do aniquilacionismo dos ímpios. Mas se os dois são figurados, ou se pelo menos PODEM ser figurados, então nenhum dos dois textos serve de prova definitiva para nenhum dos dois lados. A diferença é que nos textos literais (fora do Apocalipse) há centenas de textos que falam de aniquilacionismo e pelo menos sete que dizem que os ímpios serão consumidos, enquanto não há NENHUM que diga que alguém passará por um tormento eterno. E se Apocalipse 20:10 é uma hipérbole, então não há nada que exija que isto esteja em desarmonia com a "destruição" que Paulo se refere aos tessalonicenses (em um contexto literal, e não apocalíptico).

      O problema é que você está interpretando Paulo à luz do Apocalipse, quando deveria fazer o oposto, que é ler o Apocalipse à luz de Paulo. Não é o literal que tem que ser lido à luz do alegórico, mas o alegórico à luz do literal.

      Sobre a outra mensagem, não vou discutir sobre amilenismo aqui, senão seria uma mudança muito drástica de assunto, e ficaríamos eternamente discutindo aqui, já que este é outro tópico bastante amplo. Mas existem muitos amilenistas que são aniquilacionistas, não vejo contradição entre as duas doutrinas (mesmo eu não sendo amilenista). Mesmo se os ímpios ressuscitam no mesmo instante dos justos (o que eu discordo), ainda assim não há nada na Bíblia que diga que eles ressuscitarão com corpos incorruptíveis e imortais, assim como os justos. Não é isso o que a Bíblia ensina.

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    2. O texto que você me passou (1a Coríntios 15:52) fala dos corpos dos justos, é só ver o contexto. Leia os versos 42 ao 44, onde Paulo diz que os que ressuscitarem ressuscitarão EM GLÓRIA. Será que os ímpios terão corpos GLORIFICADOS, assim como os justos? Nem os próprios imortalistas admitem isso. Paulo diz que o segundo homem é ESPÍRITO VIVIFICANTE. Será que os ímpios também terão corpos vivificados interiormente pelo Espírito Santo, de modo a não ter mais nenhuma vontade de pecar, tal como os justos? É claro que não. Paulo estava falando apenas da ressurreição dos justos nesta ocasião. Que os ímpios não terão corpos incorruptíveis e imortais, isso fica bastante claro pelos seguintes textos:

      "Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade" (Romanos 2:7)

      Se a imortalidade precisa ser BUSCADA, é porque nem todos serão imortais.

      Vamos ao próximo:

      "Sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho" (2a Timóteo 1:10)

      Se a imortalidade só é conquistada POR MEIO DO EVANGELHO, então aqueles que estão fora do evangelho (salvação) não serão imortais.

      Vamos ao próximo:

      "Quem semeia para a sua carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6:8)

      Perfeitamente claro. Só os justos colherão vida eterna, e os demais colherão CORRUPÇÃO, o que é o oposto a herdar um corpo incorruptível.

      Conclusão: só os justos ressuscitarão em corpos glorificados, espirituais, imortais e incorruptíveis. Os ímpios ressuscitarão em corpos naturais, carnais, mortais e corruptíveis, independentemente se ressuscitarão no mesmo momento dos justos ou não.

      Deus lhe abençoe!

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  7. Primeira Parte

    Nobre Lucas,
    Depois de ler suas respostas e os textos que o amado indicou, gostaria de fazer alguns comentarios.
    Eu bem sei que os teologos costumam ir para o grego e outros idiomas quando querem interpretar o que o escritor biblico estava querendo dizer.
    Acho isso muito natural, mas nada me garante que todas as interpretaçoes que eles dao estejam absolutamente corretas, as quais, em muitos casos, tem o efeito inverso e contribuem para o aparecimento de seitas e heresias diabolicas.
    Na propria lingua portuguesa temos exemplos classicos disso. Posso citar, por exemplo, o uso das expressoes "atraves de" e "pelo", para dizer a mesma coisa. Ou seja, tanto posso dizer "olhar atraves do espelho", como posso dizer "olhar pelo espelho", pois o significado é o mesmo.
    O amado fala de forma tao conclusiva acerca de determinados temas (como, por exemplo, que "nao é possivel haver uma destruiçao eterna pelo processo") que parece que estamos diante de verdades absolutas (irrefutaveis).
    Todavia, tal afirmaçao ("nao é possivel haver uma destruiçao eterna pelo processo") me fez lembrar do nascimento virginal de Jesus, pois, até aquele momento, era impossivel que uma virgem desse a luz a um filho...mas isso tornou-se possivel pelo poder de Deus.
    Eu sei que sao coisas distintas, mas eu quis dizer que nada é impossivel para Deus, de tal sorte que, a meu ver, Ele pode ter criado, sim, um processo que destrua eternamente sem consumir (vide o episodio que ocorreu com Moises, registrado em Ex 3:2, quando ele viu uma sarça que ardia no fogo e nao se consumia).
    Dessa forma, a minha leitura para de Apocalipse 14:10-11 é de um tormento (destruiçao) que dura para todo o sempre, voltado para aqueles que, em vida, receberam a marca da besta, os quais nao terao descanso, por todo o sempre (o que me dà ideia de um castigo consciente e continuo).
    Se combinarmos tal versiculo com Apocalipse 19:20, conheceremos, inclusive, o local onde isso ocorrerà: o lago de fogo e enxofre, onde estarao as pessoas do anticristo e do falso profeta (os quais foram lançados VIVOS naquele lugar).
    Situaçao similar, eu vejo nas palavras de Jesus Cristo, quando usou as seguintes expressoes "figuradas": "o bicho nunca morre e o fogo nao se papaga", as quais nos dão a ideia de um sofrimento continuado, em um lugar especifico.
    O amado citou Ap 20:9 para justificar sua ideia de que os impios serao completamente consumidos, mas essa passagem parece ocorrer antes do juizo final, sobre aqueles que, no fianl dos tempos, subirao contra a igreja de Cristo. Assim sendo, logo depois de serem consumidos, os mesmos serao ressuscitados para receberem a sentença eterna.

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  8. Segunda Parte

    Segundo a sua interpretaçao, o amado diz que nao hà, em textos nao simbolicos, referencias a "sofrimento eterno", mas, ao meu ver, alguns textos sao claros a esse respeito, mesmo usando expressoes que julgamos ser simbolicas, mas que podem nao ser simbolicas, pois, como mostrei acima, Deus é capaz de criar um fogo que nunca se apague.
    Em Mateus 25:41, o Senhor Jesus fala de fogo eterno, em um lugar especifico, onde seres humanos e seres espirituais sofrerao eternamente (a meu ver).
    Em Mt 13:42 tambem fala de um fogo eterno, dentro de um lugar especifico (fornalha=lago de fogo e enxofre), com sofrimento eterno (ranger de dentes).
    Como eu lhe disse, anteriormente, a meu ver, o impio (numa visao holistica) serà lançado no Geena, com a possibilidade de ranger dentes pelos seculos dos seculos, de tal sorte que tal expressao pode nao significar algo simbolico.
    O amado disse que a Biblia fala, por diversas vezes, de forma nao simbolica, em "aniquilacionismo", mas garante que todas as vezes que é citada a expressao "destruiçao eterna" deve ser interpretada de forma simbolica.
    Todavia, veja que curioso o uso da palavra aniquilar para algo que é simbolico: "...para que pela morte, aniquilasse o que tinha o imperio da morte, isto é, o diabo" Hb 2:14.
    Assim sendo, fica a duvida: o diabo foi aniquildado na vitoria de Cristo ou ele sofrerà eternamente no lago de fogo, conforme Ap 20:10 e Mt 25:41?
    Nao vou nem citar o fato de que, a meu ver, o diabo encontra-se amarrado por mil anos (para nao mais enganar as naçoes), pois, se ele jà foi literalmente aniquilado por Jesus (Hb 2:14), entao, nem mesmo ele existe (atençao: cuidado para nao criarmos mais uma seita a partir desse pensamento).
    Quanto à ressurreiçao, como disse acima, a Biblia nos mostra que algo pode se queimar sem se consumir, ou seja, sem se corromper. Por isso creio ser possivel que os mortos ressuscitem incorruptiveis, o que nao deixa de ser, por si sò, uma gloria...nao, é claro,a mesma gloria que os santos receberao depois da sentença final.
    Todavia, antes da sentença final, creio que todos estarao na mesma situaçao, pois ainda nao foram julgados, ou seja, tratar-se-ao todos de corpos ressurretos incorruptiveis (sem a presença da morte, a qual foi tragada). Ou seja, me parece que todos receberao corpos incorruptiveis e passarao pelo juizo para que, sò entao, sigam seus destinos eternos.
    Amado, quem precisa ser buscada nao é a eternidade, pois essa todos terao no momento em que ressuscitarem (lembre-se de que a morte, do ser vivente, jà nao existirà mais). Quem deve ser buscada è a vida eterna NA PRESENCA DE DEUS (vida material e vida espiritual).
    Salvo erro, o diabo, seus anjos e os impios, segundo a Biblia, tambem terao vida eterna, porem em abismos interminaveis, o que significa MORTE ESPIRITUAL (ou segunda morte).
    Para concluir, eu gostaria de esclarecer que quando citei, em um comentario anterior, o PURGATORIO (uma heresia), nao o fiz como se fosse algo real e, nem mesmo, igual ao aniquilacionismo.
    O que quis dizer, ao citar purgatorio, é que existe uma semelhança de concepçoes, ou seja, a ideia de que uma pessoa pode sofrer um castigo temporario e, ao final, ter sua pena finalizada.
    Dentro dessa perspectiva, o que eu quis dizer é que, nesse caso, a pena de morte acaba sendo absurdamente mais branda do que a prisao perpetua, o que, a meu ver, è um contrasenso.
    Outrossim, vejo, nessa doutrina, uma forma criada pela mente humana para encontrar uma saida inconsciente no caso de para uma suposta condenaçao, assim como, no caso da imortalidade da alma, a mente humana busca algio que lhe traga esperança da garatia da salvaçao (antes mesmo do julgamento final).
    Resumindo, na minha concepçao, a morte do ser vivente significa, tao somente, a separaçao entre a parte material e a parte imaterial do ser, o que parece nao ocorrer na chamada "segunda morte", em que todo o ser permanece eternamente separado de Deus, nos abismos interminaveis.
    Deus te abençoe!!!

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    1. Olá, Marcelo.

      Há muitas distorções neste último texto. O seu conceito imortalista de que os ímpios não serão consumidos simplesmente não é bíblico, nem tem fundamento algum. Nunca, em parte alguma da Bíblia, o destino dos ímpios é assemelhado à sarça ardente, que era queimada mas não consumida. Os escritores bíblicos poderiam usar esta analogia (SE fossem imortalistas), mas NUNCA usaram. Em vez disso, eles SEMPRE utilizaram analogias onde quem era condenado era COMPLETAMENTE CONSUMIDO.

      Bastaria uma única analogia ao estilo "sarça ardente" e já estaria provado o tormento eterno. Mas, ironicamente, as analogias realmente empregadas na Bíblia são sempre de aniquilacionismo, em meio a um mundo da época que usava essas mesmas analogias para ensinar o aniquilacionismo grego ou judaico. No Antigo Testamento, o futuro dos ímpios é comparado com uma “fumaça que desvanece” (Sl.37:20), com uma “flor que se esvaecerá como pó” (Is.5:23), com uma árvore da qual não sobrará “nem raiz nem ramo” (Ml.4:1), com cinzas que são pisadas pelos justos (Ml.4:3), com a fumaça que é levada pelo vento (Sl.68:2) e com a cera que derrete na presença do fogo (Sl.68:2).

      Os ímpios são comparados ainda com um sonho que desaparece quando acordamos (Sl.73:20), com uma lâmpada que será apagada (Pv.24:20), com uma palha que é consumida pelo fogo (Is.5:24), com o restolho que é devorado pelas chamas (Is.5:24), com o pó que é levado pelo vento (Is.5:24), com a palha levada pelo vento e tornada em pó (Is.29:5), com a ovelha destinada ao matadouro (Jr.12:3), com o orvalho que bem cedo evapora (Os.13:3), com a palha mais seca que é consumida (Na.1:10), e, finalmente, “serão como se nunca tivessem existido” (Ob.1:16).

      Observe quantas vezes o aniquilacionismo final dos ímpios é comparado a coisas como o “pó”, a “fumaça” ou as “cinzas”, que são bastante apropriadamente utilizadas para algo que deixa de existir, uma vez que são visivelmente os menores elementos que poderiam ser comparados. Alguém que se torna “cinzas” ou “pó” não pensa, não sente, não age, não sofre. É apenas uma forma de dizer que eles serão “reduzidos a nada” (Is.41:12). Por mais que os escritores bíblicos tivessem numerosos exemplos para citar de coisas que não são consumidas e que mantém uma existência intacta por toda a eternidade, eles faziam questão de sempre comparar a sorte final dos pecadores com coisas perecíveis. Sempre.

      Engana-se quem pensa que este padrão foi alterado com a chegada do Novo Testamento. As analogias neotestamentárias continuam sendo bastante aniquilacionistas, e ainda não há sequer uma única comparação que nos sugira que os não-salvos serão imortais no geena. Jesus foi o que mais ensinou o aniquilacionismo por comparação. Ele disse que os ímpios serão como o sal que é jogado fora e pisado pelos homens (Mt.5:13), como os lavradores da vinha que foram exterminados (Mc.12:9), como os galileus que pereceram e morreram mesmo (Lc.13:2-3), como os dezoito da torre de Siloé que foram aniquilados pela torre quando ela caiu em cima deles (Lc.13:4-5), como os cidadãos da cidade que foram executados pelo rei (Lc.19:27) e como alguém que é “reduzido ao pó” ao ser atingido por uma grande pedra (Mt.21:44).

      Paulo comparou o destino final dos ímpios com um vaso que está preparado para a destruição (Rm.9:22), o autor de Hebreus disse explicitamente que o fogo devorará os rebeldes (Hb.10:27), e Pedro disse que eles teriam “repentina destruição” (2Pe.2:1), o que não condiz com uma destruição meramente espiritual, a qual não acontece “subitamente”, mas é fruto de um processo de morte espiritual. Ao invés de dizer que eles serão atormentados eternamente, ele diz que “a sua destruição não tarda” (2Pe.2:3), porque, para ele, o “Dia do Juízo destruirá os homens ímpios” (2Pe.3:7). Pedro disse ainda que toda alma que rejeitasse Jesus seria exterminada (At.3:23), e que os ímpios seriam estrado para os pés dos justos (At.2:35).

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    2. Mas o caso mais interessante se encontra mesmo em 2ª Pedro 2:6, onde o apóstolo trabalha com uma analogia explicitamente aniquilacionista, dizendo:

      “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-os as cinzas, tornando-as como exemplo do que acontecerá com os ímpios” (2ª Pedro 2:6)

      Pedro não apenas disse que o destino final dos ímpios será se tornarem cinzas (o que por si só já é uma refutação gigante ao imortalismo), como também disse que o destino deles será o mesmo que as cidades de Sodoma e Gomorra tiveram, para não deixar nenhuma sombra de dúvida de que essa linguagem de aniquilacionismo era mesmo literal. Essas duas cidades foram atingidas em cheio pelo fogo devorador de Deus enviado do céu, e como consequência foram totalmente destruídas, ao invés de terem sido refratárias ao fogo sem serem consumidas.

      Se Pedro diz que o destino final dos ímpios será o mesmo daquele que as cidades de Sodoma e Gomorra tiveram, e essas cidades foram literalmente reduzidas ao pó, então ele estava sendo literal quando disse que os ímpios se tornariam cinzas. Ele não podia ter sido mais claro. É óbvio que ele não vislumbrava qualquer tipo de imortalidade aos ímpios em meio a um fogo “que não consome”. Pedro poderia perfeitamente ter comparado o destino dos ímpios com o monte em chamas, com a sarça ardente ou com as outras analogias empregadas pelos imortalistas, mas ele fez questão de pegar uma que define com exatidão o aniquilacionismo bíblico, de uma forma que ninguém poderia fazer melhor.

      Não apenas Pedro, mas nenhum dos escritores bíblicos faz qualquer tipo de analogia imortalista. Em vez disso, nas mais de trinta comparações que são feitas, elas em todos os casos retratam um destino de destruição final e de ser totalmente consumido pelo fogo, ao invés de ser mantido em existência perpétua em meio a ele. Você afirma que os ímpios não serão consumidos no geena, mas não trouxe nenhum versículo para sustentar esta posição. Em vez disso, o salmista diz que “no dia em que te manifestares farás deles uma fornalha ardente. Na sua ira o Senhor os devorará, um fogo os consumirá” (Sl.21:9). Isaías afirma que “sem dúvida eles são como restolho, o fogo os consumirá” (Is.47:14), e “que o fogo reservado para os teus adversários os consuma” (Is.26:11). Jó ressalta que “um fogo não assoprado o consumirá” (Jó 20:26), e Naum declara que os ímpios “serão consumidos como a palha mais seca” (Na.1:10). O autor de Hebreus dá o golpe de misericórdia ao dizer que virá “o julgamento de Deus e o fogo furioso que consumirá todos os que se levantam contra ele” (Hb.10:27).

      Contra todos esses textos bastante claros e incontestáveis, há uma quantidade impressionante de zero textos que dizem o contrário, afirmando que o fogo “não consumirá”. Simplesmente não dá para acreditar e muito menos para entender o porquê que ainda existe teólogo no planeta que defenda a tese absurdamente antibíblica de que “o fogo não vai consumir”.

      Em minha última resposta, eu te passei três textos que provam de forma bastante clara que somente os justos ressuscitarão em corpos imortais e incorruptíveis. Dois deles você ignorou completamente, e o outro você trocou a palavra "imortalidade" por "vida eterna com Deus", quando Paulo estava falando apenas do "athanatos", ou seja, daquilo que não morre (e você crê que os ímpios não morrerão). Portanto nenhum dos três textos foram refutados apropriadamente.

      Em vez disso, você preferiu citar alguns textos que eu já comentei muitas e muitas vezes em vários artigos e livros, tal como a linguagem do "fogo eterno" e do "bicho que não morre" (ou mesmo do "ranger de dentes", cujo texto bíblico não diz em parte alguma que durará eternamente). O engraçado é que todos estes textos já foram exaustivamente abordados, os imortalistas não refutam a refutação, e mesmo assim continuam usando esses textos... assim fica realmente difícil de levar um debate sério adiante.

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    3. Foi por isso que eu pedi gentilmente para que você lesse a literatura básica do aniquilacionismo, pelo menos para compreender as refutações, o que poupa tempo em um debate. Caso você esteja realmente interessado em conferir a refutação a estas abordagens imortalistas, segue os links:

      • O “fogo eterno”:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2012/12/o-inferno-e-o-fogo-eterno.html

      • O “bicho que não morre”:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/o-que-e-o-bicho-que-nao-morre.html

      • O “castigo eterno” de Mateus 25:46:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/mateus-2546-fala-de-um-tormento-eterno.html

      Você disse que eu tomo a expressão "destruição eterna" em 2Ts de forma simbólica. Isso é falso. Em momento nenhum eu disse que isso é simbólico, o que eu disse é que a destruição é eterna nos efeitos, e não no processo, porque se fosse no processo não poderia ser "eterna", visto que nunca completaria sua finalidade de destruição. Isso é o básico do básico. Rebater isso com o argumento da virgindade de Maria é, sinceramente, cômico. Se formos levar contra-argumentos assim a sério, então literalmente QUALQUER COISA poderia ser colocada para dentro da teologia (por mais absurda, antibíblica e inconsistente que seja), porque se a virgem deu a luz, então quem sabe tal interpretação inconsistente também não seja verdadeira... sinceramente não é assim que se faz exegese!

      Veja o "juízo eterno", que o autor de Hebreus fala em Hebreus 6:2. Será que estamos falando de um juízo que tem início mas não tem fim? É óbvio que não. O JUÍZO EM SI é momentâneo, mas os EFEITOS deste juízo é que são eternos. Da mesma forma, a DESTRUIÇÃO em si é em um momento, mas os EFEITOS desta destruição são eternos (irreversíveis). Dizer que a "destruição" na verdade significa "tormento" é não apenas um assassinato na gramática grega, mas um flagrante caso de eisegese. Eu nunca vi "destruição" significar "tormento" na Bíblia, você viu?

      Por fim, você cita como único exemplo anti-aniquilacionista um texto que supostamente diz que o diabo já foi aniquilado. Se você conferisse no original grego, iria constatar facilmente que se trata de um grave erro de tradução, que inclusive já foi consertado em muitas outras traduções. A palavra ali utilizada NÃO É a que significa destruição, aniquilacionismo ou extermínio, mas sim καταργέω, que significa meramente "tornar inútil" ou "sem força".

      Mas se você acha que é inútil debater exegese bíblica com base no original grego, ou se pensa que isso é típico somente de "seitas heréticas", e que o certo é ficarmos à mercê de traduções defeituosas feitas à língua portuguesa por certas versões ultrapassadas, então francamente ficará difícil levar qualquer discussão adiante, sobre qualquer assunto teológico que seja. Ficaria mais fácil abrirmos mão de uma vez da capacidade de raciocinar e interpretar textos e colocar toda a responsabilidade nas costas de um "papa infalível".

      Abraços.

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    4. SÓ UMA OBS;O TEXTO FALA ANIQUILASSE IDEIA DE FUTURO.SE FOR POR SEU PENSAMENTO O TEXTO ESTARIA NO PRESENTE OU PASSADO COMO ANIQUILOU OU ANIQUILO.
      SOU UM LEIGO GILLIARD

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  9. Primeira Parte

    Nobre Lucas,
    Agradeço imensamente suas considerações e respostas, apesar de algumas referências elogiosas endereçadas a alguém que não é um teólogo, nem mesmo um estudioso, como o amado parece ser. Por isso, não exija, deste fraco servo de Deus, uma perfeita exegese dos textos.
    De fato, o Senhor nos prometeu enviar o Espirito Santo, o qual, disse Ele, nos guiaria em toda a verdade, de tal sorte que, se lhe for agradavel, Ele pode usar até de uma jumenta para nos ensinar uma determinada verdade bíblica (não se trata, em absoluto, de uma referência à sua pessoa...talvez à pessoa do Papa, um herege na minha concepçao).
    Sinceramente, eu acredito que as traduções bíblicas, na sua maioria, são fidedignas, exceto as mais atuais que já contem visíveis manipulações humanas. Mas, em linhas gerais, são suficientes para levar o homem a Cristo e os mostrar a verdade divina.
    Por isso, tenho ressalvas acerca de interpretaçoes pessoais, baseadas em traduçoes particulares, pois tenho visto muitos estudiosos, letrados em grego e hebraico, dizendo grandes bobagens e desprezando as traduçoes que Deus entregou nas nossas maos (nao estou dizendo que é o caso do irmao).
    Com relaçao ao meu ultimo comentario, eu não disse que o destino dos ímpios é semelhante à sarça ardente, ou mesmo à fornalha de fogo ardente, cujo fogo não consumiu nem a planta e nem os jovens hebreus, citados no livro de Daniel.
    O que eu disse é que Deus tem poder para trazer ruina a uma pessoa eternamente (como Ele diz na Bíblia, quando cita "perdiçao eterna"), sem que ela se consuma, exatamente como ocorreu com a sarça e com os hebreus, os quais não foram consumidos pelo fogo.
    Citei, ainda, o nascimento virginal de Jesus como algo que era impossível para as concepções humanas, mas que ocorreu pela manifestação do poder de Deus. De tal sorte que nao vejo impossibilidade de haver, na pratica, um fogo que nunca se apague e um tormento que nunca tenha fim (independentemente do titulo que a Biblia venha a dar para esse processo infinito).
    Gostei muito das citações bíblicas que o amado fez, mas, eu pergunto: será que as tais expressões tambem não podem significar simbolismos? Veja bem se nao existe uma liguagem figurada nisso: “flor que se esvanecerá como pó”, “nem raiz nem ramo”, “cinzas”, “fumaça que é levada pelo vento”, “cera que derrete na presença do fogo”, “sonho que desaparece quando acordamos”, “lâmpada que será apagada”, “palha que é consumida pelo fogo”, “restolho que é devorado pelas chamas”, “pó que é levado pelo vento”, “ovelha destinada ao matadouro”, “orvalho que bem cedo evapora”, “serão como se nunca tivessem existido”, etc.
    Isso tudo me parece simbologia pura, podendo não significar propriamente uma completa extinção, pois nem mesmo as cinzas, o pó e a fumaça deixam de existir. Elas simplesmente sao subprodutos de algo, que, embora se dissipem e se tornem tão insignificantes que não possam ser percebidas a olho nu, continuam existindo.
    Alguns textos que o amado citou, do NT, para justificar o aniquilacionismo, parecem falar mais propriamente da morte física dos ímpios (citando as palavras “perecer” e “exterminar”), mas não consigo ver nelas uma garantia de que os ímpios serão consumidos totalmente (depois do juízo final), pois, além da parte material, os homens são formados por uma parte imaterial, a qual parece não ter fim.
    Portanto, a meu ver, parece que tais citações bíblicas se referem mais à “separação de Deus” (o pior dos castigos), acompanhada de sofrimento, do que uma extinção propriamente dita.

    (continua...)

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  10. Segunda Parte

    O amado diz não enxergar nenhuma referencia bíblica ao tormento eterno, mas, na minha leitura (de leigo), vejo tais tormentos nas seguintes passagens:
    1 - Tormento eterno para o diabo, para seus anjos e para os ímpios no lago de fogo e enxofre (representados pelo anticristo e pelo falso profeta, os quais serão lançados vivos nesse local).
    2 - Embora seja uma parábola comumente usada pelos imortalistas para sustentar um estado intermediário (entre a morte e a ressurreição), a passagem do rico e do Lazaro parece nos trazer a seguinte liçao moral: os que não se arrependerem dos seus pecados e não fizerem um concerto com o Senhor Jesus (nas aguas do santo batismo), depois da morte e do juizo final, sofrerão a pena de castigo eterno.
    3 - A passagem de Dn12:2 registra uma vergonha e um deprezo eternos, o que me leva a crer que a vergonha nao significa um sentimento que ocorre somente no momento da condenaçao. Parece-me que se trata de um sentimento continuado, ou seja, que o condenado continua sentindo vergonha pelo tempo que durar a pena (no caso, eternamente). O desprezo, por sua vez, parece ser outro sentimento que se manifesta durante toda a condenaçao (eternamente). Assim sendo, vejo, na frase “serão como se nunca tivessem existido”, a explicaçao para a expressao "desprezo eterno".

    (continua...)

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    1. AMIGO COMO ALGUEM EM UM LAGO DE FOGO PODE SENTIR TAL SENTIMENTO DE VERGONHA.É IMPOSSIVEL

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  11. Terceira Parte

    Outrossim, gostaria de fazer-lhe, ainda, algumas perguntas sobre o tema:
    1 – O diabo e os demônios serão aniquilados ou serão atormentados eternamente no lago de fogo e enxofre?
    2 - O que ocorrerá com a pessoa do ímpio, quando for lançada no lago de fogo? O pó é consumido e o espirito volta para Deus?
    3 - O que significam as palavras do Mestre quando disse que devemos temer aquele que tem poder para destruir, no geena, alma e corpo? Isso quer dizer que o espirito de vida será destruído também?
    4 - De que forma os ímpios pagarão suas penas proporcionais, uma vez que todos são lançados ao mesmo tempo em um único lugar? Seria um fogo mais brando e outro menos brando? Seria uma corrupçao mais demorada e outra menos demorada atè a completa extinçao?
    5 - No momento da ressurreiçao, todos ressuscitarao com os mesmos corpos, ou os justos, ainda que nao tenham passado pelo juizo, ressuscitarao incorruptiveis?
    6 - O lançamento da morte (do ser vivente) no lago de fogo nao significaria que as pessoas nao podem mais morrer?
    7 – O amado diz, no estudo sobre Mc 9:47-48, que a Bíblia nunca se referiu ao nosso corpo como sendo um “bicho” ou “verme”, mas Isaias 41:14 parece chamar ao povo de Israel de bichinho de Jacó. Isso não parece ser uma contradição?
    8 – No estudo sobre o “fogo que nunca se apaga”, o amado diz que Deus está falando a respeito dos efeitos do fogo (que são eternos) e não em um fogo inextinguível, citando Isaias 34:9-10 (o fogo prometido por Deus se apagou há muito tempo). Mas essa passagem não està representando uma figura para algo que ainda iria ocorrer (depois do juízo final)? Assim como Sodoma e Gomorra, serà que o escritor biblico nao està fazendo uma referencia à pena eterna, no lago de fogo e enxofre, em um fogo que realmente nunca se apagará?
    9 – A pena do fogo eterno, atribuída a Sodoma e Gomorra, não seria um simbolismo para indicar que seus habitantes já estão condenados ao lago de fogo e enxofre (o fogo eterno)?
    10 - Serà que a expressao "destruiçao ETERNA" nao tràs, em si, um sentido de continuidade? Se fosse algo pontual, o escritor biblico nao diria simplesmente "destruiçao"? Se o importante é o efeito da destruiçao (segundo o seu parecer), para quem isso interessaria se o alvo fosse eliminado?
    11 - Se todos jà sofremos o castigo da primeira morte, a qual representa o fim da existencia, porque ressuscitarmos para morrermos de novo na tal destruiçao eterna? A primeria morte jà nao era eterna, se Jesus nao tivesse vindo?
    12 - O aniquilacionismo nao faz da pena de morte algo muito melhor do que a prisao perpetua?
    13 - Como interpretar as expressoes "atormentados de dia e noite, pelos seculos dos seculos" de Ap 20:10? Serà que a palavra "atormentados" nao mostra de que destruiçao a Biblia està falando?
    14 - O irmao acha que o trabalho de traduçao envolve às vezes interpretação segundo as convicções pessoais do tradutor, alterando totalmente o significado do texto? Mas como fica a açao do Espirito Santo nessa historia? Quem tem o Espirito Santo e quem nao tem em termos de traduçao biblica?
    15 - Em 2 Tess. 1:9, quando Paulo fala “...eterna destruiçao, banidos (afastados) da face do Senhor e da glória do Seu poder”, ele nao estaria qualificando o que significa a tal destruiçao, ou seja, dizendo que ela é o desprezo eterno (o banimento de alguem da presença de Deus)? Ou isso é uma traduçao tendenciosa?
    16 - Se o fogo é eterno, por que nao haveria algo eterno para ser consumido?
    17 - Quando Jesus diz que Judas era o filho da perdiçao, ele nao estaria dando sutentaçao à doutrina do sofrimento eterno (oposta à destruiçao eterna), assim como 2 Pedro 3:7? Eu posso igualar perdiçao com inexistencia?

    Aguardo a analise do irmao.
    Deus te abençoe e te ilumine!!!

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    1. Olá, Marcelo.

      Esta será a minha última resposta a você, porque vejo que este debate está se tornando completamente infrutífero, andando em círculos. Mesmo que não propositalmente, você está empregando a mesma tática dos católicos, que consiste em repetir, e repetir, e repetir e repetir de novo e de novo e de novo as mesmas coisas que já foram anteriormente refutadas, para ver se ganha no cansaço, na base do ad nauseam. Não é assim que se leva um debate adiante. Qualquer um que esteve acompanhando esta discussão poderá constatar facilmente como eu refuto cada um dos seus argumentos e você em seguida responde a 10% deles e depois volta a repetir todos aqueles mesmos argumentos que já foram refutados, sem refutar nenhuma contra-argumentação minha a estes argumentos.

      Às vezes isso chega a tomar formas absurdas e paranormais, como quando você impressionantemente repete de novo e insiste no MESMO texto de Apocalipse 20:10, que eu já comentei e expliquei umas duzentas vezes no início deste debate, e você não rebate a contra-argumentação e depois assustadoramente VOLTA, do nada, com este mesmo texto, como se eu já não o tivesse explicado dez vezes antes. E o pior é que você faz A MESMA COISA com todos os outros textos citados por você nesta sua última resposta. Você voltou com o mesmo argumento de Daniel 12:2, do texto de Paulo aos tessalonicenses, de Apocalipse 20:10 e de todos os outros já explanados por mim aqui. Eu já comentei, expliquei e refutei todas as suas colocações, você não refuta a contra-argumentação, e depois volta com estes mesmíssimos textos, como se eu não tivesse comentado sobre eles.

      Às vezes fico com a impressão de que você não está lendo nada do que eu escrevo, é como se eu estivesse escrevendo ao vento, para as paredes. Ou isso é ignorância seletiva, ou amnésia, ou desonestidade intelectual, e se tratando do amado irmão creio que não é esta última. De qualquer forma, reitero que esta é minha ÚLTIMA resposta, porque não disponho de muito tempo para entrar em longos debates e pensava que valeria a pena entrar neste debate especificamente, até perceber que você (propositalmente ou não) faz uso das mesmas táticas que os debatedores sofistas se utilizam, e por isso me arrependi. Da próxima vez, quando for debater alguma coisa com alguém, siga a minha sugestão de não repetir os mesmos argumentos que já foram rebatidos, exceto se for para refutar a refutação. Eu garanto que não há nada mais tedioso e irritante para um debatedor do que isso. Se não tem refutação à refutação, então simplesmente deixe de utilizar o texto e parta para outros, ao invés de repetir de novo os mesmos textos iniciais que já foram contra-argumentados, como se não houvessem sido.

      Agora vamos à minha última resposta.

      Você argumentou que as traduções bíblicas mais antigas são fidedignas e que as mais atuais são "visíveis manipulações humanas". Sinceramente não sei de onde tirou isso. A tendência é justamente o contrário: as traduções mais novas vão consertando os erros das traduções anteriores. Veja a tradução original de João Ferreira de Almeida, por exemplo. Continha milhares e milhares e milhares de erros, alguns bem grotescos. Foi revisada e atualizada dezenas e dezenas de vezes, e hoje as versões mais recentes são boas traduções (embora não sejam perfeitas). Até os tão bajulados Textus Receptus e Versão King James possuem milhares e milhares de erros que foram corrigidos posteriormente. A última, por exemplo, chegou ao cúmulo do absurdo de inventar um "Lúcifer" em Isaías 14:12, o que gerou enormes confusões até os dias de hoje. As traduções modernas eliminaram este erro, assim como tantos outros. Não sei onde você leu que as traduções antigas são as melhores, mas seja lá onde foi, está errado.

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    2. Dizer que as traduções que temos em mãos são suficientes para conduzir à salvação é uma coisa que eu concordo, mas outra coisa TOTALMENTE DIFERENTE é dizer que elas são 100% perfeitas, inerrantes, ou que não possam corromper doutrina nenhuma. Isso é ridículo. Se você for mesmo um mortalista, como diz ser, deve reconhecer pelo menos UM erro de pontuação, em Lucas 23:43. Qualquer um pode fazer tradução da Bíblia, e os tradutores NÃO são infalíveis e nem inspirados pelo Espírito Santo. O que é infalível e inspirado é o ORIGINAL da Escritura, e NÃO as traduções defeituosas que são feitas em cima dele. É por isso que quando há um erro a saída é recorrer ao original grego, que é exatamente aquilo que você se opõe a fazer, talvez por desconhecer grego e consequentemente pensar levar desvantagem neste campo.

      Em vez disso, você prefere confiar cegamente em traduções antigas defeituosas e já corrigidas, como se elas fossem o supra-sumo da perfeição, e como se o que elas falaram está falado, e ninguém pode corrigir erro algum. Foi por isso que eu disse que se você pensa assim é totalmente inútil entrarmos em qualquer discussão sobre qualquer coisa que seja. Você poderia escolher uma tradução defeituosa qualquer, insistir que ela está certa sem sequer argumentar em seu favor, e eu não teria como rebater já que você não admite a possibilidade da tradução estar errada. Assim fica difícil. Difícil não, impossível.

      Seu comentário da sarça ardente foi exatamente o que você voltou a repetir agora. Para você, os ímpios serão queimados mas não consumidos, assim como a sarça ardente foi. Os escritores bíblicos tiveram infinitas possibilidades de transmitir uma analogia similar ou idêntica, mas em vez disso NUNCA, em hipótese alguma, empregaram qualquer analogia do tipo. Em vez disso, TODAS as analogias feitas por eles sobre o destino dos ímpios é de coisas CORRUPTÍVEIS e que são facilmente CONSUMIDAS, e é isso que você não percebe, ou que finge não perceber, e que ainda não refutou.

      Se os apóstolos comparavam o destino final dos ímpios com coisas corruptíveis que eram facilmente consumidas é porque eles não pensavam que tal destino fosse de incorruptibilidade e imortalidade. Simples assim. Dizer que as cinzas "continuam existindo" é ridículo, porque as cinzas não sofrem, não tem sentimento, não tem vida, não tem dor, e algo que virou cinzas é porque JÁ FOI CONSUMIDO (que você diz que não acontecerá). Tal é exatamente o destino futuro dos ímpios retratado pela Bíblia. Eles serão consumidos até virar cinzas, e se você prefere pensar que ao virar cinzas os ímpios mantém consciência e personalidade eternamente para sofrer para sempre então ok, seja feliz nesta interpretação, se é que você realmente crê nela. Mas eu aposto que 99% das pessoas que leem que algo se tornará cinzas NÃO irá concluir que isso significa que sofrerá um "tormento eterno consciente". Nunca vi eisegese tão patente em toda a vida.

      Quanto à possibilidade de ser tudo mero simbolismo, ela é ínfima dado o fato de que está inserida em contextos literais e em livros históricos, bem diferente de um contexto apocalíptico, por exemplo, ou em uma parábola. Alegorizar 152 versículos aniquilacionistas para pregar o imortalismo baseado em 1 versículo apocalíptico é sinceramente risível. Já sobre a tentativa de dizer que os autores bíblicos falavam apenas do destino físico desta presente vida, isso também é facilmente refutável quando vemos que os escritores traçavam um CONTRASTE entre o destino de justos (que é de vida, continuidade de existência) e de ímpios (que é de morte, cessação de vida). Ora, nesta vida todos morremos. Logo, se há este contraste, é porque o autor se referia à vida futura, não à presente:

      "...O ímpio já não existe, mas o justo permanece firme para sempre” (Pv.10:25)

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    3. Na continuação, você diz que o tormento eterno não é impossível de haver na prática. Mas quando eu disse que é impossível????? Releia a minha primeira resposta, e você vai ver eu afirmando categoricamente que tanto o tormento eterno, quanto o aniquilacionismo (e até o universalismo) são POSSÍVEIS para um Deus onipotente. Isso está fora de discussão. Não estamos discutindo aqui o que é "possível", mas o que EFETIVAMENTE OCORRERÁ com os não-salvos. Se você quer continuar crendo no tormento eterno meramente por isso ser "possível", eu não tenho como refutar sua fé ou suas crenças pessoais. Você tem o direito de crer no que quiser pela fé. Mas isso é totalmente diferente de tentar inserir sua fé pessoal para dentro das Escrituras, que apresentam uma realidade totalmente oposta.

      Agora vamos às respostas às suas três argumentações, às quais eu vou responder resumidamente já que duas delas já foram refutadas antes, neste mesmo debate:

      1) Já foi refutado na primeira parte deste debate.

      2) Já foi refutado aqui:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/07/estudo-completo-e-aprofundado-sobre.html

      Adicionalmente a isso, não há NADA na parábola que diga que o tormento do rico seria eterno, mesmo se você quisesse tomar ao pé da letra o que é dito em uma parábola, que é uma alegoria por definição.

      3) Daniel 12:2 também já foi refutado na primeira parte do debate. Releia. Não vou repetir o que eu já disse, para ser ignorado de novo.

      Agora vamos às suas 17 respostas, das quais 90% já foram dadas:

      1) Aniquilados. Sua objeção já havia sido respondida.

      2) Sim. Mas o espírito (fôlego) no conceito bíblico não tem absolutamente nada a ver com o fantasminha do platonismo grego, leia sobre isso aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/05/conceitos-basicos-de-alma-e-espirito.html

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/05/resumo-simples-sobre-o-estado-dos-mortos.html

      3) Já comentei sobre este texto aqui:

      http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2012/12/podem-matar-o-corpo-mas-nao-alma.html

      4) Sim. E que haverá esse castigo temporário e proporcional já foi dito anteriormente com estes textos que você passou por cima e não comentou:

      “Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá MUITOS AÇOITES. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá POUCOS AÇOITES” (Lucas 12:47-48)

      “Quando algum de vocês estiver indo com seu adversário para o magistrado, faça tudo para se reconciliar com ele no caminho; para que ele não o arraste ao juiz, o juiz o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça o jogue na prisão. Eu lhe digo que você não sairá de lá ENQUANTO NÃO PAGAR O ÚLTIMO CENTAVO” (Lucas 12:58-59)

      “Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, ATÉ QUE PAGASSE TUDO O QUE DEVIA. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mateus 18:32-35)

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    4. 5) Já respondi várias vezes sobre isso neste debate, com inúmeros textos bíblicos que provam que os ímpios não ressuscitarão com corpos incorruptíveis. Você não comentou nenhum deles, e agora volta à mesma indagação. Que os ímpios não terão corpos incorruptíveis e imortais, isso fica bastante claro pelos seguintes textos:

      "Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade" (Romanos 2:7)

      Se a imortalidade precisa ser BUSCADA, é porque nem todos serão imortais.

      Vamos ao próximo:

      "Sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho" (2a Timóteo 1:10)

      Se a imortalidade só é conquistada POR MEIO DO EVANGELHO, então aqueles que estão fora do evangelho (salvação) não serão imortais.

      Vamos ao próximo:

      "Quem semeia para a sua carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6:8)

      Perfeitamente claro. Só os justos colherão vida eterna, e os demais colherão CORRUPÇÃO, o que é o oposto a herdar um corpo incorruptível.

      Conclusão: só os justos ressuscitarão em corpos glorificados, espirituais, imortais e incorruptíveis. Os ímpios ressuscitarão em corpos naturais, carnais, mortais e corruptíveis, independentemente se ressuscitarão no mesmo momento dos justos ou não.

      6) Não. A segunda morte é a morte final e definitiva, em contraste com a primeira morte, que é uma morte apenas passageira e temporária. É isso o que significa a figura do "lago de fogo" (=segunda morte).

      7) Isaías 41:14 fala da NAÇÃO de Israel, e não especificamente do CORPO de um indivíduo. Completo non sequitur.

      8a) Não. Onde você viu em Isaías 34:9-10 referência ao juízo final? Eisegese total.

      8b) Não. Judas diz que o fogo eterno que caiu em Sodoma e Gomorra serviu de EXEMPLO para o fogo eterno do juízo, então definitivamente não se trata do mesmo fogo, ou do mesmo acontecimento. Se trata de uma analogia (comparação), como foi dito no artigo. E se é uma analogia e no primeiro caso o fogo era eterno apenas nos efeitos, então no segundo caso (i.e, do juízo) necessariamente também é. Senão não seria analogia, mas antítese.

      9) Se já estão, então você não deveria ser mortalista, porque supostamente as almas dos ímpios já estariam queimando. E você está vendo "simbolismo" onde há uma ANALOGIA, que é coisa diferente de simbolismo.

      10) Claro que não. Destruição pressupõe aniquilamento. O fato de ser eterno é apenas para demonstrar que isto não será revertido nunca. Se você quer saber por que Paulo acrescentou o termo "eterno" à "destruição", estude as crenças do mundo grego da época, e você entenderá. Isso era importante para diferenciar a crença dele em relação à crença dos estóicos e de outros gregos que acreditavam que na conflagração universal o indivíduo era aniquilado, mas que depois de um tempo ele voltava à existência e recomeçava tudo de novo outra vez, em vários ciclos de aniquilação e recriação. Para Paulo e a Bíblia, no entanto, o aniquilacionismo era "eterno", ou seja, o indivíduo aniquilado NUNCA voltaria à existência, em oposição à crença destes gregos que criam que o aniquilamento era apenas temporário.

      11) Primeiro, porque é necessário passar pelo juízo. Segundo, porque é necessário ser castigado pelo tanto proporcional ao pecado cometido.

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    5. 12) Claro que sim. Aniquilacionismo posterior ao castigo proporcional é a punição justa e equivalente ao pecado de cada indivíduo. Tormento eterno é uma desproporção grotesca em sofrimento infinito por pecados finitos. Não sei onde você viu a regra de que vale o que é pior. Pra mim o que vale é o que é bíblico.

      13) Já respondi duzentas vezes neste debate. Releia as mensagens anteriores.

      14) Já respondi inicialmente nesta resposta. O que é inspirado é o original que os escritores bíblicos escreveram, e NÃO as traduções falíveis que são feitas posteriormente. Mas se as traduções também são infalíveis, você vai ter um trabalhão para explicar a existência de diferentes, conflitantes e contraditórias traduções entre si. Se são todas inspiradas também, então os tradutores não poderiam errar nunca, e consequentemente não haveria divergência nas traduções. Por que há, então?

      15) Você descaradamente trocou a palavra "destruição" por "desprezo" em 2Ts.1:9. Será que é porque o termo "destruição" é "aniquilacionista" demais? A separação de Deus é apenas a consequencia natural da morte eterna. É óbvio que alguém que foi aniquilado para sempre estará eternamente separado dEle. Estranho é Paulo não ter falado nada sobre os ímpios passarem por um "tormento eterno, em sofrimentos sem fim em um lago de fogo...". Ao contrário, ele empregou uma linguagem caracteristicamente aniquilacionista.

      16) Já foi respondido no artigo que você não leu. O fogo é eterno nos efeitos, e não no processo.

      17) O que perdição tem a ver com tormento? Não entendi. Se alguém vai para um tormento eterno, ele está perdido. Se alguém vai para uma destruição eterna, ele também está perdido. Ele está perdido de qualquer jeito. Perdição é simplesmente o oposto à salvação, e neste aspecto técnico ele se adequaria para ambas as posições, ou seja, tanto em um caso quanto no outro o indivíduo estaria perdido, por estar separado de Deus. Isso não é nenhuma "prova" de tormento eterno.

      Reitero que não tenho interesse na continuação deste debate, pelas razões já exaustivamente esclarecidas na introdução desta minha última resposta. Agradeço a sua participação e creio que este debate possa ter sido relevante para posteriores pesquisas de alguém sobre o tema. Peço-lhe desculpas também se você se sentiu ofendido em alguma parte do debate, o que não foi a intenção. Simplesmente acho que seria mais produtivo investir nosso tempo em alguma coisa mais produtiva daqui pra frente (nesta minha última resposta, por exemplo, eu levei mais de uma hora apenas para responder tudo de novo o que eu já havia respondido antes!). Portanto, qualquer nova mensagem em forma de debate, discussão, refutação ou pergunta será suprimida. Considero encerrado por aqui, e que cada um tome suas próprias conclusões do que já foi dito.

      Um forte abraço e que Deus lhe abençoe!

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  12. ISAIAS DIZ TUDO 66;24 AMEM IRMAO LUCAS TO CONTIGO

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  13. Parabéns Lucas! A doutrina da imortalidade da alma adotada pela Igreja católica apostólica Romana e mantida pela maioria dos protestantes é totalmente pagão, mas infelizmente a maioria crê. (GN 3.4)Eu era imortalista até pouco tempo aatrás, mas lendo o "Grande Conflito" da Ellen G. White e seu blog "Desvendando a Lenda", felizmente revi meus conceitos, graças a DEUS! Infelizmente, muita gente se apega as tradições, mais do que a simplicidade e verdade da própria palavra de Deus.Hoje procuro agradar ao criador sem medo(não sou adventista, vou numa igreja imortalista mesmo) sabendo que ele não é injusto, como a cristandade em geral prega e acham que estão "arrasando".Continue firme na fé, pregando o cristianismo puro e verdadeiro, mesmo que te chamem e tratem como um "herege", não se intimide, pois a verdade não está com a maioria, mas sim com quem está com a Bíblia! Paz de Cristo a você.

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    1. Eu também congrego em uma igreja imortalista e não vejo problema nenhum nisso, desde que eles sejam tolerantes e não obriguem os fieis a concordarem com cada ponto defendido por eles (e a esmagadora maioria não faz questão em relação à imortalidade da alma, tratando-a como um tema secundário e não fundamental para a salvação, e consequentemente são tolerantes). Posso dar o testemunho por mim mesmo, já que eu era imortalista até o início de 2010, e ao longo dos anos quanto mais estudei o tema mais convicto fiquei no mortalismo, que é provavelmente a doutrina cristã mais óbvia e fácil de se provar e de se defender dentre todas as que causam divergências. É claro que o "preço" vem junto, como você bem ressaltou, mas isso é nada em comparado com a paz de espírito que consiste em saber que está pregando a verdade independentemente das consequências. Abs!

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